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O capítulo termina retomando o que
diz ser a polissemia da gestão democrática,
destacando dois sentidos: uma perspectiva
que sustenta a escola sob o capital e sua
sociedade de classes; outra como processo
democrático que compreende o diálogo e a
participação de todos os seus sujeitos.
Nesse sentido, o autor propõe uma análise
sobre gestão democrática do campo, ao
abordar significados que se tem sobre
democracia, gestão, educação e
características do campo, com exemplos
reais e possibilidades de democratizar a
gestão da escola, ao incluir os sujeitos do
campo e considerar as suas vivências na
comunidade e contexto escolar.
No quinto capítulo, “Pedagogia da
Terra: os Sujeitos do Campo e o Ensino
Superior” – publicado originalmente na
revista Educação, Sociedade e Culturas, da
Universidade do Porto, em Portugal – o
autor apresenta histórico e características
da “Pedagogia da Terra”, a fim de
visibilizar esta modalidade que se
posiciona contra a lógica do mercado
presente no ensino superior, o qual tem, ao
longo dos anos, mostrado um "caráter
desigual, excludente e elitista" (Martins,
2020, p. 127).
A partir da contextualização da
universidade no Brasil, o autor faz
apontamentos sobre quem ocupa centros
universitários públicos e privados e
demonstra o quanto a Pedagogia da Terra
apresenta uma referência de metodologia
no ensino universitário:
Na perspectiva de democratização do
ensino superior
encontram-se as ações coletivas dos
sujeitos sociais que, “apesar” do
papel do Estado (pois as ações
estatais hegemônicas estão a favor do
capital e contra os sujeitos que se
organizam em movimentos sociais),
se articulam em torno de ações que
inserem demandas dos sujeitos
políticos coletivos no aparelho
estatal, verificando-se, no caso do
ensino superior no Brasil,
experiências emblemáticas (Martins,
2020, p. 129, grifos do autor).
Ao aproximar teoria e prática, o
autor destaca sua experiência, a qual apoia-
se, parcialmente, na pesquisa participante,
cuja metodologia é bastante enfatizada por
Carlos Rodrigues Brandão, para informar e
orientar o leitor: “utilizarei os recursos
oriundos do contato direto com a temática,
uma vez que atuei na docência de um curso
nos moldes aqui abordados e trafego pelos
espaços de construção coletiva das
mencionadas ações” (Martins, 2020, p.
130). Vale aqui acrescentar uma reflexão
sobre a pesquisa participante:
E aos que até hoje perguntam ainda:
mas como pode ser possível e
confiável uma pesquisa que se
declara “participante”?, poderíamos
devolver a pergunta com uma outra:
e de que modo hoje pode, havendo
nós chegado ao ponto que chegamos,
uma pesquisa social ser útil,
verdadeira e proveitosa, sem ser de