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jovens não despertam o interesse em
conhecer a história local.
Sobre isso a entrevistada Maria
discorre: “talvez que nem saibam, porque
não querem saber. Eles não sabem nem
disso, não sabem nem como foi à primeira
escola”. João acrescenta: “eu acho que eles
não se interessam. Está muito diferente
hoje. Hoje em dia eles têm muita
oportunidade, muita facilidade, hoje em dia
as coisas estão muito diferentes”.
Ao tratar da interpretação em redes
de sentido, Gregolin (2001, p. 63) afirma
que: “Os efeitos de sentido que circulam
nos discursos produzidos em uma
sociedade, constroem, com as formas
discursivas típicas de cada um desses
diversos gêneros, as representações do
imaginário de uma certa época”. Assim,
analisamos nas narrativas dos
entrevistados, Maria e João, a possível
falta de interesse dos mais jovens em
buscar um diálogo com mais velhos para
compreenderem a história do lugar, visto
que, com o acesso à tecnologia, muita
coisa mudou e beneficiou a comunidade,
mas também distanciou o diálogo entre os
mais velhos com os mais jovens sobre a
história que deveria ser repassada de
geração a geração.
Diante disso, Bosi (1994), sobrepõe
que é por meio da memória que o passado
se evidencia nas lembranças, vão
mesclando com as percepções do presente,
ou vice-versa, as impressões do presente
interagem com o passado e vai fixando na
consciência. Segundo a autora, não existe
presente sem passado, as ações, os eventos,
os comportamentos que vivenciamos são
marcados na memória (Bosi, 1994).
Percebemos nas narrativas de Maria e João
que os mais jovens da comunidade, não
estão buscando conhecer essas histórias.
Nessa perspectiva, vejamos o sexto
enunciado, quando Roberto afirma:
Enunciado 6:
Os nossos jovens não tem esse
interesse, porque isso é uma tradição
né, deveria ser passado de pai pra
filho, e filho pra neto, pra não se
perder a história. Tem jovem aqui
que não sabe a história de Apanha
Peixe, não sabe quem foi a primeira
pessoa que chegou aqui, você pode
perguntar aí que eles não sabem, não
sabe, não sabe! (Entrevistado
Roberto, 2018).
Ao apreendermos o enunciado
acima, em suas condições de produção a
partir de pensarmos que “o discurso é
determinado pelo tecido histórico-social
que o constitui”, como argumenta Gregolin
(2001, p. 3), quando o sujeito diz que:
“uma tradição né, deveria ser passado de
pai pra filho, e filho pra neto, pra não se
perder a história. Tem jovem aqui que não
sabe a história de Apanha-Peixe”, a
história está enraizada nessa memória
discursiva de dizer. Portanto, em nossa