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vivência de conflito interior. Esses fatores fizeram Orquídea ir à luta em busca de sua
cidadania, de liberdade em relação ao seu trabalho. Com isso, Orquídea percebeu que o
trabalho é uma ferramenta indispensável à construção do ser humano.
Para esse segundo momento foram entrevistados o professor Cravo Branco ex-Diretor
da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN e a
Professora Rosa, que coordenou o Curso de Licenciatura Pedagogia da Terra, da UERN.
Ambos trazem sequências do diálogo entre a academia e com os saberes dessa mulher de sítio
para sua formação. O entrevistado professor Cravo Branco conhece Orquídea há mais de
cinquenta anos, foi seu professor de ginásio, no Colégio Estadual na cidade de Mossoró/RN,
no ano de 1973. No Colégio Estadual o professor Cravo Branco foi professor, coordenador e
diretor, conhecia toda a história de vida estudantil da mulher de sítio. No entanto, a trajetória
maior entre eles foi na convivência profissional dentro da UERN na Faculdade de Educação -
FE.
A professora Rosa, esposa do professor Cravo Branco, também conhece Orquídea desde
a juventude. Junto com o professor Cravo Branco acompanharam sua trajetória de vida e
formação e a ajudaram no crescimento educacional e profissional. Orquídea percorreu vários
caminhos ao longo da vida, alguns não foram fáceis, era estrada cheia de obstáculos, mas por
outro lado, conseguiu superar as barreiras imposta pela vida, e seguiu em frete, com o
objetivo de vencer. A mulher de sítio tem um trabalho na universidade voltado para as
questões sociais e inclusão, com isso, obtém seu melhor resultado principalmente na área da
educação. Na entrevista, Orquídea e a professora Girassol, sua orientadora, queriam que o
professor Cravo Branco e sua esposa Rosa narrassem sobre Orquídea. Disseram: “professor,
fale sobre Orquídea”, desde sua experiência no Ginasial no Colégio Estadual em
Mossoró/RN.
... Eu devo dizer que foi um momento muito feliz que eu passei, porque, mesmo com
Orquídea, mas todos os alunos naquela época eram muito dedicados e Orquídea mais
destacada. Dada o seu, digamos assim o seu desejo de estudar, e eu conhecia Orquídea,
assim de passagem por conta dos familiares dela, mas a satisfação foi encontrá-la lá no
Colégio. Devo dizer que nessa passagem lá foi muito frutífera, porque ela como boa aluna
teve sucesso. Então, daquela época eu só guardo muitas recordações, principalmente dela. ...
mas umas coisas que eu tive satisfação também, é que a gente introduziu dada a dificuldade
da estrutura, das condições do colégio, mas nós contávamos também com o apoio, à
participação dos alunos e nós fazíamos trabalhos práticos em campo. Talvez se Orquídea se
lembra, da feira de projetos de ciências que a gente fez pesquisa que deu muita repercussão
com o sal ..., os alunos faziam as pesquisas pela vontade, pela disposição, porque o colégio
não tinha condições ... (Narrativa do professor Cravo Branco, Mossoró, 2018).