Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e10817
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
e10817
10.20873/uft.rbec.e10817
2021
ISSN: 2525-4863
1
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Educação Ambiental e sustentabilidade: estudo de caso na
Escola Estadual do Campo Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental, Francisco Alves/PR
Edinei Aparecido Mora
1
, Patrícia Pereira Gomes
2
, Norma Barbado
3
1, 2, 3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Para - IFPR. Programa de Mestrado em Sustentabilidade
(PSU). Rodovia PR 323, KM 310 - Parque Industrial. Umuarama - PR. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: edineimora@gmail.com
RESUMO. A escola do campo pode ser um dos principais
espaços da transformação humana, quando se leva em
consideração a historicidade e os conhecimentos locais. Para
tanto, torna-se fundamental a existência de estrutura adequada e
o reconhecimento de mecanismos de construção da identidade
do sujeito do campo. Assim, propicia-se o desenvolvimento do
sentido de pertencimento que pode transformar a localidade
onde a escola está inserida. Nesse contexto, este trabalho teve
como objetivo caracterizar a Escola Estadual do Campo Padre
Antônio Vieira Ensino Fundamental, localizada no distrito de
Rio Bonito, município de Francisco Alves, Paraná (PR), quanto
aos aspectos da educação ambiental e sustentabilidade. Dessa
forma, abordou-se principalmente os aspectos qualitativos, por
meio das metodologias de pesquisa documental, percepção
ambiental e análise de grupo focal. Os dados obtidos foram
categorizados seguindo a metodologia da análise do conteúdo. A
partir das informações obtidas, foram observados alguns pontos
sensíveis ligados ao tripé da sustentabilidade, como: no aspecto
ambiental verificou-se a carência de ações voltadas para
educação ambiental e poucas práticas ambientais corretas; no
aspecto social, a ausência do sentimento de pertencimento da
comunidade escolar, a desvalorização do processo ensino
aprendizagem e horta abandonada; no aspecto econômico
observou-se a dificuldade financeira das famílias.
Palavras-chave: ensino fundamental, escola do campo,
percepção ambiental, sentido de pertencimento.
Mora, E. A., Gomes, P. P., & Barbado, N. (2021). Educação Ambiental e Sustentabilidade: Estudo de Caso na Escola Estadual do Campo Padre Antônio
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Environmental Education and sustainability: case study at
Campo Padre Antônio Vieira State School - Elementary
School, Francisco Alves / PR
ABSTRACT. The rural school can be one of the main spaces
for human transformation, when historicity and local knowledge
are taken into account. Therefore, it is essential to have an
adequate structure and to recognize mechanisms for building the
identity of the subject in the field. Thus, it fosters the
development of a sense of belonging that can transform the
location where the school is located. In this context, this work
aimed to characterize the State School of Campo Padre Antônio
Vieira - Elementary School, located in the district of Rio Bonito,
municipality of Francisco Alves, Paraná (PR) regarding aspects
of environmental education and sustainability. Thus this end, the
qualitative aspects were mainly addressed, using documentary
research methodologies, environmental perception and focus
group analysis. The data obtained were categorized according to
the content analysis methodology. From the information
obtained, some sensitive points related to the sustainability
tripod were observed, such as: In the environmental aspect, it
was found the lack of actions aimed at environmental education
and few correct environmental practices; In the social aspect, the
absence of the feeling of belonging to the school community,
devaluation of the teaching-learning process and abandoned
garden; In the economic aspect, the families' financial
difficulties were observed.
Keywords: elementary school, countryside school,
environmental perception, sense of belonging.
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Educación Ambiental y sostenibilidad: estudio de caso en
la Escuela Estatal Campo Padre Antônio Vieira - Escuela
primaria, Francisco Alves / PR
RESUMEN. La escuela rural puede ser uno de los principales
espacios para la transformación humana, cuando se tiene en
cuenta la historicidad y el conocimiento local. Por lo tanto, es
esencial tener una estructura adecuada y reconocer mecanismos
para construir la identidad del sujeto en el campo. Por lo tanto,
fomenta el desarrollo de un sentido de pertenencia que puede
transformar la ubicación donde se encuentra la escuela. En este
contexto, este trabajo tuvo como objetivo caracterizar la Escuela
Estatal de Campo Padre Antônio Vieira - Escuela Primaria,
ubicado en el distrito de Rio Bonito, municipio de Francisco
Alves, Paraná (PR) en relación con aspectos de educación
ambiental y sostenibilidad. De esa forma, los aspectos
cualitativos se abordaron principalmente, utilizando
metodologías de investigación documental, percepción
ambiental y análisis de grupos focales. Los datos obtenidos se
clasificaron según la metodología de análisis de contenido,
estudiada por Bardin (2016). A partir de la información
obtenida, se observaron algunos puntos sensibles relacionados
con el trípode de sostenibilidad, tales como: En el aspecto
ambiental, fue encontrado la falta de acciones dirigidas a la
educación ambiental y pocas prácticas ambientales correctas; En
el aspecto social, la ausencia del sentimiento de pertenencia a la
comunidad escolar, la devaluación del proceso de enseñanza-
aprendizaje y el jardín abandonado; En el aspecto económico, se
observaron las dificultades financieras de las familias.
Palabras clave: escuela primaria, escola do campo, percepción
ambiental, sentido de pertenencia.
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Introdução
A escola pode ser peça fundamental
na formação crítica e construtiva do ser
humano quando possibilita o
desenvolvimento do sentido de
pertencimento na comunidade escolar.
Todavia, a sociedade brasileira passa por
mudanças constantes no processo
educacional. Dentre as modalidades de
ensino no Brasil está a educação do campo,
que é praticada em espaços caracterizados
como escolas do campo (EC). Seu foco no
processo ensino-aprendizagem é voltado
para uma população ligada aos saberes da
terra.
Segundo o Decreto Federal 7352
de 04 de novembro de 2010, a EC é aquela
situada em área rural, ou em área urbana
desde que atenda predominantemente a
população do campo (Brasil, 2010).
Porém, elas vão muito além da localização
espacial geográfica, que são
instrumentos de mobilização social,
articulando um projeto político e
econômico do desenvolvimento local e
sustentável. Isso ocorre a partir da
valorização dos conhecimentos produzidos
ao longo do tempo, caracterizados pelo
relacionamento com a natureza, produção
familiar para o sustento, trabalho na terra,
relações de vizinhança e valorização da
cultura local. Dessa forma, as escolas do
campo devem primar por uma educação
que capacite os estudantes, enquanto
sujeitos capazes de compreenderem as suas
realidades, para uma inserção ativa no
mundo, a qual seja capaz de provocar
transformações sociais e ambientais
positivas (Alves, Melo & Santos, 2017).
Esta escola tem um papel
fundamental na transformação social da
localidade onde está inserida, uma vez que
atua diretamente com o trabalhador social.
Aos olhos do educador Paulo Freire, o
campesino não pode ser um sujeito neutro
frente ao mundo, às imposições sociais, à
desumanização ou humanização, perante a
estaticidade do que já não representa os
caminhos do humano ou a mudança destes
caminhos, mas sim, um ser capaz de mudar
sua história por meio do conhecimento
sistematizado (Freire, 2014).
Vale ressaltar que as mudanças
ambientais são detectadas em todos os
meios, e inevitavelmente, na zona rural.
Diante dessa realidade, as EC assumem um
papel fundamental na formação dos
estudantes em relação à Educação
Ambiental (EA) para uma vida saudável e
digna. Além disso, com a evolução social,
o homem do campo necessita de
atualização constante para romper as
barreiras geográficas que, muitas vezes,
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criam o estigma de inferioridade em
relação às pessoas da cidade.
Além da exigência legal, a educação
do campo deve ter um olhar voltado para a
sua localização geográfica, que “... o
povo tem o direito de ser educado no lugar
onde vive; o povo tem o direito a uma
educação pensada desde o seu lugar e com
a sua participação, vinculada à sua cultura
e às suas necessidades humanas e sociais”
(Caldart, 2002, p. 26). Vale ressaltar que a
EC não é um tipo diferente de escola, é
apenas uma instituição de ensino que ajuda
a fortalecer o campesino como sujeito
social. É um importante espaço de
construção do conhecimento, de
emancipação social e transformação de
pessoas.
Esta instituição deve ser, portanto,
um local de apropriação de conhecimentos
científicos construídos historicamente pela
humanidade. Além disso, deve ser um
local de produção de conhecimentos, por
meio das relações que se dão entre o
mundo da ciência e a vida cotidiana. Dessa
forma, os aspectos da realidade podem ser
pontos de partida do processo pedagógico,
mas nunca o ponto de chegada (Paraná,
2010). Assim, é necessária a compreensão
de que a educação do campo necessita de
um olhar contextualizado para que as
práticas docentes sejam significativas para
o sujeito em formação.
O desenvolvimento do educando do
campo deve perpassar os saberes fixados
em materiais didáticos, para que este se
torne um sujeito crítico a partir de seu
contexto histórico. Essa ideia é reforçada
por Paulo Freire ao afirmar que, uma das
tarefas mais importantes da prática
educativa crítica é proporcionar condições
para que os sujeitos da EC, em suas
relações com os outros e com os
educadores, possam passar pela profunda
experiência de assumir-se (Freire, 2000).
Esse pensamento corrobora para que o
indivíduo se assuma como ser social e
histórico. Um ser pensante, comunicador,
transformador, criador e realizador de
sonhos, ou seja, capaz de exercer seus
direitos e obrigações sociais.
Nesse sentido, um dos maiores
desafios das escolas do campo é contribuir
para restabelecer o sentimento de pertença
dos sujeitos, para que estes se reconheçam
como integrantes de uma localidade e
reconstruam a sua identidade com o local
em que vivem (Silva, 2015). Acredita-se
que, quando o sentimento de
pertencimento aflora a comunidade se
reconhece e passa a compreender a
realidade socioambiental, respeitando suas
potencialidades e seus limites. Para tanto,
as EC devem priorizar, em suas práticas
pedagógicas, ações que preparem os
estudantes para a inserção no mundo real,
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cheio de conflitos e de questões sociais a
serem pensadas. O sujeito deve ser
preparado para adaptações que o tornem
capaz de compreender profundamente a
sua realidade, conforme o artigo da
Resolução 01/2002, do Conselho
Nacional de Educação/CNE Câmara de
Educação Básica, que dispõe:
A identidade da escola do campo é
definida pela sua vinculação às
questões inerentes a sua realidade,
ancorando-se na temporalidade e
saberes próprios dos estudantes, na
memória coletiva que sinaliza
futuros, na rede de ciência e
tecnologia disponível na sociedade e
nos movimentos sociais em defesa de
projetos que associem as soluções
exigidas por essas questões à
qualidade social da vida coletiva no
país (Brasil, 2002).
Assim, o conhecimento deve ser
disponibilizado aos sujeitos da escola do
campo de forma significativa, para que os
mesmos possam materializar o que a
ciência produziu a partir de seus
conhecimentos básicos de mundo. Nesse
sentido, a EA no campo confere ao ensino
um caráter permanente, que humaniza e
qualifica o homem e suas relações com o
meio (Alves, et al., 2017).
Dessa forma, os profissionais que
atuam nas escolas do campo devem ser
continuamente capacitados para a
aplicação de metodologias voltadas a uma
EA mais significativa. Educação esta que
transforme o educando, construa uma
concepção de vida sustentável e,
consequentemente, o emancipe para as
discussões críticas visando uma qualidade
de vida melhor. Essa capacitação
permanente é fundamental para a formação
de pessoas para a vida em sociedade.
Nesse sentido, o educador é peça
fundamental na construção do
conhecimento, uma vez que, ele é
influenciador direto ao repassar o
conhecimento científico acumulado ao
longo da história, bem como os exemplos
da prática diária. Nesse contexto, Rambo
(2018) relata que, na visão de Paulo Freire,
o educador está envolvido no processo de
formação para a autonomia dos sujeitos.
Ou seja, o educador que se envolve
efetivamente na construção da autonomia
dos sujeitos, reconhece positivamente a
ausência das práticas educativas
conservadoras (voltadas exclusivamente
para a adaptação à produção), e promovem
assim a evolução social.
Observa-se, portanto, que a EC e a
EA estão amparadas em instrumentos de
políticas públicas que ampliam as
possibilidades de implementar ações
efetivas para fortalecê-las. Isso possibilita
a integração transdisciplinar entre as
metodologias dessas modalidades
educativas. A fusão da EC e da EA pode
contribuir para a formação crítica do
sujeito, tornando-o um cidadão político,
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consciente do seu papel social e ambiental.
Sendo assim, este trabalho teve como
objetivo caracterizar a Escola Estadual do
Campo Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental, quanto aos aspectos da
educação ambiental e sustentabilidade.
Desenvolvimento
Para o planejamento de ações
educacionais, é fundamental obter
conhecimentos específicos sobre a
comunidade escolar e a estrutura que
compõe a instituição de ensino. Dessa
forma, este trabalho, realizado na Escola
Estadual do Campo Padre Antônio Vieira
Ensino Fundamental, distrito de Rio
Bonito, município de Francisco Alves/PR,
apresenta a seguinte sequência de assuntos:
Caracterização física e histórica da área de
estudos; análise documental sobre o perfil
dos estudantes; percepção ambiental e
diagnóstico local dos aspectos sociais,
econômicos e ambientais.
Metodologia
Caracterização da área de estudo
Este estudo foi realizado na Escola
Estadual Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental (Figura 1), que funciona no
período vespertino, em prédio próprio, em
dualidade com a Escola Municipal Glória
Xavier de Mendonça Ensino
Fundamental I, a qual atende os alunos de
ao ano, no período matutino. O
espaço conta com cinco salas de aula, uma
sala de secretaria, uma sala de direção,
uma sala de almoxarifado, uma sala de
professores, quatro banheiros, uma sala
multiuso (laboratório de informática e sala
de hora atividade dos professores), uma
quadra de esportes, uma cozinha e um
refeitório.
Figura 1 - Escola Estadual do Campo Padre Antônio Vieira Ensino Fundamental.
Fonte: Edinei Aparecido Mora (2019).
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A escola não tem espaço físico para
laboratório de ciências e biblioteca,
ficando os livros acumulados na sala
multiuso. A área total do terreno é de
9.236,25 m², com área construída de
600,12 m², quadra coberta 364,00 m², uma
casa do zelador com 60,16 e um espaço
reservado de 45 m² para horta escolar.
Localizado a aproximadamente a 14
quilômetros de distância da cidade sede
(Francisco Alves) e 635 quilômetros de
Curitiba, capital do Estado, o distrito de
Rio Bonito (Figura 2), no noroeste do
Paraná, possui cerca de 960 habitantes.
Dentre eles, cerca de 670 moradores da
zona urbana e 290 moradores da zona rural
(Prefeitura Municipal de Francisco Alves,
2019).
Figura 2 - Localização do distrito de Rio Bonito a partir dos mapas territoriais do Brasil, Paraná e município de
Francisco Alves.
Fonte: Mora, Gomes e Barbado (2020).
Na década de 1950, ao passar pela
estrada de terra que ligava as cidades de
Maringá a Guaíra, os primeiros
colonizadores abriram uma pequena picada
na mata e iniciaram um povoado. Na
época, havia no local uma mercearia e uma
serraria que era responsável pela produção
da madeira utilizada na fabricação das
residências. O excedente era transportado
pelo Rio Piquiri, que fica a
aproximadamente três quilômetros do
povoado.
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Em 22 de abril de 1968, foi criado o
Grupo Escolar Padre Antônio Vieira,
objeto de estudo desta pesquisa. No início
do ano letivo de 1982, esta instituição
passou a denominar-se Escola Estadual
Padre Antônio Vieira Ensino de Grau.
No ano de 2010, por meio do Parecer
1.011/2010 CEE/CEB e da Resolução
Estadual n
o
4.783/2010, atendendo aos
critérios exigidos pelo Decreto Federal
7.352/2010, passou a denominar-se Escola
Estadual do Campo Padre Antônio Vieira
Ensino Fundamental (Projeto Político
Pedagógico da Escola Estadual do Campo
Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental, 2016).
Procedimentos metodológicos
Para esse estudo, o grupo focal, foi
constituído por quarenta e seis alunos
devidamente matriculados no ano letivo de
2019 (nomeados de A1 a A46, 2019 - a
letra A faz menção ao termo aluno). Estes
pertenciam à faixa etária de 11 a 15 anos,
distribuídos em quatro turmas do ensino
fundamental: 6º, 7º, e ano. A
metodologia utilizada para o
desenvolvimento desta pesquisa foi o
estudo de caso, pelo seu caráter
exploratório e descritivo (Quadro 1). Os
dados qualitativos foram coletados a partir
de eventos reais, com o objetivo de
explicar, explorar ou descrever situações
atuais dentro do contexto da Escola
Estadual do Campo Padre Antônio Vieira
Ensino Fundamental. Essa estratégia de
pesquisa tem como fundamento esclarecer
uma decisão ou um conjunto de decisões,
assim como o porquê de terem sido
tomadas, como foram conduzidas e quais
os resultados obtidos dentro de uma
situação específica (Yin, 2005). Para tanto,
os procedimentos técnicos adotados para a
análise qualitativa foram: análise
documental, percepção ambiental e análise
de conteúdo (Quadro 1).
Quadro 1 - Metodologia utilizada para caracterizar a Escola Estadual Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental.
Metodologia
Procedimentos
Técnicos
Descrição
Estudo de
Caso
Pesquisa Documental*
Coleta de Dados:
Projeto Político Pedagógico; Propostas Pedagógicas Curriculares;
Relatórios emitidos pelo Sistema de Registro Escolar (SERE);
Plantas baixas e Registros em atas.
Percepção Ambiental**
Pré-análise:
Organização do trabalho, observando os diálogos entre os alunos que
compunham o grupo focal durante as atividades educacionais
regulares, sem qualquer forma de interferência.
Exploração do Material:
Categorização de acordo com o tripé da sustentabilidade (aspectos
sociais, ambientais e econômicos).
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Análise do Conteúdo***
Tratamento dos Resultados:
Interpretação dos dados obtidos visando verificar o sentido de
pertencimento dos educandos no diagnóstico e prognóstico.
Fonte: Autoria própria, com base nos estudos de *Kripka, Scheller e Bonotto (2015), **Arruda (2018) e ***
Bardin (2016).
A pesquisa documental (Quadro 1) é
defendida por Kripka, Scheller e Bonotto
(2015) como um desafio à capacidade que
o pesquisador tem de selecionar, tratar e
interpretar a informação, buscando
compreender a interação com a origem da
informação. Quando isso acontece, ocorre
a agregação de detalhes à pesquisa e os
dados coletados tornam-se mais
significativos.
A partir da percepção ambiental
(Quadro 1) foi possível analisar as diversas
concepções de meio ambiente. Isso
possibilitou a realização de diagnóstico e
prognóstico da visão dos educandos em
relação ao tripé da sustentabilidade.
Corroborando com essa perspectiva,
Arruda (2018) afirma que este método está
relacionado ao modo com que as pessoas
experienciam sua vida diária, com ênfase
nas dimensões físicas, culturais, sociais e
históricas. Dessa forma, a percepção
ambiental fundamenta-se no entendimento
de que o cotidiano humano, e suas
interações com o meio onde vive, são
fundamentais para suas relações sociais,
ambientais e econômicas.
Os resultados foram analisados de
acordo com a metodologia de Análise do
Conteúdo (Bardin, 2016). Trata-se de um
conjunto de técnicas de análise das
comunicações que possibilitam obter, por
mecanismos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de
produção/percepção, ou seja, variáveis
inferidas dos dados obtidos.
Discussão e análises
No ano de 2016, a Escola Estadual
Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental, recebeu o montante de R$
8.000,00 do Programa Dinheiro Direto na
Escola - Escolas Sustentáveis (PDDE).
Essa quantia, valor fixo para instituições de
ensino de pequeno porte, foi destinada às
escolas do campo brasileiras que
necessitavam de atenção quanto à
promoção de um espaço sustentável, bem
como às práticas pedagógicas voltadas a
essa temática. A seleção das instituições
foi realizada pelo Ministério da Cultura e
Educação (MEC), o qual levou em
consideração a perspectiva de melhorias na
qualidade de vida da comunidade escolar.
O recurso federal foi destinado às
adequações prediais e/ou capacitação de
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profissionais que atuassem diretamente na
comunidade escolar, desenvolvendo ações
de promoção da sustentabilidade.
Na ocasião, foi instalada uma
cisterna para coleta e armazenamento de
água da chuva (Figura 3), lixeiras para
coleta seletiva, além da realização de
adequações na jardinagem.
Figura 3 - Cisterna da Escola Estadual do Campo Padre Antônio Vieira Ensino Fundamental.
Fonte: Edinei Aparecido Mora (2019).
De acordo com o Sistema de
Registro Escolar (SERE), em 2019, a
instituição atendia quarenta e seis alunos
matriculados nas quatro turmas do Ensino
Fundamental (6º, 7º, e ano), uma
diretora geral, uma pedagoga, uma agente
educacional I, com a atribuição da limpeza
do espaço escolar e preparo de alimentos,
uma agente educacional II, responsável
pela secretaria e documentação legal, e
treze docentes das diferentes áreas do
conhecimento (SERE, dados não
publicados). Vale ressaltar que, dentre
todos os recursos humanos da instituição
de ensino, apenas a diretora reside no
distrito de Rio Bonito. Todos os
professores, pedagoga e agentes
educacionais se deslocam de outras cidades
próximas para o labor. Segundo o Projeto
Político Pedagógico (PPP), a maioria dos
alunos vive em famílias compostas por pai
e mãe, e uma minoria com seus avós. As
famílias apresentam baixo índice de
escolaridade: aproximadamente 7% da
população é iletrada, 67% tem Ensino
Fundamental completo, 25% concluiu o
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Ensino Médio e apenas 1% completou a
formação superior (PPP, dados não
publicados).
Entre os anos de 2014 e 2018, o
número de alunos apresentou considerável
variação, considerando o reflexo de que no
ano de 2012 a escola passou por
adequações no corte etário (idade mínima
para matrículas no ano do ensino
fundamental) e não teve matrículas para o
ano. Esta adequação refletiu nos quatro
anos subsequentes, bem como no número
de aprovações e reprovas (Quadro 2).
Quadro 2 - Número de alunos matriculados, aprovados e reprovados, desconsiderando as transferências durante
os anos letivos.
Ano
Número de matrículas
Número de aprovados
Número de reprovados
2014
43
40
01
2015
41
32
01
2016
47
33
00
2017
63
55
02
2018
57
45
00
Fonte: SERE Sistema de Registros Escolares. Dados não divulgados.
Os dados do Quadro 2 mostram que
a instituição de ensino apresenta um
número expressivo de transferências para a
escola sede de Francisco Alves, ou mesmo
para outros municípios, durante o ano
letivo. Além disso, o índice de reprovação
foi expressivo no ano de 2017, quando se
leva em consideração o número de alunos
da escola em relação à estrutura
disponibilizada pelo Estado.
Essa instituição participa apenas de
alguns processos de avaliação externa, em
função do seu baixo porte (escola com
pequena quantidade de alunos). Um
exemplo é a Prova Paraná Mais, processo
avaliativo externo da Secretaria de Estado
da Educação e Esporte do Paraná. Essa
prova leva em consideração a proficiência
dos estudantes nas disciplinas de língua
portuguesa e matemática. Ela é utilizada
como ferramenta de caráter estatístico e
comparativo, com o intuito de subsidiar
decisões de políticas públicas educacionais
ou no âmbito da gestão escolar, visando
melhorar os parâmetros de qualidade e
equidade do ensino (Paraná, 2019).
No ano de 2019, foram avaliados os
alunos do ano do Ensino Fundamental,
os quais atingiram os resultados
apresentados no Quadro 3.
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Quadro 3 - Comparativo entre as médias da Prova Paraná Mais da Escola Estadual do Campo Padre Antônio
Vieira Ensino Fundamental (Escola do Campo), Núcleo Regional de Educação de Umuarama (NRE) e
Secretaria de Estado da Educação e Esporte do Paraná (SEED).
Fatores avaliados
Escola do Campo
NRE
SEED
Língua Portuguesa
234,9
247,7
246,9
Matemática
282,1
256,6
255,9
Indicativo de
proficiência
Nível básico ou
elementar
Nível básico ou
elementar
Nível básico ou
elementar
Fonte: Autoria própria, com base em dados não publicados do setor de avaliação externa da Secretaria de Estado
da Educação e Esporte do Paraná.
A escola obteve médias em língua
portuguesa e matemática que indicam um
padrão de desempenho médio. Quando
comparados aos dados do Núcleo Regional
da Educação de Umuarama, observa-se
que as médias ficaram na mesma faixa de
classificação. Essa faixa é pertencente ao
nível 02, também chamada de nível básico
ou elementar, o que indica que a escola
necessita de melhorias nos conteúdos
básicos para as disciplinas da série de saída
do ensino fundamental (9º ano).
Apesar de integrar a mesma faixa
classificatória, observou-se que na
disciplina de ngua portuguesa a média
dos educandos da escola é
aproximadamente 5% inferior às médias do
Núcleo Regional da Educação de
Umuarama e do Estado do Paraná. Por
outro lado, em matemática, a média dos
educandos em questão, é cerca de 10%
maior que as demais.
Esses resultados indicam que a
Escola Estadual do Campo Padre Antônio
Vieira Ensino Fundamental está nas
mesmas faixas classificatórias do Núcleo
Regional de Umuarama e do Estado do
Paraná, o que significa que também
necessita de maior atenção ao processo
ensino-aprendizagem dos alunos do ensino
fundamental.
Vale ressaltar que esta escola
direciona suas ações nos princípios da
gestão democrática, contemplada pela
presença das instâncias colegiadas, com
mecanismos institucionalizados para a
participação de toda comunidade escolar:
Associação de Pais, Mestres e
Funcionários (APMF), Conselho de Classe
e Conselho Escolar. No entanto, observou-
se a ausência de um Grêmio Estudantil,
que representaria ativamente os alunos nas
discussões administrativas e pedagógicas.
A percepção ambiental e o diagnóstico
local
Aspectos sociais
A localidade de Rio Bonito, onde
está inserida a Estadual do Campo Padre
Antônio Vieira Ensino Fundamental,
oferece poucas condições para um
convívio social saudável, conforme
observado nas falas de alguns alunos: As
pessoas aqui bebem à noite e no final de
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semana porque não tem nada para fazer e
nem dinheiro para sair, para passear
(A7, 2019). Outro ponto destacado pelo
grupo focal foi a composição social
familiar, que apresenta um número
considerável de crianças vivendo em
composições distintas de família. Isso gera,
aos olhos dessa comunidade, certas
dificuldades sociais explícitas na fala do
depoente A11 (2019) “Só vivo com meu
pai e minhas irmãs. Meu pai trabalha o dia
inteiro e chega à noite, no final de
semana a gente fica sozinho e tem que
limpar a casa. Não tem nada pra fazer.
jogo bola com os amigos”. Outro estudante
(A37, 2019) relata: Moro com o meu e
minha que são aposentados e é muito
difícil porque tudo é muito caro aqui. Eles
são doentes e nem conseguem comprar os
remédios”.
Um fator relevante para a falta do
sentido de pertencimento é ausência de
professores residindo no distrito de Rio
Bonito, que apenas a diretora mora na
localidade, o que obsta a empatia dos
educadores para com os educandos e
dificulta o desenvolvimento dessa
percepção. Essas demandas sociais
demonstram a necessidade de
investimentos do poder público no distrito.
Dessa forma, as pessoas que ali residem
seriam estimuladas a ali permanecerem o
que, consequentemente, facilitaria o
desenvolvimento do sentido de
pertencimento, como forma de
reconstrução da história para uma
transformação da realidade. De acordo
com Santos e Sousa (2018), o vínculo de
pertencimento ao local onde vive o sujeito,
precisa ser reconstruído para que a
conscientização da realidade
socioambiental seja fortalecida,
reconhecendo suas potencialidades e
limites.
Ainda no aspecto social, é
perceptível a ausência de valorização da
comunidade escolar para com o espaço
escolar, conforme está evidenciado nas
falas dos alunos: A minha mãe acha que a
escola cobra muito e dá muito trabalho
para ela porque fica ligando quando eu
não faço tarefa(A12, 2019); A escola é
boa, mas minha mãe disse que logo vou ter
que parar de estudar e trabalhar para
ajudar na casa(A23, 2019). Evidencia-se
assim, a necessidade da promoção de ações
concretas que levem a comunidade escolar
para dentro de seu espaço físico. Dessa
forma, seria possível desenvolver a
responsabilidade partilhada do processo
educativo, garantindo a gestão democrática
que, aos olhos da Dalbério (2008), só é real
e efetiva quando puder contar com a
participação de toda comunidade,
participando, refletindo e interferindo
como sujeito ativo.
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Aspectos econômicos
De modo geral, a comunidade
escolar da Escola Estadual do Campo
Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental demonstra a presença de
problemas econômicos que afetam o
cotidiano familiar e escolar. São problemas
heterogêneos com origens distintas, dentre
eles a localização geográfica, falta de
empregos, monocultura, baixo índice de
escolaridade da população e escassez de
oportunidades.
Os alunos verbalizaram esses
problemas quando citaram: Meu pai
trabalha na fazenda e ganha pouco, não
tem dinheiro pra nada, nem compra roupa
pra nós. A gente ganha muita coisa das
pessoas daqui” (A28, 2019). Outro fator
relevante destacado é a dificuldade de
acesso a produtos alimentícios com preços
adequados ao mercado consumidor,
conforme citado pelo depoente A41
(2019): Aqui tudo é muito caro, tem
uns mercadinhos que vendem tudo mais
caro. As pessoas aqui não ganham bem
porque falta emprego”; Como bem na
escola porque em casa quase não tem
mistura e a diretora me ajuda muito dando
as roupas que arrecada na escola”; A
escola ajuda muito a gente, até com
comida às vezes. Arrecadam roupas e
distribuem para as pessoas que precisam”;
As pessoas aqui ganham pouco, é muito
difícil pagar o aluguel e comer. Em casa
passamos dificuldades”.
Neste aspecto, os educandos
demonstram uma percepção da realidade
econômica local, que é a típica realidade
brasileira, já que a população é assalariada,
trabalha em facções de roupas infantis, na
agricultura, agropecuária e como
pescadores profissionais ganhando um
baixo salário que, segundo relatos do
depoente A4 (2019), mal para
sobreviver”. Essa constatação dos
educandos vem ao encontro com o
processo de desigualdade social brasileiro
que se reflete no processo educacional.
Assim, quanto mais acentuada a pobreza
de uma região, menor a efetividade
educacional dos sujeitos que a compõe. Em
consonância com esse fato, estudos de
Helene e Mariano (2020) concluem que,
como regra, em cada região brasileira os
indicadores de desenvolvimento
educacionais crescem de acordo com o
aumento da renda domiciliar média per
capita dos municípios e decrescem com o
aumento da desigualdade, acentuando
assim as mazelas sociais.
Aspectos ambientais
Como reflexo dos aspectos
anteriores, as questões ambientais também
são percebidas com um olhar crítico
negativo pelo grupo focal, que reconhece
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os pontos sensíveis da comunidade em
relação às questões ambientais. Isso foi
observado nos relatos dos depoentes A14,
A9 e A21 (2019), respectivamente: Aqui
nesse lugar ninguém liga para onde o lixo
é jogado e nem sabemos para onde vai o
esgoto”; Na escola tem as lixeiras
coloridas, mas não sei como usar e nem
para onde vai esse lixo”; É difícil o
negócio do lixo aqui no Rio Bonito, uns
jogam em um terreno vazio e outros
colocam para o caminhão que pega de vez
em quando”.
Fundamentando-se na Pirâmide de
Maslow, em que segundo Massena e
Marinho (2011), o ser humano precisa
atender as suas necessidades básicas
fisiológicas (base da pirâmide) para depois
conquistar as necessidades de segurança,
amor, estima e realização pessoal (topo da
pirâmide), observa-se certa dificuldade do
educando em desenvolver uma consciência
ambiental se ainda restam precisões
básicas a serem alcançadas. As falas
demonstram dificuldades relacionadas aos
processos de EA formal e não formal, que
se refletem na rotina da comunidade. Para
Reis, Semedo e Gomes (2012), são
necessárias ações que ultrapassem os
muros escolares e cheguem às famílias
campesinas como forma de sensibilização
das comunidades do entorno, ou até
mesmo outras comunidades onde residam
os alunos da escola. Assim, pode-se
promover um estreitamento entre as
relações intra e extraescolares com o
intuito de melhorias na qualidade de vida.
A escola contempla a EA formal em
seus documentos oficiais, e os professores
afirmam trabalhar a temática. Porém, o
reflexo desse trabalho ainda não chegou
aos familiares dos alunos, como relatado
pelo depoente A30 (2019): A diretora da
escola, as professoras e a secretária
falaram da educação ambiental, mas não
sei como é. Nunca falam sobre isso em
casa”. Neste contexto, é fundamental a
integração entre a EA formal e a não
formal para o desenvolvimento de uma
consciência crítica de toda comunidade
escolar. Essa mudança de atitudes de um
povo se dá, segundo Silva e Pontes (2015),
por meio da transmissão de informação e
formação política e sociocultural. Segundo
os autores, isso ocorre com a finalidade de
expandir o conhecimento sobre o mundo
em que o sujeito está inserido e suas
relações sociais, amparando-se nos
princípios de justiça social e igualdade.
Dessa forma, observa-se que a EA
trabalhada nesse espaço escolar está sendo
insuficiente enquanto ferramenta de
alterações sociais e melhoria da qualidade
de vida. Essa constatação também foi
apresentada no trabalho de Rosa (2015),
realizado em 24 municípios da região
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metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil.
A autora não identificou a presença de
práticas de EA relacionadas ao contexto da
realidade e dos problemas ambientais em
que as escolas analisadas estão inseridas.
Assim, concluiu que necessidade de
uma revisão dos mecanismos pedagógicos
aplicados e das ações de EA não formal.
A partir desta análise, no aspecto
ambiental, percebeu-se que questões
relacionadas aos resíduos sólidos, uso
correto de água e saneamento básico não
são consideradas importantes para a
população local. A comunidade escolar
não se apropria dos conhecimentos da EA,
gerando a necessidade de ações que
promovam uma mudança de
comportamento local.
Em se tratando dos aspectos
relacionados ao tripé da sustentabilidade, o
grupo focal relatou fragilidades nos três
segmentos. A escola não é vista como um
espaço integrador e capaz de promover
mudanças sociais, necessitando assim de
ações concretas que promovam a sua
aproximação com a comunidade. Todos os
pontos frágeis elencados convergem com a
necessidade de uma formação educacional
que contemple os conteúdos da EA formal
associados às metodologias da educação do
campo. Para tanto, é basilar o investimento
contínuo da mantenedora na formação de
professores e equipe gestora para o
fortalecimento de ações que reflitam,
diretamente, no processo ensino-
aprendizagem.
Dessa forma, seria possível
ultrapassar os muros da escola e
concretizar ações de EA não formal, com o
propósito de desenvolver o sentido de
pertencimento da população local.
Somente assim, seriam oportunizadas
melhorias na qualidade de vida da
comunidade escolar.
Considerações finais
A Escola Estadual do Campo Padre
Antônio Vieira Ensino Fundamental é
frequentada por sujeitos do campo que
necessitam de um olhar especial no
processo ensino-aprendizagem,
principalmente na perspectiva que leve em
consideração a valorização da história
local, relacionada às questões de educação
ambiental.
Por meio deste estudo, verificou-se
que essa comunidade escolar apresenta
algumas fragilidades quanto aos aspectos
do tripé da sustentabilidade, tais como: no
enfoque aspecto ambiental, a carência de
ações voltadas para educação ambiental e
poucas práticas ambientais corretas; na
vertente social, a ausência do sentimento
de pertencimento, desvalorização do
processo ensino aprendizagem e horta
abandonada; no fator econômico,
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observou-se a dificuldade financeira das
famílias, necessitando assim, de ações
concretas de educação ambiental,
associadas às metodologias da educação do
campo, para que os educandos se
reconheçam como parte integrante da luta
por uma sociedade mais justa.
O fato de um grande número de
profissionais que atuam na escola não
residir no distrito afeta a eficácia do espaço
escolar como instância de desenvolvimento
do sentido de pertencimento. Para o
abrandamento das fragilidades apontadas,
sugestiona-se a constituição da
representatividade dos educandos por meio
do grêmio estudantil, uma instância
colegiada de participação nas decisões
educacionais. Além disso, é fundamental
que ocorra a formação continuada de todos
os profissionais que atuam no espaço
escolar, no intuito de desenvolver a
integração entre os conteúdos de EA e as
metodologias da EC, promovendo um
ensino mais significativo ao homem do
campo.
Diante do exposto, pode-se inferir
que uma comunidade do campo que está
imbuída do sentimento de pertencimento
local e social, ganha forças para lutar por
seus ideais e romper as barreiras impostas
pelo meio de produção capitalista, que
também não leva em consideração as
questões ambientais.
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Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 29/04/2020
Aprovado em: 10/10/2020
Publicado em: 16/05/2021
Received on April 29th, 2020
Accepted on October 10th, 2020
Published on May, 16th, 2021
Contribuições no Artigo: Edinei Aparecido Mora:
Aplicação da pesquisa e redação desse artigo como parte
de sua dissertação de Mestrado em Sustentabilidade.
Patrícia Pereira Gomes (co-orientadora): Participação na
interpretação de dados, escrita e revisão do texto. Norma
Barbado (orientadora): Participação na elaboração da
proposta, interpretação dos dados e revisão do texto.
Todos os autores(as) aprovaram a versão final publicada.
Author Contributions: Edinei Aparecido Mora:
Application of the research and writing of this article as
part of his Master's thesis in Sustainability. Patrícia Pereira
Gomes (co-supervisor): Participation in the interpretation
of data, writing and proofreading of the text. Norma
Barbado (supervisor): Participation in the proposal writing,
data interpretation, and text revision. All authors approved
the final published version.
Conflitos de Interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Não tem.
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No funding.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Mora, E. A., Gomes, P. P., & Barbado, N. (2021).
Educação Ambiental e Sustentabilidade: Estudo de Caso
na Escola Estadual do Campo Padre Antônio Vieira
Ensino Fundamental, Francisco Alves/PR. Rev. Bras.
Educ. Camp., 6, e10817.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e10817
ABNT
MORA, E. A.; GOMES, P. P.; BARBADO, N. Educação
Ambiental e Sustentabilidade: Estudo de Caso na Escola
Estadual do Campo Padre Antônio Vieira Ensino
Fundamental, Francisco Alves/PR. Rev. Bras. Educ.
Camp., Tocantinópolis, v. 6, e10817, 2021.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e10817