Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e10818
Tocantinópolis/Brasil
v. 5
e10818
10.20873/uft.rbec.e10818
2020
ISSN: 2525-4863
1
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Práticas religiosas, COVID-19 e campesinato: uma análise
em dois momentos da pandemia a partir de um projeto de
extensão
Álida Angélica Alves Leal
1
, Luiz Paulo Ribeiro
2
1, 2
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Faculdade de Educação (FaE). Avenida Antônio Carlos, 6627, Campus
Pampulha. Belo Horizonte - MG. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: alidaufmg@gmail.com
RESUMO. O objetivo geral do artigo consiste em analisar as
repercussões da pandemia de COVID-19 nas práticas religiosas
de sujeitos campesinos e de comunidades rurais nas quais
alunos/as do curso de Licenciatura em Educação do Campo da
Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas
Gerais (LECampo/FaE UFMG) trabalham e/ou residem. Este é
um recorte de uma pesquisa que está articulada ao projeto de
extensão “Povos do Campo e a pandemia do COVID-19”,
criado em abril de 2020. Os caminhos metodológicos da
investigação consistiram na aplicação de questionários com
questões fechadas e abertas, respondidos por 36 estudantes na
primeira etapa (final de abril/início de maio de 2020) e por 46
estudantes na segunda etapa (meados de julho de 2020). Os
dados foram analisados através da análise de conteúdo
categorial. Os resultados apontam repercussões que foram
relacionadas às seguintes categorias: a)
socialização/sociabilidade; b) paralisação de atividades nos
espaços religiosos, c) modos de participação remota em
atividades religiosas; d) a casa como lugar privilegiado de
práticas religiosas remotas; e) retorno de atividades presenciais
em espaços religiosos coletivos; f) relação entre pandemia, fé,
castigo e proteção divina.
Palavras-chave: Religiosidade, Pandemia, Campesinato,
Extensão.
Leal, A. A. A., & Ribeiro, L. P. (2020). Práticas religiosas, COVID-19 e campesinato: uma análise em dois momentos da
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Religious practices, COVID-19 and peasantry: a two-part
analysis of the pandemic from an extension project
ABSTRACT. This paper analyzed the repercussions of the
COVID-19 pandemic on religious practices of peasant subjects
and rural communities in which students of the Degree in Rural
Education of the Faculty of Education of the Universidade
Federal de Minas Gerais (LECampo/FaE UFMG) work and
residency. This is an extract from an investigation that is linked
to the extension project The people of the countryside and the
COVID-19 pandemic”, created in April 2020. The
methodological paths of the investigation consisted of the
application of questionnaires with closed questions and open,
answered by 36 students in the first stage (April/May 2020) and
by 46 students in the second stage (July 2020). The data were
analyzed by means of categorical content analysis. The results
point to repercussions that relate to the following categories: a)
socialization/sociability; b) interruption of activities in religious
spaces; c) modes of remote participation in religious activities;
d) hogar as a privileged place for remote religious practices; e)
return from presential activities in collective religious spaces; f)
relationship between pandemic, faith, punishment and divine
protection.
Keywords: Religiosity, Pandemic, Peasantry, University
Extension.
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Prácticas religiosas, COVID-19 y el campesinado: un
análisis en dos etapas de la pandemia a partir de un
proyecto de extensión
RESUMEN. El objetivo general de este artículo fue analizar las
repercusiones de la pandemia COVID-19 en las prácticas
religiosas de sujetos campesinos y comunidades rurales en las
que se encontraban estudiantes de la Licenciatura en Educación
Rural de la Facultad de Educación de la Universidad Federal de
Minas Gerais (LECampo/FaE UFMG) trabajan y/o residen. Este
es un extracto de una investigación que está vinculada al
proyecto de extensión “Los pueblos del campo y la pandemia de
COVID-19”, creado en abril de 2020. Los caminos
metodológicos de la investigación consistieron en la aplicación
de cuestionarios con preguntas cerradas y abiertas, respondidas
por 36 estudiantes en la primera etapa (finales de abril/principios
de mayo de 2020) y por 46 estudiantes en la segunda etapa
(mediados de julio de 2020). Los datos se analizaron mediante el
análisis de contenido categórico. Los resultados apuntan a
repercusiones que se relacionaron con las siguientes categorías:
a) socialización/sociabilidad; b) interrupción de actividades en
espacios religiosos; c) modos de participación remota en
actividades religiosas; d) el hogar como lugar privilegiado para
prácticas religiosas remotas; e) retorno de actividades
presenciales en espacios religiosos colectivos; f) relación entre
pandemia, fe, castigo y protección divina.
Palabras clave: Religiosidad, Pandemia, Campesino,
Extensión.
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Introdução
Dum tal de coronavírus
Vou falar pra todo mundo
Do que ele está causando
Esse tema é bem profundo
(Lúcia Alvarez, 2020)
Por meio de um trecho do “Cordel
em tempos de coronavírus”, de autoria de
uma docente universitária mineira,
apresentamos o pano de fundo deste artigo,
qual seja, a pandemia do COVID-19. O
primeiro registro de adoecimento por
COVID-19 foi realizado em Wuhan, na
China, em dezembro de 2019. De acordo
com Amiri e Akram (2020), trata-se de
uma síndrome respiratória (SARS-CoV-2)
de fácil contágio e expansão global, que
resultou em uma pandemia em poucos
meses, chegando ao Brasil em fevereiro de
2020. Embora grande parte dos infectados
não desenvolvam a síndrome respiratória
grave, o que chama a atenção é o número
de mortes ocasionadas pela infecção.
O avanço mundial dos casos
provocou a indicação, por parte de
autoridades e/ou especialistas da área da
saúde, de isolamento e distanciamento
sociais (Qian & Jiang, 2020), medidas de
higienização (Thampi, Longtin, Peters,
Pittet & Overy, 2020) e uso de máscaras
(Sra, Sandhu & Singh, 2020), a fim de
conter os adoecimentos e possibilitar a
organização dos sistemas de saúde de cada
país para tratamento dos indivíduos com
sintomas agudos da doença. O isolamento
social desencadeou a proibição de
atividades coletivas que envolviam a
aglomeração de pessoas. Isso incidiu, em
grande parte dos países, no fechamento de
cinemas, shows, espaços públicos diversos,
escolas, universidades e, o foco deste
estudo, espaços destinados à realização de
práticas religiosas de âmbito coletivo.
Bloom, Reid e Cassady (2020)
apontam que a pandemia de COVID-19
trouxe consigo mudanças e incertezas de
diferentes naturezas, dentre as quais aqui
mencionamos aquelas relativas à dimensão
da religiosidade. Quanto a esta questão, se
a situação gerou repercussões na vida dos
sujeitos, das famílias e de diferentes grupos
sociais nos centros urbanos, nos contextos
rurais essas situações reverberaram em
alterações ainda mais evidentes, tendo em
vista a centralidade das práticas religiosas
na vida desta parcela da população
brasileira, aspecto sobre o qual
discorreremos mais à frente.
Tendo em vista essas questões, o
objetivo geral deste artigo consiste em
analisar repercussões da pandemia de
COVID-19 para as práticas religiosas de
sujeitos campesinos e de comunidades
rurais nas quais alunos/as do curso de
Licenciatura em Educação do Campo da
Faculdade de Educação da Universidade
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Federal de Minas Gerais (LECampo/FaE
UFMG) trabalham e/ou residem.
O curso de Licenciatura em
Educação do Campo da Faculdade de
Educação da UFMG (LECampo
FaE/UFMG) tem como centralidade a
formação dos educadores do campo e tem
como princípio a defesa da escola como
direito e da terra como forma de
permanência no campo, com uma
educação que seja protagonizada pelos
sujeitos do campo, defendendo um projeto
de campo e de sociedade (Antunes-Rocha
& Carvalho, 2015).
A UFMG oferta o curso desde 2005,
quando teve início como projeto, sendo
regulamentado e incorporado ao conjunto
dos cursos da instituição em 2009. O
currículo é organizado por áreas do
conhecimento - Ciências Sociais e
Humanidades (CSH), Ciências da Vida e
da Natureza (CVN), Línguas, Arte e
Literatura (LAL) e Matemática. Os
espaços e tempos são organizados no
formato da alternância, uma articulação
entre o Tempo Escola (TE) quando os
estudantes permanecem na Universidade
nos meses de janeiro e julho para cursarem
disciplinas acadêmicas e o Tempo
Comunidade (TC) quando encontram-se
em suas comunidades nos períodos
intermediários, desenvolvendo atividades
diversas com acompanhamento de
docentes e monitores/as estudantes de
pós-graduação da universidade.
O projeto de extensão “Povos do
Campo e a Pandemia do COVID-19" foi
criado em abril de 2020 por integrantes do
Colegiado do Curso e Núcleo Docente
Estruturante (NDE), durante o Tempo
Comunidade do primeiro semestre do ano.
Funciona em formato remoto e visa
mobilizar sujeitos do campo - alunos,
professores, sindicatos, movimentos
sociais - e demais interessados/as em torno
de ações acerca da importância da luta
contra o COVID-19 e, especialmente,
quanto ao papel da ciência nesse contexto.
Tem como proposição uma articulação de
diferentes ações que envolvam os sujeitos
do campo e de demais interessados em
debater e compreender o momento atual,
bem como socializar e divulgar
informações a respeito, com a
intencionalidade divulgar e debater com a
comunidade camponesa sobre a
importância da ciência na luta contra esse
vírus.
De modo específico, uma das ações
do projeto consiste na realização de
mapeamento e acompanhamento de como
a COVID-19 está afetando os municípios e
comunidades dos alunos do Curso de
Licenciatura em Educação do Campo, a
fim de entender como a pandemia tem
afetado os seus locais de vida e de produzir
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informações sobre o contexto para
possíveis intervenções junto com
movimentos sociais, sindicais e demais
parceiros do LECampo. Esta ação é que
deu origem ao estudo aqui apresentado, ao
abordar um dos aspectos pesquisados:
práticas religiosas, religiosidade e
espiritualidade no campo em tempos de
pandemia.
Práticas religiosas, religiosidade e
espiritualidade no campo
Práticas religiosas, religiosidade e
espiritualidade são sinônimos? Antes de
correlacionar esses conceitos com o
campesinato, é necessário fazer uma
verificação sobre eles. Buscando a
significação, remetemos religiosidade à
religião, que Peres, Simão e Nasello (2007)
indicam ser um sistema organizado de
crenças, práticas, rituais e símbolos
projetados para auxiliar a proximidade do
indivíduo com o sagrado e/ou
transcendente” (p. 137). Estes mesmos
autores, por sua vez, apontam que a
espiritualidade é “uma busca pessoal de
respostas sobre o significado da vida e o
relacionamento com o sagrado e/ou
transcendente” (p. 137). Nessa relação,
podemos entender que a religiosidade é a
vinculação a uma matriz institucional
religiosa com todos os seus dogmas e ritos,
sendo que a espiritualidade é “parte
fundamental e perene da humanização do
seu humano”, sendo uma das dimensões
que o constituem (Röhr, 2011, pp. 53-54).
Em outras termos, ela é entendida como
uma ação individual de relação com o
sagrado. É nessa conceituação que
entendemos que a ‘prática religiosa’ seja a
investidura individual/coletiva a partir de
uma religião, para se relacionar com o
sagrado e/ou o transcendente. Há que se ter
em mente que estes três conceitos estão
correlacionados e que são importantes
aliados quando se fala em adoecimento e
processos de cura em saúde (Fleck,
Borges, Bolognesi & Rocha, 2003; Bailly,
Roussiau & Fleury-Bahi, 2011; Bandeira
& Carranza, 2020).
Não distante dessa correlação e
nos direcionando às populações do campo,
Andrade (2007) aponta a influência da
religiosidade nos modos de vida destas.
Em especial, como valores, crenças e
práticas sociais presentes nas formas de
vivenciar a religiosidade promovem a
sociabilidade e a reciprocidade entre as
pessoas do campo. Ao mesmo tempo, esse
autor aponta a relação simbólica entre a
produção do lugar território e as
práticas religiosas desenvolvidas nele: a
delimitação do espaço da igreja, o lugar de
vivenciar o sagrado e de busca da proteção
divina. Ainda nesse sentido, Andrade
(2007) traz que, além de práticas
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religiosas, as “manifestações religiosas
resultavam de relações sociais que se
estendiam para as relações sociais de
produção” (p. 65), ou seja, há uma
complementaridade entre participar dos
atos religiosos, participar da comunidade e
trabalhar na terra: faz o sujeito pertencer a
algo, estar incluído.
Muito embora o Brasil não seja um
país totalmente de prática religiosa
católica, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística,
2020), no censo de 2010, havia cerca de
125 milhões de brasileiros que se diziam
católicos apostólicos romanos e cerca de
42 milhões que se diziam evangélicos.
Esses números, embora possam não
representar a totalidade dos brasileiros,
nem o cenário de 2020 e a expressividade
de outras matrizes religiosas existentes no
território brasileiro, demarcam uma
presença massiva histórica do cristianismo
no Brasil, fruto da colonização. Outrossim,
dada a representatividade, pode-se
entender que o cristianismo também é
marcante nos territórios rurais brasileiros,
principalmente em relação às práticas
religiosas católicas embora seja notável a
redução do número absoluto e relativo de
católicos no meio rural brasileiro desde o
início da década de 1990 (Alves,
Cavenaghi & Barros, 2017).
Andrade (2007) nomeia as práticas
religiosas católicas no campo de
‘religiosidade católica popular’, ou seja,
devido à ausência de sacerdotes e em
função da distância territorial dos centros
urbanos, multiplicaram-se no campo ações
religiosas de leigos (não religiosos) que
criaram nesses territórios diferentes tipos
de rituais religiosos. A exemplo, podem ser
citados os terços, as novenas nas casas de
diferentes famílias, as orações em frente
aos cruzeiros, as rezas individuais das
pessoas e as festas em louvor aos/às
padroeiros/as das comunidades,
principalmente o culto de alguns santos,
como é o caso de São José, Santo Antônio,
São João e São Pedro.
É no culto individual e coletivo aos
santos que podem ser enquadradas as
festividades de junho. “No período junino,
o grande número de comemorações em
louvor aos santos fazia com que as pessoas
estabelecessem cronogramas para
realização dos terços e novenas, nas
residências mais próximas” (Andrade,
2007, p. xx). Através dos festejos, uma
aproximação dos laços de parentesco,
amizade e vizinhança: planejamento em
conjunto para cozinhar os alimentos típicos
grande parte deles derivados de milho,
como bolos, canjica e pipoca ,
organização de danças, levantamento de
mastro com a imagem dos santos
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comemorados etc. É a partir dessa
consideração sobre as festividades de
junho que se pode entender que a
religiosidade do povo campesino é
marcada pela relação social que é posta em
sua prática de estar com a comunidade.
No nosso acompanhamento e durante
a realização de pesquisas em comunidades
rurais de Minas Gerais nas quais trabalham
e/ou residem estudantes da Licenciatura
em Educação do Campo (FaE-UFMG),
constatamos que as festas, especialmente
as de junho e de padroeiros/as locais, não
têm apenas cunho religioso, uma vez que
também envolvem a dimensão do lazer,
especialmente para o blico jovem. Este
é, inclusive, motivo de desavenças e
conflitos nas comunidades, por exemplo,
com carros de som e vinda de pessoas não
apenas de outras comunidades, mas de
outras cidades e estados, especialmente
moradores que migraram para outros
territórios, muitas vezes expulsos do
campo devido à ausência de oportunidades.
Estes sujeitos encontram nas festividades
uma oportunidade de retornar às
comunidades rurais de origem para
visitação. Foi o que registramos, por
exemplo, a partir da pesquisa com egressos
da LECampo em Rio Pardo de Minas, no
norte de Minas Gerais. (Leal, Silva,
Arcanjo & Herzog, 2019).
Como já dito, nota-se que a marca da
religiosidade dos povos do campo do
Brasil é histórica. Marin e Marin (2009)
indicam que, no período imigração italiana,
ocorrida no entreguerras, a religiosidade
foi apercebida como elemento de
agregação social e, por assim ser, os
colonos organizaram-se a partir dela “para
reconstruir sua vida no Brasil” (p. 67). Tal
religiosidade esteva presente na
preocupação com os sacramentos
batismo, primeira eucaristia, casamento
etc. nas orações, na internalização dos
conselhos e normas da Igreja, na devoção
aos santos, no culto aos mortos e em outras
manifestações cotidianas” (p. 69). Esses
autores ainda ressaltam que não somente a
religião católica é presente no Brasil, mas
também o protestantismo e luteranismo,
que vieram juntos aos imigrantes alemães,
principalmente os pomeranos.
Menezes-Neto (2007), nesse resgate,
aponta o papel das igrejas, principalmente
a católica com a Teologia da Libertação,
na origem do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). É
relevante, nesse percurso, entender que a
Igreja Católica, como instituição em meio
a um período ditatorial, foi relevante para
organizar e formar os sujeitos que
progressivamente tinham sido
expropriados de suas terras. Ao mesmo
tempo, é importante dizer que foi a
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Comissão Pastoral da Terra (CPT),
juntamente com religiosos aos quais
podemos citar muitos como Dom Pedro
Casaldáliga que fizeram este trabalho
junto com os sujeitos campesinos e
acompanham e denunciam, até hoje, as
violências que se perpetuam para com os
sujeitos e coletividades campesinas.
que se destacar, ainda, a relação
entre religiosidade, espiritualidade, práticas
religiosas e situações-limite (em casos de
guerras, pandemias, calamidades, crises
políticas etc.) vivenciadas pelos sujeitos
individuais e coletivos. Ou seja, sujeitos e
coletividades encontram, nas
manifestações das práticas religiosas,
formas de enfrentamento em tempos de
desesperança e de adoecimento (Fleck,
Borges, Bolognesi & Rocha, 2003; Bailly,
Roussiau & Fleury-Bahi, 2011, Bandeira &
Carranza, 2020).
Percurso metodológico
Esta apuração de dados faz parte de
uma investida do projeto de extensão
‘Povos do campo e a pandemia de COVID-
19’ para (re)conhecer como os povos do
campo têm sido impactados pela pandemia
para estruturar ações de enfrentamento e
suporte a estes sujeitos e suas
comunidades. Por isso, a pesquisa é
qualitativa e de caráter exploratório, ou
seja, um estudo que buscou proporcionar
uma familiaridade com o contexto de
estudo, sendo uma etapa inicial para ter
uma visão geral acerca de um determinado
fato (Gil, 2008).
Essa investida foi composta de
diferentes ações, sendo que, dentre elas,
houve um questionário eletrônico que foi
enviado aos alunos e alunas da
Licenciatura em Educação do Campo da
FaE-UFMG, sujeitos com vinculação com
o campo e que tinham condições de avaliar
as condições e repercussões da pandemia
em suas comunidades. No momento de
aplicação dos questionários, o LECampo
FaE/UFMG contava com o total de 128
(cento e vinte e oito) estudantes. Destes, 40
(quarenta) responderam o primeiro
questionário e 51 (quarenta e um)
alunos/as responderam o segundo
questionário.
Os questionários continham
perguntas fechadas e abertas e foram
organizados em 02 (dois) blocos: a) dados
do perfil dos estudantes; b) dados sobre
enfrentamento da pandemia do COVID-19
pelos sujeitos e suas comunidades
(situação da Educação Básica, práticas e
acesso de serviços de saúde, trabalho,
produção e escoamento por agricultores
familiares, sociabilidade, acesso a
benefícios emergenciais do Governo
Federal, dentre outros aspectos). Quanto
ao tema abordado neste artigo, realizamos
Leal, A. A. A., & Ribeiro, L. P. (2020). Práticas religiosas, COVID-19 e campesinato: uma análise em dois momentos da
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o seguinte questionamento: Sobre a
religiosidade, como você tem percebido
que as pessoas têm reagido em relação às
práticas religiosas e a Pandemia de
COVID-19 na sua comunidade?” A
aplicação foi realizada via Google
Formulários.
Por questões éticas, antes de iniciar o
questionário, aos alunos foi apresentado o
Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), no qual era possível
dizer da cessão das respostas para esta
pesquisa. Da primeira aplicação, 04
(quatro) não autorizaram a publicação de
seus dados e 05 (cinco) estudantes, da
segunda vez, não autorizaram. Sendo
assim, estão sendo considerados 36 (trinta
e seis) questionários relativos ao primeiro
momento e 46 (quarenta e seis)
questionários referentes ao segundo
momento. Acrescentamos que nem todos
os sujeitos participaram das duas
aplicações, por isso, não pode ser
considerado um estudo de coorte, muito
embora alguns sujeitos tenham participado
das duas aplicações e aceitado
disponibilizar os dados.
A primeira aplicação de
questionários ocorreu no período
compreendido entre 20 de abril a 06 de
maio de 2020. A segunda aplicação foi
realizada entre 13/07 e 19 de julho de
2020. Tendo em vista a temática abordada
neste artigo, é importante lembrar que o
primeiro questionário foi aplicado no
contexto da celebração da Semana Santa
(importante para as religiões cristãs) e o
segundo questionário foi aplicado no
contexto das celebrações das chamadas
“festas juninas”, especialmente das festas
comemorativas de São João, tradicionais
em muitas comunidades camponesas do
país.
Os dados já coletados foram lidos,
sendo que foi feita uma análise de
conteúdo categorial (Bardin, 1977). A
análise de conteúdo refere-se a um
conjunto de técnicas analíticas de dados
qualitativos, podendo ser compreendida
como “um método muito empírico,
dependente do tipo de fala a que se dedica
e do tipo de interpretação que se pretende
como objetivo.” (Bardin, 1977, pp. 30-31).
Tal uso esteve associado ao intuito mais
amplo de evidenciar assuntos e temáticas
mais relevantes presentes nas respostas dos
estudantes. Proporcionou identificar
grandes tendências presentes no material
analisado, revelando sentidos e
significados a elas associados.
Assim, para além da apresentação do
perfil dos respondentes, apresentamos a
análise dos dados em 02 (dois) diferentes
momentos: aplicação de questionários em
abril/maio (primeiro momento), aplicação
de questionários em julho (segundo
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momento). Nestes momentos foram
analisadas as categorias: a) paralisação de
atividades nos espaços religiosos, b)
modos de participação remota em
atividades religiosas, c) a casa como lugar
privilegiado de práticas religiosas remotas,
d) retorno de atividades presenciais em
espaços religiosos coletivos; e) relação
entre pandemia, fé, castigo e proteção
divina e f) socialização/sociabilidade.
Apresentação e análise dos dados
Perfil dos respondentes
Quanto ao perfil dos respondentes, a
pesquisa abrangeu estudantes de todas as
áreas do conhecimento ofertadas pelo
curso, com maior destaque para as turmas
com entrada mais recente: Ciências Sociais
e Humanidades (CSH) e Língua, Arte e
Literatura (LAL). A investigação também
contou, embora em menor número, com
egressos. Quanto à moradia, todos os
estudantes respondentes são moradores de
comunidades rurais. No primeiro
momento, havia respondentes de 15
(quinze) municípios diferentes, ao passo
que, no segundo momento, tal quadro foi
ampliado para 20 (vinte) municípios. Os
mesmos estão localizados, especialmente,
nas regiões Noroeste, Norte,
Jequitinhonha/Mucuri, Central e Sul do
estado de Minas Gerais. Na primeira
etapa, participaram 27 (vinte e sete)
mulheres, 08 (oito) homens e 01 (um)
respondente não foi identificado quanto ao
sexo. Na segunda etapa, tivemos um total
de 32 (trinta e duas) mulheres, 10 (dez)
homens e 4 (quatro) respondentes sem
identificação neste quesito.
De modo geral, no primeiro
momento, é preciso apontar que as
prefeituras municipais dispunham de
autonomia quanto a normativas relativas a
medidas de distanciamento social. O
governo estadual também dispôs de
autonomia, sendo que algumas regras
passaram a ser seguidas por parte dos
municípios, conforme análises contextuais
geralmente divulgadas publicamente por
meio de boletins epidemiológicos diários
ou com outras periodicidades. Neste
sentido, as situações vividas pelos
respondentes em seus municípios foram
relativamente distintas entre si. que se
destacar que a declaração do primeiro em
Minas Gerais aconteceu no início do mês
de março e, desde então, vivenciamos um
processo progressivo de disseminação e
interiorização do contágio. Esse
movimento em direção ao interior, às
cidades menores, também foi verificado
em outros estados brasileiros e analisado
por Martinuci et al. (2020) como
repercussão das dependências entre as
estruturas e dinâmicas territoriais, eixos
rodoviários e econômicos e a existência,
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nas cidades pequenas, de redes de atenção
à saúde consideradas frágeis.
Primeiro momento
Na ocasião da primeira aplicação dos
questionários, o primeiro aspecto
observado refere-se a mudanças na
dimensão da socialização e sociabilidade
proporcionadas pelas práticas religiosas
nas comunidades rurais pesquisadas,
conforme relatos, que evidenciam sua
centralidade na organização da vida, dos
tempos e espaços coletivos:
A religiosidade representa, em minha
comunidade, mais do que a oração. Ir
até a igreja é sinônimo de encontro,
união e lazer para todos. Estamos
sempre acostumados a vivenciar e
desfrutar dos trabalhos e momentos
que a religião nos proporciona. A
interrupção dessas atividades,
advinda de líderes maiores, causou
grande entristecimento e mudanças
no cotidiano da comunidade, apesar
da compreensão de entender que a
medida é tomada pelo bem de todos.
(sexo feminino, Rio Pardo de Minas)
A igreja era o lugar onde todos se
encontravam. Como foi fechada, a
população sentiu falta não somente
dos cultos, mas também dos diálogos
que tinham após o término dos
cultos. Depois de algum tempo, a
igreja voltou a funcionar, mas não
como antes. Foi feita uma divisão da
quantidade de pessoas para cada dia e
horário, pois são permitidas apenas
20 pessoas por cada horário. (sexo
feminino, Rio Pardo de Minas)
Quanto à paralisação das atividades
nos espaços religiosos, neste primeiro
momento, foram majoritárias respostas
relativas à paralisação das atividades em
espaços religiosos coletivos. Sublinhamos
que um dos aspectos que chamou a atenção
nos relatos diz respeito ao modo como a
mesma foi mencionada por alguns
respondentes. Foram recorrentes o uso de
expressões como ‘proibidas’, ‘paralisadas’,
‘canceladas’, “foram suspensos”, ou ainda,
como nos trechos:
Todos foram proibidos de ir à igreja
(sexo feminino, Morro do Pilar)
As igrejas foram fechadas por conta
das aglomerações. (sexo feminino,
Rio Pardo de Minas)
não estão acontecendo encontros
religiosos, seguindo as orientações da
paróquia regional. (sexo feminino,
Santo Antônio do Retiro)
As práticas religiosas tiveram uma
pausa por tempo indeterminado.
(sexo feminino, Rio Pardo de Minas)
as pessoas sentiram muito
estranhamento com a ausência das
celebrações físicas dominicais. (sexo
feminino, Rio Pardo de Minas)
De modo geral, são relatos que
expressam que estes sujeitos se perceberam
como não participantes dos processos
decisórios sobre a continuidade (ou não)
das práticas religiosas em decorrência da
pandemia. Isto reverberou em diferentes
compreensões, conforme relatos, indo
desde a sinalização de um entendimento
coletivo, nas comunidades, que a medida
foi tomada pelo bem de todos, no sentido
Leal, A. A. A., & Ribeiro, L. P. (2020). Práticas religiosas, COVID-19 e campesinato: uma análise em dois momentos da
pandemia a partir de um projeto de extensão...
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da resignação, indo até o apontamento de
estranhamentos, conflitos, reivindicações e
diferenças de percepções entre diferentes
gerações, conforme relato: “o povo está
muito abalado. Querem de volta as
celebrações” (sexo masculino, Rio Pardo
de Minas). Nesse aspecto, destacam-se
especificidades devido ao afastamento
entre as comunidades rurais e os centros
urbanos, aspecto entendido por alguns
grupos como fator de proteção quanto ao
contágio pelo COVID-19:
De início, as pessoas achavam que
essa situação era meio exagerada ou
achavam que estava distante de nós,
que não nos iria afetar, por isso não
queriam deixar de realizar as
atividades religiosas e eram contra o
fechamento de igrejas ou algo do
tipo. Mas, agora, grande parte já
entende, a gravidade e mudou de
opinião. (sexo feminino, Rio Pardo
de Minas)
Sobre os sentimentos que emergiram
neste momento de fechamento e incertezas
sobre os desdobramentos da pandemia,
foram relatados a tristeza, a aflição e
desamparo. Conforme discute Andrade
(2007), tendo em vista que, para o
exercício das práticas religiosas, é central a
presença corporal dos fiéis em espaços por
eles considerados sagrados, a
impossibilidade de frequência a estes
lugares devido a uma situação de falta de
agenciamento deles (não sabiam como
reagir à pandemia e, ao mesmo tempo, não
podiam recorrer à prática religiosa) parece
ter acentuado sentimentos como os acima
apontados (Fleck, Borges, Bolognesi &
Rocha, 2003; Bailly, Roussiau & Fleury-
Bahi, 2011, Bandeira & Carranza, 2020).
As pessoas ficam aflitas, tristes por
não poderem participar das
celebrações religiosas. (sexo
feminino, Rio Pardo de Minas)
Muitos estão assustados e buscam
refúgio nas missas que passam na
televisão. (sexo feminino, Piranga)
A minha comunidade possui uma
forte relação com as crenças
religiosas, principalmente no período
da semana santa. Nesse sentido,
observa-se uma certa tristeza no
semblante dos fiéis e manifestações
para que volte a realização de
celebrações na comunidade. As
instituições religiosas buscaram
algumas alternativas para
aproximação com os fiéis, como, por
exemplo, transmissão de celebrações
através de lives e rádio. (sexo
feminino, Capelinha)
Como ressaltado por esta última fala,
este momento de aplicação de
questionários foi marcado pela
proximidade da Semana Santa, período
intenso de celebrações para cristãos,
principalmente católicos, ocasião de
comunhão comunitária, reflexão,
resignação e participação social nas
atividades (são comuns encenações da
Paixão e Ressurreição de Cristo, por
exemplo). Nessas falas, também
indícios dos movimentos que foram
evidenciados para manter, no primeiro
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momento, as práticas religiosas. Assistir à
cultos e missas pela televisão, ouvir
celebrações pelo rádio, além de
aparecimento de lives, através das redes
sociais, foram alternativas para enfrentar o
momento e participar. Ao mesmo tempo,
utilizar os meios de comunicação apareceu
como forma de ‘respeitar’ às regras de
saúde impostas pela situação pandêmica.
Tem acompanhado pela televisão
pelas emissoras e temos tido missas
via Facebook e transmissão pelo
rádio. As pessoas têm mantido suas
orações e costumes religiosos mesmo
com o distanciamento social. (sexo
feminino, Piranga)
Algumas igrejas estão em
funcionamento, embora outras
tenham sido fechadas para evitar
aglomerações, dentre outros fatores.
Ou seja, para o bem da comunidade,
as pessoas compreenderam a
importância desta medida para o bem
de todos. (sexo feminino, Icaraí de
Minas)
Todos foram proibidos de ir à igreja e
alguns líderes religiosos fazem lives.
(sexo feminino, Morro do Pilar)
Quanto às alternativas encontradas
para dar continuidade às práticas
religiosas, que se destacar que a
organização territorial dos atendimentos
realizados pelas lideranças religiosas para
acompanhar comunidades rurais nem
sempre garantem a presença de um pastor
ou padre, por exemplo, em todos os
momentos das práticas religiosas. Isso é
apontado por Andrade (2007) como
situação cotidiana nas comunidades rurais,
em que os sujeitos ‘leigos’ assumem
funções e atividades na manutenção
cotidiana dos atos religiosos, conforme
relato:
As práticas de manifestações
religiosas pararam em todas as
crenças existentes na comunidade.
Alguns jovens se reúnem em grupos
pequenos e realizam cultos e
compartilham em lives, para que os
fiéis que têm acesso a internet
possam continuar, de certo modo,
participando. Fora isso, não estão
sendo realizados cultos ou quaisquer
reuniões de cunho religioso no
povoado. (sexo feminino, Icaraí de
Minas)
Talvez, todas essas ações de
manutenção da e das práticas religiosas
a partir de redes sociais e meios de
comunicação tenham a mesma raiz: a
necessidade imperiosa de ‘ficar em casa’,
uma das frases e ações consideradas mais
eficientes para conter o avanço da COVID-
19. Nesse caminho, a casa assumiu
centralidade para o exercício das práticas
religiosas, sendo recorrentes expressões
como ‘rezar em casa’, ‘orar com a família’,
‘rezas em casa’, ‘fazer orações em casa’,
como podemos notar nas frases:
Assistindo a missas pela televisão,
compartilhando em redes sociais
orações e rezando em casa com a
família. (sexo feminino, Icaraí de
Minas)
Muitos grupos de orações estão
rezando cada um em sua casa,
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novenas e terços em pedido pelo fim
da pandemia (Igreja Católica). (sexo
feminino, Bocaiúva)
Todos rezam e fazem suas orações
em casa. Na Igreja Católica que sigo,
estamos fazendo celebrações ao vivo
por meio das redes sociais. Número
máximo de 07 pessoas. (sexo
masculino, Icaraí de Minas)
Embora em menor número, alguns
respondentes indicaram que, nesse
primeiro momento, algumas práticas
religiosas começaram a ser realizadas nos
espaços coletivos das comunidades, como
capelas e igrejas. Contudo, esse retorno foi
condicionado ao respeito de regras visando
à contenção da disseminação do contágio
por COVID-19 definidas por autoridades
políticas e religiosas com autonomia para
esta tomada de decisão. É o que sinalizam
relatos de moradores de comunidades
rurais do município de Rio Pardo de
Minas, situado no Norte do estado:
Todos estão continuando suas
práticas. No início, as igrejas foram
fechadas por conta das aglomerações.
Agora, as igrejas reabriram e
dividiram em grupos os fiéis para a
realização dos cultos e outros. Os
grupos têm no máximo dez pessoas,
que têm que seguir todas as regras
impostas como: uso de máscara,
higienização das mãos ao entrar e
sair, manter distância e limpeza das
superfícies no final de cada
celebração. (sexo feminino, Rio
Pardo de Minas)
A igreja era o lugar onde todos se
encontravam. Como foi fechada, a
população sentiu falta o somente
dos cultos, mas também dos diálogos
que tinham após o término dos
cultos. Depois de algum tempo, a
igreja voltou a funcionar, mas não
como antes. Foi feita uma divisão da
quantidade de pessoas para cada dia e
horário, pois são permitidas apenas
20 pessoas por cada horário. (sexo
feminino, Rio Pardo de Minas)
Por fim, desse primeiro momento
dois tópicos aparecem como importantes
de serem registrados: a) a leitura da
pandemia como castigo divino e sinal do
fim dos tempos e b) os conflitos e entraves
geracionais impostos pela situação
pandêmica, como podemos ver nos relatos
abaixo:
As pessoas veem o acontecimento,
como algo já descrito pela bíblia, e se
apegam na esperando que a
pandemia acabe logo. (sexo
feminino, Icaraí de Minas)
A maioria da população está
respeitando as medidas de proteção e
acreditam que a pandemia é mais um
sinal do fim dos tempos. (sexo
feminino, Capelinha)
As pessoas mais velhas acham errado
fechar as igrejas, mas, dentre os mais
jovens, concordam. (sexo feminino,
Rio Pardo de Minas)
Assim, podemos dizer que a primeira
aplicação do questionário foi marcada
pelas repercussões iniciais sobre a
necessidade de evitar aglomerações que
repercutiram no fechamento de templos
religiosos e na impossibilidade de ter
práticas religiosas em conjunto, na
comunidade. Diante das imposições e dos
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sentimentos causados tanto pela pandemia
quanto pela restrição de não poder recorrer
ao espaço físico da igreja havia a aflição,
mas não havia forma de encontrar suporte
, as ações foram direcionadas às tentativas
de vivenciar a religiosidade através da
mediação tecnológica. O espaço da casa
apareceu, então, como ‘o’ lugar de praticar
a e ter proximidade com o sagrado,
fazendo suas atividades com a família e
pessoas mais próximas. Por último,
indicativo de que, após um momento de
tensão sobre o que fazer, houve a retomada
de algumas atividades, mesmo que tímidas,
mas que permitiam o exercício das práticas
religiosas em espaços coletivos desde que
observadas orientações sanitárias e a
situação da interiorização da pandemia nas
diferentes regiões do estado.
Segundo momento
Na ocasião da segunda aplicação dos
questionários, um dos aspectos observados
refere-se à dimensão da socialização e
sociabilidade vinculadas às práticas
religiosas nas comunidades rurais
investigadas. De acordo com relatos, o que
chama a atenção é a ausência da realização
das festividades locais, especialmente
aquelas ligadas, neste momento, às festas
juninas (Santo Antônio, São João e São
Pedro). Essas festividades, conforme
Andrade (2007), facilitam e possibilitam a
socialização e a formação de vínculos.
Mesmo que nem todos que participem
sejam de origem católica, é nestes eventos,
para o autor, que as pessoas se encontram e
planejam trabalhos em conjunto.
Entretanto, essas festividades de junho não
aconteceram devido à situação pandêmica.
que destacar, ainda, que essas
atividades, bem como as celebrações
dominicais, demarcam a passagem do
tempo nas comunidades, sendo
fundamentais na organização da vida
coletiva. Devido à sua não realização, a
sensação de muitos é de que “está tudo
parado”.
Se no primeiro momento, as pessoas
sentiram-se proibidas de ir aos templos
religiosos, a sensação de falta de agência
sobre a própria prática religiosa não está
presente de maneira marcante neste
segundo momento. As alternativas
encontradas foram desde a permanência
com as práticas em casa, com ‘rezas’ em
família e/ou entre amigos próximos ou
com transmissão pela internet, televisão ou
rádio (que apareceu de forma mais incisiva
neste segundo momento); até a ida para as
celebrações de forma ‘cuidadosa’ ou ainda
seguindo de forma ‘normal’ - o que, em
alguns casos, gera conflitos. Cada uma
dessas formas de ação repercutiu nas
formas de sociabilidade e, também, na
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existência de sentimentos em relação à
pandemia.
Desde o início da pandemia, as
missas e cultos haviam sido
cancelados, porém, as celebrações
voltaram a serem realizadas
recentemente. Segundo os "fieis", as
missas e cultos estavam fazendo
falta, mas o mais certo, segundo
minha opinião, é que o povo estava
cansado de passar o dia inteiro em
casa no domingo. (sexo masculino,
Rio Pardo de Minas)
Os recintos religiosos estão fechados,
sendo assim, muitos estão
atordoados. (sexo masculino, Itaipé)
As pessoas têm acesso através dos
meios de comunicação e em idas
isoladas à igreja. (sexo feminino,
Simonésia)
Havia feito a paralisação das
celebrações, agora retornou, tomando
os devidos cuidados. (sexo feminino,
Rio Pardo de Minas)
Algumas religiões voltaram às
atividades normalmente, seguindo
algumas orientações como o uso de
máscara. a igreja católica continua
apenas online. (sexo feminino,
Jequeri)
Na minha comunidade, de início, a
igreja foi fechada, depois retornou
com um número reduzido de pessoas
e com uso obrigatório de máscara.
Cada família senta em um banco e
possui um determinado
distanciamento de um banco para
outro. (sexo feminino, Rio Pardo de
Minas)
Algumas igrejas já estão funcionando
com um número reduzido de pessoas,
porém, sem cumprir as normas de
segurança. (sexo feminino,
Capelinha)
Alguns conflitos, pois alguns tentam
resistir às novas regras. (sexo
feminino, Rio Pardo de Minas)
As celebrações voltaram a acontecer,
mas muitas pessoas tem receio de ir à
igreja. (sexo feminino, Rio Pardo de
Minas)
Outro aspecto que chama a atenção
nesta segunda aplicação do questionário
diz respeito ao fato de que estiveram mais
presentes, entre os relatos, as transmissões
ao vivo das celebrações locais via internet.
A utilização do rádio como mediador das
práticas religiosas também foi relatada com
mais frequência:
Em minha comunidade, as famílias
estão tristes com a suspensão das
celebrações religiosas. No entanto,
através do rádio local, são
transmitidas todas as semanas as
celebrações da igreja católica, o que
permite a continuação das práticas
religiosas. Mas, a rádio não transmite
a celebração de outras religiões,
como, por exemplo, a evangélica, o
que contribuiu para a volta das
celebrações. (sexo feminino,
Capelinha)
Mesmo com acesso às celebrações
via internet ou rádio, por exemplo, que
se destacar que, nesse segundo momento,
foi perceptível o aumento da pressão pelo
retorno das celebrações presenciais nas
igrejas. Podemos conjecturar que, por um
lado, isso pode estar ligado a dificuldades
tecnológicas de acesso a equipamentos, à
própria internet, uso das redes sociais e
similares. Por outro lado, como em
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Andrade (2007), a impossibilidade da
frequência aos territórios sagrados, que
assumem centralidade nas práticas
religiosas, pode ter impelido os fiéis à
maior demanda pela abertura destes
espaços:
Os cultos estão sendo em forma de
lives e as pessoas não estão se
adequando. Por isso, muitos estão
tentando e pedindo para voltem os
cultos presenciais, mesmo com
poucas pessoas. (sexo feminino,
Capelinha)
A vontade das pessoas de poder estar
presente nas celebrações. (sexo
masculino, Rio Pardo de Minas)
As celebrações tem acontecido em
famílias. Para quem tem acesso a
internet, tem acompanhado as
celebrações da igreja de forma
online. (sexo masculino, Rio Pardo
de Minas)
Diante das tensões vivenciadas, um
tópico importante a ser sublinhado diz
respeito à leitura da pandemia como
castigo divino e sinal do fim dos tempos.
Tal aspecto foi sinalizado em relatos
presentes no primeiro momento, porém,
mostrou-se acentuado na segunda
aplicação dos questionários. Outrossim,
em alguns casos uma exacerbação da fé em
detrimento das práticas profiláticas
relegando ao sagrado a única forma de se
proteger da contaminação. Isto pode ter
reverberado na sensação de aumento da
em tempos de pandemia. Entendemos que
tanto a demonização, quanto essa
responsabilização do sagrado têm
repercussões diretas na condução da
promoção de saúde na pandemia e
contenção do avanço do vírus, porque ao
fazer esta leitura acabam por se expor
indistintamente.
Muitos acreditam ser a profecia
acontecendo. Existem orações, as
igrejas continuam abertas pedindo a
benção para um mundo melhor e para
que logo esse vírus possa passar.
(sexo feminino, Rio Pardo de Minas)
Acham que essa é uma das pragas e
que o fim do mundo e a volta de
Jesus estão próximas. Então estão
dedicando mais tempo para as
orações. (sexo feminino, Piranga)
Mas a grande maioria da população
está reclamando a falta e percebo que
muitas pessoas estão se tornando
mais "ORANTES" (sexo feminino,
Chapada do Norte)
Alguns acreditam muito que Deus
está protegendo e não usam máscaras
nem nada. (sexo feminino, Santa
de Minas)
Quanto à frequência aos espaços
religiosos, um destaque presente nos
relatos diz da preocupação específica com
pessoas idosas e aquelas consideradas
“grupo de risco”, conforme especialistas
(Centers for Disease Control and
Prevention, 2020; Fundação Oswaldo
Cruz, 2020). A recomendação é de
aumento dos cuidados ou para que evitem
convivência em espaços coletivos:
Esse é um ponto polêmico, uma vez
que a Diocese liberou as
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comunidades para que as mesmas
pudessem continuar com as
celebrações. A comunidade adotou o
rodízio para que as pessoas que
desejam ir; em um dia vão x de
pessoas e em outro x pessoas. A
comunidade ainda pede que as
pessoas que estão no grupo de risco
evitem ir. (sexo feminino, Santo
Antônio do Retiro)
O uso de máscara se tornou
obrigatório para frequentar locais
como igrejas. As celebrações são
feitas com pequenos grupos de
pessoas, se tem evitado estar com
outras pessoas e redobraram os
cuidados com idosos e demais
pessoas do grupo de risco. (sexo
feminino, Rio Pardo de Minas)
Diferentemente do primeiro
momento em que havia um aspecto de
desconhecimento e falta de agência diante
da pandemia, frente ao avanço das
possibilidades e da flexibilização das
atividades, surge uma busca pela
normalidade, embora existam
conflitualidades para vivenciar este (novo)
normal implicando até nas formas com que
os sujeitos se relacionam com a fé.
A minha comunidade apresenta
pessoas de várias religiosidades.
Muitas seguem acreditando que as
coisas se normalizarão logo. As
pessoas tem reagido procurando
meios de não se afastarem das suas
práticas religiosas. Por exemplo: as
igrejas realizam lives e algumas
voltaram a realizar cultos com as
regras necessárias.
As pessoas estão atentas aos cuidados
da Organização Mundial de Saúde e,
na medida do possível, estão
frequentando, em um ritmo mais
lento, mas voltando. (sexo feminino,
Rio Pardo de Minas)
A fé de muitos "esfriou" com
retomada das celebrações seguindo
as normas paroquiais e do Ministério
da Saúde... muitos não buscam mais
as igrejas e criticam os que estão
participando. São divisões
aparecendo em muitas famílias da
comunidade. (sexo feminino,
Capelinha)
A minha comunidade apresenta
pessoas de várias religiosidades.
Muitas seguem acreditando que as
coisas se normalizarão logo. As
pessoas tem reagido procurando
meios de não se afastarem das suas
práticas religiosas. Por exemplo: as
igrejas realizam lives e algumas
voltaram a realizar cultos com as
regras necessárias. (sexo feminino,
Icaraí de Minas)
Por fim, na análise desse segundo
momento, notamos que em alguns casos,
depois da flexibilização do isolamento
social em alguns municípios e
comunidades, relatos em que houve a
necessidade de novo fechamento dos
templos religiosos, o que deve ter afetado
também ao comércio e atividades não
essenciais dessas localidades.
Em algum período, as igrejas
estavam funcionando apenas com
30% da ocupação, mas, devido ao
aumento de casos na região, tudo foi
fechado novamente. (sexo feminino,
Rio Pardo de Minas)
Assim, esse segundo momento de
aplicação do questionário foi marcado pela
continuidade do que estava acontecendo no
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primeiro momento, ou seja, a utilização
dos meios de comunicação e redes sociais
para manutenção das práticas religiosas.
Entretanto, nesse momento, nota-se que
havia mais ação dos sujeitos em relação
aos cuidados, além de mais conhecimento
sobre a situação pandêmica, como as
formas de cuidado, por exemplo. As
tensões vivenciadas, em soma a essa
situação e a vontade de voltar a
experienciar o espaço do tempo religioso,
bem como a flexibilização do isolamento
social, fizeram com que os sujeitos
encontrassem formas para poder ir às
igrejas e templos, seguindo (ou não)
orientações de saúde, outro fator gerador
de conflitos.
Nota-se que a preocupação quando à
disseminação do vírus passou a se
concentrar em relação a grupos
populacionais específicos (pessoas idosas e
grupos de risco). A demonização da
pandemia e a crença na proteção divina
foram acentuadas, com importantes
repercussões sobre o cuidado com a saúde.
A busca pelo chamado ‘novo normal’ veio
associada a conflitos diversos,
reverberando nas relações que os sujeitos
passaram a estabelecer com a fé. Por fim,
destacam-se efeitos da flexibilização das
normas sobre as práticas em templos
religiosos, dado que a abertura dos espaços
precisou ser revista, em algumas
localidades, devido ao avanço da
pandemia.
Considerações finais
A partir do referencial teórico e
dados levantados neste estudo, verificamos
a persistência da centralidade das práticas
religiosas para os povos do campo durante
a pandemia. Especialmente frente à
necessidade de enfrentamento de um
desafio de tamanha magnitude, provocado
pelo desamparo na situação pandêmica, as
práticas na/para/com a religião
proporcionam a delimitação e sacratização
de espaços, promovem vínculos e
engendram práticas de suporte individual e
coletivo.
A casa, que se constituía como
espaço de práticas religiosas,
especialmente em comunidades rurais
com realizações de ‘novenas
comunitárias, orações diversas em família,
visitações relativas à ‘Folia de Reis’, cultos
em terreiros de religiões de matriz africana,
entre outras no percurso da pandemia,
assumiu, de maneira ainda mais
contundente, a sacralidade de um templo
religioso para parte dos sujeitos
pesquisados. Isso se ressalta nos dois
momentos analisados devido às restrições
sociais e a necessidade de isolamento
social, conjugados com sentimentos de
angústia, medo e desesperança vivenciados
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pelos campesinos. ‘Rezar em casa’ assume,
então, a possibilidade de continuar a se
religar com o sagrado para ‘enfrentar’ a
pandemia algo por vezes encarado como
respostas a certo não saber o que fazer
diante da paralisação das atividades. Nesse
âmbito, também ganharam destaque as
mediações tecnológicas na construção das
práticas religiosas, possibilitando a
manutenção dos vínculos por meio,
especialmente, da internet, da televisão e
do rádio. que se sublinhar ainda, a
maior presença das mulheres entre as
respondentes, o que evidencia a
representatividade da mulher na
manutenção das práticas religiosas no
campo.
Outro aspecto observado no estudo
está relacionado às tensões que emergiram
nas relações sociais entre comunidades e
lideranças religiosas quanto à abertura dos
espaços coletivos. Compreendemos que
estes conflitos, pelo menos em parte, estão
vinculados ao contexto político mais amplo
hoje vivenciado no país, com mudanças
acerca da presença das religiões na esfera
púbica em tempos de pandemia, como
discutem Andrade e Sales (2020). Houve,
inclusive, discussões sobre as igrejas serem
consideradas como atividades essenciais e,
por isso, manterem-se abertas mesmo em
período de isolamento social.
Visualizando, ainda, o papel das
práticas religiosas para os processos de
cura, torna-se relevante
criticar/responsabilizar aqueles líderes
religiosos que, de alguma forma,
desprezaram, desqualificaram ou
minimizaram a Pandemia e seus impactos
sobre a vida da população. Há casos,
alguns relatados pelos próprios
participantes deste projeto de extensão e
estudo, em que mesmo com as restrições
sobre aglomeração de pessoas, tais líderes
incentivaram práticas que podem ter
ocasionado o contágio em seus templos.
Outro aspecto a ser destacado a partir
do estudo está relacionado ao
envolvimento das Universidades com as
comunidades e sujeitos campesinos neste
momento da pandemia. A título de
exemplo, mencionamos projetos de
extensão realizados pelos cursos de
Licenciatura em Educação do Campo da
Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM), da Universidade Federal
do Pará (UFPA) e da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), ao qual este
estudo está vinculado. A esse respeito,
ressaltamos o compromisso social e
político das equipes dos referidos cursos e
sinalizamos que projetos desta natureza
podem contribuir, especialmente em
momentos como estes, para o mapeamento
das condições de vida dessas populações e
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pandemia a partir de um projeto de extensão...
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desdobrar em ações diversas, juntamente
com outros grupos sociais (religiosos,
movimentos sociais etc.), visando à
construção de ações coletivas de diversas
ordens, incluindo a construção de políticas
públicas.
De modo amplo, ao atentar para as
práticas religiosas das comunidades
campesinas neste momento de pandemia,
este projeto entende que tais práticas estão
inseridas na vida cotidiana dos sujeitos
sócio-históricos do campo, e que são
espaço de socialização, inclusão, inserção e
problematização social. Por vezes, como
citado em diferentes trechos deste artigo, é
ao redor da religião que direitos sociais são
vislumbrados e a luta por melhoria de vida
acontece. Por isso, ressaltar, apresentar e
acompanhar como estão as práticas
religiosas neste momento se tornou deveras
importante para o projeto de extensão e
para este estudo.
Por fim, chamamos a atenção para os
processos de interiorização da pandemia no
Brasil, em especial no Estado de Minas
Gerais. O percurso de contágios pode
afetar de forma obtusa os municípios
menores e as comunidades rurais, dadas
suas defasagens socioeconômicas e
vulnerabilidades populacionais. Tais locais
são caracterizados por uma menor
absorção das medidas de restrição social e
de ausência de políticas públicas de saúde:
uma combinação não muito positiva para o
enfrentamento efetivo da pandemia. Nesse
sentido, salientamos a necessidade de
ampliação da atenção do poder público a
estas questões, visando não aprofundar as
desigualdades sociais e diminuir os
impactos da pandemia, especialmente
sobre os povos do campo.
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Informações do artigo / Article Information
Recebido em : 22/10/2020
Aprovado em: 24/11/2020
Publicado em: 11/12/2020
Received on October 22th, 2020
Accepted on November 24th, 2020
Published on December, 11th, 2020
Contribuições no artigo: Os autores foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Orcid
Álida Angélica Alves Leal
http://orcid.org/0000-0001-7438-0534
Luiz Paulo Ribeiro
http://orcid.org/0000-0002-4278-7871
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Leal, A. A. A., & Ribeiro, L. P. (2020). Práticas religiosas,
COVID-19 e campesinato: uma análise em dois momentos
da pandemia a partir de um projeto de extensão. Rev.
Bras. Educ. Camp., 5, e10818.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e10818
ABNT
LEAL, A. A. A.; RIBEIRO, L. P. Práticas religiosas, COVID-
19 e campesinato: uma análise em dois momentos da
pandemia a partir de um projeto de extensão. Rev. Bras.
Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 5, e10818, 2020.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e10818