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colocava em pauta essa temática e
reconhece a singularidade desse espaço.
Nos seus artigos 23 e 26, estabelece um
novo marco na Educação do Campo,
reconhecendo tempo e espaço
diferenciados. De acordo com o Ministério
da Educação [MEC] (2013), a Lei de
Diretrizes e Bases de 1996 dispõe, no que
diz respeito à Educação do Campo, sobre:
... a organização da educação básica
em grupos não seriados e por
alternância regular e ao definir que os
currículos, além da base comum,
deverão contar com uma base
diversificada, de acordo com as
características regionais e locais das
redes de ensino. Além disso, os
incisos I, II e III do artigo 28
reforçam a especificidade da
Educação Básica do Campo ao
recomendar que as propostas
pedagógicas dessas escolas
contemplem as necessidades e
interesses dos estudantes do campo,
considerem o calendário da produção
agrícola bem com a natureza do
trabalho no campo (MEC, 2013, p.
4).
Nessa perspectiva, analisando o que
a Lei de Diretrizes e Bases de 1996
apresenta acerca da Educação do Campo, é
possível reconhecer a peculiaridade e a
especificidade desse espaço escolar, pois
elementos primordiais no contexto do
campo estão presentes nela: propostas
pedagógicas e currículo, alteração do
calendário escolar de acordo com o
calendário agrícola, necessidades e
interesses próprios. São esses aspectos que
norteiam as políticas direcionadas para a
Educação do Campo. De acordo com
Marcon (2012):
A história das políticas de educação
do campo revela um paradoxo: de um
lado, um país caracterizado
historicamente como agrícola e que
muito pouco se ocupou com a
educação do campo; de outro, a
preocupação com diretrizes e
políticas de educação do campo,
exatamente num contexto de
expansão da urbanização, de intensa
migração do campo para a cidade e
da nucleação de escolas nas cidades
ou em pequenos povoados. Evidente
que essas políticas não estão isoladas
de um contexto mais amplo de
interesses, disputas políticas e de
transformações da sociedade
brasileira e mundial (Marcon, 2012,
p. 86).
Ainda em um breve recorte da
história, Leite atenta para o seguinte:
... a sociedade brasileira somente
despertou para a educação rural por
ocasião do forte movimento
migratório interno dos anos 1910 -
1920, quando um grande número de
rurícolas deixou o campo em busca
das áreas onde se iniciava um
processo de industrialização mais
amplo (Leite, 1999, p. 28).
Nessa perspectiva, mesmo ainda em
processo de construção histórica, as
Políticas da Educação do Campo têm o
intuito de fortalecer o campo e criar
condições satisfatórias que garantam a
permanência e o êxito dos sujeitos
envolvidos. Além disso, buscam garantir
que o processo de formação nesse espaço