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aqui era um sítio que era tudo um bananal. Boa parte dessas árvores cresceram depois que o
bananal ficou largado e tal, veio aqui floresta, mais antes era tudo só banana, não tinha essas
árvores grandes, na época que comprei, a gente só plantou palmito que tinha a área toda
limpa.
Ao longo dos nossos diálogos, foi possível identificar o quanto esse produtor é
sonhador. Percebemos que os cuidados pelos conhecimentos tradicionais são peculiares no ato
de sua vivência. Isso é visível no momento em que ele diz:
aí comecei a sondar na cidade, o que vou fazer no sítio, preciso gerar renda no sítio, a gente
tem ideia de viver lá, e estamos aqui uns 2 vai fazer 3 anos, trabalhando firme aqui no sítio,
hoje a gente consegue vender banana, a gente tem 2 bananais um aqui e um ali do outro lado,
e do outro lado também e comei a manejar esse bananal, encontrei o “produtor F”, meu
braço forte aqui. Ele é daqui de Paraty, nascido e criado aqui, ele mora em uma área, que é
área quilombola também, ele foi criado lá nessa área, hoje ele não está mais, por alguns
motivos e hoje ele mora aqui, vive aqui no sítio e me ajuda, aí a gente começou a trabalhar
com a banana e o palmito, é o que a gente tem é isso.
É possível ver que, ao longo do diálogo do produtor e suas exemplificações, as
estratégias adotadas revelam traços em suas formalizações e cuidados, boa parte alinhada às
estruturas matemáticas, assim como, sempre, visando à proteção e cuidados com a natureza,
até porque isso nos mostra que, no processo educativo, é presente essa interdisciplinaridade.
Assim, o mesmo nos diz:
na época até pensei: vou adubar esse bananal vai tirar banana, vamos colocar para vender e
encaixotar, aí quando você vai ver preço das coisas, o investimento é muito grande, botar
química e começa estudar, pesquisar e tal, o “produtor F” sempre falava, nós temos que
plantar com força da terra é a força da terra que vai ajudar a gente aí na banana. A prefeitura
com o lance da agricultura familiar começou a comprar a banana do agricultor, o “produtor
F” diz, e muitos aqui dizem produziam muita banana em Paraty mandava banana para Rio de
Janeiro, saía balsa cheia de banana, na época que nem tinha estrada.
O produtor “E”, também, relata: “não tinha a estrada Rio-Santos, o transporte era
barco”. Ele continua:
há 30 anos, a gente começou a trabalhar a banana, consegui a possibilidade de vender pra
prefeitura para merenda escolar, para merenda escolar do Estado, numa chamada pública, a
gente participou e tal, fui estudar e ver como, eu poderia me enquadrar dentro da agricultura
familiar, aí vem vários quesitos, assim tipo, a gente teve que deixar alguns trabalhos fora,
que gerava uma graninha legal, que a gente conseguia mover a vida, melhorar as coisas e tal,
porque a gente tem que ter uma renda maior dentro do sítio do que fora do sítio e pra gente
ficar enquadrado e ser beneficiado em poder vender pra prefeitura a gente teve que deixar de
entregar pizza a noite, diminuiu a renda fora do sítio e manter uma renda maior dentro do
sítio para que a gente ser beneficiado por esse tipo de política. Desde então estamos aqui
trabalhando, eu sou um perfil diferente do pessoal da agricultura aqui, por conta de, de ter