Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11490
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
e11490
10.20873/uft.rbec.e11490
2021
ISSN: 2525-4863
1
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Jovens rurais do Ensino Médio: experiências escolares e
expectativas juvenis
Karla de Freitas Alves Pinto
1
, Ruth Bernardes de Sant'Ana
2
1
Universidade Federal de Viçosa - UFV. Departamento de Economia Doméstica DED. Avenida Peter Henry Rolfs s./n.,
Campus Universitário. Viçosa - MG. Brasil.
2
Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ.
Autor para correspondência/Author for correspondence: karlaalvesp@ufv.br
RESUMO. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa
que buscou analisar o processo de escolarização de jovens do
ano do Ensino Médio de uma escola pública rural. Procuramos
destacar os fatos mais significativos da experiência escolar trazidos
pelos alunos e suas expectativas de futuro, com o objetivo de
compreender os sentidos que eles atribuem às vivências em uma
escola localizada na zona rural. Os procedimentos de pesquisa
utilizados foram observações de estabelecimento, entrevistas
individuais semiestruturadas, questionário e estudo documental. Os
dados da pesquisa sugerem que os jovens o capazes de opinar
acerca das aulas, dos conteúdos ministrados e da escola. A partir
das entrevistas, percebemos que os sentidos atribdos à escola no
processo da escolarização são positivos, já que os jovens se sentem
confiantes nessa instituição.
Palavras-chave: juventude rural, ensino médio, escolarização.
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Rural young in High School: schooling experiences and
youth expectations
ABSTRACT. This article presents the results of a research that
sought to analyze the schooling process of young students in their
first year of Higher Education from a rural school. We try to
highlight the most significant facts of the school experiences
brought by students and their expectations for the future with the
aim of understanding the meaning they attribute to the
experiences in a school located in countryside. The research
procedures were establishment observations, individual semi-
structured interviews, questionnaire and documentary study The
survey data suggest that young people are able to express their
opinions about classes, content and school. From the research
data, we can say that young people are able to express their
opinions about classes, content and school. From the interviews,
we realized that the meanings attributed to the school in the
schooling process are positive, since young people feel confident
in this institution.
Keywords: rural youth, high school, schooling.
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Jóvenes rurales de la Escuela Secundaria: experiencias
escolares y expectativas juveniles
RESUMEN. Este artículo presenta los resultados de una
investigación que buscó analizar el proceso de escolarización de
los jóvenes estudiantes del primer año de la secundaria de una
escuela rural. Tratamos de resaltar los hechos más significativos
de la experiencia escolar aportados por los estudiantes así como
sus expectativas para el futuro, a fin de comprender los
significados que atribuyen a las experiencias en una escuela
secundaria ubicada en zona rural. Los procedimientos de
investigación utilizados fueron: observaciones del
establecimiento, entrevistas individuales semiestructuradas,
cuestionarios y análisis de documentos escolares. Con los datos
de la investigación, podemos decir que los jóvenes son capaces
de expresar sus opiniones sobre las clases, el contenido y la
escuela. A partir de la entrevista echa a los jóvenes, nos dimos
cuenta de que los significados atribuidos a la escuela en el
proceso escolar son positivos, ya que ellos se sienten confiados
en esta institución.
Palabras clave: juventud rural, escuela secundaria, escolaridad.
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Introdução
O presente artigo
i
apresenta os
resultados de uma pesquisa que buscou
analisar o processo de escolarização de
jovens rurais do Ensino Médio em Rio das
Mortes, distrito de São João del-Rei, Minas
Gerais, em uma escola localizada a 8 km
dessa cidade. O objetivo deste estudo foi
identificar o papel da escola na vida dessas
pessoas, bem como suas perspectivas de
vida num contexto de transformações
sociais, culturais e econômicas no qual a
diferenciação dos espaços urbano e rural se
reconfigura e se torna cada vez mais tênue.
Os sujeitos da pesquisa foram jovens
rurais do ano do Ensino Médio de uma
escola pública. A pesquisa buscou destacar
os fatos mais significativos da experiência
escolar trazidos pelos alunos e, para tal, a
pesquisadora empreendeu uma
investigação de enfoque plurimetodológico
qualitativo e quantitativo ao mesmo tempo.
O questionário, as entrevistas individuais
semiestruturadas e observações foram as
fontes primárias na coleta dos dados,
enquanto prontuários, fichas, dentre outros
documentos dos alunos, configuraram-se
como fonte secundária de obtenção dos
dados. O questionário tratou da
caracterização socioeconômica dos alunos
e de seus familiares, sobre as atividades
escolares dentro e fora do estabelecimento,
e da escolarização juvenil nas suas relações
com os âmbitos do urbano e rural. Esse
instrumento de coleta foi concebido para
abarcar todos os alunos da classe,
diferentemente da entrevista, cujo
propósito foi abordar os sentidos da
experiência escolar, por meio de uma
escuta atenta e dialógica, razão pela qual
ela deveria atingir um pequeno número de
jovens, e garantir a mesma proporção entre
rapazes e moças.
Essa turma é composta por 33
alunos: 17 meninos e 16 meninas. Quando
do preenchimento do questionário, 10
alunos estavam ausentes e, dos 23
presentes, três se recusaram a participar.
Um dos jovens que não quis responder ao
questionário foi o que se mostrou mais
arredio e desconfiado. Em todas as aulas
observadas, ele se mostrou o mais distante
com relação aos professores e às
disciplinas. Os outros dois que o
responderam são aparentemente
influenciados por aquele. Com relação às
meninas, prontamente quiseram responder
ao questionário e não tiveram muitas
dificuldades em fazer isso. Todas
demonstraram interesse em colaborar com
a pesquisa, e algumas delas estabeleceram
uma relação mais próxima de amizade com
a pesquisadora.
Foram realizadas entrevistas
individuais com 12 jovens que aceitaram
participar, sendo 6 meninas e 6 meninos.
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Para conseguir um maior número de jovens
do sexo masculino com o objetivo de
tornar mais igualitário o número de
entrevistados entre os sexos , a
pesquisadora precisou insistir muito no
convite aos rapazes, pois parte deles
mostrou não apreciar muito dar entrevistas.
Partimos do pressuposto de que a
escola é um local onde muitos jovens
passam grande parte da vida. De fato, não
é novidade que muitas escolas não
conseguem atrair e reter os jovens, mas
geralmente é nesse espaço de encontros e
vivências que eles começam a construir
seu projeto de vida. Compartilhamos com
Leão, Dayrell e Reis (2011) a concepção
de que as expectativas de futuro dos jovens
remetem à ideia de realizações no âmbito
profissional, afetivo e escolar. Tais
expectativas dependem de um campo de
possibilidades dado pelo contexto
socioeconômico e cultural no qual o jovem
se encontra inserido. Entender as
expectativas desses jovens permite,
sobretudo, compreender os diferentes
anseios daqueles que se encontram nessa
faixa etária de escolarização e, ao mesmo
tempo, refletir sobre aspectos significativos
do mundo social onde se encontram
inseridos (dentro e fora da escola), em suas
relações com as perspectivas de futuro por
eles visualizadas.
Destarte, é na escola o jovem
estabelece relações que influenciam muito
sua vida, suas escolhas e sua trajetória
escolar. Para atender melhor às
necessidades juvenis, a escola deve se
concentrar em aspectos relacionados à
permanência do aluno e à qualidade dos
serviços oferecidos. Para tal, é preciso
estar atento às condições de funcionamento
da instituição, à formação e à capacitação
dos professores, à qualidade do material
didático, à leitura no trabalho escolar, à
participação dos pais na escola e em casa e
à qualidade da merenda escolar (Dayrell,
2007).
Para os jovens rurais, o
estabelecimento escolar constitui um
território relacional muito importante, que
lhes permite a vivência de intercâmbios
diversos, a elaboração e o
redimensionamento de normas sociais e a
constituição de modos de viver a vida
como jovens e alunos ao mesmo tempo, a
partir de referências socioculturais
concomitantemente rurais e urbanas que se
modulam no aqui e no agora da interação
social entre eles.
O global e o local, provavelmente,
mesclam-se na vida dos jovens rurais que
conseguiram chegar ao Ensino Médio e
afetam seus projetos mediatos e imediatos.
Buscamos, desse modo, identificar o papel
da escola na vida desses sujeitos e as
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perspectivas de vida em um contexto de
transformações sociais, culturais e
econômicas no qual a diferenciação das
fronteiras entre o urbano e o rural se
reconfigura e se torna cada vez mais tênue,
na medida em que essas novas dinâmicas
no espaço rural devem ter mais impacto na
população mais jovem e com um percurso
mais longo de escolarização propiciado
pelo Ensino Médio. Uma forma de
investigar as experiências juvenis de
estudantes que habitam o mundo rural na
contemporaneidade consiste em analisar a
maneira como eles percebem os impactos
da escolarização nos seus campos de
possibilidades no presente e no futuro.
Atualmente, eles vivem uma de trajetória
menos comum para a geração anterior, ou
seja, a de frequentar o Ensino Médio e ter
uma entrada mais tardia no mundo do
trabalho.
A escolarização de jovens rurais:
contextos e desafios
Quando se trata de refletir sobre o
sistema educacional brasileiro, é consenso
a percepção de que o ensino médio é o
nível de escolarização que provoca os
debates mais controversos, seja pelos
persistentes problemas do acesso e da
permanência, seja pela qualidade da
educação oferecida, seja pela discussão
sobre a sua identidade (Kuenzer, 2007).
A inclusão do Ensino Médio no
âmbito da educação básica e o seu caráter
obrigatório demonstram o reconhecimento
da importância política e social que ele
possui. Trata-se de uma demanda crescente
de escolarização em um contexto de
desvalorização dos diplomas em virtude da
expansão do acesso a todos os níveis de
ensino, inclusive ao ensino superior, e do
imperativo econômico de ampliação da
formação dos jovens para
competição/inserção no mercado formal de
trabalho. O ensino médio representa
apenas os três ou quatro últimos anos da
educação básica, mas apresenta
dificuldades no momento de definir
políticas para essa etapa da escolarização
que nunca teve uma identidade muito clara,
tanto no que se refere ao acesso à
universidade, quanto no que diz respeito à
formação profissional (Krawczyk, 2013).
Para grande parte dos professores e
dos pesquisadores, o jovem que frequenta
o Ensino Médio é compreendido apenas na
sua dimensão de aluno. Dessa forma, a
condição de aluno aparece como um dado
natural, e não como uma construção social
e histórica. Independentemente do sexo, da
idade, da origem social ou das experiências
sociais vividas, é a condição de aluno
(quase sempre na sua dimensão cognitiva)
que informa a compreensão que o
professor ou o pesquisador constrói sobre
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esses atores. A fase de vida e suas
peculiaridades, a origem social, o nero e
a etnia, entre outras dimensões que o
constituem como jovem, devem ser
colocadas entre parênteses em nome do
progresso cognitivo do aluno, razão pela
qual esses elementos da experiência juvenil
não são levados em conta e, quando
abordada fora da escola, a vida do aluno
aparece como um tempo vazio de sentido
na definição do processo de ensino-
aprendizagem. Nessa compreensão, pouco
se apreende sobre os sujeitos reais que
frequentam a escola, as múltiplas
dimensões da sua experiência social, suas
demandas e expectativas (Leão et al.,
2011).
Conforme Castro (2005), para os
adolescentes do universo juvenil rural, um
desafio consiste na incerteza entre “sair e
ficar” no campo devido às dificuldades de
permanecer na agricultura, aos limites
impostos pela escassez da terra, à baixa
renda das famílias e, consequentemente, ao
exíguo investimento na produção. Os
jovens vivem o dilema entre a
possibilidade de se tornarem proprietários
de terra (ou de algum bem) e a aspiração
de viver nas cidades.
Segundo Matos (2002), a saída dos
jovens do campo para a cidade se deve
também à busca pelo “moderno”, o que, de
acordo com o autor, caracteriza a visão
sobre o rural como atrasado ou primitivo.
Essa visão faz o jovem do meio rural
querer entrar nos “moldes” da juventude
urbana “moderna” para não ser visto ou
não se ver como “atrasado” ou “inferior”.
Para contrapor a essa imagem de
inferioridade, muitas vezes o jovem busca
se apropriar de novas tecnologias e do
conhecimento acadêmico. Parte dessa nova
apropriação dos modos de ser e estar na
sociedade é, também, o reflexo do
afrouxamento entre as fronteiras
territoriais, conforme aponta o estudo de
Carneiro (1998). Essa autora sugere que
campo e cidade estão se interligando cada
vez mais, o que contribui para redefinir a
dinâmica entre esses dois polos.
Ainda nos lembra Carneiro (1998),
que as mídias são fortes influências nesse
estreitamento de fronteiras, uma vez que
elas exercem um impacto importante na
redefinição de valores e isso pode gerar
dificuldades na definição das
características particulares de um espaço
determinado. No entanto, a autora observa
que as trocas cada vez mais intensas entre
campo e cidade não eliminam suas
características sociais e culturais
específicas.
Segundo o estudo de Breitenbach e
Corazza (2019), a questão da juventude
rural ganhou centralidade, especialmente,
porque é uma categoria associada ao futuro
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do meio rural. Nesse contexto, a identidade
social do jovem rural brasileiro é
construída num processo de diálogo entre o
universo rural e os espaços urbanos.
Aspectos subjetivos como a ligação
emocional e os laços familiares têm
importante influência na permanência dos
jovens no meio rural. Além disso, as
dificuldades e incertezas encontradas no
meio rural e a existência de mais de uma
geração na mesma propriedade
comprometem a passagem de patrimônio e
a sucessão da herança entre gerações,
fatores que ainda hoje figuram como os
principais responsáveis pela saída dos
jovens do mundo rural.
De acordo com pesquisa realizada
por Santos (2017), o êxodo rural,
especialmente de jovens, tem sido
constante nos últimos anos. São variados
os motivos que impulsionam os jovens
para a cidade, dentre os quais está a falta
de incentivos para que esses jovens
permaneçam na propriedade familiar e
desenvolvam atividades nelas.
Metodologia
Para compreender as experiências
escolares e as expectativas dos jovens,
realizamos observações da sala de aula do
primeiro ano do Ensino Médio, com o
intuito de obter uma compreensão mais
global sobre as interações dos sujeitos em
sala de aula, bem como sua relação com a
escola no seu processo de escolarização.
As observações foram registradas de
forma descritiva no diário de campo, com
o intuito de armazenar as impressões do
dia a dia escolar. Foi utilizado, em algumas
situações, o registro das impressões após a
saída da sala de aula. As observações
geraram um desconforto inicial para alguns
professores, que temiam estar sendo
avaliados ou julgados, e para alguns
alunos, por pensarem que a pesquisadora
poderia ser uma funcionária da escola.
O questionário aplicado nos auxiliou
na tarefa de traçar um perfil e caracterizar
melhor o universo dos sujeitos da pesquisa
por conter as opiniões, as crenças, os
sentimentos, os interesses, as expectativas,
a origem social, a renda familiar mensal e a
relação com o trabalho e com a escola, o
que nos permitiu aproximação das
vivências escolar e extraescolar.
Segundo Gil (2008), uma
característica positiva do questionário é a
capacidade de abranger um grande número
de pessoas em pouco tempo, além de
garantir o anonimato dos sujeitos que o
respondem. Isso pode conferir mais
liberdade na elaboração das respostas, uma
vez que não há a preocupação com as
possíveis consequências de suas
declarações.
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Realizamos entrevistas individuais
com 12 jovens, sendo 06 (seis) meninas e
06 (seis) meninos. Todos os alunos da
classe foram convidados, porém, na
segunda rodada, uma menina tinha deixado
o distrito para morar em São Paulo.
Também realizamos uma entrevista
semiestruturada, ou seja, aquela
direcionada por meio de um roteiro
previamente estabelecido, composto por
questões abertas. Mesmo elaborado com
antecedência, esse roteiro permite uma
organização flexível, o que ao
pesquisador a possibilidade de ampliar os
questionamentos à medida que o
entrevistado oferece informações e se
expressa com certa liberdade sobre os
temas indicados. Com essa modalidade de
entrevista, assumimos um papel menos
diretivo na busca de um diálogo aberto
com a intenção de entender sob que
perspectiva o entrevistado fala e de fazer
emergirem aspectos significativos sobre o
tema da pesquisa.
Caracterização geral da escola, das
condições socioeconômicas dos jovens,
de suas famílias e da escolarização dos
jovens pesquisados
A escola tomada como base empírica
para balizar esta pesquisa foi a escola
Estadual Evandro Ávila, situada em Rio
das Mortes, distrito de São João del-Rei,
Minas Gerais. Não existe uma definição
exata de quando essa escola foi fundada,
apenas relatos de diversas datas possíveis.
Também não foram encontrados registros
referentes à escola Estadual Evandro
Ávila, nem na própria escola, tampouco na
Superintendência Regional de Ensino
(SRE) ou mesmo na Prefeitura Municipal
de São João del-Rei. Diante disso, todas as
informações foram materializadas pela
leitura de blogs (da escola e do governo
mineiro), do Projeto Político Pedagógico
da Escola e informações oriundas de
história oral.
No momento da pesquisa, a escola
possuía 423 alunos, sendo que o
Fundamental I (1º ao ano) comportava
112 alunos no período da tarde, o
Fundamental II (6º ao ano) possuía 177
alunos com uma turma pela tarde e cinco
turmas pela manhã. O Ensino Médio
contava com quatro turmas pela manhã,
com 110 alunos, e uma turma noturna de
Educação de Jovens e Adultos (EJA), com
24 alunos. Havia ainda uma Turma de
Aceleração (TA) do ano do
Fundamental, com vistas à passagem ao
ano do Médio, cujo objetivo é corrigir a
distorção idade/série e reduzir o fracasso
escolar programa governamental
chamado “progressão continuada”. A
maioria dos alunos da escola pertencia ao
distrito de Rio das Mortes, mas boa parte
deles morava em outros povoados. A
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distância entre escola e povoados também
é variável, como o povoado de Goiabeiras,
que fica a 4 km de Rio das Mortes.
A equipe de trabalhadores da escola
totalizava 43 pessoas, contemplando
professores (efetivos e contratados),
supervisores, coordenadores pedagógicos,
assistentes técnicos em educação básica
(auxiliar de secretaria), secretárias,
auxiliares de serviços de educação básica
(cantineiras), assistentes técnicos de
educação básica (parte
financeira/contabilidade), bibliotecárias,
diretor e vice-diretores.
No que se refere à posição no
ranking das escolas de referência no estado
de Minas Gerais pelo Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) de 2009, a escola Evandro Ávila
ocupou a posição número 492 entre as
escolas públicas mineiras, em uma lista
com um total de 3.497 posições. Com
relação ao IDEB da escola, em 2013 a
instituição de ensino atingiu a meta de 7,6
nos anos iniciais da rede estadual, sendo
que a meta era 5,2. em relação aos anos
finais, também atingiu a meta, estabelecida
pelo governo, de 4,5, mas não manteve a
pontuação anterior de 6,0, pois obteve 5,3,
o que significa uma queda significativa.
Além disso, a escola registrou a
porcentagem de 68% de alunos que
aprenderam o adequado na competência de
leitura e interpretação de textos até o 5°
ano.
Os alunos que frequentavam essa
escola chegavam às 7h20 da manhã, a
ou em ônibus escolar. Eles encontravam os
portões abertos, adentravam a escola e
conversavam com os grupos de amigos no
pátio da escola enquanto aguardavam o
início das aulas, que ocorria às 7h30. O
clima escolar era descontraído, com
relações sociais pouco conflituosas entre os
estudantes e o staff da escola.
Grande parte das famílias com as
quais os jovens vivem é nuclear, ou seja,
são constituídas pelo pai e pela mãe. De
modo geral, os alunos que participaram da
pesquisa integram famílias relativamente
pequenas (4 a 7 membros) e a grande
maioria é composta de pais e dois filhos,
possui residência na área rural, na casa dos
pais ou avós, tem faixa etária entre 15 e 17
anos e todos moram com família, sendo
que nenhum jovem é casado.
A análise sobre a situação familiar
dos entrevistados sugere que apenas 10%
das famílias dos estudantes não moram em
casa própria e pouco mais da metade deles
(55,6%) possui propriedades rurais (terras
destinadas ao cultivo). O grau de
escolaridade dos pais ou responsáveis é
predominantemente o grau completo e
somente em um caso o pai possui curso
superior completo. o grau de
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escolaridade das es tem uma média de
28,6% em cada um dos níveis seguintes:
grau incompleto, grau completo e
grau completo. Apenas duas mães possuem
curso superior completo.
A renda familiar de 81,8% dos
entrevistados, considerando todos os
adultos que trabalham, não é superior a três
salários mínimos. Vale ressaltar que em
nenhuma das respostas válidas a renda
familiar foi acima de 06 salários mínimos.
Em relação à profissão da mãe ou
responsável, nove categorias foram listadas
pelos entrevistados. Da totalidade de mães
que trabalham fora, 21,4% trabalham como
empregadas domésticas. Além disso,
21,4% são donas de casa. Também foram
citadas uma mãe ajudante de viveiro e
outra cozinheira. Quanto à profissão do pai
ou responsável, foram listadas onze
categorias, sendo que a de “aposentado”
obteve 21,4%. Profissões como pedreiro,
aposentado, agricultor e serviços rurais
compõem as atividades exercidas pelos
pais dos entrevistados.
Laura, uma das entrevistadas, faz
cursos no SENAI, bem como aulas
particulares e lições de redação. Sua
família é a única que garante cursos
extraescolares para melhor desempenho
escolar e profissional da aluna. Lucas e
Afonso também fizeram curso
extraescolar no SENAI e dizem ter
interesse em fazer outros.
Nesse contexto, é importante
destacar que mesmo os jovens da
comunidade que buscam um nível de
escolaridade mais avançado a partir do
ensino técnico/profissionalizante em São
João del-Rei continuam vivendo em Rio
das Mortes, mantendo, assim, uma relação
com a família e com o meio rural onde
vivem.
Pode-se observar que o incentivo dos
pais aos estudos é unânime na pesquisa.
Para as famílias, os estudos são de grande
importância para a garantia de que os
jovens terão um futuro melhor. Foi
possível concluir também que a
participação em reuniões na escola são
atitudes recorrentes entre os pais desses
jovens.
Outra questão a se considerar é o
acesso dos jovens à escola, tendo em vista
que cada pessoa possui uma necessidade
particular segundo a localização espacial
de sua moradia ou trabalho. Nem todos
têm carro ou moto, e o deslocamento por
meio de transporte coletivo se torna muito
importante, pois influencia diretamente a
qualidade de vida dos jovens.
Nas áreas rurais, o transporte
coletivo é importante para as famílias que
moram ou trabalham fora de Rio das
Mortes, pois, para algumas, é o único meio
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de que dispõem para ir e vir. Em Rio das
Mortes, esse deslocamento é feito por uma
empresa de ônibus urbano que dispõe
algumas unidades de sua frota
especificamente para realizar a rota direta
entre São João del-Rei e Rio das Mortes. A
mesma empresa também dispõe de ônibus
que circulam pelas redondezas de o
Sebastião da Vitória, Goiabeiras e Rio das
Mortes. Esses ônibus têm horários
específicos e circula de hora em hora, das
6h às 22h. Aos fins de semana,
itinerários até o fim da tarde.
Em muitas partes do país, as
empresas de transporte enfrentam muitas
limitações para atender a população rural,
sendo a principal delas a estrutura das
estradas, que, em sua maioria, são
precárias e desgastam bastante o veículo. O
trecho entre São João del-Rei e Rio das
Mortes é uma rodovia. Desse modo, é
possível perceber que os jovens de Rio das
Mortes não estão necessariamente isolados
física e espacialmente e que suas trajetórias
de vida se dão entre o mundo rural e o
urbano. Assim, é possível concluir que são
influenciados por valores dos dois
universos culturais, o que torna difícil o
estabelecimento de fronteiras entre os
elementos do urbano e do rural nos seus
modos de viver a juventude.
De acordo com os estudantes, a
distância das moradias dos entrevistados
até a cidade de São João del-Rei é de 10 a
14 quilômetros. Quando são convidados a
fazerem projeção do futuro, a maioria dos
jovens (83,3%) respondeu que pretende
fazer curso superior. Dentre as maiores
dificuldades do jovem rurais listadas pelos
entrevistados estão as estradas e suas más
condições (dentro do distrito) e os horários
limitados do transporte coletivo.
Da escolarização dos jovens pesquisados
A maioria dos estudantes (76,5%)
entrou na escola entre quatro e cinco anos
de idade; 70% dos pesquisados afirmaram
que fizeram as tarefas escolares sempre ou
quase sempre e 30% esporadicamente.
Nessa questão sobre a realização das
tarefas, um aluno alegou a “preguiça”
como motivo para o não cumprimento da
obrigação e outro declarou que deixa de
fazer a tarefa quando tem dúvidas a
respeito. Em um dia letivo, 55,0% dos
estudantes realizam afazeres domésticos
em uma hora ou menos.
Quando questionados sobre o motivo
de irem à escola, 72% dos jovens
responderam que consideram importante
para seu futuro profissional a frequência à
escola. Em relação aos conteúdos
ministrados na escola, 47,8% acreditam
haver um equilíbrio entre conhecimentos
úteis e inúteis. Além das aulas regulares, os
alunos demonstram interesse pela área de
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informática e pelas atividades culturais;
porém, a maioria não participa de nenhum
curso extracurricular. Convidados a
refletirem sobre suas possíveis escolhas,
47,6% dos entrevistados responderam que
estudariam em uma escola pública na
cidade, 23,8% estudariam em uma escola
privada na cidade e 28,6% continuariam na
Escola Evandro Ávila. Isso parece
significar a forte atração que a cidade
exerce sobre muito deles, mais do que um
julgamento depreciativo da escola, em
termos da qualidade de ensino e da relação
social em seu interior.
Os dados dos 12 alunos que
responderam ao questionário mostram que
o percentual de jovens que não se
consideram rurais é de 38,9%, por
acreditarem que jovens são jovens,
independentemente do lugar. 33,3%
desses jovens se consideram jovens rurais
por morarem na área rural. Dos jovens que
não se consideram rurais por outros
motivos, um deles alegou apenas que “se
identifica” com a área rural e outro não
reside no campo.
Sobre mídia e acesso à cultura, a
média de livros que os jovens possuem em
casa, além dos escolares, é inferior a vinte
livros, na maioria das respostas. Não houve
respostas superiores a cem livros nem
inferiores a um. Do ponto de vista do
acesso às novas tecnologias de informação
e comunicação, foi possível perceber, nos
momentos das entrevistas e no trabalho de
campo, que a televisão e a internet são as
dias mais utilizadas pelos jovens. Em
boa parte das observações foi possível
notar que quase todos os jovens sempre
estavam com o celular em mãos em sala de
aula, embora a equipe de direção da escola
tivesse proibido o uso dos celulares devido
aos excessos e à falta de atenção nas
disciplinas.
A presença de aparelhos celulares foi
uma característica constante. Assim como
Silva e Pereira (2015), observamos que,
similarmente aos jovens pesquisados por
esses autores, os jovens da escola rural
investigada neste trabalho também
demonstraram que esse dispositivo
tecnológico de comunicação é muito
disseminado no cotidiano escolar como
uma marca do ser jovem na sociedade
atual. Desse modo, é impossível não
associar a imagem dos jovens ao uso
dessas novas tecnologias de comunicação e
informação.
A internet também é vista como
forma de entretenimento. O Facebook é a
rede social mais utilizada, especialmente
para conversas, namoro e distração. Outros
recursos midiáticos também se
apresentaram na fala dos jovens. Marina,
por exemplo, às vezes acessa a internet
pelo celular, mas comentou que a conexão
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é muito ruim. O jovem Pedro expôs que,
no tempo livre, gosta de visitar as redes
sociais e de jogos on-line. Josiane, por sua
vez, relatou que gosta de ficar em casa
“mexendo” no computador. Lucas
declarou que gosta de assistir à televisão.
Dos jovens investigados, todos tinham
acesso à internet, embora Vitória e João
não tivessem computador e, por
conseguinte, Vitória utilizava o
computador na casa da avó e João, o da
escola. João, Laura e Vitória relataram que
buscavam informações na internet para
pesquisas escolares.
Com base nesses dados sobre os usos
feitos desses dispositivos midiáticos, é
possível ponderar que o fato de ter livros
em casa e/ou acesso à internet não
necessariamente significa o aumento do
conhecimento escolar e da cultura em
geral. As mídias permitem inserir os jovens
no mundo tecnológico e proporcionam
competências para uso geral das
tecnologias, o que pode ser dirigido para
alvos culturais sem relação com o
conhecimento valorizado pela escola.
Segundo os jovens, durante a
semana, um tempo é despendido “da escola
para casa, da casa para escola”. A vida dos
jovens fora da escola no período em que
cursam o Ensino Médio envolve também o
trabalho dentro do lar, onde ajudam os pais
em atividades de arrumação da casa o
que não pode ser considerado um
impeditivo à execução das tarefas
escolares, que consiste em um período
curto de tempo em comparação ao tempo
diário despendido com a TV e o
computador. O uso de redes sociais, de
jogos on-line, da televisão e também a
dedicação às tarefas escolares são algumas
declarações muito comuns entre os jovens
pesquisados. O tempo médio que esses
estudantes passam assistindo TV e
utilizando o computador, em um dia letivo,
foi superior a quatro horas em mais de
30% das respostas nos dois casos. Quando
interrogados sobre o quanto estudam em
casa, 45% consideram suficiente, 25%
insuficiente, 20% gostariam de estudar
mais e apenas 10% consideram mais que
suficiente o tempo que passam estudando.
Aos que responderam que gostariam de
estudar mais e aos que acham insuficiente
o tempo de estudo, foi questionado sobre o
que lhes impedia de estudar.
No entanto, uma parte do tempo livre
é ocupada, em geral, com atividades
desenvolvidas na própria comunidade e,
embora esta não ofereça muitas opções, os
jovens buscam participar de tudo o que é
oferecido isso inclui os eventos culturais
tradicionalmente organizados e os
passeios promovidos pela escola. No
primeiro ano da pesquisa, por exemplo, foi
possível presenciar uma passeata da escola
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com todos os alunos nos arreadores de Rio
das Mortes. A passeata se tratava de um
pedido de Paz” da escola e da
comunidade em razão da morte de um
jovem nas proximidades da instituição.
Além disso, nos relatos dos jovens,
podemos perceber que a quadra
poliesportiva é frequentemente utilizada
pela população dessa localidade, mesmo
em tempos extraescolares.
A busca de atividades culturais fora
do distrito também é uma prática comum
entre os jovens que procuram alternativas
como bares e namoro em cidades vizinhas.
Em conversas informais com os jovens, foi
possível perceber que eles gostam de
frequentar as festas em São João del-Rei,
devido à visibilidade entre eles, bem como
as festas tradicionais nas cidades vizinhas.
Em relação ao trabalho, 47,8% não
estão trabalhando e 30,4% estão à procura
de emprego. Quando convidados a
escolher as alternativas sobre as
expectativas futuras, 68,4% responderam
que gostariam de conciliar universidade e
trabalho. Somente um jovem gostaria de
apenas trabalhar, o que corresponde a 5,3%
das respostas válidas. Em outras opções,
um estudante gostaria de terminar os
estudos e fazer um curso superior,
enquanto outro gostaria de ser
independente e ter mais conhecimento.
Sentidos da experiência escolar e
expectativas de futuro
Para compreender os significados
que os jovens atribuíram à escola, é
fundamental considerar que eles produzem
uma maneira própria de ver e valorizar a
escola, que não corresponde
necessariamente à visão de seus
professores e familiares. A vida escolar ou
mesmo a “motivação” para os estudos
dependem muito das experiências
individuais, dos interesses e das
identidades que se construíam a partir da
realidade vivida e das interações com
outras pessoas e com a própria escola.
A pesquisa aqui apresentada nos
revela que, enquanto para alguns
estudantes a escola representa, sobretudo,
uma obrigação que os pais ou a sociedade
impõem, para outros, estudar está
diretamente relacionado à inserção no
mercado de trabalho. Em entrevista
individual, Leo argumenta que vai “... à
escola para encontrar um bom emprego”.
Leoni, por sua vez, explica que quer se
formar “... e ter um bom emprego”. Assim,
os jovens traçam planos para o futuro
profissional e esperam que a escola
contribua para uma boa colocação no
mercado de trabalho. Para muitos, o valor
da escola está no fato de ser um lugar onde
encontram os amigos, fazem amizades e se
relacionam, o que é indicativo do valor da
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escola na sociabilidade juvenil na
sociedade em que vivemos. As expressões
mais comuns dessa sociabilidade são as
brincadeiras ocorridas no grupo-classe
como um todo (com ou sem participação
do professor) ou no interior de grupos de
pares mistos ou distintos quanto ao gênero
(masculino ou feminino). Trata-se de uma
cultura juvenil que se constitui nas relações
sociais juvenis dentro e fora da escola, e
que no espaço escolar sinaliza a afirmação
do que é ser jovem, de acordo com o
ofício do aluno” ou em oposição a ele. Ela
se apresenta na sala de aula como uma
tensão entre as exigências desse “ofício” e
as brincadeiras e “zoações” juvenis. Na
classe pesquisada, o clima relacional era
tranquilo, pois professores e alunos se
mostravam capazes de gerir essa tensão no
cotidiano escolar quando ela se
manifestava abertamente.
Os jovens investigados acreditam ter
vivenciado muitas experiências
significativas na escola e deixam explícito
que poderiam ter se dedicado mais, como
na fala de Marlon: “Eu poderia ter
estudado mais”; e no depoimento de
Marcos: “Eu podia ter estudado mais, mas
não consigo estudar em casa, não faço
boas provas”.
Com relação ao motivo de
frequentarem a escola, eles ressaltaram
mais frequentemente a importância de
estudar para garantir um futuro melhor,
como apontam os jovens em entrevista
individual (E.I).
Para um futuro melhor. (Afonso, E.I).
Porque eu gosto de estudar; aqui eu
me ocupo, adquiro conhecimento que
eu posso utilizar depois para as
provas, e me uma base pra fora
pro mercado de trabalho. (Vitória,
E.I).
A pesquisa indicou que os jovens
demandam uma escola que faça sentido
para a vida e que contribua para a
compreensão da realidade. Eles
reivindicam a vinculação do o que é
ensinado na escola ao seu cotidiano:
Prefiro aulas mais dinâmicas, mais na
prática, não muito na escrita.
(Josiane, E.I).
Talvez os professores possam trazer
uma aula para interagir mais com o
pessoal. (Felipe, E.I).
Eu acho que deveria melhorar a
qualidade de ensino, os livros
didáticos, os literários, aulas mais
dinâmicas, porque ficar no quadro
e livro é bem cansativo. (Vitória E.I).
Esses jovens que frequentaram a
escola Evandro Ávila construíram
representações positivas acerca da escola.
A maior parte deles depositou na escola e
na educação a esperança de conseguir um
status social mais reconhecido e de obter
melhores empregos. Observa-se a crença
de que a escola possibilite melhores
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oportunidades de “ser alguém na vida” ou
de ingressar no mercado de trabalho. Além
disso, todos os jovens demonstram
satisfação em estudar o Ensino Médio na
mesma instituição onde começaram suas
trajetórias escolares.
Segundo a jovem Laura, a escola
rural não é inferior às escolas urbanas de
São João del-Rei. Sobre isso, a maioria dos
jovens considera que a escola os ajudaria a
permanecer em Rio das Mortes, mas a falta
de perspectiva de trabalho no meio rural os
impulsiona a criar expectativas de ter
maior sucesso em obtê-lo fora do distrito,
como ilustra Laura em entrevista ocorrida
em novembro 2015: “Ficar em Rio das
Mortes é difícil por causa da carreira que
quero seguir. Muitos jovens saem do meio
rural por não ter trabalho garantido o ano
todo, isso leva a sair por falta de opção”.
Em relação aos pais e ao valor
atribuído ao processo de escolarização dos
filhos, os jovens declaram que os pais
participavam da vida escolar dos filhos por
meio das reuniões na escola, perguntando
sobre os trabalhos escolares e procurando
saber sobre o rendimento escolar, como
aponta Vitória em E.I: “Meus pais
procuram saber das minhas notas e como
estou nos trabalhos”. Os jovens indicam
que o diploma é muito importante para eles
e para família, uma vez que os pais
acreditam que, sem estudos, a pessoa “não
é ninguém”, como aponta Josiane em
entrevista: “... sem estudo a gente não é
nada”.
Laura era uma das jovens que
frequentavam atividades que ampliam a
formação escolar, como o curso de redação
e os cursos oferecidos pelo SENAI em São
João del-Rei. Ela se destaca por contar
com apoio e incentivo da mãe para
frequentar tais atividades. Segundo a
jovem, obter bom êxito nas provas não
basta e, por isso, busca fora da escola
complementos para sua formação:
Laura: De manhã eu tenho aula aqui
né, à tarde tem aula, de noite
cursinho, quinta feira eu tenho aula
de redação em São João; daí eu fico
por lá.
Pesquisadora: Você faz SENAI em
São João?
Laura: Não, eu parei já; foi só um
curso de férias; como não tinha nada
pra fazer nas férias, aí eu fui e fiz.
Pesquisadora: De tarde você faz o
quê?
Laura: Faço as tarefas, dou uma
revisão nas matérias e faço as
redações que eu tenho que fazer.
Os sujeitos reafirmam o desejo de
terminar o Ensino Médio e prosseguir nos
estudos, pois se trata de uma conquista
para eles e para as famílias. Aprender
coisas novas, entender a matéria, aplicar e
relacionar o que aprendeu, sair da rotina
com aulas mais práticas, conseguir fazer as
tarefas e lculos e ser valorizado são
aspectos que os jovens mais citaram para
justificarem o gosto pela vida escolar.
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De aprender Biologia. Nas aulas
práticas de biologia é bem legal.
(João E.I)
O professor de Filosofia e Sociologia
é o mesmo e é excelente, porque ele
conversa com toda a turma, então ele
escuta o que nós achamos. (Luana
E.I).
Os jovens aspiravam a prosseguir os
estudos nas universidades, mas a
representação acerca da função da escola
se liga também a outro tipo de expectativa:
fazer amigos e conviver com as pessoas.
Os jovens afirmaram que gostam de ir à
escola por causa dos amigos e expressam
descontentamento com a enfadonha
dinâmica de algumas aulas. Eles desejam
uma mudança no currículo para a inserção
de aulas mais práticas que despertassem o
gosto pelo estudo e para que os professores
conseguissem interagir com o universo
juvenil.
Almejar o ingresso no Ensino
Superior mostrou-se uma expectativa mais
presente entre os jovens investigados (83%
dos alunos); porém, exceções, como no
caso de Afonso, que pretende cursar
primeiro um curso profissionalizante e não
sabe se cursará a universidade; e de
Vanessa, que, a princípio, não deseja cursar
a universidade, mas fazer cursos
relacionados ao teatro e ao cinema.
Nenhum dos jovens investigados declarou
que está na escola porque foi obrigado ou
por insistência dos pais, exceto um que
disse “vir à escola porque tem que vir”.
Dos estudantes entrevistados, a
maioria gostaria de conciliar trabalho e
estudos após o Ensino Médio. Alguns
alunos gostariam de trabalhar após concluir
o Ensino Médio ou a graduação.
Quando levados a refletir acerca de
suas expectativas para os dez anos
seguintes e sobre o que os estudantes
fariam para ser bem sucedidos
profissionalmente, os jovens argumentam
que desejam estudar mais, cursar uma
faculdade e estar em um bom emprego.
Para o futuro, os jovens ambicionam
sair de Rio das Mortes e estudar em São
João del-Rei ou em outras cidades
vizinhas, no intuito de se formar em uma
faculdade para garantir bom emprego, ter
melhores condições de vida e, então,
ajudar a família. Questionados sobre o que
gostariam de fazer se permanecessem em
Rio das Mortes, um jovem afirma que
gostaria de abrir um comércio perto da sua
casa nas Goiabeiras, e outro gostaria de
jogar futebol no campeonato rural. O
restante pretende construir carreiras fora do
distrito. A jovem Vanessa, no decorrer da
nossa pesquisa, mudou-se para São Paulo
em busca do sonho de ser atriz.
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Conclusão
Esta pesquisa ratificou tendências ou
dinâmicas identificadas por outras
pesquisas sobre jovens rurais e urbanos.
Além disso, este estudo procurou alargar o
foco, identificando que certos segmentos
de jovens rurais apresentam características
muito mais do seu grupo etário do que de
seu grupo rural específico, pois consomem
bens e produtos comuns a jovens urbanos,
avançam na escolarização em relação a
seus pais e têm acesso às novas tecnologias
de comunicação do mundo informatizado.
De fato, assiste-se hoje ao mundo
rural não agrícola. Essa perspectiva
introduz elementos novos no modo de
encarar os mundos rural e urbano e a forma
como se relacionam. Entre os centros
urbanos e as áreas rurais prossegue a
tendência de relações de
complementaridade (Ferrão, 2000).
A diluição das fronteiras entre campo
e cidade e a saída ou permanência dos
jovens no meio rural são questões que
ultrapassam o desejo de “ficar ou sair”:
estão ligadas também a uma avaliação que
os jovens fazem a respeito do campo e que
os leva a enxergar suas perspectivas,
conflitos, dificuldades e desafios.
O distrito fica a poucos quilômetros
da cidade. A escola é bem conceituada e
oferece uma boa estrutura, bons
professores e materiais adequados,
diferentemente, talvez, de grande parte das
escolas em várias regiões do Brasil. Isso
mostra o esforço do estado de Minas
Gerais em aumentar o acesso à escola
básica até o Ensino Médio para um público
relativamente distante do perímetro
urbano.
Uma das preocupações centrais desta
pesquisa foi a escuta a esses jovens e a
identificação dos pontos de vista sobre as
suas vidas dentro e fora da escola, em
relação ao contexto social e geográfico
mediato e imediato que referenciam suas
experiências cotidianas. Isso nos permitiu
compreender uma forma de viver a
juventude composta de atividades de lazer
generalizadas na sociedade brasileira,
como o uso de internet para participação
em redes sociais, o hábito de assistir a
programas de televisão e a frequência de
um estabelecimento escolar rural, território
juvenil onde se cruzam as aprendizagens
propriamente escolares com as
sociabilidades juvenis diversas,
constituindo-se ali um modo de
apropriação da escola que não difere do
mundo urbano.
As conversas com os jovens
possibilitaram identificar que suas
expectativas oscilam, pois eles dizem
almejar “melhorarem de vida”, “ser
alguém na vida”, mas não visualizam como
proceder para que isso ocorra no meio
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rural; mostram compromisso com a família
e com o sentimento de pertencimento à
localidade de origem, entretanto, não
deixam de exprimir que se sentem atraídos
pela vida na cidade. Isso mostra a
dificuldade geral da sociedade brasileira na
garantia de programas bem definidos de
inserção dos jovens dos setores populares
no mundo do trabalho, e a forma específica
assumida por essa falta de programas na
vida dos jovens rurais, que, desde longa
data na história do Brasil, vivem a tensão
entre “partir ou ficar”.
A partir das falas dos jovens,
percebemos que o processo da
escolarização no Ensino Médio é positivo,
pois eles se sentem confortáveis na escola
e anseiam a entrada na universidade. Os
dados da pesquisa também sugerem que os
jovens são capazes de falar das aulas, dos
conteúdos, da escola e poderiam ser
parceiros importantes na reflexão sobre o
projeto educativo a eles destinados.
A maioria dos jovens entrevistados
demonstrou estar satisfeita com a escola
pública onde estudava. Além disso, os
estudantes estabeleceram uma relação de
confiança com a eficiência dos
profissionais, com a qualidade do ensino e
com o currículo. No entanto, gostariam que
o método de ensino adotado na escola
introduzisse aulas mais práticas e
estimulantes.
Apesar de demonstrarem satisfação,
muitos alunos, ao refletirem sobre o quanto
estudaram durante a trajetória escolar,
afirmaram que se pudessem modificar o
que viveram na escola, estudariam mais,
fariam menos bagunça e tentariam alcançar
melhores rendimentos nas disciplinas.
Além disso, os jovens ainda encontram
dificuldades no processo de escolarização:
sentem-se atraídos pelo computador, em
detrimento dos livros e cadernos, no
espaço doméstico.
Os jovens entrevistados também
sentem o desafio de conjugar as
necessidades do presente com as
perspectivas de futuro e isso se imbrica
com as tensões da vida na escola: estudar e
não estudar, prestar atenção nas aulas e se
expressar por meio de conversa ou da
bagunça. É comum o choque entre o
objetivo em longo prazo e as estratégias
mais imediatas, de modo que, às vezes,
oscilam e se voltam ora para essa
prioridade, ora para aquela.
Por outro lado, os jovens afirmam
que muitas horas são dedicadas à TV e ao
computador, porém o utilizam mais como
forma de entretenimento e, em poucos
casos, de buscar informações ligadas a
conhecimentos valorizados pela escola e
que o tempo dedicado aos estudos em casa
é insuficiente. Ao apresentarem as razões
para justificarem o tempo restrito nos
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estudos, os estudantes explicam que
encontram dificuldades na compreensão
dos enunciados das atividades e que não
conseguem desenvolver o que é pedido,
além de se depararem com a falta de
sentido em algumas matérias.
A presença do computador no âmbito
doméstico permite a aprendizagem do uso
desse recurso midiático para fins de
entretenimento e sociabilidade virtual, ao
mesmo tempo em que os jovens parecem
resistir ao seu uso para fins
especificamente escolares. Dessa maneira,
a escola, que no passado tinha de competir
com a televisão, agora também deve
competir com o computador e o telefone
celular. Isso nos leva a refletir que a
sociedade atual procura disponibilizar mais
tempo aos jovens dos setores populares,
protegendo as novas gerações da entrada
prematura no mercado de trabalho, mas
eles não conseguem usar parte do tempo
disponível em casa para a aprendizagem
escolar. Isso nos indica que a resolução do
problema de baixo rendimento passa pela
oferta de uma escola de tempo integral e de
qualidade, e do seu estímulo ao uso dessas
mídias para conhecimentos científicos e
filosóficos.
As experiências mais significativas
no percurso escolar foram os professores,
as relações de amizades, os rendimentos
nas disciplinas, as brincadeiras feitas pelos
amigos e as habilidades e aprendizagens
adquiridas. Os jovens percebem como
ganhos da vida na escola o valor de uma
relação dialógica de amizade e respeito
entre os alunos e os professores.
A questão da amizade foi citada
como fundamental para o processo de
escolarização. Em alguns momentos, a
escola possibilitava e incentivava o
entrosamento dos alunos por meio de
gincanas, das feiras culturais e literárias e
dos trabalhos em grupo. Todavia, em
alguns momentos, existia certa separação
dos grupos de amigos pela disposição dos
alunos ou pelas afinidades nas turmas.
Sabemos, no entanto, que a escola
não é o único lugar de socialização dos
jovens, pois eles frequentam outros
espaços vinculados ao esporte, à religião e
ao conselho representativo comunitário,
além de se socializarem com os amigos.
A relação com os professores é outra
questão fortemente lembrada pelos jovens.
Os participantes afirmam que têm
experiências positivas e negativas com os
professores. Sobre as relações positivas,
eles citam a eficiência do professor em
promover a aprendizagem e o bom
relacionamento com os alunos. Sobre as
experiências negativas, apontam as
situações de punição e constrangimento.
Na relação professor-aluno estão
imbricados fatores como diferenças
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geracionais e relações de afirmação e
poder. É perceptível que os jovens
valorizam muito o diálogo com os
professores. Em alguns momentos, os
jovens demonstram precisar de alguém
para lhes escutar ou dar conselhos, mas em
outros pedem delimitação para a definição
dos espaços. Nossa impressão é de que os
professores se sentem compelidos a manter
a ordem na sala quando os alunos excedem
os limites. Por consequência, acabam por
pressionar os alunos (às vezes com
ameaças ou tirando pontos de conceito) e o
excesso de pressão e os exageros destes
levam à ruptura do diálogo.
Quase todos os jovens do ano
continuaram na Escola Evandro Ávila.
Para eles, concluir o Ensino Médio pode
representar um momento de vitória, de
conquista. Esse momento é visto por eles
como passagem de mais uma etapa,
configurando-se, então, como a
possibilidade de galgar uma passagem para
a universidade.
O efeito-escola se revela mais
facilmente no clima relacional que anima a
escola investigada. Não encontramos
nenhum jovem hostil a ela, pois foi
perceptível, durante as observações, um
clima expressivamente dialógico. Embora
com diferenças nas dinâmicas relacionais
no interior da sala de aula, a escola parece
capaz de lidar com as tensões do dia a dia,
resolvendo e contendo os conflitos que,
porventura, emerjam.
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Pinto, K. F. A., & Sant'Ana, R. B. (2021). Jovens rurais do Ensino Médio: experiências escolares e expectativas juvenis...
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
e11490
10.20873/uft.rbec.e11490
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Este artigo é baseado na dissertação intitulada
“Jovens Rurais do Ensino médio: Experiências
escolares e Expectativas juvenis”, realizada no
programa do Mestrado em Educação da
Universidade Federal de São João del-Rei, cuja
defesa ocorreu em fevereiro de 2016, sendo
publicada em resumo expandido em VII Conedu.
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 27/01/2021
Aprovado em: 04/05/2021
Publicado em: 12/07/2021
Received on January 27th, 2021
Accepted on May 04th, 2021
Published on July, 12th, 2021
Contribuições no Artigo: As autoras foram as
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de Interesse: As autoras declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
CAPES.
Funding
CAPES.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Pinto, K. F. A., & Sant'Ana, R. B. (2021). Jovens rurais do
Ensino Médio: experiências escolares e expectativas
juvenis. Rev. Bras. Educ. Camp., 6, e11490.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11490
ABNT
PINTO, K. F. A.; SANT'ANA, R. B. Jovens rurais do
Ensino Médio: experiências escolares e expectativas
juvenis. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 6,
e11490, 2021. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11490