Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11573
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
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2021
ISSN: 2525-4863
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Galinheiro Pedagógico: um espaço de alfabetização
científica no Clube de Ciências
Sabrina Silveira da Rosa
1
, Andressa Luana Moreira Rodrigues
2
, José Vicente Lima Robaina
3
1, 2, 3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Programa de Pós Graduação de Educação em Ciências - Química
da Vida e Saúde. Rua Ramiro Barcelos, 2600, Floresta. Porto Alegre - RS.
Autor para correspondência/Author for correspondence: ssrosa2001@yahoo.com.br
RESUMO. Este artigo teve como objetivo verificar se as
atividades desenvolvidas no Clube de Ciências a partir da
realidade dos educandos contribuíram para uma aprendizagem
significativa dos alunos do 3°, e anos de uma escola
do/no campo. Para realização desta pesquisa foram elaboradas
oito atividades, em dois meses que envolveu a construção de
um galinheiro, evolução da terra e estudo sobre as galinhas.
Para levantamento dos dados foi realizado a construção de um
livro com os conteúdos estudados. Na análise dos dados se
utilizou da Análise Textual Discursiva. Concluiu-se que a
Educação em Ciências na escola do/no campo, partindo da
realidade dos estudantes através do Clube de Ciências,
potencializaram uma aprendizagem significativa.
Palavras-chave: popularização da ciência, aprendizagem
significativa, clube de ciências, educação do campo.
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Pedagogical chicken: a space for scientific literacy in the
science club
ABSTRACT. This article aimed to verify if the activities
developed in the Science Club based on the reality of the
students contributed to a significant learning of the students of
the 3rd, 4th and 5th years of a school in the countryside. In order
to carry out this research, eight activities were carried out in two
months, which involved the construction of a chicken coop, the
evolution of the land and a study on the hens. To collect the
data, a book with the studied contents was built. In the analysis
of the data it was used the Discursive Textual Analysis where it
was concluded that the Science Education in the school of/in the
countryside, starting from the reality of the students through the
Science Club, potentiated a significant learning.
Keywords: popularization of science, meaningful learning,
countryside science, and rural education.
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Gallinero pedagógico: un espacio de alfabetización
científica en el club de ciencias
RESUMEN. Este artículo tuvo como objetivo verificar si las
actividades desarrolladas en el Club de Ciencias a partir de la
realidad de los alumnos contribuyeron a un aprendizaje
significativo de los alumnos de 3º, y curso de una escuela
en el campo. Para la realización de esta investigación se
elaboraron ocho actividades, en dos meses, que involucraron la
construcción de un gallinero, evolución de la Tierra y estudio de
las gallinas. Para la recogida de datos se construyó un libro con
los contenidos estudiados. En el análisis de los datos se utilizó el
Análisis Textual Discursivo donde se concluyó que la
Educación Científica en la escuela de/en el campo, a partir de la
realidad de los estudiantes a través del Club de Ciencias,
potenció un aprendizaje significativo.
Palabras clave: popularización de la ciencia, aprendizaje
significativa, club de ciencia, educación rural.
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Introdução
A proposta de educação do campo
existe desde sua criação e normativa, a
partir da resolução CNE/CEB 1/2002 e
resolução CNE/CEB 2/2008,
estipulando as Diretrizes Operacionais para
Educação Básica das escolas de campo e o
Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de
2010, que dispõe sobre a Política Nacional
de Educação do Campo e sobre o
Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária (PRONERA). De acordo
com Arroyo et al. (2004, p. 91), “o
tratamento da Educação do Campo está
mudando. É reconhecida sua
especificidade. Sobretudo se avança no
reconhecimento de que urge outro
tratamento público do direito dos povos do
campo à educação”
É fundamental a compreensão do
significado “do/no” campo, conforme
Caldart (2002), o “do” pensado naquele
lugar nos sujeitos e na cultura e
necessidades daquele povo em questão;
“no” os sujeitos têm direito de receber
educação no lugar onde vive.
Quando a escola estabelece um
diálogo com o contexto que a comunidade
está inserida e valoriza os saberes locais, as
aprendizagens ocorrem de maneira
significativa fazendo com que o sujeito se
perceba agente de transformação do seu
espaço vivido, conforme afirma Jesus
(2004). Uma proposta de trabalho
interdisciplinar que contribuiu para essa
transformação é valorizar os saberes
empíricos da comunidade, aproximando-os
aos conhecimentos científicos que de
acordo com Freire (2013, p. 31) “coloca à
escola, o dever de não respeitar os
saberes com que os educandos, sobretudo
os das classes populares, chegam a ela”,
esses saberes construídos na prática através
de atividades interdisciplinares.
Na intenção de aliar esses saberes da
comunidade escolar aos saberes científicos,
foi que a escola em estudo implantou um
Clube de Ciências, o qual dialoga com os
conhecimentos da realidade dos
educandos. O entorno e o pátio da escola
passaram a ser a nova sala de aula para o
Ensino de Ciências desta escola.
Os Clubes de Ciências surgiram no
final da década de 1950, assim como o
novo modelo de Currículo de Ciências que
estava moldado para preparar seus
educandos para serem “pequenos
cientistas”, através de atividades
experimentais nos laboratórios, as
chamadas “metodologias científicas”. As
atividades investigativas experimentais
eram desenvolvidas nesses espaços
chamados Clubes de Ciências, com caráter
de reprodução da concepção da época, o
Método da Redescoberta (Mancuso, 1996).
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Um Clube de Ciências segundo a
definição de Costa (1988, p. 38) é um local
“onde todos os interessados pudessem
trocar ideias reuniões, leituras e, acima de
tudo, pesquisas dentro da própria
comunidade”. Trata-se de um espaço de
construção do conhecimento, onde os
educandos aprendem conceitos científicos,
sendo um momento de reflexão e troca de
saberes entre os pares. Os Clubes de
Ciências são espaços que contribuem para
o senso crítico dos educandos assim como
seu processo formativo, segundo Gomes
(1988):
... Clube de Ciências é uma atividade
em que o processo ensino-
aprendizagem se desenvolve
paralelamente a um importante
processo formativo e educativo; e
que ambos se desenrolam de modo
espontâneo e pleno de
AFETIVIDADE, com resultados
verdadeiramente magníficos (Gomes,
1988, p. 40).
As dinâmicas dos Clubes de Ciências
foram mudando ao longo das décadas
segundo Lima (1998), os Clubes de
Ciências são espaços pedagógicos que
possibilitam estudos científicos, numa
perspectiva de construção/produção de
conhecimentos. Os participantes, no caso
os educandos, são instigados a pesquisar
diferentes assuntos, fazendo relação com
suas vivências, as atividades são
trabalhadas de forma coletiva (educandos,
educadores e comunidade escolar) na
construção do processo de pesquisa.
Um Clube de Ciências pode e deve
trabalhar com a aprendizagem significativa
onde, de acordo com Ausubel (1980, p. 4)
"o fator isolado mais importante que
influencia o aprendizado é aquilo que o
aprendiz já conhece".
David Ausubel foi professor emérito
da Universidade de Colômbia, e criador da
Aprendizagem Significativa. Esta teoria
toma por base o conhecimento prévio do
aluno como a chave para a aprendizagem
significativa. Se eu tivesse que reduzir
toda psicologia educacional a um único
princípio, diria isto: O fator isolado mais
importante que influencia a aprendizagem
é aquilo que o aprendiz conhece.
Descubra o que ele sabe e baseie nisso os
seus ensinamentos (Ausubel, Novak &
Hanesian, 1980).
Suas teorias, que têm sua essência
voltada ao conceito dos aspectos
cognitivos da aprendizagem e dos
conteúdos acadêmicos, foram criticadas
por intelectuais, por não valorizar outras
dimensões da aprendizagem, o que coube a
Novak, amigo de Ausubel, desenvolver,
atilar e tornar público os pressupostos
dessa teoria, acrescentando os aspectos
afetivos e permitindo um caráter mais
humanista à teoria de Ausubel. Segundo
Moreira (2003, p. 2), com Novak a teoria
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de Ausubel passou a considerar que "a
aprendizagem significativa subjaz à
integração construtiva entre pensamento,
sentimento e ação que conduz ao
engrandecimento humano". Moreira,
explica sobre aprendizagem significativa:
Essa aprendizagem se caracteriza
pela interação entre os novos
conhecimentos e aqueles
especificamente relevantes
existentes na estrutura cognitiva do
sujeito que aprende, os quais
constituem, segundo Ausubel e
Novak (1980), o mais importante
fator para a transformação dos
significados lógicos, potencialmente
significativos, dos materiais de
aprendizagem em significados
psicológicos. (Moreira, 2003, p. 2).
Portanto, sua teoria fornece subsídios
e favorece a compreensão das estratégias
que o professor pode selecionar ou
construir para efetivamente ensinar. No
entanto, a responsabilidade pela aquisição
de conhecimentos não depende apenas do
professor. Ao contrário, depende muito do
aluno. Enquanto o papel do professor é ser
o facilitador do processo, o do aluno é
decidir se quer aprender significativamente
ou não. Para que a aprendizagem
significativa ocorra é necessária a
existência de três fatores: a) Material
potencialmente significativo, b)
Disponibilidade de conceito subsunçor
adequado na estrutura cognitiva e c)
Predisposição para aprender.
Moreira (2003), afirma que uma das
condições para que ocorra a aprendizagem
significativa é a predisposição para
aprender e entre a condição e a
predisposição uma relação circular, pois a
aprendizagem já ocorrida e internalizada,
produz um interesse em aprender, ou uma
predisposição que é transformada em
atitudes e sentimentos positivos que
facilitam a aprendizagem. O Clube de
Ciências Saberes do Campo (C.C.S.C.)
realiza suas atividades partindo do
conhecimento prévio dos seus educandos,
diagnosticando quais são as vivências das
quais eles estão habituados e construindo
atividades com aprofundamentos teóricos
que façam sentido para a vida das crianças,
como é o caso do Galinheiro Pedagógico.
Quando se fala em Clube de Ciências
elaborado para educandos da pré-escola ao
quinto ano, em uma escola do/no campo
estamos trabalhando com a Alfabetização
Científica uma vez que o mesmo busca a
aprendizagem para além do vocabulário
científico e dos livros didáticos. Os
conteúdos são elaborados a partir das
ciências que está no cotidiano, no dia a dia
dos educandos e vinculados aos saberes
científicos. Conforme Lorenzetti e
Delizoicov (2001) sobre Alfabetização
Científica para os anos iniciais do ensino
fundamental:
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A alfabetização científica no ensino
de Ciências Naturais nas séries
iniciais é compreendida como o
processo pelo qual a linguagem das
Ciências Naturais adquire
significados, constituindo-se um
meio para o indivíduo ampliar seu
universo de conhecimento, a sua
cultura, como cidadão inserido na
sociedade. (Lorenzetti & Delizoicov,
2001, p. 43).
Observar os fenômenos naturais que
estão ao alcance dos educandos e partir
dessas percepções para ensinar ciências e
construir uma educação que esteja voltada
para formação de crianças cidadãs que
possam interpretar os fenômenos e, se
necessários, intervir de forma positiva, no
mundo em que o rodeia, contempla a
Alfabetização Científica, segundo Chassot
(2003). Este mesmo autor traz que ser
“alfabetizado cientificamente é saber ler a
linguagem em que está escrita a natureza”
(Chassot, 2003, p. 91), ou seja, os
educandos envolvidos em um ensino que
contemple a alfabetização científica, como
é o caso das que participam do Clube de
Ciências em estudo, podem compreender
melhor as manifestações do universo e se
construir e reconstruir a partir de hipóteses,
argumentos e explicações sobre variados
fenômenos.
De acordo com Lopes (2020, p. 23)
“ensinar Ciências nos Anos Iniciais
permite aos estudantes a (re)construção de
conceitos sobre si mesmo e sobre o mundo
a sua volta, relacionando os conhecimentos
adquiridos na escola aos que observa e
aprende no seu cotidiano”. Interpretar
esses fenômenos naturais através desta
conexão de conhecimentos (do mundo
natural e dos conteúdos escolares) ter um
olhar crítico sobre esses aprendizados pode
levar a uma mudança de comportamento
trazendo uma melhoria na condição de
vida dos envolvidos, onde segundo
Chassot (2003) significa a leitura do
mundo onde essas pessoas vivem.
Esse artigo tem como objetivo
verificar se as atividades práticas
desenvolvidas no Clube de Ciências a
partir da realidade dos educandos
contribuíram para uma aprendizagem
significativa dos alunos do 3°, 4° e
anos de uma escola do/no campo.
Galinheiro Pedagógico
A construção do galinheiro (espaço
cercado, onde as galinhas ficam para
colocarem seus ovos, dormir, se alimentar
e se proteger) foi pensada e sonhada
durante dois anos pela diretora e pela
professora coordenadora do C.C.S.C., mas
somente em 2018 foi construído pelo pai
de uma aluna, de forma simples, mas com
muita dedicação e carinho. As crianças
adoraram a ideia de ter um galinheiro na
escola e logo se organizaram e trouxeram
as galinhas.
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O objetivo de ter esse galinheiro é de
proporcionar aos educandos um espaço
educativo e exploração dos conhecimentos
científicos, através do envolvimento
interativo entre escola e comunidade.
Alinhando aos preceitos da Educação do
campo e Educação em Ciências
valorizando a vida dos trabalhadores
camponeses e trazendo para a escola os
conhecimentos adquiridos e construídos
nessa comunidade, a escola realiza seu
trabalho pedagógico embasado na teoria da
aprendizagem significativa de Ausubel,
construindo junto com as crianças,
educadores e comunidade novos saberes.
O conhecimento pode ser construído
a partir da curiosidade dos educandos, foi o
que aconteceu quando foi criado o
galinheiro pedagógico, os educandos assim
como as educadoras começaram a ficar
“curiosas” sobre alguns fatos que até então
eram corriqueiras coisas que acontecem
todos os dias e acaba sendo normal, mas
que às vezes não sabemos explicar. Por
exemplo: Como o ovo se forma dentro da
galinha? Por que o ovo tranca na galinha?
Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?
Por que as galinhas são ancestrais dos
dinossauros? Por que a galinha “grita”
quando coloca o ovo? Quando surgiu a
primeira galinha? Entre outras.
A curiosidade desses fatos
corriqueiros para esses educandos e suas
famílias, moradoras do campo, que sempre
criaram essas aves, nunca se perguntaram
sobre algumas dessas questões, e alguns
pais se arriscaram a responder e utilizaram
de um conhecimento empírico. Trazer para
escola algo da vivência, do cotidiano
desses educandos é tornar o conhecimento,
algo significativo, dessa forma o aluno se
percebe quanto sujeito atuante no mundo.
Quando o educador desperta a
curiosidade em seus educandos está
fazendo mais do que educar e ensinar, está
ensinando a pensar, questionar e a fazer
perguntas e assim refletir sobre o que
aconteceu e o vai acontecer. As atividades
se tornam prazerosas e atraentes, e foge da
“Educação Bancária”, denominada por
Freire (1992). Os educandos são
participantes ativos no processo de
construção do seu próprio conhecimento
(Demo, 2007).
Metodologia
Essa pesquisa foi realizada em uma
escola do/no campo, de turno integral,
inserida nas dependências de um
assentamento e atende em torno de 73
crianças. Essa unidade escolar possui como
eixo articulador de interdisciplinaridade
um Clube de Ciências, o qual foi analisado
se suas atividades, sobre o Galinheiro
Pedagógico, contribuíram para uma
aprendizagem significativa. Para realização
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desta pesquisa foram elaboradas oito
atividades, divididas em um período de
dois meses, ocorridas dentro do C.C.S.C.,
todas as quintas-feiras, pela manhã, onde
todos os educandos (do pré-escolar ao
quinto ano) se reuniram para realizarem
atividades. Embora todos os educandos
terem participado das atividades, os
investigados foram apenas dezesseis
educandos, distribuídos no terceiro, quarto
e quintos anos.
Esse estudo caracterizou-se em
analisar um ambiente real onde as
pesquisadoras estavam presentes e fazendo
parte das atividades cotidianas, percebendo
a realidade dos sujeitos e compreendendo o
meio em que estão inseridos os objetos da
pesquisa. A pesquisa de campo em
educação é de suma importância para que
se conheça de forma concreta o viés da
pesquisa, a observância de fatos e a
convivência com os educandos permite
coletar com mais veracidade dados que
possam nortear a execução do projeto em
si, sendo assim Lakatos e Marconi (2003),
afirmam que:
Pesquisa de campo é aquela utilizada
com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos
acerca de um problema, para o qual
se procura uma resposta, ou de uma
hipótese que se queira comprovar,
ou, ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles.
(Lakatos & Marconi, 2003, p. 83).
Sendo assim essa pesquisa é de
abordagem qualitativa, onde não se busca
uma conclusão por meros e sim por
compreensão de um contexto, estudar um
fenômeno, um caso, onde Moraes (2006)
menciona que a abordagem naturalista-
construtiva, afirmando que ela investiga
fenômenos no próprio contexto que
ocorrem e que a realidade observada é
construída pelos sujeitos. Essa metodologia
valoriza o que se tem no ambiente, que
para Fazenda, Tavares e Godoy (2015, p.
62),
... a pesquisa qualitativa nos
possibilita desenvolver hábitos de
ação, permitindo confrontar a
realidade, com intuito e garantir
ganhos no sentido intersubjetivo e na
capacidade de ouvir todos aqueles
que pesquisamos e nós mesmos.
Para levantamento dos dados foi
realizado a construção de um livro, em
grupo, onde as crianças deveriam contar e
ilustrar sobre os conteúdos estudados. Para
analisar os dados se usou Análise Textual
Discursiva (ATD), conforme proposto por
Galiazzi e Moraes (2011), a qual é
organizada de forma a construir e
reconstruir o texto e implica procedimentos
como unitarização, categorização e
comunicação.
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Desenvolvimento das atividades
Entendendo que uma escola do/no
campo deva partir da realidade dos
educandos e dos conhecimentos prévios
para que haja uma aprendizagem
significativa, e que a educação em ciências
não deve ficar engessada aos livros
didáticos e sim trabalhar a partir do
entorno, as educadoras da Escola, através
do Clube de Ciências Saberes do Campo,
realizaram, durante um trimestre,
atividades voltadas para o galinheiro
Pedagógico que foi construído na escola.
atividade: construção do
galinheiro: se prontificaram para
ajudar um pai, uma mãe e um
voluntário, que durante um dia de
trabalho construíram um galinheiro,
onde cercaram um espaço dentro da
horta (pois se desejava que horta e
galinheiro ficassem em harmonia),
e fizeram um poleiro e uma
cobertura com materiais que
haviam no entorno da escola, restos
de obras. Ficou uma construção
simples, mas que agregou muitos
valores para a escola.
atividade: a chegada das
galinhas! A escola tem 4 salas de
aulas, são turmas multiseriadas e
cada uma delas ficou de trazer uma
galinha, e a diretora da escola
também fez questão de trazer, que
ao final do ano seriam devolvidas
às famílias. Chegaram então cinco
novas moradoras para o galinheiro.
Começaram a surgir algumas
perguntas por parte das crianças:
“Como elas não vão fugir do
galinheiro?”, “Onde elas vão pôr os
ovos?”, “Vai nascer pintinhos?”,
“Quem vai tratar no final de
semana?”.
Figura 1 - A chegada das galinhas.
Fonte: Arquivo pessoal.
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atividade: organização para as
galinhas: foi organizado junto com
os educandos uma tabela de
organização de quem iria tratar as
galinhas no final de semana e quem
iria levar para a escola o trato
(alimentação) para dar às galinhas.
Fez-se um cálculo com as crianças,
do e anos, de quantos metros
foram usados de telas para cercar o
galinheiro, quantos quilos de milho
deveriam ser dados por semana
para as cinco galinhas. E ainda que
para elas não fugirem do galinheiro
deveriam ser cortadas as pontas das
asas. E neste dia também se enviou
para as famílias uma pergunta:
“Quem veio primeiro? O ovo ou a
galinha?”.
atividade: gráfico: “quem veio
primeiro? O ovo ou a galinha?”
Antes do início da quarta atividade
se fez um gráfico com os dados de
quem veio primeiro, se foi o ovo ou
a galinha e não se respondeu qual
foi, apenas iniciou-se a aula
dizendo para eles ficarem atentos
que iriam descobrir. Foi
apresentada a linha do tempo sobre
os períodos/eras conhecidos como:
pré-cambriano, paleozoica,
mesozoica, cenozoica (terciário),
cenozoica (quaternário). Em cada
período uma turma junto com sua
professora responsável, ficava
responsável de colocar na linha do
tempo sobre os eventos que
ocorreram em cada era, enquanto a
outra professora bióloga explicava
as mudanças que ocorriam ao longo
de cada era. Durante a semana
anterior a essa aula as professoras
fizeram uma pesquisa em cada
turma, com a seguinte pergunta:
Quem veio primeiro o ovo ou a
galinha? Utilizando a teoria de
Charles Darwin para explicar a
evolução das aves, em que todas as
aves são descendentes dos
dinossauros, pois uma espécie
evolui da outra mais primitiva.
Como recurso a professora bióloga
utilizou imagens e vídeos para
complementar as explicações.
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Figura 2 - Espiral das eras evolutivas.
Fonte: Atlas do Universo (http://atlasdouniverso.blogspot.com/p/um-lugar-conhecido.html): a formação da
Terra.
Figura 3 - Linha do período evolutivo da Terra.
Fonte: Arquivo pessoal.
atividade: conhecendo o corpo
da galinha. A professora
responsável pela atividade deste dia
e seus educandos explicaram sobre
o corpo da galinha, mostraram com
uma réplica de plástico as partes
internas e externas das galinhas e o
que elas têm de parecido com os
dinossauros. Os alunos também
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aprenderam as partes da galinha em
inglês.
Figura 4 - Galinhas de plástico didáticas.
Fonte: Arquivo pessoal.
6ª atividade: Como os pintinhos
nascem. Atividade sobre como
nascem os pintinhos. Aula
coordenada pela diretora da escola
que trouxe a ideia da construção de
um calendário para que os
educandos elaborassem para
contagem dos dias até o nascimento
dos pintinhos. Um familiar parceiro
da escola doou uma dúzia de ovos
galados para que as galinhas da
escola pudessem chocar, que
uma delas estava no choco e não
tinha galo no galinheiro, com isso
entenderam a necessidade de se ter
um galo e quantos ovos uma
galinha põe por dia.
Figura 5 - Colocando os ovos para chocar.
Fonte: Arquivo pessoal.
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atividade: A importância das
galinhas para os seres humanos e a
sabedoria delas. Neste dia se abordou
o tema porque elas cantam, se elas são
inteligentes, mitos e verdades sobre a
carne de frango. Também se falou
sobre a consistência dos ovos e todo o
trajeto que eles passam até chegarem
aos supermercados. Foi passado o
vídeo sobre “a fuga das galinhas”.
atividade: Recapitulando.
Recapitulou-se todo o conteúdo
trabalhado bem como novos
questionamentos foram respondidos.
Neste dia foi realizada uma avaliação
oral para os educandos do pré-escolar
ao terceiro ano e para os educandos do
quarto e quintos anos foi realizada
uma atividade escrita, onde em grupos
eles teriam que construir um livro
explicativo sobre o conteúdo trabalho
nestes meses durante as atividades do
Clube de Ciências Saberes do Campo.
Paralela a todas as atividades descritas
também se trabalhou com a prática no
galinheiro, onde se tratava as galinhas,
se resgatava as galinhas que acabavam
fugindo, pois, acerca do galinheiro,
estava com vários furos e elas
escapavam. Exercitou-se as
observações focadas nas informações
das atividades que cada professora
realizou.
Construção dos livros avaliativos:
Segue modelos dos livros
confeccionados, pelos educandos.
Figura 5 - Livro 3: O que eu aprendi sobre as galinhas.
Fonte: Arquivo pessoal.
Rosa, S. S., Rodrigues, A. L. M., & Robaina, J. V. L. (2021). Galinheiro Pedagógico: um espaço de alfabetização científica no Clube de Ciências...
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Figura 6 - Livro 6: O que eu aprendi sobre as galinhas.
Fonte: Arquivo pessoal.
Análise dos dados
Os dados da pesquisa foram
analisados pela organização de sete livros
escritos e ilustrados a respeito das
atividades realizadas. Os educandos foram
divididos em grupos de três componentes,
sendo cada grupo compostos por uma
criança do terceiro ano, outra criança do
quarto ano e outra criança do quinto ano,
pois as turmas eram multisseriadas.
O conteúdo dos livros foi submetido
à ATD, onde se construiu um quadro e se
extraiu o corpus da pesquisa levando ao
processo de unitarização, categorização,
emergindo a categoria Aprendizagem
conforme quadro abaixo.
Quadro 1 - Corpus da pesquisa: Análise dos dados por ATD - Livros do 1 ao 7.
Livro 1
• No Clube de Ciências fizemos atividades sobre as galinhas. Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?
Descobrimos que o ovo veio primeiro, porque as galinhas são parentes dos dinossauros e todos os
dinossauros vieram de ovos, por isso o ovo veio primeiro;
• Outra professora falou sobre que a galinha é esperta e foge do galinheiro;
• Outra professora falou sobre as partes do corpo da galinha;
• Outra professora falou que para ter pintinho tem que ter um galo, senão não nascem pintinhos.
Livro 2
• Quem veio primeiro o ovo ou a galinha? Claro que foi o ovo, porque os dinossauros nasceram de ovo
e que veio primeiro que a galinha. Foi por isso que o ovo veio primeiro;
O corpo da galinha. Nessa aula a gente aprendeu sobre o corpo da galinha: crista, rabo, pé, perna,
peito, bico, crista;
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• Sobre o ovo: a professora falou sobre quantos dias leva para o pintinho nascer;
A importância da galinha para nós: a galinha é importante porque sem ela nunca íamos experimentar
um bolo, o pudim, o pão e outras comidas. Olhamos um vídeo sobre as galinhas.
Livro 3
• Nós aprendemos no Clube de Ciências que os peixes foram os primeiros seres vivos da terra e depois
eles foram se modificando.
Na outra aula aprendemos sobre o corpo das galinhas ela falou sobre o esqueleto da galinha e
também as galinhas são parecidas com os dinossauros;
Aprendemos sobre os ovos a professora falou sobre o ovo galado é quando tem um pontinho na
gema, que o ovo tem uma parte para o ar para o pintinho respirar;
• Aprendemos sobre a importância da galinha para nós e depois assistimos a um vídeo.
Livro 4
A gente trabalhou sobre as galinhas, que para nascer pintinho precisa ser um ovo galado, o galo
precisa fazer a parte dele, senão não vai nascer pintinho. O pintinho pode nascer em 18 ou até 22 dias,
após esse período, não nasce mais;
• Quem veio primeiro o ovo ou a galinha? O ovo veio primeiro que as galinhas.
• Uma professora falou sobre as partes do corpo da galinha, como a galinha tem pés e asas e conheci os
braços, bico, pescoço, nervo e coxinha;
Outra professora falou que elas produzem carne e ovos e que cerca de 24 milhões de galinhas no
mundo.
Livro 5
• Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?
• O ovo vem primeiro porque não tem como vim a galinha sem ter o ovo;
• As partes da galinha são cabeça, rabo, peito, perna, cocha, coração, asas e pescoço;
• Sem a galinha não existiria ovos, pudim, bolo, pão e omelete;
A galinha choca: ela fica no ninho com os ovos embaixo e ela fica em cima dos ovos para esquentar
os ovos;
• O pintinho começa a crescer do tamanho de um grãozinho de arroz, depois de 20 a 21 dias, o pintinho
começa a quebrar a casca do ovo.
Livro 6
• Quem veio primeiro o ovo ou a galinha?
• O ovo veio primeiro que a galinha;
No filme da “Fuga das galinhas” mostra o Cooperativismo e trabalho em grupo e a importância das
galinhas na vida dos humanos;
O ovo leva 21 dias para o pintinho nascer e a galinha não pode ficar muito tempo longe do ninho,
porque o ovo e os pintinhos precisam de calor;
• Em cima do ovo tem ar, quando o pintinho nasce ele quebra aquela parte primeiro e nasce com mais
facilidade;
• Não pode ajudar o pintinho nascer mesmo que esteja sofrendo;
Uma das professoras falou que o dinossauro tem semelhança com as galinhas no pescoço alongado
com forma de “S”, pé com três dedos, são bípedes, tem pernas longas para correr.
Livro 7
• Nós aprendemos que o ovo vem primeiro do que a galinha;
• Aprendemos que dentro do ovo tem um espaço que quando o pintinho ir nascer ele vai sair por aquele
espaço;
• Com o filme “A fuga das Galinhas” nós aprendemos que as galinhas são mais felizes livres do que no
galinheiro.
Fonte: Arquivo pessoal.
Após análise do corpus da pesquisa o texto passou por toda a validação exigida pelo
método conforme quadro abaixo:
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Quadro 2 - Validação do corpus da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelos(as) autores(as).
Posteriormente, emergiu a seguinte categoria:
Unitarização
Categorização
Inicial
Intermediária
Final
- FIZEMOS ATIVIDADES
- QUEM VEIO PRIMEIRO
- O OVO VEIO PRIMEIRO
- A GALINHA É ESPERTA
- A GALINHA FOGE DO GALINHEIRO
- PARTES DA GALINHA
- PARA TER PINTINHO TEM QUE TER GALO
- A GALINHA CHOCA O OVO COM SEU CALOR
- O PINTINHO NASCE PELO ESPAÇO DE AR QUE HÁ NO
OVO
- SÃO PARENTES DOS DINOSSAUROS
- DINOSSAUROS VIERAM DOS OVOS, QUE VIERAM
PRIMEIRO QUE AS GALINHAS
- TEMPO PARA NASCER UM PINTINHO
- SEMELHANÇAS DO DINOSSAURO COM A GALINHA
- A GALINHA NÃO PODE FICAR MUITO TEMPO LONGE
DO NINHO
- A IMPORTÂNCIA DA GALINHA PARA OS HUMANOS
- NOS OFERECEM A CARNE E O OVO
- APRENDEMOS NO CLUBE DE CIÊNCIAS
- PEIXES PRIMEIRAS FORMAS DE VIDA
- NÃO SE PODE AJUDAR O PINTINHO A NASCER
- FIZEMOS ATIVIDADES
- QUEM VEIO PRIMEIRO
- O OVO VEIO PRIMEIRO
- A GALINHA É ESPERTA
- A GALINHA FOGE DO GALINHEIRO
- PARTES DA GALINHA
- PARA TER PINTINHO TEM QUE TER GALO
- A GALINHA CHOCA O OVO COM SEU CALOR
- O PINTINHO NASCE PELO ESPAÇO DE AR QUE HÁ NO
OVO
- SÃO PARENTES DOS DINOSSAUROS
- DINOSSAUROS VIERAM DOS OVOS, QUE VIERAM
PRIMEIRO QUE AS GALINHAS
- TEMPO PARA NASCER UM PINTINHO
- SEMELHANÇAS DO DINOSSAURO COM A GALINHA
- A GALINHA NÃO PODE FICAR MUITO TEMPO LONGE
DO NINHO
- A IMPORTÂNCIA DA GALINHA PARA OS HUMANOS
- NOS OFERECEM A CARNE E O OVO
- APRENDEMOS NO CLUBE DE CIÊNCIAS
- PEIXES PRIMEIRAS FORMAS DE VIDA
- NÃO SE PODE AJUDAR O PINTINHO A NASCER
1 ATIVIDADES (A)
2 - OVO VEIO PRIMEIRO (B)
3 - GALINHA É ESPERTA (D)
4 - PARTES DA GALINHA (D)
5 - PARENTES DOS
DINOSSAUROS (B)
6 - TEMPO NASCER PINTOS
(C)
7 - GALINHAS SÃO
IMPORTANTES (D)
8 APRENDEMOS (A)
9 - OVO GALADO TEM
PINTINHO (C)
10 - PRECISA DE GALO (C)
11 - ATÉ 22 DIAS PARA
NASCER PINTO (C)
12 - 24 MILHÕES DE
GALINHAS NO MUNDO
CLUBE DE CIÊNCIAS
(A)
ORIGEM DAS
GALINHAS (B)
COMO NASCEM
PINTINHOS (C)
CARACTERÍSTICAS
DAS GALINHAS (D)
A
P
R
E
N
D
I
Z
A
G
E
N
S
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Quadro 3 - Categoria Emergente.
Os educandos do e anos entenderam que aprenderam com as atividades do Clube de Ciências que as galinhas tiveram
sua origem ainda no tempo dos dinossauros e o que veio primeiro foi o ovo, pois o ovo veio a partir dos peixes e que depois
vieram os dinossauros e as galinhas são parentes dos dinossauros e possuem semelhança com eles até hoje. Os educandos
relatam que para se reproduzirem os pintinhos o galinheiro precisa de um galo, pois o galo tem que fazer a parte dele, o ovo
galado tem um pontinho, o ovo tem um espaço na parte de cima, que deixa o pintinho respirar e é por onde eles nascem. Os
pintinhos irão nascer entre 18 a 22 dias de choco senão não nascem mais, não se pode ajudar o pintinho a nascer. A galinha
sai do ninho por pouco tempo, pois o ovo precisa do calor da galinha, ela fica em cima dos ovos. A galinha é importante
para nós seres humanos, fornece carne e ovos, ela tem crista, pé, braço, bico, pescoço, nervo, coxinha e asas. As galinhas
são inteligentes e conseguem fugir dos galinheiros, e elas são mais felizes livres fora do galinheiro. cerca de 24 milhões
de galinhas no mundo.
Fonte: Texto das autoras.
A análise nos levou a seguinte
análise:
A Educação do Campo é um
exercício do aprender e ensinar pela
realidade do educando, tornando
importante o conhecimento dos saberes da
comunidade, onde o entorno pode fazer
parte do ensino com seus diferentes
saberes, aprendendo e ensinando juntos.
Percebe-se pelos dados desta
pesquisa o quanto a EMEF Rui Barbosa,
através do Clube de Ciências, está inserida
no contexto da Educação do/no Campo a
qual está entrelaçada com a Educação em
Ciências e com Aprendizagem
Significativa onde os temas se
complementam.
Partindo da realidade dos educandos,
com um assunto simples e da constante
prática deles se observa o quanto foi
significativo o tema sobre as galinhas,
inserir a comunidade no contexto da escola
motiva as crianças a pesquisar o que
auxilia no entendimento de mundo vivido
pelos estudantes, destacando a relevância
dos seus aprendizados e a incorporação de
ideias e conhecimentos que o transformam
em um ser mais crítico e responsável nas
suas atitudes (Chassot, 2014). Como
podemos observar na escrita do Livro 4
“elas produzem carne e ovo e que cerca
de 24 milhões de galinhas no mundo e
ainda no Livro 7 “no filme a Fuga das
Galinhas nós aprendemos que as galinhas
são mais felizes livres do que no
galinheiro”.
O conhecimento alavancado por um
assunto do qual os educandos conhecem
desperta o interesse em aprender. Com a
aliança entre aulas teóricas e prática se
percebeu o quanto ficou dos conteúdos
aplicados, nota-se que nos livros
confeccionados foram apontados todos os
conteúdos trabalhados, os educandos citam
as atividades desde a origem da vida na
Terra, relatam quem veio primeiro (ovo ou
a galinha) e argumentam com propriedade
sobre o porquê foi o ovo.
Como observado nos livros 1 e 2,
Livro 1 “Descobrimos que o ovo veio
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primeiro, porque as galinhas são parentes
dos dinossauros e todos os dinossauros
vieram de ovos, por isso o ovo veio
primeiro”. Livro 2 Claro que foi o ovo
porque os dinossauros nasceram de ovo,
que veio primeiro que a galinha”.
Os educandos pesquisados
demonstraram compreensão quanto ao
tempo que leva para gerar um pintinho e
que é necessária a presença de um galo
para essa reprodução, observa-se que os
educandos relatam que é necessário a
galinha permanecer no ninho para aquecer
os ovos com seu calor e também
descreveram que um espaço com ar na
parte de cima do ovo e serve para o
pintinho respirar, como podemos observar
no desenho do Livro 3:
Figura 7 - Desenvolvimento do embrião Livro 3.
Fonte: Arquivo pessoal.
Ao analisarem seus animais em casa
as crianças serão capazes de compreender
o momento de deixar os ovos de galinha no
ninho para suas reproduções. Apresentando
uma atividade em que facilita a leitura de
mundo do educando, como sugerido por
(Chassot, 2006) e levando a uma
aprendizagem realmente significativa.
Como podemos notar nas produções
do Livro 1 “para ter pintinhos tem que ter o
galo, senão não nasce pintinhos” e Livro 4
“para nascer pintinho precisa ser um ovo
galado, o galo precisa fazer a parte dele,
senão não vai nascer pintinho”.
A pesquisa realizada nos evidencia
que os conhecimentos desenvolvidos nesta
Escola do/no Campo, através do seu Clube
de Ciência busca saberes relacionados com
as práticas e os trabalhos das famílias dos
educandos, com o dia a dia, são atividades
que os educandos levarão para o seu
contexto de vida. Compreende-se essas
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práticas como conhecimentos que precisam
estar presentes no contexto educacional de
uma escola do campo, como nos
argumentam, Arroyo, Caldart e Molina
(2004).
Os educandos pesquisados
perceberam a função que as galinhas têm
para os seres humanos, onde os mesmos
fazem uso da carne e do ovo delas,
entenderam que elas possuem inteligências
e que com esta sabedoria podem fugir dos
galinheiros com facilidade, se os mesmos
oferecerem oportunidade, como era o caso
do galinheiro da escola.
As atividades do Clube de Ciências,
em estudo, revelam que suas atividades
estão baseadas em uma forma de ensinar
ciências para o desenvolvimento da
motivação para a aprendizagem, como nos
traz Mancuso, Lima e Bandeira (1996, p.
41):
Um Clube de Ciências não precisa de
um laboratório com seus materiais
para fazer experiências, mas que toda
aula envolvendo ciências partindo do
nosso entorno e dos objetos que nos
cercam, realizando experiências, ou
não, podem caracterizar um Clube de
Ciências.
Foi verificado durante esta pesquisa
as atividades realizadas partiram do
conhecimento prévio dos seus educandos,
diagnosticando quais eram as vivências das
quais eles estavam habituados e
construindo atividades com
aprofundamentos teóricos que façam
sentido para a vida das crianças, conforme
Delizoicov e Angotti (2000) enfatizam que
é a partir deste mundo do qual os
educandos já têm conhecimento e vivência,
antes mesmo de se alfabetizar que se deve
partir para o ensino de ciências.
O tema dinossauros aguça a
curiosidade de muitas crianças, instiga a
imaginação e estimula a pesquisa, as
atividades sobre a formação da Terra, o
surgimento da vida na terra, a água do
Planeta que se constituiu da queda de
meteoros foram conduzidas naturalmente
pelos questionamentos dos educandos, a
cada atividade.
A abordagem sobre esse tema se
revelou importante e significativa para os
educandos, pois aparece no Livro 6: os
educandos relatam a semelhança da
galinha com os dinossauros o dinossauro
tem semelhança com as galinhas no
pescoço alongado com forma de “S”,
com três dedos, são bípedes, tem pernas
longas para correr e ossos pneumáticos”.
As aulas do Clube de Ciências
partiram da realidade dos educandos e das
suas necessidades e curiosidades o que
traduz um ensino baseado em Educação do
Campo, Educação em Ciências e
Aprendizagem Significativa, onde as
professoras oportunizaram um ensino que
auxilia no entendimento de mundo vivido
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pelos estudantes, destacando a relevância
dos seus aprendizados e a incorporação de
ideias e conhecimentos que o transformam
em um ser mais crítico e responsável nas
suas atitudes (Chassot, 2014).
Considerações finais
Ao analisar os dados da avaliação
dos educandos do terceiro, quarto e quinto
anos se percebe que o Ensino de Ciências
da Escola, através do Clube de Ciências
Saberes do Campo aborda temas que
fazem parte da realidade dos educandos, o
ensino parte do que os educandos
conhecem e convivem, sendo assim tem
significado para eles. Ao analisar as
respostas dos educandos se percebe que a
estrutura Clube de Ciências está de acordo
com o que diz Moreira (2003), que a
educação tem que ser dialógica, tem que
ter apropriação dos conteúdos.
Podemos destacar através desta
pesquisa que ao trabalhar o Ensino de
Ciências de forma interdisciplinar,
relacionando os conhecimentos empíricos
dos educandos com os conhecimentos
científicos aprendido na escola, se constrói
saberes para vida desses alunos.
Ao elaborar um livro, como forma
de avaliação, os educandos mostraram o
quanto foi aprendido sobre o conteúdo
trabalhado em cerca de dois meses, temas
esses que foram adotados em atividades
variadas, e ao se colocar em prática o que
se aprende na teoria, os conteúdos fazem
sentido e acabam gerando uma
aprendizagem significativa.
As crianças que vivem no campo têm
o direito a uma educação diferente das que
vivem na cidade. Portanto, se faz
necessário elaborar atividades que são da
realidade dos educandos de uma escola do
campo, extrapolar a noção de espaço
geográfico e compreender as necessidades
culturais, os direitos sociais e a formação
integral desses indivíduos, constituem uma
forma de fazer a educação contextualizada.
As contribuições desse estudo poderá
ser tema para outro artigo, pois fica claro
na análise dos dados e na conclusão desta
pesquisa a relevância do Clube de Ciências
dentro de uma Escola do/no Campo que
busca trabalhar com a participação da
comunidade escolar contemplando a
especificidade daquele povo e do seu
território.
As atividades propostas pelo
C.C.S.C. foram elaboradas com base no
simples dia a dia da comunidade escolar,
sem a dependência dos livros didáticos
com base nas curiosidades das crianças e
se percebe, na análise dos livros
construídos, que o aprendizado aconteceu,
eles assimilaram várias informações sobre
os conteúdos trabalhados.
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A partir da atividade realizada
percebe-se que a linha de trabalho da
Escola, entrelaça seus conteúdos a partir da
estrutura da Educação do Campo, dos
objetivos de um Clube de Ciências e se alia
aos fundamentos da Aprendizagem
Significativa. Mas, essas alianças foram
possíveis devido a uma gestão escolar e um
coletivo educador, os quais optaram em se
reconhecer como escola do campo, se
apropriando dos saberes necessários para
uma educação de qualidade e que faça
sentido para os educandos.
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Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 02/02/2021
Aprovado em: 14/03/2021
Publicado em: 24/08/2021
Received on February 02th, 2021
Accepted on March 14th, 2021
Published on August, 24th, 2021
Contribuições no Artigo: Declaramos que as autoras
Andressa Luana Rodrigues Moreira e Sabrina Silveira da
Rosa participaram da elaboração, preparação e aplicação
das práticas durante os dois meses de atividades do
projeto sob orientação e contribuição do professor
orientador José Vicente Lima Robaina. O referencial
teórico foi elaborado pelos três autores em diálogos e
leituras conjuntas. A análise dos dados foi pensada e
realizada pelas autoras Andressa e Sabrina sob
coordenação e orientação do professor Robaina. As
revisões requeridas do referencial teórico foram
modificadas pela autora Andressa e a metodologia foi
revisada por Sabrina e Robaina. A versão final para
publicação foi lida e aprovada pelos três autores.
Author Contributions: We declare that the authors
Andressa Luana Rodrigues Moreira and Sabrina Silveira
da Rosa participated in the elaboration, preparation, and
application of the practices during the two months of
project activities under the guidance and contribution of the
orienting professor José Vicente Lima Robaina. The
theoretical reference was elaborated by the three authors
in dialogues and joint readings. The data analysis was
thought and carried out by the authors Andressa and
Sabrina under the coordination and guidance of professor
Robaina. The required revisions of the theoretical
framework were modified by the author Andressa and the
methodology was revised by Sabrina and Robaina. The
final version for publication was read and approved by the
three authors.
Conflitos de Interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Funding
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Como citar este artigo / How to cite this article
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Rosa, S. S., Rodrigues, A. L. M., & Robaina, J. V. L.
(2021). Galinheiro Pedagógico: um espaço de
alfabetização científica no Clube de Ciências. Rev. Bras.
Educ. Camp., 6, e11573.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11573
ABNT
ROSA, S. S.; RODRIGUES, A. L. M.; ROBAINA, J. V. L.
Galinheiro Pedagógico: um espaço de alfabetização
Rosa, S. S., Rodrigues, A. L. M., & Robaina, J. V. L. (2021). Galinheiro Pedagógico: um espaço de alfabetização científica no Clube de Ciências...
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científica no Clube de Ciências. Rev. Bras. Educ. Camp.,
Tocantinópolis, v. 6, e11573, 2021.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11573