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ancoragens, no intuito de compreender os
caminhos que constroem às representações
sociais por eles inscritas, relativas aos
conhecimentos construídos nesses
processos.
A prática reflexiva a partir das
vivências na realidade escolar e da
pedagogia da alternância, que envolveu o
tempo acadêmico e tempo comunidade,
descritas pelos entrevistados, permitiu
captar a realidade da sala de aula e da
comunidade e agir sobre o quotidiano do
contexto social em que o docente estava
inserido, assumindo um posicionamento
crítico-reflexivo, baseado nas discussões
teóricas da sala de aula.
Do mesmo modo, a rede de sentidos
que os professores egressos atribuem à
relação teoria/prática revela experiências
marcantes e afirmações positivas que
contribuíram para efeitos significativos ao
nível da prática diferenciada, nas escolas
do campo, e, com especial relevo, da
construção de uma identidade docente, no
campo, e na EJA do campo, como é
possível ver nos depoimentos a seguir:
O nosso curso, ele foi muito
dinâmico, a gente construiu tanta
coisa no decorrer dele, não foi algo
pronto, chegou é isso, até o final ele
foi sendo questionado, foi sendo
construído nesse processo até por ser
um curso novo e muita gente que tá
lá não se identifica e questiona a
própria validade do curso, o que nos
instigava muito também ... Ele trouxe
muita discussão teórica e pra quem já
tinha essa vivencia, essa relação com
o campo e tem identidade porque
uma coisa é você estar no campo e
ter identidade, outra coisa é você
estar no campo e querer sair e ter o
campo como se fosse algo ruim, algo
atrasado, eu acho que depende muito
da forma como você ver tua
formação antes, porque não foi só a
licenciatura mas a tua trajetória no
campo antes da licenciatura, a tua
identidade, a tua relação com os
sujeitos, pra quem já tinha isso,
algum laço criado, a licenciatura
apenas fortaleceu, mas pra quem não
tinha a licenciatura por mais que
tenha sido uma licenciatura...assim a
gente teve os nossos desafios, foi
muito produtivo, mas só a
licenciatura ela não muda o sujeito,
mas a partir da vivência dessa
relação. (PE 04).
... em relação à prática, uma prática
diferenciada que nós tivemos em
relação ao povo do campo, à EJA, a
gente não só ensina como aprende
com o povo do campo, e a gente leva
em consideração aquilo que eles têm,
a identidade que eles têm, a
identidade deles dentro do campo.
(PE 01).
... O curso ajudou a fortalecer o
vínculo com campo, que eu já tinha,
agora a gente esbarra com muita
burocracia, na própria escola do
campo, que ela não está adequada
para receber os sujeitos do campo ...
Alguns professores, por exemplo,
mesmo não vejam a Educação do
Campo muito além daquelas paredes
e a Educação do Campo ela vem
reafirmar isso. (PE 03).
Logo, os sentidos e os significados,
atribuídos ao curso pelos professores
egressos, respondem a segunda questão da
proposta teórica de Jodelet (2001) – o que
se sabe e como se sabe – acerca da
formação de professores do campo,