Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11863
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
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2021
ISSN: 2525-4863
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Educação do Campo e Psicologia: possibilidades e limites
de diálogos comprometidos com a luta por direitos
Maria Isabel Antunes-Rocha
1
, Marcelo Loures dos Santos
2
1
Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Departamento de Ciências Aplicadas à Educação. Avenida Antônio Carlos,
6.627, Pampulha. Belo Horizonte - MG. Brasil.
2
Departamento de Educação. Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP.
Autor para correspondência/Author for correspondence: isabelantunes@ufmg.br
RESUMO. A Psicologia como ciência vincula-se a cada
tempo/espaço em que produz e reproduz suas referências
teóricas e práticas. Nesse sentido, pode-se dizer que sua
presença na discussão sobre a oferta escolar para os povos
campesinos traz as marcas da disputa entre os projetos de escola,
de campo e de sociedade em cada período histórico. O objetivo
deste artigo é identificar e discutir as produções acadêmicas que
articulam a Psicologia com a Educação Rural e com a Educação
do Campo. Para o desenvolvimento do trabalho, buscou-se
referências em artigos publicados na plataforma SciELO e na
base de dissertações e teses da CAPES. Na sistematização e
análise do material, observa-se que, entre outros resultados
obtidos, os psicólogos vêm se preocupando em adaptar e/ou
recriar teorias para dialogar com as questões educacionais no
campo, e que, na atualidade, os sujeitos campesinos têm
assumido a autoria da produção de pesquisas, sinalizando para
um protagonismo na produção do conhecimento sobre suas
vidas. Como conclusão, considerou-se que os dados obtidos
sinalizam a presença do diálogo com marcos teóricos
considerados como críticos na Psicologia, além da emergência
de novas possibilidades teóricas, como a formulação da
perspectiva das Representações Sociais em Movimento.
Palavras-chave: educação rural, educação do campo,
psicologia, psicologia da educação, representações sociais em
movimento.
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Countryside Education and Psychology: possibilities and
limitations of dialogs engaged in the fight for rights
ABSTRACT. Psychology, as a science, is linked to each
time/place where it produces and reproduces its theoretical and
practical references. In that sense, it can be said that its presence
in the discussion about providing schools to peasant populations
carries the marks of the dispute between the projects of school,
countryside and society in each period of history. This article is
an effort to identify and discuss the academic productions that
articulate Psychology with Countryside Education and Rural
Education. For the development of the research, references were
sought in papers from the SciELO platform and the database of
CAPES' dissertations and theses. During the stage of
systematization and analysis of the material, it can be observed
that, among other results obtained, Psychologists have been
concerned with adapting and/or recreating theories to interact
with educational issues in the countryside, and that, these days,
peasant individuals have taken over the authorship of the
research produced, playing a leading role in the production of
knowledge about their lives. As a conclusion, the data obtained
seem to point to the presence of the interaction with theoretical
frameworks considered as critical in Psychology, as well as the
emergence of new theoretical possibilities such as the
formulation of the perspective of Social Representations in
Motion.
Keywords: rural education, countryside education, psychology,
educational psychology, social representations in motion.
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Educación del campo y psicología: posibilidades y límites
de los diálogos comprometidos con la lucha por los
derechos
RESUMEN. La psicología como ciencia está ligada a cada
tiempo/espacio donde produce y reproduce sus referentes
teóricos y prácticos. En este sentido, se puede decir que su
presencia en la discusión sobre la oferta escolar para los pueblos
campesinos trae las marcas de la disputa entre los proyectos
escuela, campo y sociedad en cada período histórico. El objetivo
de este artículo es identificar y discutir las producciones
académicas que articulan la Psicología con la Educación Rural y
la Educación del Campo. Para el desarrollo del trabajo se
buscaron referencias en artículos publicados en la plataforma
SciELO y en la base de datos CAPES de disertaciones y tesis.
En la sistematización y análisis del material, se observa que,
entre otros resultados obtenidos, los psicólogos se han
preocupado por adaptar y/o recrear teorías para dialogar con
temas educativos en el campo; y que en la actualidad los sujetos
campesinos han asumido la autoría en la producción de
investigación, señalando un rol protagónico en la producción de
conocimiento sobre sus vidas. Como conclusión, se consideró
que los datos obtenidos señalan la presencia de diálogo con
marcos teóricos considerados críticos en Psicología, así como el
surgimiento de nuevas posibilidades teóricas como la
formulación de la perspectiva de Representaciones Sociales en
Movimiento.
Palabras clave: educación rural, educación del campo,
psicología, psicología educacional, representaciones sociales en
movimiento.
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Introdução
Este artigo tem como objetivo
identificar e discutir como os referenciais
teóricos produzidos no âmbito da
Psicologia têm sido apropriados na
Educação do Campo, tendo como foco os
trabalhos que estão sendo produzidos a
partir da perspectiva das Representações
Sociais em Movimento (RSM). A
Educação do Campo vem se construindo
nos últimos vinte e cinco anos no Brasil
como um movimento de luta, conquistas de
marcos legais e desenvolvimento de
práticas. Essa trajetória está ancorada em
três princípios: o protagonismo dos sujeitos
campesinos e seus contextos, a luta por
uma educação como direito e o
compromisso com um projeto de escola
vinculado a um projeto de campo e de
sociedade numa perspectiva emancipatória.
Como movimento de luta, é possível
visualizar a rede de núcleos, fóruns,
conselhos e comissões de âmbito local e
regional que se articulam por meio do
Fórum Nacional da Educação do Campo
(FONEC). A conquista de marcos legais é,
sem dúvida, um dos resultados da
mobilização desse conjunto de pessoas,
organizações sociais e instituições. O
Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária (PRONERA), o
Programa de Apoio à Formação Superior
em Licenciatura em Educação do Campo
(PROCAMPO) e o Programa Escola da
Terra são o resultado da mobilização da
Educação do Campo como movimento de
luta. Vale ressaltar a produção de
conhecimentos desenvolvida nos núcleos
acadêmicos vinculados ao movimento
como uma das práticas que contribuem
para o fortalecimento teórico, conceitual e
metodológico dos princípios, criando
possibilidades para que a Educação do
Campo também possa ser definida como
um referencial analítico (Molina, Antunes-
Rocha & Martins, 2019).
Ocorre que a Educação do Campo
estabelece diálogos com diferentes
referenciais teóricos, por exemplo, a
Pedagogia Histórico-crítica e o
Materialismo Histórico-dialético, além de
várias áreas do conhecimento, como a
Geografia, a Sociologia, a Antropologia, a
Economia e a Agroecologia, para citar
algumas. Nesse cenário, a pergunta que se
coloca neste texto é como tem se dado o
diálogo entre a Educação do Campo e a
Psicologia. Os referenciais teóricos que
orientam a Psicologia se apresentam de
forma ainda mais diversificada do que a
Educação do Campo, a ponto de Bock
(2002) considerar mais adequada a
denominação “Psicologias”. Por vezes,
esses marcos teóricos partem não apenas
de princípios diferentes, mas excludentes
entre si em muitas situações, o que pode
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ser compreendido por suas inserções
históricas no Brasil a partir do final do
século XIX, momento de tensões
econômicas, políticas, sociais e culturais
no meio rural e urbano. A literatura
especializada revela que as práticas dos
psicólogos, desde então, priorizaram as
questões do meio urbano, e somente após
1970 emergiram trabalhos teóricos e
práticos com a população rural (Leite &
Dimenstein, 2013). Se essa afirmação está
coerente com as áreas de atuação como a
da saúde mental nas empresas e na
educação de modo amplo, o mesmo não
pode ser generalizado quando se trata da
Educação Rural.
Isso ocorre porque a Psicologia se
faz presente na área educacional no meio
rural desde o início do século XX. Aqui se
pode citar Helena Antipoff (1992) e
Manoel Bergström Lourenço Filho (1953),
educadores atuantes no Movimento
Ruralismo Pedagógico. Com os limites
temporais, espaciais, conceituais e
políticos do seu tempo, esses psicólogos
(assim passaram a ser denominados pela
literatura especializada) apontaram
possibilidades para uma atuação no campo
psicológico que não se restringia somente
ao uso de testes. Mesmo se valendo desse
procedimento, buscaram na realidade
brasileira os elementos para criar testes
apropriados à cultura local.
Observa-se um hiato entre 1940 e
1980 de registros sobre a atuação de
psicólogos no contexto educacional
campesino, mas sabe-se que nesse período
a Educação Rural passou pelo que Paraíso
(1996) denomina de “campo do silêncio”.
Após a promulgação do Decreto-lei
8.529 - Lei Orgânica do Ensino Primário
(1946), a oferta dos anos iniciais do Ensino
Fundamental para a população rural passou
à responsabilidade dos municípios. A partir
daí, estruturou-se uma oferta escolar
marcada pela precariedade física e
pedagógica. A oferta escolar para os povos
campesinos retorna ao debate na década
de 1980 com as lutas pelo retorno ao
estado democrático de direito. A
implantação de programas de
desenvolvimento rural integrado
destinados à população campesina permitiu
o contato com sua realidade, emergindo,
assim, os primeiros questionamentos
(Antunes-Rocha, 2012).
Nessa caminhada, emergiu o
Movimento da Educação do Campo. Os
sujeitos em luta pela terra começaram a
denunciar as dificuldades em acessar uma
escola para seus filhos; quando
conseguiam, deparavam-se com a
precariedade. Foi pela compreensão de que
essa situação não era pela ausência de
políticas públicas, e sim resultado da
intencionalidade daquelas que existiam,
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que os sujeitos do campo provocaram
educadores, universidades e órgãos do
governo para um debate sobre o assunto
(Kolling, Nery & Molina, 1999). Vale
acrescentar o diálogo com o Movimento da
Pedagogia da Alternância, que gerou trocas
e ampliação de saberes (Begnami, 2019).
A conquista de políticas gerou um
conjunto de práticas formativas em
diferentes níveis e modalidades de ensino
nas escolas de Educação Básica e Superior
em diferentes contextos, como áreas de
assentamentos, quilombolas, extrativistas,
ribeirinhos e atingidos por barragens, para
citar alguns. Outra repercussão foi a
implantação de cursos de Licenciatura em
Educação do Campo nas universidades
com oferta regular (Molina & Hage, 2015).
Esse contexto tem estimulado os
psicólogos a apresentar contribuições,
notadamente nos cursos de Licenciatura
em Educação do Campo, desenvolvidas a
partir de 2012 nas instituições de Educação
Superior e nos cursos de formação
continuada (Molina & Martins, 2019).
Essas práticas, por sua vez, repercutiram
na produção de conhecimento, resultando
em monografias, dissertações, teses,
artigos, capítulos de livros e apresentação
de trabalhos em eventos. Para este texto,
foram realizadas buscas nas bases SciELO
e no Catálogo de Dissertações e Teses da
Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES),
visando identificar trabalhos desenvolvidos
com os marcos teóricos da Psicologia.
Nessa caminhada, localizou-se um
conjunto de pesquisas que anunciam a
formulação da perspectiva analítica
denominada Representações Sociais em
Movimento (RSM) como uma construção
derivada do diálogo com as questões e
demandas dos sujeitos e do contexto
campesino na formação e prática docente.
Contudo, para chegar a esse ponto,
considerou-se pertinente trazer uma breve
síntese do trabalho desenvolvido por
Lourenço Filho (1953) e Helena Antipoff
(1992) nas décadas do século XX, por ser
relevante registrar que ambos atuavam a
partir da inserção no movimento social e
tinham em suas práticas a compreensão de
que a escola no meio rural deveria estar
vinculada a um projeto de campo e de
sociedade. Convém ressaltar que, ao
sinalizar para a recuperação dessas
experiências, pretende-se evidenciar os
processos de continuidade e ruptura
presentes na história da oferta escolar dos
povos campesinos no Brasil. Da mesma
forma, apresentou-se um levantamento,
ainda que inicial e limitado a artigos
publicados em periódicos indexados na
plataforma SciELO e no Catálogo de Teses
e Dissertações da CAPES considerando a
correlação entre os descritores “Psicologia
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e Educação do Campo” ou “Representação
Social
i
e Educação do Campo”.
Diálogos entre a Psicologia e a Educação
Rural
Falar de povos do campo, de
Psicologia e educação no Brasil exige que
se resgate a experiência desenvolvida por
Lourenço Filho e Helena Antipoff nos anos
iniciais do século XX. Isso porque os dois
educadores atuaram de forma decisiva nos
rumos das políticas e das práticas
educacionais implantadas no meio rural
com sua atuação no movimento
denominado Ruralismo Pedagógico. Nesse
contexto, deixaram um significativo legado
para a Psicologia Educacional no país.
Manoel Bergström Lourenço Filho
(1897-1970), com base em sua formação
na Escola Normal Primária de São Paulo,
fez contato com a ciência psicológica em
cursos no Brasil e no exterior. Nessa
trajetória, assumiu as cátedras de
Psicologia e de Pedagogia na própria
instituição onde se formou e, d por
diante, tornou-se um dos principais
responsáveis pela implantação de
Laboratórios de Psicologia em diferentes
regiões do país. Em 1928 criou o Teste
ABC, considerado naquele momento
histórico um instrumento capaz de ser
utilizado em todos os grupos populacionais
(Sganderla & Carvalho, 2008). Ainda que
o teste tenha contribuído para classificar e
estigmatizar as diferenças de níveis de
prontidão, ele é uma marca histórica na
Psicologia Educacional brasileira, tendo
em vista que seu processo de formulação
tinha como referência a realidade
brasileira.
Posteriormente, Lourenço Filho
surge como membro do grupo de
educadores que formulou o Movimento
Ruralismo Pedagógico em seus primeiros
atos, atuação que possibilitou seu
envolvimento com os debates sobre
concepção curricular, formação de
professores, formas de organização
espacial e temporal da gestão pedagógica e
administrativa. É significativa sua
participação na organização dos
congressos de educação rural, no grupo
que formulou, demandou e executou a
criação das Escolas Normais Rurais
(Lourenço Filho, 1953). Naquele
momento, assumiu a defesa de uma rede
escolar própria que garantisse o acesso ao
ensino universal e que valorizasse os
conhecimentos gerados pelos sujeitos do
campo. Tal posição lhe rendeu a tomada de
posição contrária ao grupo que projetava
uma escola no meio rural voltada
exclusivamente para essa realidade
(Antunes-Rocha, 2012).
A educadora Helena Antipoff (1892-
1974), por sua vez, chegou ao estado de
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Minas Gerais com a missão de organizar o
sistema público de ensino. Sua formação
acadêmica na Europa havia acontecido nos
principais laboratórios vinculados à
pesquisa em Psicologia e Educação, como
o de Alfred Binet e Édouard Claparède.
Com tal experiência, envolveu-se na
organização do sistema de ensino mineiro
com o olhar centrado nos referenciais da
Escola Nova e da Psicologia. Nessa
perspectiva, implantou o Laboratório de
Psicologia no Instituto de Educação,
elaborou o teste Minhas Mãos, construiu a
experiência educativa denominada Fazenda
do Rosário, o Museu Escolar Rural, o
Serviço de Orientação Técnica do Ensino
Rural (SOTER) e o Instituto Superior de
Educação Rural (ISER). Nesse espaço,
desenvolveu práticas de pesquisa, ensino e
intervenção, vinculando a Psicologia aos
processos de formação continuada de
professores e de atendimento a crianças
com dificuldades de aprendizagem
(Augusto & Rocha, 1994).
A psicóloga e educadora teve uma
expressiva contribuição na produção de
conhecimentos e práticas relacionadas à
formação de professores para atuação nas
escolas situadas em contextos rurais. O
quarto volume da “Coletânea de Obras
Escritas de Helena Antipoff”, intitulado
“Educação Rural” (Antipoff, 1992), traz
uma síntese dessa produção (1940 a 1970).
Vale ressaltar suas preocupações com as
temáticas relacionadas à Educação
Ambiental, ao Artesanato e à Música,
marcadas pela busca de organizar um
currículo com base no contexto rural.
Numa análise dos seus textos, observa-se
que Helena Antipoff defendia o
desenvolvimento de um modelo de
educação rural que pudesse contribuir para
garantir a inserção da população rural
brasileira na sociedade moderna e
democrática. Para a autora, o meio rural
era um espaço de ensino/aprendizagem que
garantia uma educação voltada para o
“desabrochar físico e moral da juventude
estudantil” (Antipoff, 1992, p. 171).
Todavia, essa visão positiva em relação ao
meio rural brasileiro não impedia a crítica
aos problemas enfrentados por essa parcela
da população.
Faltam ali (no meio rural), cada dia
mais, meios para suprir a população
com teto, água, alimentos,
combustível, energia elétrica,
transporte, assistência médica e
escolar, empregos e meios de ganha-
pão honrado (Antipoff, 1992, p. 9).
Urge focalizar a atenção naqueles
dois terços da população que no
Brasil acham-se quase inteiramente
deixados ao seu próprio destino, isso
é, o roceiro, o homem do campo,
auxiliando-o, com meios modernos, a
permanecer ali onde nasceu, ou a
fixar-se em climas e terras melhores
para a lavoura (Antipoff, 1992, p.
10).
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Nesse sentido, Helena Antipoff
aponta para o papel que o professor rural
poderia ocupar durante o processo de
ensino-aprendizagem, considerando-o
como um “agente do progresso social”,
cabendo a ele “o papel social de edificar
formas produtivas e mais equitativas de
vida coletiva” (1992, p. 113). Todavia,
reconhecia a situação precária das escolas:
Como conhecer, porém, esta escola,
perdida nas fazendas, escondida atrás
dos morros, sem estradas, sem
condução direta, sem pessoas que a
visitem? Como ter conhecimento das
escolinhas isoladas, das quais mal
chegam notícias de sua existência,
através de uma estatística precária e
abstrata? (Antipoff, 1992, p. 45).
Lourenço Filho e Helena Antipoff
atuaram até a década de 1970,
atravessando o período considerado como
“campo do silêncio” (Paraíso, 1996) na
educação rural brasileira. A partir de 1940,
as políticas públicas definiram que os
municípios seriam responsáveis pela oferta
da educação para a população rural. Com
essa orientação, as propostas do Ruralismo
Pedagógico perdem vigor no âmbito dos
debates nacionais, porém os dois
educadores mantiveram seus vínculos com
a educação rural. Antipoff concentrou suas
ações na Fazenda do Rosário e buscou
parcerias com prefeituras para manter o
programa de formação continuada de
professores. Lourenço Filho manteve o
vínculo com algumas Escolas Normais
Rurais implantadas e persistiu com
publicações referentes à formação de
professores para atuação no meio rural
(Antunes-Rocha, 2012).
muitos caminhos para analisar o
trabalho dos dois educadores. A opção
neste texto é evidenciar que ambos
articulavam seus trabalhos como
psicólogos no contexto da luta pela
implantação de escolas no meio rural. Para
tanto, contribuíram na fundação e
mobilização do movimento Ruralismo
Pedagógico, direcionando suas proposições
a um projeto escolar alinhado com um
projeto democrático de campo e de
sociedade, nos moldes projetados pelos
intelectuais progressistas brasileiros no
período. Acrescente-se a relação que
ambos estabeleceram com a proposta
pedagógica denominada de Escola Nova,
que, naquele momento, era tida como uma
possibilidade de superar as práticas
consideradas tradicionais na educação. É
possível afirmar que um dos pontos frágeis
das propostas elaboradas pelos dois
educadores, bem como o próprio
Ruralismo Pedagógico, é que elas estavam
ancoradas no diálogo com os poderes
públicos, mas sem a participação efetiva
dos povos campesinos. Assim é que, com
as mudanças político-partidárias na gestão
do país, ocorreu o enfraquecimento das
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ideias e práticas como políticas públicas
(Campos, 2012).
A partir de 1970, iniciaram-se as
lutas pela abertura política e, com ela, veio
o envolvimento dos psicólogos nas ações
de educação popular, de mobilização de
comunidades e de apoio a grupos
envolvidos em lutas por direitos. A
emergência da Psicologia Comunitária
como área de atuação e campo conceitual e
metodológico é, sem dúvida, uma
referência para subsidiar os trabalhos
(Campos, 2012). Nesse período, não são
observadas publicações sobre a atuação da
Psicologia na educação rural, mas registra-
se uma expressiva produção no que diz
respeito às atividades desenvolvidas com
grupos de agricultores familiares em
diferentes regiões brasileiras (Ximenes &
Moura Júnior, 2013). É importante
registrar que a criação do Sistema Único de
Saúde em meados de 1980 levou os
profissionais da Psicologia para pequenos
municípios, propiciando um contato mais
próximo com as populações campesinas,
gerando reflexões sobre temas
relacionados à saúde mental (Ribeiro,
2013).
Nesse mesmo período, a emergência
dos movimentos sociais e sindicais
campesinos impulsionou a presença da
Psicologia, com seus diferentes aportes
teóricos e metodológicos, em ações
desenvolvidas em organizações
governamentais e não governamentais com
propostas de atuação vinculadas à
preocupação em articular os
conhecimentos psicológicos com o projeto
de luta emancipatória dos sujeitos. Os
livros organizados por Leite e Dimenstein
(2013) e Dimenstein et al. (2016)
evidenciam um conjunto de trabalhos que
abordam temáticas relacionadas às
demandas dos povos campesinos no
processo de luta pela construção de formas
de produção e reprodução da vida de forma
sustentável e emancipatória.
Quanto aos referenciais da Psicologia
em diálogo com a oferta escolar no
contexto campesino, no levantamento da
produção bibliográfica identifica-se um
expressivo número de trabalhos
desenvolvidos com o conceito de Educação
Rural, notadamente no período entre 1980
e 2000. Com foco no objetivo deste texto,
foram priorizados aqueles em que o termo
Educação do Campo aparece, seja no
título, no resumo ou nas palavras-chave.
Isso porque, em suas lutas pelo direito à
educação, esses sujeitos do campo
demandam ferramentas para entender e
superar as condições materiais e simbólicas
que desqualificam suas existências, para
compreender como esse processo foi
internalizado em suas trajetórias pessoais e
coletivas, para lidar com os desafios das
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práticas coletivas, incluindo aspectos
ligados à liderança, gestão, avaliação,
planejamento e avaliação de suas
atividades, para citar algumas. Essas
demandas direcionam-se em grande parte
às áreas de estudos da Psicologia. Desse
modo, este estudo tem como meta
contribuir com a sistematização, ainda que
inicial, do que tem sido produzido, para,
assim, provocar reflexões que possam
ampliar, fortalecer e qualificar o diálogo
entre a Psicologia e a Educação do Campo,
compreendida como um movimento
vinculado aos sujeitos camponeses.
Diálogos entre a Educação do Campo e a
Psicologia
Para se compreender a situação em
que se encontra o diálogo entre a
Psicologia e o movimento pela Educação
do Campo, foi realizada uma pesquisa
bibliográfica nas revistas indexadas no
SciELO e no Catálogo de Dissertações e
Teses da CAPES, no período
compreendido entre 2010 e 2020. Para esse
fim, foi utilizado o termo “Educação do
Campo”, vinculando-o aos descritores
“Psicologia Histórico-cultural” e
“Representações Sociais”. A decisão por
esses descritores fundamentou-se na
constatação de que, numa análise
preliminar, não foram identificados outros
referenciais, o que não significa que esses
trabalhos não existam, mas somente que
não foram acessados.
Na base do SciELO foram
identificados 6 artigos, sendo 4 pela
vinculação entre “Educação do Campo” e
“Psicologia”. No pareamento com
“Psicologia Histórico-cultural”, obtivemos
um artigo que mencionava explicitamente
esse referencial, mas que havia sido
encontrado na pesquisa anterior. Adotando
o termo “Representações Sociais”, além de
um artigo encontrado na primeira
pesquisa, foram encontrados mais dois,
totalizando três artigos. Todos os artigos
encontrados foram publicados em revistas
de Psicologia, distribuídos da seguinte
forma: Revista Psicologia Escolar e
Educacional (2), Revista Psicologia e
Sociedade (1) e a Fractal - Revista de
Psicologia (1). Na pesquisa sobre a Teoria
das Representações Sociais e a Educação
do Campo, as revistas encontradas foram
da área de educação: Revista Brasileira de
Educação Especial e Educação em Revista.
No Quadro 1 é possível ver a lista de
autores, títulos, periódicos e anos de
publicação.
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Quadro 1 Lista de artigos publicados em periódicos.
autor(es)
autor/título
revista
ano
1
Azevedo, Alessandro
Augusto de
“Trabalhar com os braços e a cabeça
para ver o futuro...": representações
sobre educação a partir de
trabalhadores rurais assentados da
reforma agrária
Educar em Revista
2011
2
Dias, Alesandra Cabreira;
Dias, Gilmar Lopes;
Chamon, Edna Maria
Querido de Oliveira
Representação Social da Educação do
Campo para Professores em
Formação
Psicologia &
Sociedade
2016
3
Palma, Debora Teresa;
Carneio, Relma Urel
Carbone.
O olhar social da Deficiência
Intelectual em Escolas do Campo a
Partir dos Conceitos de Identidade e
de Diferença
Revista Brasileira
de Educação
Especial
2018
4
Bezerra, Delma Rosa dos
Santos; Silva, Ana Paula
Soares da.
Educação do Campo: apropriação
pelas professoras de uma escola de
assentamento
Psicologia Escolar e
Educacional
2018
5
Bauchspiess, Carolina;
Pedroza, Regina Lúcia
Sucupira
Psicologia e Políticas Educacionais:
Estado e o conhecimento nas Pós-
Graduações do Distrito Federal
(2006-2014)
Psicologia Escolar e
Educacional
2020
5
Ramos, Márcia Mara
Educação popular: instrumento de
formação, luta e resistência no
projeto educativo do MST
Fractal: Revista de
Psicologia
2020
Fonte: Base SciELO.
Dois dos artigos apresentados
destacam-se por representarem esse
movimento da Psicologia em relação à
temática da Educação do Campo. Pode-se
dizer que ambos se propõem a
compreender como a Educação do Campo
era apreendida por docentes e futuros
docentes.
O artigo de Bezerra e Silva (2018)
aborda a perspectiva de professoras em
assentamento do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra acerca
dos limites para a apropriação das políticas
da educação, tendo como referencial a
Psicologia Histórico-cultural, partindo dos
sentidos e significados produzidos por
essas professoras sobre a Educação do
Campo, sendo realizadas observações de
campo e entrevistas semiestruturadas.
Foram identificados como principais
limites reconhecidos pelas docentes a
orientação de seus trabalhos na perspectiva
da Educação do Campo, a relação com
gestores educacionais, a relação com o
projeto político-pedagógico e o currículo,
além das práticas pedagógicas. O artigo
estabelece um diálogo entre autores
referenciais em Educação do Campo e
autores da Psicologia Histórico-cultural,
atribuindo centralidade à Educação do
Campo como área de atuação e campo de
conhecimento em sua pesquisa.
O artigo de Dias et al. (2017) estuda
as representações sociais sobre a Educação
do Campo em docentes que cursavam uma
Licenciatura em Educação do Campo.
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Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas, analisadas com o auxílio
de um software para a construção das
principais classes de discurso. A análise
dos dados foi baseada na Teoria das
Representações Sociais. O artigo tem a
Educação do Campo como principal objeto
de estudo, utilizando seus referenciais
como matrizes para a compreensão dos
dados, e a Teoria das Representações
Sociais, como instrumental analítico.
No levantamento feito no Catálogo
de Dissertações e Teses da CAPES com os
descritores “Educação do Campo” e
“Abordagem Histórico-cultural” foram
identificadas 18 produções, sendo 13
dissertações e 5 teses. Vinculando o termo
“Representações Sociais”, consta naquele
banco de dados um total de 35 produções,
das quais 28 dissertações e 7 teses.
Utilizando o termo “Psicologia”,
encontramos 30 produções, sendo 20
dissertações e 10 teses. Excluindo os
trabalhos duplicados, obteve-se um total de
76 produções, com 57 dissertações e 19
teses. Em termos de instituições de
educação superior, a maioria dos trabalhos
foi desenvolvida na Universidade Federal
de Minas Gerais, Universidade de Brasília,
Universidade Federal do Recôncavo
Baiano, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Universidade de São Paulo,
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri e
Fundação Oswaldo Cruz.
Em termos de referenciais teóricos,
ressalta-se a predominância da Abordagem
Histórico-cultural e da Teoria das
Representações Sociais, consideradas
referenciais de uma perspectiva crítica da
Psicologia. Observa-se também a presença
da perspectiva analítica das
Representações Sociais em Movimento
(RSM), que se coloca como uma
construção derivada das questões e
demandas colocadas pelos sujeitos
campesinos em suas lutas pela Educação
do Campo. A partir do levantamento,
considerou-se como pertinente abrir um
tópico específico para apresentar o
referencial das RSM com maior
detalhamento.
Representações Sociais em Movimento
(RSM): construindo referenciais a partir
da experiência com os sujeitos
campesinos
O termo RSM foi criado a partir das
reflexões em torno dos questionamentos a
respeito da oferta do curso de Licenciatura
em Educação do Campo (LECampo), dos
cursos de formação continuada para
docentes das escolas públicas e das
pesquisas desenvolvidas na perspectiva da
Educação do Campo que podiam ser
trabalhadas do ponto de vista da Teoria das
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Representações Sociais (Moscovici, 1978).
A construção da perspectiva analítica
inicia-se com pesquisas realizadas entre
1995 e 2004 com professores atuantes em
escolas que atendiam à população
campesina em áreas de agricultura familiar
tradicional e em assentamentos (Rocha,
1995, Rocha & Soares, 2002). Desde
então, foi desenvolvido um conjunto de
pesquisas cujo resultado, após
sistematização, viabilizou a elaboração do
termo RSM. Em 2018, as reflexões até
então obtidas significaram, segundo
Jodelet (2018), a emergência de uma nova
abordagem no âmbito da Teoria das
Representações Sociais.
O histórico de construção da
abordagem das RSM registra que as
primeiras reflexões sobre o assunto
emergiram da identificação, na estrutura
representacional dos docentes, de uma
desqualificação do modo de vida
campesino pautada em dois eixos. Ora os
professores depreciavam, ora idealizavam
os modos de vida e/ou a capacidade de
aprender da população campesina. Em
estudos com professores que atuavam em
assentamentos, os pesquisadores
identificaram a desqualificação presente no
momento inicial do trabalho. Ao longo da
experiência, alguns professores tinham
realizado movimentos visando modificar
suas representações e outros, mesmo com
um tempo considerável de trabalho,
mantinham os conteúdos desqualificadores
(Antunes-Rocha, 2012).
O diálogo com a Teoria das
Representações Sociais proposta por
Moscovici (1978) possibilitou o encontro
com o conceito de “não familiar”. Nesse
contexto, o autor observava as
representações sociais desqualificadoras
como “coisas que não são classificadas e
que não possuem nome, são estranhas, não
existentes e ao mesmo tempo
ameaçadoras” Moscovici (1978, p. 61).
Seguindo a orientação de Moscovici (1978,
p. 59), de que, “ao se estudar uma
representação, nós devemos sempre tentar
descobrir a característica não familiar que
a motivou”, buscou-se o que seria não
familiar aos alunos e que provocou a
matriz desqualificadora das representações
docentes.
Com essa chave analítica, os
pesquisadores perceberam que os
professores, no momento da entrevista,
trilhavam três caminhos: havia os que
mantinham suas formas de pensar sobre o
não direito dos alunos a terem terras; os
que iniciavam uma reflexão sobre a
legitimidade dessa assertiva; e os que já
tinham superado essa perspectiva. Os
resultados também indicaram que os
professores que não haviam alterado sua
representação movimentaram-se em busca
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de outros conhecimentos e de trabalho para
organizar argumentos. Assim, nasce a ideia
de que as representações sociais se
movimentavam, ainda que as
movimentações fossem para permanecer
como antes diante dos desafios que as
novas situações provocavam.
A partir de 2010, outros
pesquisadores se interessaram pelas
representações sociais em movimento e
desenvolveram seus trabalhos em dois
cursos de Licenciatura em Educação do
Campo, em Escolas Família Agrícola e em
escolas públicas da Educação Básica. Até
2020, entre monografias, dissertações,
teses, pesquisas de pós-doutorado e
profissionais, registra-se a produção de 19
pesquisas (Quadro 2). Esses estudos
possibilitaram a compreensão dos desafios
vivenciados pelos estudantes que
ingressavam na Educação Superior para se
tornarem docentes camponeses, bem como
os docentes que já estavam atuando para se
apropriarem da matriz de referência da
Educação do Campo em seus princípios,
conceitos e práticas.
Quadro 2 Teses e dissertações concluídas na perspectiva das RSM.
nome
modalidade
título
ano de
conclusão
1
Lucimar Vieira
Aquino
Mestrado
Acadêmico
Representações sociais de educandas e educandos do
Curso de Licenciatura em Educação do Campo sobre
a leitura de textos acadêmicos
2013
2
Luciane de Souza
Diniz
Mestrado
Acadêmico
Representações sociais sobre a Educação do Campo
construídas por educandos do Curso de Licenciatura
em Educação do Campo
2013
3
Cristiene Adriana
da Silva Carvalho
Mestrado
Acadêmico
Representações sociais sobre as práticas artísticas dos
educandos do curso de Licenciatura em Educação do
Campo
2015
4
Roberto Telau
Mestrado
Acadêmico
O processo de ensino/aprendizagem na Pedagogia da
Alternância dos CEFFAs: um estudo na perspectiva
das representações sociais dos educadores
2015
5
Alessandra de
Jesus Meira Leão
Mestrado
Profissional
Professores e Educação do Campo do Município de
Francisco Sá/MG: um estudo na perspectiva da
Teoria das Representações Sociais
2016
6
Ellen Vieira
Santos
Mestrado
Profissional
Educação do Campo e Políticas Públicas:
experiências, vivências e intervenções do Movimento
Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
2016
7
Luiz Paulo Ribeiro
Doutorado
Regular
Representações sociais sobre a violência: um estudo
com educandos do Curso de Licenciatura em
Educação do Campo
2016
8
Naiane Dias Nunes
Mestrado
Profissional
Representações sociais dos estudantes do curso de
Licenciatura em Educação do Campo sobre o
movimento sindical.
2017
10
Cristiene Adriana
da Silva Carvalho
Doutorado
Regular
Representações sociais sobre as práticas artísticas:
um estudo sobre a prática docente
2017
11
Welessandra
Aparecida Benfica
Doutorado
Regular
A escrita de educandos(as) em formação para atuação
nas escolas do campo na perspectiva das
2017
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representações sociais
12
Elisabeth Moreira
Gomes Barroso
Doutorado
Regular
A escrita na formação de educadores do campo: um
estudo na perspectiva das representações sociais
2018
13
Luiz Paulo Ribeiro
Pós-
Doutorado
Identidade e representações sociais: evidências e
correlações a partir de pesquisas da área da educação
2018
14
Alexandre Fraga
de Araújo
Doutorado
Latino-
Americano
As representações sociais do uso de tecnologias por
educadores de escolas de Pedagogia da Alternância
do Brasil e Argentina.
2020
15
Érica Fernanda
Justino
Doutorado
Latino-
Americano
Representações sociais de professores que atuam no
contexto campesino sobre as práticas educativas: um
estudo comparado Brasil/Peru
2017
17
Leonardo de
Miranda Siqueira
Doutorado
Regular
Representações sociais acerca da construção do
conhecimento agroecológico nas Escolas Família
Agrícola do noroeste do estado do Espírito Santo
2018
18
Adriane Cristina
de Melo Hunzicker
Mestrado
Profissional
Representações sociais de professores da Escola de
Bento Rodrigues, Mariana
2019
19
Maria Isabel
Antunes-Rocha e
Marcelo Loures
dos Santos
Profissional
Impactos do rompimento da Barragem de Fundão na
identidade das escolas do campo: um estudo na
perspectiva das representações sociais
2020
Fonte: Acervo dos autores.
Analisando os temas, sujeitos,
contextos e o perfil dos autores, observa-se
que a maioria dos trabalhos foi
desenvolvida nos cursos de Licenciatura
em Educação do Campo da Universidade
Federal de Minas Gerais (discentes e
egressos). Em seguida, aparecem os
sujeitos atuantes em Escolas Família
Agrícola no Brasil, Peru e Argentina, um
trabalho realizado na Licenciatura em
Educação do Campo da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, e os demais realizados com
egressos do curso de formação continuada
Escola da Terra. Vale ressaltar que duas
pesquisas foram desenvolvidas com
docentes das escolas que foram atingidas
pelo rompimento da Barragem de Fundão.
Entre os autores, encontram-se egressos e
discentes da Licenciatura em Educação do
Campo e professores da Educação Básica.
Para esta exposição, foram
selecionadas uma dissertação e uma tese
desenvolvidas com estudantes da
LECampo (Carvalho, 2015, Benfica,
2017). O debate inicial concentrou-se na
identificação dos desafios vivenciados para
que eles se tornassem estudantes de uma
universidade. Em trabalhos anteriores
(Aquino, 2013), havia a sinalização de
dúvidas sobre os tensionamentos entre os
saberes de suas experiências, no sentido de
que pudessem ser desvalorizados pelo
conhecimento científico, o receio de que o
ingresso na universidade pudesse
contribuir para questionarem suas
identidades como camponeses e o desafio
de tomarem a Educação do Campo como
matriz de referência para a prática como
docentes. Essas eram questões presentes
nas formas de pensar, sentir e agir dos
estudantes.
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A pesquisa de Carvalho (2015) se
concentrou no tensionamento presente nas
práticas artísticas em suas manifestações
eruditas e populares, compreendido como
elemento para pensar a formação dos
professores do campo. A trajetória
metodológica permitiu acompanhar os
estudantes na chegada ao curso e durante o
processo formativo, priorizando o estágio e
a elaboração da monografia no momento
da entrevista. A hipótese que orientou a
pesquisa propunha que os sujeitos do
campo adentravam a Licenciatura em
Educação do Campo com suas práticas
artísticas ancoradas em referências
populares. Nos resultados, a autora cotejou
as representações sociais sobre as artes de
quando os estudantes ingressaram no curso
e as representações sociais expressas no
projeto de estágio.
Carvalho (2015) identificou
inicialmente dois grupos. O primeiro era
composto pelos estudantes que mantiveram
suas representações. Quando eles entraram
no curso, demonstraram ter uma
compreensão da arte como erudita ou
popular, e nas práticas desenvolvidas em
sala de aula apresentaram atividades que
indicavam uma manutenção da forma de
pensar, sentir e agir sobre a arte. O
segundo grupo apresentava movimentos
diferenciados: alguns estavam no grupo
que compartilhava a compreensão da arte
como erudita, alterando posteriormente
para popular, outros compreendiam a arte
como popular e alteraram para erudita, e
havia aqueles que, mesmo apresentando
pontos de partida diferenciados, estavam
caminhando no sentido da articulação entre
o erudito e o popular.
A tese de Benfica (2017) mostra a
relevância dos saberes prévios vinculados à
trajetória pessoal e social dos sujeitos
como fatores essenciais na movimentação
das representações. A autora abordou as
representações sociais da escrita dos
estudantes da LeCampo ao problematizar
pontos de tensão que dizem respeito ao
encontro, no processo formativo, entre as
representações de escrita que os sujeitos
trazem de suas experiências escolares e do
cotidiano e a escrita com a qual se deparam
ao entrar na universidade. Para a
pesquisadora, a escrita é algo que marca os
processos de escolarização dos sujeitos,
tendo relação com a constituição do poder
dentro da sociedade, e esse grupo de
estudantes em formação estando em
processo de luta para ocupar espaços em
que os trânsitos das formas de escrita
revelam-se promissores. Conforme lembra
Benfica (2017, p. 9), “esses sujeitos estão
localizados historicamente dentro de um
contexto de produção da escrita permeado
por práticas que emergem das suas
relações de trabalho, escolares e de luta.
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Escreve-se na Igreja, no sindicato, em casa
e na universidade.
O trabalho de Benfica (2017) foi
relevante para a discussão sobre o que
Moscovici denomina de tensão entre o
universo consensual e o universo
científico:
Mas a crise pior acontece quando as
tensões entre universos reificados e
consensuais criam uma ruptura entre
a linguagem dos conceitos e a das
representações, entre o conhecimento
científico e o popular. É como se a
própria sociedade se rompesse e não
houvesse uma maneira de preencher
o vazio entre os dois universos. Essas
tensões podem ser o resultado de
novas descobertas, novas
concepções, sua popularização na
linguagem do dia a dia e na
consciência coletiva (Moscovici,
2010, p. 91 citado por Benfica,
2017).
Na investigação de Benfica (2017, p.
125), a entrevistada Beatriz narra sua
trajetória em busca de um caminho para
dialogar com sua experiência e saberes
prévios sobre a escrita e com os
conhecimentos adquiridos na universidade.
Eu quero escrever um livro, eu não
quero escrever um livro na norma
padrão, com aquelas palavras cultas
não. Eu quero fazer um livro, mas eu
quero assim com minhas palavras,
sabe? Uns livros tipo... assim, eu
gostei de uns poemas de Ariano
Suassuna, né? É assim, né, que
chama? Eu gostei. Eu estava lendo
uns hoje também de Guimarães Rosa,
que é um pouco confuso, mas é
daquele tipo que eu quero, tipo
assim, eu não quero que tira minha
identidade, eu quero colocar o que
eu sou do meu jeito, da minha fala
(Beatriz) (Benfica, 2017, p. 125).
Nesse trecho da narrativa de Beatriz,
encontramos um dos caminhos
encontrados pelos sujeitos do curso de
Licenciatura em Educação do Campo para
lidar com os desafios advindos do encontro
entre os conhecimentos acadêmicos e os
conhecimentos do universo campesino.
Numa análise ainda preliminar do
processo de construção da delimitação
conceitual e metodológica, bem como da
validação da comunidade acadêmica da
abordagem das RSM, observa-se uma
consistente produção que se expressa, além
das teses e dissertações, em publicação de
livros, artigos e apresentações em eventos
(Antunes-Rocha, 2012; Ribeiro, 2017;
Carvalho, 2015, Antunes-Rocha & Ribeiro,
2018). Outro ponto diz respeito ao uso da
abordagem para pesquisas em outros
contextos (Amorim-Silva, 2016). O mais
relevante é que os trabalhos desenvolvidos
deixam claro que as questões que
impulsionam as reflexões estão ancoradas
nas práticas de luta, resistências e
conquistas dos povos campesinos.
Nesse sentido, os sujeitos e o
contexto campesino tornam-se campo fértil
para a geração de teorias que dialogam
com suas demandas. Possivelmente não se
trata de referenciais construídos para, mas
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sim com o protagonismo autoral dos
camponeses e dos seus contextos.
Para continuar a conversa
O objetivo deste trabalho consistiu
em identificar e discutir os referenciais
teóricos produzidos no âmbito da
Psicologia que têm sido utilizados na
Educação do Campo, centrando a análise
nos trabalhos que estão sendo produzidos
na perspectiva das Representações Sociais
em Movimento (RSM). Para isso, foi
necessário levar em consideração que
havia um trabalho desenvolvido no início
do século XX por psicólogos que
participaram de um movimento de luta
pela oferta da educação escolar no
contexto campesino. Daí a necessidade de
trazer essa experiência, ainda que em
linhas gerais, por se considerar relevante
registrar que os referenciais psicológicos
estão presentes na construção inicial do
projeto de Educação Rural no país. É
importante evidenciar que Helena Antipoff
e Lourenço Filho não aplicaram as teorias
com as quais tiveram contato na Europa e
nos Estados Unidos diretamente sobre a
realidade brasileira, mas fizeram um
trabalho de reelaboração e, em várias
ocasiões, de criação de novos referenciais e
instrumentos (Campos, 2018).
Uma das maiores lições dessa
experiência diz respeito à participação dos
povos camponeses no processo de
elaboração, gestão e de apropriação das
ideias e práticas desenvolvidas. Helena
Antipoff e Lourenço Filho tinham vínculos
com escolas para formação de professores,
inclusive como fundadores de institutos e
laboratórios de Psicologia, mas seus
projetos ancoravam-se somente na gestão
pública de âmbito estadual e/ou nacional.
No processo de transferência para os
municípios da responsabilidade sobre a
Educação Rural, observa-se o
enfraquecimento paulatino das propostas
de ambos como referências nas políticas
educacionais de âmbito nacional e
estadual.
Assim é que o silêncio político e
acadêmico sobre a Educação Rural
repercute nas produções na área da
Psicologia. A emergência de novos estudos
surge com a mobilização realizada pelos
movimentos sociais em luta pela terra no
final da década de 1990. Daí por diante, é
possível ver uma crescente participação,
identificada a partir da publicação de
artigos, dos referenciais da Psicologia nas
questões que dizem respeito aos desafios e
possibilidades da construção da Educação
do Campo como movimento de luta, de
práticas e de conquistas de políticas
públicas.
A produção registrada por meio de
artigos, dissertações e teses sinaliza para
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uma presença crescente da Psicologia, com
seus referenciais teóricos de uma
perspectiva crítica, no contexto das lutas e
das conquistas do povo campesino, no que
diz respeito ao seu direito à educação.
Certamente outros referenciais teóricos
podem estar presentes na produção que
dialoga com a Psicologia, notadamente os
que abordam temáticas como educação
especial, dificuldades de aprendizagem,
relações família escola, relações
professor aluno e identidade, para citar
algumas. Como a intenção deste texto é
focalizar o diálogo com os referenciais
teóricos, entendemos que este é um
caminho que pode ser explorado.
Nesse contexto é que se pode
identificar a emergência da construção da
perspectiva das RSM. O que esse
referencial anuncia é que sua elaboração
emerge da Teoria das Representações
Sociais, mas as questões e demandas
levantadas pelos povos campesinos
impulsionaram a revisão e indicação de um
aporte teórico capaz de contribuir para a
identificação dos desafios, indicando
também as possibilidades para fortalecer,
ampliar e consolidar as conquistas. Aqui
vale ressaltar a presença dos sujeitos
campesinos como autores do processo
criativo: egressos e docentes dos Centros
Familiares de Formação por Alternância,
de escolas públicas e da Educação
Superior, a maioria deles atuando como
autores de dissertações e teses. Sendo
assim, esses sujeitos estão protagonizando
e apropriando-se de conhecimentos que
certamente contribuirão para o
enraizamento de suas conquistas como
bem coletivo, como ferramenta de luta e
como referência para ampliar e fortalecer
seus modos de produção e reprodução da
vida numa perspectiva emancipatória.
Num primeiro momento, é possível
apreender que os sujeitos do campo e suas
lutas pelo direito à educação criaram
condições para a emergência de novas
teorias, ou seja, de conceitos e
metodologias elaboradas para responder às
suas questões e demandas vinculadas à
construção de formas de produzir e
reproduzir suas existências de forma digna
e sustentável. Sem sombra de dúvidas,
foram os sujeitos campesinos e seus
contextos de vida que interrogaram as
teorias psicológicas sobre os limites e
possibilidades de articulação, escuta e
apropriação às suas demandas na área da
educação escolar.
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https://doi.org/10.7476/9788542303193
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(Orgs.). (2018). Representações sociais em
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Curitiba: Appris Editora.
Aquino, L. V. (2013). Representações
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Minas Gerais, Belo Horizonte. Recuperado
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i
Com variação para “Representações Sociais”.
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 31/03/2021
Aprovado em: 04/05/2021
Publicado em: 12/07/2021
Received on March 31th, 2021
Accepted on May 04th, 2021
Published on July, 12th, 2021
Contribuições no Artigo: Os autores foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de Interesse: Os autores declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Não tem.
Funding
No funding.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Antunes-Rocha, M. I., & Santos, M. L. (2021). Educação
do Campo e Psicologia: possibilidades e limites de
diálogos comprometidos com a luta por direitos. Rev.
Bras. Educ. Camp., 6, e11863.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11863
ABNT
ANTUNES-ROCHA, M. I.; SANTOS, M. L. Educação do
Campo e Psicologia: possibilidades e limites de diálogos
comprometidos com a luta por direitos. Rev. Bras. Educ.
Camp., Tocantinópolis, v. 6, e11863, 2021.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e11863