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Compreende-se que a ENE pode ser conceituada como uma categoria temática que engloba
práticas consideradas formativas situadas fora da escola. É, portanto, mais adequada para se
referir aos espaços educativos em que ocorrem processos não-formais e informais, embora
em alguns casos seja possível reconhecer atividades formais que se desenvolvem fora da
escola, em contextos não convencionais. Do mesmo modo, a escola pode ser cenário de
atividades educativas não-formais, como ocorre no caso das práticas de educação social em
instituições escolares, as quais configuram um campo em construção pelo esforço de inserir
no contexto da escola, especialmente sob a perspectiva da educação integral, atividades de
caráter educativo complementar e integrativo ao desenvolvimento do projeto político-
pedagógico e do currículo, a exemplo de oficinas musicais, artísticas, esportivas e extensão
comunitária. (Severo, 2015, p. 565).
Com base nesses pressupostos, defendemos que a Pedagogia da Alternância é
fundamentalmente um processo de Educação Não Escolar, na medida em que se insere no
paradigma de aprendizagem ao longo da vida. Através desse paradigma, são desenvolvidas
“ações que prolongam os tempos e os espaços de formação e autoformação, com base em
necessidades contextuais dos sujeitos e das comunidades, emergentes nas esferas das
sociabilidades humanas e do trabalho” (Severo, 2015, p. 566).
Mais do que uma práxis educativa não escolar, a Pedagogia da Alternância é uma escola
da experiência, que se concretiza por meio de práticas educativas abertas, plurais e
contextualizadas, em que a cultura e a experiência vivida pelos sujeitos são a base para a
construção de saberes e atitudes críticas e criativas. No nosso entendimento, a Pedagogia da
Alternância insere-se no campo das pedagogias da práxis, inspirando-se em autores marxistas
como Pistrak (1981) e Gramsci (2001). “A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática
pedagógica que procura não esconder o conflito, a contradição, mas, ao contrário, entende-os
como inerentes à existência humana, explicita-os, convive com a contradição e o conflito. Ela
se inspira na dialética. Para a pedagogia da práxis a escola deve perseguir objetivos sociais e
não meramente pedagógicos” (Gadotti, 2012, p. 17). Portanto, podemos inferir que ela é
produto de uma dialética com várias dimensões “... Experiência singular de cada pessoa, ela é,
também, a mais complexa das relações sociais, dado que se inscreve, ao mesmo tempo, no
campo cultural, no laboral e no da cidadania.” (Delors, 1999, p. 107).
Formação em alternância: escola da experiência
A Pedagogia da Alternância envolve processos educativos em tempos e espaços
escolares e não escolares. Ou seja, busca-se uma unidade formativa do território escolar
articulado aos territórios da família, da comunidade, do trabalho, enfim, das práticas sociais.
Pineau (1999) anuncia a Alternância como escola da experiência. “A escola da experiência é