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No caso do MST, por exemplo, a música ocupa, historicamente, espaço privilegiado em
diversas atividades, em especial durante as festividades e as místicas (Benzi, 2014, Caldart,
2001, Groff & Maheirie, 2011, Menezes Neto, 2016).
Conforme Groff e Maheirie (2011, p. 360),
A música no MST tem sua história junto com o surgimento do Movimento, influenciada
principalmente pela mediação da igreja católica, quando na utilização de elementos artísticos
nos momentos da mística. A mística é herança da relação do Movimento com as
Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), sendo que a mística do MST deve ser
compreendida como resultado de um processo histórico conflituoso, onde a forma de
compreender elementos como a fé e a política são ressignificados.
A mística, segundo Caldart (2001, p. 222), “... é o sentimento materializado em
símbolos que ajudam as pessoas a manter a utopia coletiva”. Segundo essa autora,
No MST a mística é uma das dimensões básicas do processo de formação dos Sem Terra, e a
escola pode ajudar a cultivar este elo simbólico entre a memória e a utopia, entre a raiz e o
projeto. Fazendo isto certamente estará trabalhando com valores, que são os que sustentam
qualquer processo de formação humana. Raiz e projeto se constituem de valores; e são os
valores que movem uma coletividade; a escola pode criar um ambiente educativo que
recupere, forme, fortaleça os valores verdadeiramente humanos, e então estará efetivamente
contribuindo para que o movimento educativo se produza e reproduza também dentro dela
(Caldart, 2001, p. 222).
Ainda no que se refere à mística, Groff e Maheirie (2011, p. 360) apontam que “a
mística do MST carrega, então, expressões do campo da arte, como o teatro, a poesia e,
principalmente, a música”. Dessa forma,
… o MST investe significativamente em uma produção musical própria com CD’s como:
Arte em Movimento (1998), com 19 músicas e 1 poema; Plantando Cirandas (2000), com 22
músicas; Cantares da Educação do Campo (2006), com 16 músicas e um livro onde constam
77 letras de músicas do Movimento … (Groff & Maheirie, 2011, p. 360).
Para Groff e Maheirie (2011, p. 367),
A música é, neste sentido, uma prática política e cultural dos movimentos sociais que tem a
capacidade de mediar diversas atividades e ações dos movimentos. No caso do MST fica
evidente sua importância, pois ela se faz presente desde as ocupações, até os momentos de
comemoração, criando significados para o Movimento e possibilidades de identificação.
Ainda, no entendimento de Groff e Maheirie (2011, p. 367),
As canções utilizadas no contexto deste movimento social possibilitam, por meio da
apropriação de suas letras, a manutenção dos valores, idéias e projetos do MST, podem
produzir sentimentos de coletividade, união e engajamento político, sendo utilizada como