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e exibições de filmes e
documentários para a produtora de
Llopis, The Pará Films, o que, de
certa forma, correspondia a efectuar
o mesmo que o seu irmão Ricard
realizara na Hispano Films. A aposta
de partir e ir ‘hacer las Américas’...
(Ruiz-Peinado, 2013, p. 279).
O contrato firmado com Baños
previa exatamente trabalhar em Belém do
Pará como projecionista, operador de
câmera e fotógrafo pelos quais,
respectivamente, receberia 10%, 25% e
50% dos ganhos nas atividades, além de
um salário mensal fixo no valor de 300
pesetas, assim como passagem e
instalações em camarote na primeira classe
do navio para ir a capital paraense. Na
bagagem, Banõs levou às terras brasileiras
películas virgens, um projetor da Casa
Prévost de Paris (similar ao da Casa
Pathé), equipamentos de fotografia,
prateleiras de madeiras e químicos, além
de um piano de manúbrio, acompanhado
de equipamentos de percussão (pratos e
timbales). Só não levou a reveladora
Prestwich que chegaria apenas alguns
meses depois.
Quando Baños chegou a Belém, em
1911, ele ficou hospedado na casa de
Joaquín Llopis, localizada na Praça Justo
Chermont, número 39. Atualmente essa
praça, denominada de Praça Santuário,
integra o complexo da Basílica Santuário
de Nossa Senhora de Nazaré. Um local
que, desde 1793, atrai milhares devotos,
especialmente todo segundo domingo de
outubro, quando ocorre a procissão do
Círio de Nossa Senhora de Nazaré. O
teatro para o qual Banõs foi contratado
para gerenciar ficava exatamente junto à
casa de Llopis, a poucos metros da praça.
Trata-se de um terreno para projeção de
cinema, que só funcionava, então, em
ocasiões festivas.
Ramón de Baños instalou-se na casa
de Joaquín Llopis, em Belém do
Gran Pará, em frente à Praça de
Nazareth. Num grande jardim ou
‘quintal’ daquela casa localizavam-se
os terrenos destinados ao cinema, que
levava o pomposo nome de ‘Theatro
Odeon’ e que se encontrava em grave
estado de abandono, visto que só era
utilizado nas festas de Nossa Senhora
de Nazareth (de 8 a 22 de outubro). O
primeiro trabalho consistiria na
reparação do cinema e de uma sala-
laboratório, com a colaboração de um
carpinteiro catalão - um certo
Fabregas - e de um eletricista
português chamado Manoel. Este
seria o ‘assistente de filmagem’ que
acompanhou Baños durante sua
estada no Brasil. (González López,
1986, p. 214, tradução nossa).
Em suas memórias, conforme
González López (1986), Baños descreveu
Llopis como um comerciante de posses,
inteligente, com boas relações e muito
ativo nos negócios, incansável para ganhar
dinheiro. Um pouco rude como um “bom
levantino”. Fisicamente se tratava de um
homem com porte indiano, estatura média,
com grandes bigodes com alguns fios
brancos, olhos negros, brilhantes e vivos,