Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e12458
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
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2021
ISSN: 2525-4863
1
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Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos
constituímos enquanto comunidade e produzimos
colaborativamente conhecimento emancipatório sobre
investigação baseada em artes?
Ana Serra Rocha
1
, Ana Paula Caetano
2
, Ana Luisa Paz
3
1, 2, 3
Universidade de Lisboa. Instituto de Educação, UIDEF.
1
Universidade de Lisboa,
1
Faculdade de Belas Artes, CIEBA.
1
Universidade do Porto, Faculdade de Belas Artes, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.
Autor para correspondência/Author for correspondence: rocha.ana@campus.ul.pt
RESUMO. Este artigo configura uma narrativa colaborativa de
três elementos do Grupo de Estudos em Processos Participativos
e Artísticos em Investigação e Educação (GEPPAIE), composto
por investigadores em formação (docentes, doutorandos e
mestrandos em áreas da Educação). Parte da interrogação: como
temos vivido, enquanto grupo de estudos do ensino superior,
nossos espaços de encontro(s) para a produção de conhecimento
emancipatório sobre a investigação, nomeadamente sobre a
pesquisa baseada em artes? Esta interrogação desdobra-se
noutras e é mote para apresentarmos o produzido
coletivamente, mas também para criarmos as novas escritas e
reflexões que estão vertidas neste texto. Integra-se, ainda, no
doutoramento de Ana Serra Rocha, centrado na problematização
de A experiência do lugar do livro como um lugar de reflexão
epistemológica na educação artística, visando ampliar a
reflexão sobre o campo da educação artística e sobre os estudos
doutorais desenvolvidos nesta área. Tem por objetivo refletir
sobre os processos participativos de criação colaborativa e sobre
algumas questões que se têm vindo a debater no GEPPAIE,
nomeadamente de ordem relacional e metodológica, tendo em
vista a (des/re)construção do conhecimento e a problematização
das suas formas de organização escrita e visual.
Palavras-chave: comunidade relacional, construção dialógica
de conhecimento, narrativas colaborativas, cardografia, tese de
doutoramento.
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
colaborativamente conhecimento emancipatório sobre investigação baseada em artes?
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Intertwined narratives in higher education - How do we
constitute ourselves as a community and collaboratively
produce emancipatory knowledge about arts-based
research?
ABSTRACT. This article sets up a collaborative narrative of
three elements from the Group Study on Participatory and
Artistic Processes in Research and Education (GEPPAIE),
composed of researchers in academic and professional
development (professors, doctoral and master's students in
Education areas). It begins with a question: how have we
experienced, as a higher education study group, our meeting
spaces for the production of emancipatory knowledge about
research, especially about arts-based research? This question
unfolds into others and drives us to what has already been
produced collectively, but also boosts the new writings and
reflections in this text. It is also part of Ana Serra Rocha's PhD,
focused on the problematization of The book’s experience as a
place of epistemological reflection in artistic education, aiming
at a broader reflection in the field of artistic education and in
doctoral studies. It speculates on the participatory processes of
collaborative creation and on some issues that have been
debated at GEPPAIE, namely of a relational and methodological
nature, with a view to (des/re)construction of knowledge and its
forms of written and visual representation.
Keywords: relational community, dialogic knowledge
construction, collaborative narratives, cardography, doctoral
thesis.
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
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Narrativas entrelazadas en la educación superior: ¿cómo
nos constituimos como comunidad y producimos en
colaboración conocimiento emancipatorio sobre la
investigación basada en las artes?
RESUMEN. Este artículo configura una narrativa colaborativa
de tres elementos del Grupo de Estudios en Procesos Artísticos
y Participativos en Investigación y Educación (GEPPAIE),
integrado por investigadores en formación (profesores,
estudiantes de doctorado y máster en áreas de Educación).
Comienza con una pregunta: ¿cómo hemos vivido nosotros,
como grupo de estudio de educación superior, nuestros espacios
de encuentro para la producción de conocimiento emancipatorio
sobre la investigación, es decir, sobre la investigación basada en
las artes? Esta pregunta se desdobla en otras y es el lema para
presentar lo ya producido colectivamente, pero también para
crear los nuevos escritos y reflexiones que se reflejan en este
texto. También forma parte del doctorado de Ana Serra Rocha,
centrado en la problematización de El lugar de la experiencia
del libro como lugar de reflexión epistemológica, en el contexto
de la educación artística, con el objetivo de ampliar la reflexión
sobre el campo de la educación artística y sobre los estudios de
doctorado desarrollados en este ámbito. Tiene como objetivo
reflexionar sobre los procesos participativos de creación
colaborativa y sobre algunos temas que se han debatido en
GEPPAIE, es decir, de carácter relacional y metodológico, con
miras a la (des/re) construcción del conocimiento y la
problematización de sus formas de escritura y organización
visual.
Palabras clave: comunidad relacional, construcción dialógica
del conocimiento, narrativas colaborativas, cardografía, tesis de
doctorado.
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
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Introdução
Obrigada GEPPAIE, pela
oportunidade de “uma narrativa
dinâmica com enredo fluido,
costurado com fragmentos das
múltiplas histórias que vivenciamos e
compartilhamos de diversas formas
com alguns mais próximos física e
digitalmente" (Moran, 2015, p. 31).
C.S. Correia, comunicação pessoal
por email, abril, 2020).
Este artigo trouxe-nos a
possibilidade de regressar ao passado, mais
e menos longínquo, para fazer a genealogia
do Grupo de Estudos em Processos
Participativos e Artísticos em Investigação
e Educação (GEPPAIE), na perspectiva de
relançar os passos a seguir. Muitas são as
questões que emergem e se mantêm em
aberto: quais os propósitos e a identidade
de cada um no grupo? Quem somos? O
que queremos? O que cada um é no
coletivo? O que é o coletivo para cada um
de nós? Somos um grupo seremos uma
comunidade? O que nos emancipa como
investigadores? Temos um centro ou
somos rizoma, sem centro nem periferia,
sem dentro nem fora? Quando entrámos?
Suspendendo-nos temporariamente,
manter-nos-emos dentro? Em
movimento… A que compromissos nos
dispomos?
Queremos produzir juntos: projetos,
artigos, livros, comunicações, eventos.
Queremos ter lugar enquanto indivíduos
com projetos próprios. Para cada um, o
grupo representa-se como espaço de
liberdade que nos constrange a refletir, que
nos desafia a re-equacionar o nosso lugar
neste mundo.
Ao mesmo tempo, este artigo
pretende ser parte integrante da Tese de
Doutoramento em Educação Artística da
primeira autora, que se propõe, a partir de
uma metodologia baseada em artes (arts-
based research), investigar A experiência
do lugar do livro como um lugar de
reflexão epistemológica na educação
artística, centrada em processos
participativos que ocorrem no ensino
superior e que se desenvolvem utilizando
dispositivos artísticos, nomeadamente em
workshops organizados em torno de uma
pergunta de investigação.
Ana Serra Rocha tem mantido uma
forte convicção na importância de
apresentar publicamente o(s) processo(s) e
resultado(s) da investigação; através de
metodologias baseadas em artes, como a
a/r/tografia, assentes numa dimensão
artística, que entrelaça a construção de
objetos de investigação, texto e imagem
gráfica, num diálogo entre os processos
pedagógicos e a construção de
conhecimento.
A partir dos encontros e da
investigação realizada no GEPPAIE, a
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
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autora desenvolveu o novo conceito de
cardografia, inspirada na sequência de
registos realizados durante a primeira
sessão do grupo, em pequenos cartões de
10cm x 10cm. A adaptabilidade destes
cartões modelares permite que funcionem
como repositórios (inter)subjetivos dos
acontecimentos vividos pelos participantes
e re-significados na criação dos registos,
levando a que, no seu conjunto, se
constituam como novos objetos de
investigação.
Tal como na a/r/tography, em que as
três primeiras letras introduzem um
significado, com A artist (artista), R
researcher (investigador), T teacher
(professor), na cardography, as quatro
primeiras letras representam: card (cartão,
como folha ou parte de um livro) e as
restantes graphy (como a escrita ou grafia
em que nele é impressa). Cada letra
individualmente é entendida como: C
context (contexto), A artistic (artístico),
R research (re-significação), e D doing
(acção de fazer). Estes cartões modelares
assumem-se como registo, num contexto
específico, que parte de uma pergunta de
investigação, e se desenvolve através de
uma metodologia baseada em artes,
envolvendo as tessituras dos participantes
no registo cardográfico, tendo em vista a
criação e a partilha visual da pesquisa
através da construção de uma investigação.
O artigo convoca estes e outros
processos de construção de conhecimento
que têm vindo a ser ensaiados no
GEPPAIE, interroga a sua dimensão
colaborativa e a inserção numa tese de
doutoramento. No caso de uma tese
formada por artigos, como é o caso do
processo levado a efeito por Ana Serra
Rocha, a situação leva-nos a assumir que o
artigo é mais uma página, composta de
fragmentos de outras, um hipertexto que
tece a história que vamos construindo do
nosso mundo-comunidade, mas também
página de outros livros que se têm vindo a
construir sobre processos participativos e
artísticos de investigação e formação.
Instituindo-se sem se tornar
institucionalizado
Como o GEPPAIE cria / oferece /
estabelece um lugar para o
investigador? De que forma pode o
GEPPAIE contribuir para uma
aprendizagem dinâmica e
contemporânea?
O Grupo de Estudos em Processos
Participativos e Artísticos de Investigação
e Educação (GEPPAIE) foi originalmente
proposto por Ana Paula Caetano e Ana
Luísa Paz (professoras do Instituto de
Educação da Universidade de Lisboa),
constituindo uma comunidade de
aprendizagem, composta por elementos do
corpo docente, investigadores, e
estudantes. Somos um grupo informal de
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investigadores, doutorandos e mestrandos
das áreas da educação e formação,
nomeadamente de Educação Artística,
Formação de Professores, Formação de
Adultos e Desenvolvimento Social e
Cultural, maioritariamente do Instituto de
Educação da Universidade de Lisboa e do
seu Centro de Investigação a Unidade de
Investigação e Desenvolvimento em
Educação e Formação (UIDEF). Uma vez
que o Doutoramento em Educação
Artística é um programa conjunto entre a
Universidade de Lisboa - através da
sua Faculdade de Belas Artes e Instituto de
Educação - e a Universidade do Porto -
através das suas Faculdades de Belas Artes
e de Psicologia e de Ciências da Educação
- também membros apenas inscritos no
Centro de Investigação da Faculdade de
Belas Artes da Universidade de Lisboa
(CIEBA).
A criação deste grupo de trabalho
decorre de pesquisas colaborativas
anteriores entre docentes e discentes
centradas nesses temas, dos quais se
destacam, como mais recentes e
envolvendo alguns dos autores deste
artigo, as publicações de Caetano et al.
(2019a, 2019b, 2020a, 2020b), Machado et
al. (2020), Paz e Caetano (2019, 2020).
O grupo de estudos pretende
aprofundar a pesquisa e reflexão sobre
processos participativos e/ou artísticos de
investigação e educação; garantir um
espaço de encontro, investigação e reflexão
onde se cruzam processos de leitura e de
escrita coletiva em temas de interesse
comum para os participantes que
desenvolvem pesquisas mobilizando
metodologias participativas e artísticas;
refletir e aprofundar coletivamente
problemáticas socias e de interesse para os
participantes; explorar metodologias
baseadas em artes com contributo para a
comunidade educativa em geral.
No início, em 2020, o convite foi
lançado a professores e estudantes por e-
mail, e na primeira sessão a 5 de março foi
apresentada a proposta referente ao
GEPPAIE. A sessão presencial iniciou-se
com 14 elementos e foi lançado o desafio
de efetuar um registo gráfico individual
durante o decurso da sessão, através de
cartões de 10 cm x 10 cm, o que no final
resultou numa construção cardográfica
testemunhando a história colectiva
(imagem 1).
Imagem 1 - GEPPAIE, 1ª Cardografia - construção colaborativa resultante das grafias individuais durante a
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sessão de 5 março 2020 utilizando cartões de 10cm x 10cm.
Fonte: Ana Serra Rocha, 2021.
Durante a pandemia iniciámos o
processo de encontros à distância por
videoconferência, o que aproximou
participantes do grupo que, de outro modo,
não poderiam estar presentes pela
localização geográfica dispersa. O querer
manter essa possibilidade e a dificuldade
de um processo de comunicação com um
grupo misto, com alguns presentes de
corpo e máscara e outros tentando
acompanhar do outro lado do ecrã, levou-
nos a manter o processo de encontros
remotos e síncronos.
Neste momento, em setembro de
2021, contamos com 34 membros, embora
haja um núcleo mais persistente e ativo de
cerca de 12 mulheres (Rocha, Paz,
Caetano, S. Gomes, Ré, Augusto, Teixeira,
Correia Silva, G. Nascimento, Martins,
Paixão e Silva, Marques), mantendo-se os
restantes mais ausentes por
indisponibilidades várias, entre as quais os
afazeres profissionais, mas manifestando
interesse em continuar a acompanhar os
trabalhos. Alguns membros nesta situação
aparecem pontualmente nas reuniões,
como Bartasevicius, Bila, D. Nascimento,
D. Gomes, Sarmento, Almeida Gomes,
Lacerda, entre outros.
Atualmente, reunimos em sessões
quinzenais e, normalmente, no início da
sessão é apresentado o objectivo (aliás
muitas vezes definido na sessão anterior),
para, durante os 15 dias de intervalo, ser
partilhado o que se irá apresentar/debater
na sessão seguinte, normalmente com o
suporte de um texto para uma leitura
prévia. Entre sessões, vão-se
disponibilizando, nas plataformas digitais
do grupo, artigos, documentários, vídeos e
outros elementos que constituem espaços e
encontros de partilha, provocação e
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aprendizagem, numa base em que os
projetos de trabalho emergem
coletivamente a partir dos interesses de
todos, atuando simultaneamente com o
pensar-sentir-fazer-refletir-partilhar,
perspectivando diferentes processos
participativos e artísticos de investigação e
educação.
No final de cada sessão é redigida
uma ata, uma cardografia ou outro suporte
visual, que é disponibilizado na google
drive. Pretendemos promover a construção
colectiva de conhecimento, baseado no
diálogo igualitário, na reflexão e
manufatura de objetos (escrita ou grafia), e
no desenvolvimento de um repositório
(digital) de produções escritas e visuais
correlacionadas com as inquietações
levantadas pelo grupo, entre as quais
destacamos algumas questões que nos têm
inquietado:
- O que é a investigação
participativa?
- Que questões éticas se colocam na
investigação participativa e nas nossas
investigações em particular?
- Que tensões e dilemas temos vivido
no decorrer das nossas investigações
participativas e baseadas em artes?
- Como me construo enquanto
investigador?
- Como as nossas investigações são
também formadoras de e para os seus
diversos participantes?
- Qual o lugar possível para uma
participação colaborativa na escrita de uma
tese de doutoramento?
Para além de livros e artigos dos
autores que se ocupam destes temas e que
têm alimentado a nossa pesquisa e
reflexão, temos vindo a compilar textos
nossos que vão sendo produzidos ao longo
do tempo, alguns de modo individual e
outros coletivamente, e que são
disponibilizados entre as sessões
quinzenais, pelo que utilizamos
frequentemente o google drive, ferramenta
que nos permite escrever
colaborativamente estando os seus
membros sediados em diferentes pontos do
globo (entre Portugal, Brasil e Alemanha),
sincrónica e assincronicamente. São disso
exemplo:
- Escritas coletivas em construção:
Quarentena em 100 atos: Mea Culpa/Culpa
Minha; reflexões síncronas em suporte
digital no google drive, padlet e canvas.
- Sínteses colaborativas das reuniões:
atas e cardografias coletivas.
- Escritas individuais em construção:
fanzines, diários, cardografias, excertos de
projetos de investigação e de teses de
doutoramento.
- Repositório relacional: partilha de
textos para reflexão, de autores diversos.
- Comunicações em congressos,
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seminários, encontros.
Ao longo deste ano e meio de
trabalho conjunto temos vindo a ensaiar
caminhos, tendo o primeiro ano, entre
março e setembro de 2020, sido pautado
por aprofundar conceitos, concepções e
problemáticas relativas à investigação
participativa, e o segundo ano (de
setembro de 2021 até à presente data) tem
sido diversificado, uma vez que nos
centrámos mais (embora não apenas) em
questões metodológicas das teses de
doutoramento, nomeadamente sobre
processos de pesquisa baseada em artes,
cartografias, narrativas visuais, diários,
processos de (auto)formação apoiados em
tecnologias digitais, entre outros.
O lugar de encontro(s) numa
comunidade relacional
Como a comunidade é
simultaneamente um lugar de
reconhecimento mútuo e de
construção coletiva? Que
complexidades e ambiguidades
experimentamos em relação a
comprometimentos com o grupo e
com sentidos de pertença?
O GEPPAIE é um grupo que se
forma organicamente, autorizando e
convidando a entrada de elementos ao
grupo em qualquer sessão, promovendo o
espaço de encontro no âmbito dos
processos e práticas de investigação.
Foram notórias as mudanças na
composição dos membros ativos no grupo,
o que fará dele uma possibilidade em
aberto, sem obrigatoriedade de frequência,
flexível quanto aos modos de participação,
acomodando e não excluindo aqueles que
querem permanecer e acompanhar os
trabalhos de forma mais indireta, mesmo
que não consigam acompanhar todas as
sessões.
Esta opção assenta em princípios de
inclusão e de uma prática pedagógica
pautada por relações paritárias, diálogos
igualitários e horizontais (Flecha, 2015)
que procura proporcionar eventos de
aprendizagem e de suporte a
aprendizagens reais (Atkinson, 2015,
2018). Desencadeando eventos de grafia e
de escrita, encontros
inesperados/improváveis num suporte
digital através de uma escrita coletiva
iniciada no ano letivo 2019/2020 e ainda
em curso, entrelaçam-se experiências e
saberes de investigadores.
Questionamo-nos com frequência
sobre os diferentes papéis no grupo, cada
elemento revelando as suas características
de acordo com as possibilidades e
interesses, ou mesmo áreas a descobrir.
Existe uma rotatividade nos papéis
representados, sendo estes mutáveis
durante a mesma sessão ou entre sessões,
podendo cada elemento assumir o seu
papel de acordo com a intenção e
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necessidade. Esta cultura colaborativa e
flexível revela-se ainda no predomínio de
interações por acomodação (combinação e
fusão), mais do que por oposição e conflito
(Maisonneuve, 2004). As tomadas de
decisão do grupo revelam a dimensão
sócio-afetivo entre elementos do grupo
tecendo teias estabelecidas por relações de
investigações e outras de pertenças. É claro
o entrelaçamento existente, vai
acontecendo num processo de
reciprocidade, no sentido da capacidade de
escuta, compreensão e adaptação de
participação ao grupo.
Assim, as sessões de balanço
acontecem com abertura e busca de
autenticidade em reflexões síncronas, a
partir de um questionamento e
desenvolvendo metodologias tomadas
como participativas através de plataformas
digitais. Mobilizamos depoimentos vários
em momentos de balanço, testemunhos
dialógicos acerca da relevância do grupo e
dos seus processos para cada um, mais
uma vez tomando formas diversas, como é
o caso de cardografias individuais, de
artografias colaborativas integradas em
padlets e de excertos de diálogos que
foram acontecendo e se foram anotando
em diários, que são constituintes deste
corpo de texto. É disso exemplo a sessão
de 19 de março de 2019 (imagem 2), onde
estiveram on-line 11 participantes
dedicados a refletir sobre quatro eixos: o
que tem sido o GEPPAIE, o que gostaria
que fosse, o que poderá vir a ser, que
transformação?
Imagem 2 - GEPPAIE, Padlet colaborativo durante a sessão de balanço GEPPAIE (2019 - em curso) e QR code.
Fonte: GEPPAIE 2019.
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De acordo com as conclusões deste
último balanço, o grupo pretende continuar
a insistir numa educação não-formal,
recusando por agora a hipótese de
institucionalização, promovendo o diálogo
como fonte primeira de construção de
conhecimentos.
A trama enraizada do processo
colaborativo estabelece uma sinergia ativa
atenta às imprevisibilidades do
momento(s), articulada de forma flexível e
organizada de forma variável. Esta
dinâmica parece espelhar o diagrama C
desenvolvido por Paul Baran nos anos 60.
De acordo com a imagem 3, os diagramas
A e B apresentam um modelo centralizado
e hierárquico, convergente num ponto (ou
mais), interrompendo o fluxo de
comunicação, podendo ser centralizada
num nódulo ou em vários. O diagrama
C, apresenta uma total conexão entre os
‘nódulos’, em que os elementos do grupo
estão distribuídos em rede.
Imagem 3 - Diagrama de Paul Baran.
Fonte: (Baran, 1964, p. 2).
No entanto, por vezes acontecem
momentos durante as sessões que estão de
acordo com o esquema do diagrama B,
quando surgem micro-propósitos
combinados entre elementos do grupo, ou
com o esquema A, em que um dos
elementos centraliza uma dinâmica para o
restante grupo. Esta rede existe em pleno
funcionamento, porque é viva, e a sua
morfologia configura-se intrinsecamente
de acordo com as necessidades grupais. A
investigação colaborativa apresenta-se
baseada na confiança, no diálogo e na
comunicação autêntica com diferentes
formas e ritmos de colaboração. “A
colaboração não é um fim em si mesma,
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mas sim um meio para atingir certos
objetivos. Por isso, objetivos diferentes,
procedem em condições bastantes diversas,
exigem naturalmente, formas de
colaboração também muito diversas”
(Boavida & Ponte, 2002, p. 3). De facto,
“quanto mais diversificada for a equipa
maior esforço e mais tempo são
necessários para que funcione com êxito,
dada a variedade de linguagens, quadros de
referência e estilos” (p. 5). Esta
colaboração heterogénea e espontânea
possibilita que o grupo se redefina como
grupo em todas as sessões, pois nem
sempre estão os mesmos elementos.
Deleuze e Guattari (2002) propõem, com o
mesmo sentido, pensar o grupo como um
movimento subjetivo orgânico e maleável,
ou seja, dinâmico, interagindo na
horizontalidade, verticalidade e na
profundidade dos eixos de entendimento
grupal; assumindo uma transversalidade
atuante na troca de papéis por cada
membro do grupo. Esta colaboração
relacional tece a sua trama,
(des)construindo interesses e partilhas,
face aos sentimentos de segurança e de
pertença existentes, onde “o sentimento de
comunidade dilui e previne os sentimentos
de isolamento, solidão e alienação dos
indivíduos das suas comunidades”
(Ornelas, 2008, p. 39).
Dinâmicas dialógicas em torno dos
projectos de investigação
Como os processos colaborativos são
aprofundados pela integração de
dimensões artísticas? De que forma
a cardografia acompanha as
necessidades da investigação?
Nas dinâmicas dialógicas, a
exploração de um tema, questão ou outra
sugestão trazida ao grupo, tem sido uma
preocupação constante.
Esta partilha revela as necessidades
dos participantes ao longo do
desenvolvimento da escrita dos seus
artigos científicos, projetos, candidaturas a
programas específicos, participação em
congressos ou seminários, entre outras
situações. O grupo opera como um
laboratório coletivo de experimentação e
cogestão participativa. Fomentam-se
diálogos e conversas por imagens, escritas,
sons e silêncios, elementos de uma
educação livre no sentido de Paulo Freire
(1975, 1977), valorizando também a
aprendizagem experiencial, cultural e
emocional. O grupo faz acontecer um
encontro de educação libertadora,
emancipatória, no diálogo, cooperação,
união, partilha e aquisição de
conhecimento. Este diálogo igualitário,
corresponde ao reconhecimento de cada
sujeito, e promove a transformação na
construção de sentidos e aplicabilidade aos
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
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projetos em curso, de acordo com Loss
(2019)
necessitamos de vivenciar e fazer
experiências nos espaços educativos
com propostas de autoformação. A
autoformação e a construção de
sentido aos nossos sentidos, é a busca
do significado de quem somos e para
onde queremos ir. ... Ainda, a
autoformação possibilita ao ser
humano a reflexão de si mesmo, na
dinâmica da auto-observação, para o
alargamento das capacidades de
autonomização, de iniciativa e
criatividade. (p. 70).
Ao contrário do ano de 2019/20,
onde nos centrámos na clarificação de
conceitos e problematização de questões
amplas sobre processos participativos de
investigação, no ano de 2020/21
assumimos que uma parte substancial das
sessões seria desenvolvida em torno dos
projetos de investigação individuais,
nomeadamente nas teses de doutoramento
que se estão a desenvolver. Ainda assim,
procurámos empreender processos de
pesquisa teórica, reflexão e criação
dialógica que extravasassem o interesse
individual. Consideramos que os processos
colaborativos através da escrita e da
prática, ajudam os estudantes a realizarem
progressos e a suportar a teia rizomática
de, e para, a investigação, estabelecendo
uma construção de confiança e
horizontalidade, ritmada por um vai-e-vem
entre trabalho conceptual mais abstrato e
reflexão sobre os projetos concretos, com e
em constante feedback integrado no
próprio processo.
A título de exemplo, na sessão
dinamizada a 5 de fevereiro do corrente
ano, uma das investigadoras do grupo,
propôs a reflexão sobre o tema da sua tese
de doutoramento, em torno do seguinte
desafio:
o que me move, a partir das
características de vivência do tempo
contidas nos conceitos clássicos de
kairos (momento oportuno) e otium
(na sua concepção grega: tempo para
o estudo), que têm na sua base a
experimentação de um tempo
qualitativo. Pretende-se perceber de
que forma é que estes conceitos têm
evoluído e que espaço ocupam no
nosso quotidiano, particularmente no
que respeita à educação e aos
processos de criação artística teatral.
(Augusto, 2021, p. 1).
Assim, ao longo da sessão, enquanto
acompanha a discussão kairótica, Ana
Serra Rocha desenvolve a sua cardografia
em duas folhas A4 (imagem 4), iniciando
com os cartões modelares para delinear a
superfície horizontal na criação de espaços
temáticos. A cardografia apresenta espaços
que são ocupados pelas temáticas
abordadas: sistema de ensino, objecto tese,
construção do espaço branco, processos de
criação artística, entre outros. Existe um
desenvolvimento gráfico aliado aos
elementos de escrita, que acompanham o
observador na rotação do olhar e da
manipulação da superfície, para alcançar a
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colaborativamente conhecimento emancipatório sobre investigação baseada em artes?
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leitura de acordo com a orientação espacial.
Imagem 4 - GEPPAIE, Cardografia realizada por Ana Serra Rocha durante a sessão de 5/2/2021 centrada numa
investigação-tese doutoramento. Formato A4.
Fonte: Ana Serra Rocha 2021.
Para além destas incursões por
projetos individuais, várias outras
iniciativas dialógicas acontecem a partir de
diversos membros do GEPPAIE, através
de interligações de propostas de
investigações. Playing Scenes é um
workshop criado e desenvolvido por Ana
Serra Rocha e Ana Rita Teixeira,
apresentando-se como uma
proposta entendida como uma
oportunidade de explorar um
encontro entre dois projetos de
pesquisa de doutoramento em
educação artística, que desejam
explorar a pesquisa visual através do
movimento, desenho e escrita.
Criado como um workshop online
(fevereiro 2020), explorado por 6
investigadores (3 do GEPPAIE) de
diferentes áreas de ensino,
desenvolvido em torno da questão:
como podemos co-criar uma
cardografia espacial do processo de
reprodução da construção de
significados em workshops de
experiências, combinando a ideia de
corpos e livros como locais de
aprendizagem?
O projeto do workshop é criado a
partir de um novo conceito da
artografia, denominado cardografia,
(inventado por um dos autores para
endossar uma metodologia baseada
em um cartão) como um evento para:
aprender sobre uma metodologia de
pesquisa baseada nas artes; envolver
uma experiência rizomática de
compartilhamento de (re)significa-
ções por meio de corpos e processos
de movimento de livros; emaranhar
conexões entre o estado de abertura
ao conhecimento e a (re) significação
do propósito de pesquisa criativa de
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cada um. (Teixeira & Rocha, 2021,
no prelo).
Este caminho revela-se como uma
forma de tornar visível a investigação,
abrindo espaço para um ensaio narrativo
visual do processo de recriação
intersubjetiva de significados onde “os
modos singulares de cada (participante) se
expressam e juntos definem linhas comuns
de ação” (Pina & Caetano, 2019, p. 112).
Criam-se, assim, propostas orientadas pela
noção de imanência da aprendizagem, de
Atkinson (2012), deixando que as (co)
vivências nos afetem com entendimentos
de (des)apego, bem como novas formas de
contato-improvisação, para (des)enrolar os
encontros de nossos projetos de pesquisa.
Processos coletivos de criação
Como podem os processos
colaborativos ser aprofundados pela
dimensão visual e artística de uma
metodologia baseada em artes? Que
possibilidades se abrem com a
exploração das potencialidades das
ferramentas digitais na construção
do livro?
Construímos ambientes informais de
convívio e de aprendizagem em contexto
universitário refletindo sobre processos de
investigação, disponibilizando textos e
escritas no google drive com livre acesso
para todos, o que possibilita a utilização
deste espaço de repositório relacional
como um diálogo interativo.
No grupo, o autor é um coletivo e as
narrativas visuais e escritas convivem entre
si, de forma artística ou em escrita
narrativa; habitamos este espaço
interceptando o tema do encontro e as
histórias pessoais, como elementos de
experiências colaborativas na construção
conjunta de significado. Este portfólio
constitui-se como um caderno digital,
ponto de encontro e zona de estar dos
elementos do grupo. Material sempre
disponível, passível de ser (re)visitado,
(re)significado, com a inscrição de texto e
ou imagem em qualquer lugar da
construção da narrativa. Este suporte
contempla registos individuais ou do
coletivo, em tempos simultâneos ou
diferenciais, narrativas resultantes de
conhecimento de vários olhares que se
cruzam, assumindo uma implicação como
campo de investigação, introduzindo uma
plasticidade da escrita, com diferentes
leituras, ampliando a dimensão da leitura
na sua zona fronteiriça, onde se assume o
risco da transformação de sentido.
Estas opções são particularmente
relevantes neste grupo, uma vez que nele
nos propomos aprofundar estes processos e
temos elementos do Doutoramento em
Educação Artística que estão a investigar
sobre pesquisa baseada em artes (arts
based research), especificamente a
artografia (pensamento visual iniciado nos
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anos 80 na Faculdade de Educação da
University of British Columbia UBC), pelo
que a ligação a estas metodologias surge
naturalmente:
Ao colocar a criatividade à frente do
processo de ensino, pesquisa e
aprendizagem, a a/r/tografia gera
inovadores e inesperados insights,
incentivando novas maneiras de se
pensar, abordar e interpretar questões
teóricas como um pesquisador, e
práticas como um artista e educador.
A questão crucial da a/r/tografia é:
como nós desenvolvemos inter-
relações entre nosso fazer artístico e
nossa compreensão e produção de
conhecimento na academia como
pesquisadores educadores? (Dias,
2009, p. 3177).
O registo durante as sessões por
cartões cardográficos foi realizado
individualmente por Ana Serra Rocha,
num total de 18 sessões (sendo que não
esteve presente em outras 6), tendo sido
realizadas 4 sessões com cardografias
coletivas em formato digital na plataforma
canvas (imagem 5) ou padlet. A partir daí,
os registos iniciaram-se colaborativamente
com narrativas escritas e visuais,
inspiradas por uma perspetiva artográfica,
implicando a utilização de uma proposta
visual realizada simultaneamente (ou não),
que proporcionou que cada membro do
grupo pudesse entrar e participar numa
composição digital, completando,
alterando, apagando e re-intrepretando; o
que permitiu um sentimento de empatia,
respeito e confiança. A permissão à
alteração, à modificação, à re-leitura(s)
estabeleceu um espaço de comunicação
autêntica, que está disponível para o risco,
a provocação, a reflexão e a criatividade,
abrindo a possibilidade para o
desenvolvimento de um resultado
colaborativo.
Imagem 5 - GEPPAIE, Canvas colectivo, imagem 4 de 12 de acordo com o tema desolamento social realizado
na sessão de 16/4/2021.
Fonte: GEPPAIE 2021.
Esta abordagem tem sido
reconhecida pelos membros como
relevante para dinamizar a abordagem
qualitativa, agitando, provocando e
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desafiando noções estanques e
conservadoras, possibilitando a criação de
novos lugares de estar, de refletir e de,
neste entrelaçamento, aprender.
Optamos por apresentar agora uma
sequência de excertos de uma escrita
coletiva em construção, que tinha como
mote a reflexão sobre como a pandemia
nos afeta (imagem 6 - Quarentena em 100
actos - Mea Culpa/Culpa Minha), mas que
desde o início apela à nossa liberdade
criativa, aberta à possibilidade de cada um
transformar o texto iniciado por outro. Foi
um espaço de escrita do qual nos fomos
apropriando como nosso, um lugar de
relação afetiva e de intimidade, que
diversas vezes questionamos poder tornar-
se uma peça de investigação participativa
sobre as experiências de um coletivo
universitário em tempos de confinamento
pandêmico. Uma peça que é, por outro
lado, confluência de diversos tipos de
escrita e texto visual, onde se cruzam
narrativas reflexivas de teor mais ou menos
ficcional, textos poéticos e dramatúrgicos,
aforismos e comentários sarcásticos, fotos,
desenhos, fanzines, o que nos tem feito
sonhar poder tornar-se livro, um dia, a
publicar como uma produção ‘fora da
caixa’ da autoria de uma comunidade que
se pretende de aprendizagem e de
pesquisa.
As escritas coletivas em construção
são utilizadas como um método criativo
em pesquisa, onde as interpretações e as
escolhas de excertos aqui partilhados
revelam visões e posicionamentos sobre os
processos da escrita.
Imagem 6 - Excertos da escrita colectiva Quarentena em 100 actos - Mea Culpa/Culpa Minha (recolha em
30/5/2021).
MIA CULPA/CUPLA MIA
XXVII (ou XXIII)
Saltámos o 23!
É importante?
23 veio antes de tudo, porque 23 é importante mas já ficou lá atrás.
Quem está nos 23 é sempre maior ou igual de 23, como num capítulo que é melhor passar mais depressa. Ah fosse a vida
uma sucessão de capítulos em que também pudéssemos mudar a numeração e eclipsar algumas partes, passar outras para as
repetir:
XXVIII
Meio palmo de cara
Tem-se demonstrado que a maioria da população portuguesa, quando instada a usar máscara em locais públicos,
nomeadamente em transportes, tem acedido com grande responsabilidade.
“Now that they died all, I don't know where to keep all my questions.”
Ava Gardner & Ana Rocha
ninguém disse que ia ser fácil
ninguém disse que ia ser tão difícil
de facto, ninguém disse coisa nenhuma
o silêncio, …
As perguntas!!!!
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o silêncio que murmura ao som de uma interrogação.
ninguém disse,
e nós o que dissemos?
como dissemos?
sabes tu?
saberei eu?
Parece um ponto automático este de interrogação,
Esmorece num vai vem aleatório.
O que nos perguntaram?
E todavia só a pergunta nos pode salvar.
Que é o mundo senão uma pergunta?
Quem sou eu, interrogação?
XC, perdão, XS
PERDIDOS
Collants são um bem essencial!
É inverno.
Faz frio.
A ameaça mundial ainda assombra as nossas vidas.
A venda de livros ao postigo não é permitida.
Fonte: GEPPAIE 2019.
Nesta sequência vemos o aflorar de
emoções vividas durante a pandemia
(medo, cansaço, tédio, frustração,
ansiedade, entre outras) e seus antídotos.
Vemos a própria escrita a ser comentada,
reflexivamente e/ou ironicamente. Lemos
escritas sem texto que falam por si,
anotamos a inclusão de textos de autores
que nos são queridos, refletindo sobre a
relação entre texto e corpo que resiste às
máscaras. Vemos, ainda, reflexões poéticas
sobre a importância das perguntas, a ecoar
na relação, a mover-nos para a ação, a
ancorar a nossa realidade e identidade. O
propósito da integração desta sequência
neste artigo poderá ser obscuro, sobretudo
quando atentamos à sua inclusão numa tese
de doutoramento. Urge então explicar um
pouco a nossa intenção, pois o que
pretendemos é ampliar possibilidades de
construção de um conhecimento
transdisciplinar (D’Ambrósio, 2017;
Nicolescu, 1999; Petraglia, 2015) e
multireferencial (Ardoino, 1999). O que
queremos é ensaiar caminhos marcados
pela heterogeneidade. O reconhecimento
de que ciência e arte se podem integrar,
faces de uma mesma realidade compósita,
através de processos híbridos numa
construção multivocal, inspirados em
saberes que dialogam, provenientes de
fontes múltiplas e diferentes ecologias,
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organizados numa ecologia própria
(Morin, 2005; Santos, 2010, 2019).
O (des)encontro final
Qual o lugar de processos
colaborativos na construção de um
livro-tese doutoral em educação
artística? Qual a tese dentro da tese
e que é espinha dorsal, agregando
todas as peças, todas as produções-
páginas que farão parte desse livro?
Para a elaboração deste artigo
solicitámos contributos ao grupo,
enviámos previamente o primeiro esboço
do texto, criou-se um padlet com os
tópicos e questões inicialmente definidas e
agendamos uma sessão para pensarmos
juntos, com base nas perguntas que
colocamos às experiências concretas que
vamos vivendo, com o intuito de que a
construção do conhecimento fosse
realizada de forma dialógica.
Para finalizar e ainda sem fechar o
texto, sublinhamos que temos vindo a
perceber que falar acerca da escrita, passar
da leitura ao diálogo e deste à escrita,
numa plasticidade significante e de
construção objetual, tem sido um processo
que favorece o progresso dos projetos
individuais e é suporte de uma teia
rizomática em investigação, como nos
relata uma das participantes. Deste modo,
o coletivo e o individual cruzam-se para o
aprofundamento da reflexão
epistemológica, metodológica, ética e
política, sendo também esse um propósito
da tese de doutoramento de Ana Rocha.
A tese que se vai construindo, para a
qual este artigo concorre, é esta:
O conhecimento construído nas teses
doutorais na área da educação artística
será/poderá ser um conhecimento híbrido e
heterogéneo, que problematiza a própria
área, nem arte nem ciência, arte mais do
que ciência, ciência mais do que arte
(Baldacchino, 2015), produção individual e
coletiva, não só individual nem só coletiva,
embora as fronteiras entre o individual e o
coletivo se diluam, cada um de nós
coletivo e cada coletivo integrando em si
múltiplas individualidades. Nesta
configuração, o GEPPAIE surge como um
espaço privilegiado para o
desenvolvimento destes processos.
No percurso do curso de
Doutoramento em Educação Artística, a
reflexão sobre o lugar do investigador foi
considerada como um elemento charneira,
no sentido em que a busca desse lugar, a
sua conquista e habitabilidade levou à
realização de um tempo de pesquisa
através de diversos workshops de
investigação, gerando a partilha, o diálogo,
a escuta e subsequentemente, a escrita e
criação de objetos de investigação,
permitindo uma composição sobre estes
lugares de aprendizagem. Considerando
que a tese tem o seu lugar como um espaço
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habitável de experiências, reflexões,
diálogos de aprendizagens, centrados na
investigação crítica, e que nela se reflete
precisamente sobre estas questões.
Na tese de Ana Serra Rocha, os
workshops e encontros de investigação em
construção e análise, que não acontecem só
no contexto do GEPPAIE, têm-se
desenvolvido com diferentes formatos,
destacando-se a apresentação em
congressos e seminários. O público passivo
deu lugar a um envolvimento da audiência,
em diferentes grupos heterogéneos,
multiculturais e geracionais, onde “os
participantes foram convidados a serem
descobridores e investigadores,
questionando-se de que forma o processo
de construção, criação e manuseio do livro,
poderá contribuir para uma cartografia de
investigação” (Rocha, 2019, p. 161).
Todo este processo despoletou a
escrita e manufatura de objetos tangíveis
que estiveram na génese da preparação dos
encontros seguintes, com o objetivo de
investigar sobre o lugar da experiência do
livro na mediação educativa e na reflexão
epistemológica. Foi então imprescindível a
partilha e produção visual, como forma de
pesquisa baseada em artes. Desde então, a
proposta de tese de doutoramento assumiu
uma componente prática de investigação
(workshops de investigação), a par da
decisão de realizar uma tese por artigos,
que resultam na construção de um objeto
livro tese de doutoramento (que
eventualmente poderá ser catalogado como
livro de artista). Neste encadeamento, entre
os workshops de investigação, entre os
registos e produções escritas e gráficas, e
entre a realização de artigos, a imagem
visual constitui-se como elemento crucial
acompanhando o processo investigativo,
num questionamento epistemológico e
procura de construção do conhecimento.
Os processos entrelaçam-se entre a escrita,
a leitura e a grafia e é deste enlace que se
materializa o conhecimento em forma-
livro. A procura do lugar da experiência do
livro em contextos de diversidade
académica tem sido uma constante e
verifica-se que, neste espaço, se tem vindo
a construir uma relação emancipatória com
os processos de conhecimento.
Realçamos, neste âmbito, a
importância da visualização do processo de
pesquisa e do pensamento, através de
diversas técnicas, para explorar projetos de
investigação e/ou para apresentar os seus
resultados. Esta metodologia é baseada
num contexto de arts based research,
fazendo uso do conceito de pesquisa como
elemento experiencial de partilha e de
feedback, gerando novas ideias. No caso da
doutoranda Ana Serra Rocha estes
elementos são maioritariamente livros e
apresentações artísticas no sentido de
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
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poder também encorajar respostas
inovadoras e originais (Gray & Malins,
2017).
O livro como objeto e resultado de
investigação é um processo que ajuda a
refletir e a contextualizar a investigação
em curso, encoraja a colaboração
interdisciplinar, e desenvolve-se como um
repositório de informação e recolha que
pode ser exposto e consultado sempre que
necessário, estendendo o seu entendimento
e leitura para além da sua forma/situação
inicial. O objecto livro de investigação
pode ser realizado em diferentes suportes
(imagem 7), construído a partir das
evidências como um portefólio da
aprendizagem. Pretende capturar e
transmitir o processo da dinâmica
realizada, de forma a partilhar o retorno da
investigação. Estas propostas multi-
métodos, multi-participativas em grupos
heterogéneos possibilitam diferentes tipos
de informação e de experiências, que em
rede estabelecem uma teia orgânica e
versátil de conhecimento, em combinações
relacionais diversas, que trazem novas
possibilidades e evidências.
Trata-se de uma tese para ser
defendida, comprovada, mas, sobretudo
criada, pelo livro tese - que a concretiza,
“pois pode haver investigação
participativa numa comunidade que
partilhe os mesmos princípios
democráticos” (Paz, 2020, p. 2).
Imagem 7 - A Pergunta. Caixa das perguntas desenvolvida no âmbito da apresentação Playing Scenes no 8º
Encontro em práticas de investigação em educação artística (EPRAE) no Porto em 2021.
Dimensões: 8cm x 5cm x 7cm.
Fonte: Ana Serra Rocha 2021.
Agradecimentos
Agradecimentos aos membros
GEPPAIE e IE/ULisboa.
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021). Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos enquanto comunidade e produzimos
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Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 15/06/2021
Aprovado em: 25/08/2021
Publicado em: 30/09/2021
Received on June 15th, 2021
Accepted on August 25th, 2021
Published on September, 30th, 2021
Contribuições no Artigo: As autoras foram as
responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for
the designing, delineating, analyzing and interpreting the
data, production of the manuscript, critical revision of the
content and approval of the final version published.
Conflitos de Interesse: As autoras declararam não haver
nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Este artigo foi financiado pela FCT - Fundação para a
Ciência e Tecnologia, IP, no âmbito da UIDEF Unidade
de Investigação e Desenvolvimento em Educação e
Formação - UIDB/04107/2020.
Funding
This article was funded by FCT - Fundação para a Ciência
e Tecnologia, IP, under the UIDEF - Unidade de
Investigação e Desenvolvimento em Educação e
Formação - UIDB/04107/2020.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Rocha, A. S., Caetano, A. P., & Paz, A. L. (2021).
Narrativas entrelaçadas no ensino superior - Como nos
constituímos enquanto comunidade e produzimos
colaborativamente conhecimento emancipatório sobre
investigação baseada em artes?. Rev. Bras. Educ. Camp.,
6, e12458. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e12458
ABNT
ROCHA, A. S.; CAETANO, A. P.; PAZ, A. L. Narrativas
entrelaçadas no ensino superior - Como nos constituímos
enquanto comunidade e produzimos colaborativamente
conhecimento emancipatório sobre investigação baseada
em artes?. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 6,
e12458, 2021. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e12458