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ensino e aprendizagem musical, nos
valemos das profundas discussões sobre a
educação e sua importância na elaboração
e estruturação social. Ainda que estejamos
longe do que consideramos como o básico
necessário, há em certa medida, um senso
comum sobre o quão importante é a
educação para o crescimento não só
econômico, mas também na melhoria no
que se refere ao bem-estar social, a qual,
por consequência, garante uma melhor
qualidade de vida para os cidadãos e
cidadãs de qualquer localização.
Focalizando nos processos de
resistência, somos instigados pela
necessidade da existência a confrontar o
projeto político que historicamente visa
manter uma estrutura de poder
hegemônico. Desta maneira, é com o
propósito do enfrentamento que o
pensamento contracolonial surge como
rompimento com a colonialidade do saber
e do ser, apresentando estratégias para
subverter epistemologias dominantes,
trazendo para o centro saberes
invisibilizados.
O conceito das epistemologias do Sul
(Boaventura, 2009), evidencia a
necessidade de alinhamento do discurso
decolonial tendo como foco e centro as
questões referentes às produções dos povos
originários e afrodiaspóricos. Conforme
nos alerta (Bernardino-Costa, Maldonado-
Torre & Grosfoguel, 2018),
É preciso trazer para o primeiro
plano a luta política das mulheres
negras, dos quilombolas, dos
diversos movimentos negros, do
povo de santo, dos jovens da
periferia, da estética negra, bem
como de uma enormidade de ativistas
e intelectuais, tais como: Luiz Gama,
Maria Firmina dos Reis, José do
Patrocínio, Abdias do Nascimento,
Guerreiro Ramos, Lélia Gonzalez,
Beatriz do Nascimento, Eduardo de
Oliveira e Oliveira, Clóvis Moura,
Sueli Carneiro, Frantz Fanon,
Césaire, Du Bois, C. L. R. James,
Oliver Cox, Angela Y. Davis, Bell
Hooks, Patricia Hill Collins, etc.
(Bernardinho-Costa, Maldonado-
Torre & Grosfoguel, 2018, p. 10).
Prosseguindo com nossa reflexão, é
impossível não associar o conceito da
interseccionalidade ao nosso discurso,
trazendo a luz às questões referentes a
gênero e raça. Uma vez que o racismo, o
machismo, o sexismo provenientes do
patriarcado branco, hétero e cisgênero
alicerçam como parte fundante e
“estruturante do sistema-mundo
moderno/colonial” (Bernardino-Costa,
Maldonado-Torre & Grosfogue, 2018, p.
11), os quais, por sua vez são refletidos nas
práticas educacionais e na forma como
produzimos e ensinamos música.
Considerando esses elementos como
obstáculos para construção de uma
sociedade equânime, torna-se
imprescindível a retomada dos passos –