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escolarização dos jovens de nível médio deixa de ser o elemento central de formação e
escolarização e passa a ter como foco o “domínio de competências e habilidades básicas
necessárias” para o desenvolvimento de atividades econômicas flexíveis, pautadas pelos
processos produtivos e pelas novas tecnologias, aspectos que podem ser evidenciados na Base
Nacional Curricular Comum/BNCC (Freitas, 2018, p. 29).
Para Freitas (2018), as reformas educativas da atualidade pautam-se pelo discurso da
necessidade da melhoria da educação. Deste modo, os processos educativos, os conteúdos e a
avaliação vêm sendo padronizados, atingindo os professores e estudantes na medida em que
criam “padrões cognitivos e morais” de aprendizagem e de avaliação. O foco deixa de ser o
conhecimento e passa a ser o desenvolvimento de habilidades cognitivas, com base nas
avaliações em larga escala. Nesse contexto, os estudantes dos cursos de nível médio estão
sendo inseridos em um cenário competitivo e excludente, “um paradigma inadequado para a
educação” (Freitas, 2018, p. 37). No entendimento do autor (Freitas, 2018, p. 52), as novas
legislações buscam realizar o “controle político e ideológico da escola”, no momento em que
passa a ser exigido, pelas novas formas de organização do trabalho produtivo, um aumento
dos níveis de conhecimento e “novas exigências de consumo do próprio sistema capitalista e
novas pressões políticas por ascensão social via educação”. Nessa direção, Shiroma, Moraes e
Evangelista (2007) destacam que as políticas educacionais implementadas no Brasil desde
1990 e as reformas de ensino em curso, buscam preparar e formar a população para se integrar
às relações sociais existentes, sobretudo às demandas do mercado de trabalho.
Krawczyk (2011, p. 755), enfatiza que a obrigatoriedade do ensino médio e a ampliação
da idade escolar, seguem a “tendência” em curso e respondem "às pressões" que vinham
sendo realizadas pelas “camadas populares por mais escolaridade, mas também à necessidade
de tornar o país mais competitivo no cenário econômico internacional”. A escolarização em
diferentes níveis passa a ser uma demanda para a empregabilidade, na medida em que os
“seres sociais” passam a se adaptar “às necessidades específicas – e exigências – do capital,
preparando-os para uma disponibilidade a mais flexível possível frente à inflexibilidade
crescente das exigências do capital: a empregabilidade” (Grifos no original, Fontes, 2017, p.
50).
Nessa configuração, a educação passa a desempenhar o papel de estimular o
desenvolvimento de “competências” individuais, o trabalhador precisa ter “soluções rápidas,
originais e teoricamente fundamentadas, para responder ao caráter dinâmico, complexo,
interdisciplinar” característica do capital-imperialista (Kuenzer, 2000, p. 19). Neste sentido, a