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Com o crescente reconhecimento da importância e da necessidade de se trabalhar em
conjunto com as comunidades locais para identificar, testar, avaliar e difundir novas
tecnologias agrícolas foram testadas diversas abordagens participativas em países em via de
desenvolvimento nos continentes americano e africano. Os enfoques de Diagnóstico Rápido
Participativo – DRP - tiveram grande relevância neste período (técnicas principais entrevista
em grupo, em grupos temáticos, com informantes-chave, etc.). Assim, pode-se encontrar hoje
com maior evidência em plataformas de governos, particularmente nos países
subdesenvolvidos e emergentes, um determinado apelo à utilização de métodos participativos
como meio de credenciamento a determinadas agências multilaterais de fomento ao
desenvolvimento. Dessa maneira, recorrer ao termo sociológico participação da sociedade
civil está, de fato, relacionado à procura de uma legitimação política e, muitas vezes, de uma
garantia de recursos externos, especialmente de instituições multilaterais como o BIRD
(Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) e o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
No que tange à pesquisa em tela, optou-se pela perspectiva sociológica que vê o
desenvolvimento social e participativo a partir de cinco marcas substantivas: qualidade,
representatividade, legitimidade, participação da base e planejamento participativo
autossustentado. Além disso, com base nessa análise teórica, Demo (1995) considera que
qualquer iniciativa de participação popular, fora dessas características referidas acima, não se
autossustentaria enquanto política pública efetivamente democrática e empoderadora.
Ainda nesse entendimento, Demo (1995) compreende que participação é um ato de fé
na potencialidade do outro. É acreditar que a comunidade não é destituída, mas oprimida. É
assumir que pode ser criativa e coagir seu destino, sem populismo e sem provincianismo.
Dessa maneira, ele chama a atenção para quatro formas significativas de participação política
qualificada no processo de planejamento participativo autossustentado a seguir:
a) representatividade: significa trabalho mais centrado nas lideranças. Porém, somente são
representativas se obtidas por processos democráticos. O que significa negociar e convencer,
mais do que impor. Significa perder agora, para ganhar depois. Significa chegar ao objetivo,
ainda que para tanto se faça curvas. Portanto, consolidar as regras democráticas do jogo.
Assim, o poder político apenas é obtido por meio de processos democráticos, caso contrário
é usurpação; b) legitimidade: é legítimo o processo participativo fundado em estado de
direito, que regulamenta de modo democrático e comunitário às regras de jogo da vida em
comum. Para o autor, geralmente tal regulamentação transparece nos estatutos das
associações; c) participação da base: conforme Demo é a alma do processo em qualquer
movimento social e político, já que participação autêntica é a da base, que é sua origem. O
que faz a democracia é sua base popular. O processo de baixo para cima é a expressão mais
autêntica de participação das massas nos processos decisórios. Nesse tipo de envolvimento
as pessoas são impelidas a decidir sem que haja uma imposição e controle de cima para