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A maior parte dos produtores analfabetos são pardos, tanto em nível nacional (59,44%), 
quanto estadual (49,11%).  Os brancos ficam  em  segundo lugar com 24.50% para  Brasil e 
29,31%  para  Mato  Grosso.  Os  pretos  ficam  em  terceiro  lugar  com  14,17%  para  Brasil  e 
17,88% para Mato Grosso. Os indígenas ficam em quarto e os amarelos em quinta colocação. 
Se  somar  os  pardos  e  pretos,  chegará  ao  resultado  de  74,06%  dos  produtores  analfabetos 
brasileiros, apesar de a  população negra representar 52,84% dos produtores agropecuários. 
Isso demonstra que a raça negra está super-representada neste indicador com características 
desfavoráveis, enquanto a população branca está sub-representada. 
As  informações  anteriormente  apresentadas demonstram  que  a  população  negra  é  a 
grande maioria nos pequenos estabelecimentos. Este já era um indicador de que os dados 
menos favoráveis sobre  analfabetismo  seriam dos produtores que se declararam pardos ou 
pretos.  Frequentar  uma  escola  e  ser  alfabetizado  é  acima  de  tudo  um  direito  de  todos  os 
brasileiros e um exercício de cidadania plena. Segundo Arroyo e Fernandes (1999), frequentar 
a escola e ser alfabetizado deve ser visto como “um direito ao saber, direito ao conhecimento 
e à cultura produzida socialmente” (p. 17). E esse modelo de educação deve ter como pauta a 
criação de estruturas escolares inclusivas, tanto nos setores urbanos, quanto nas escolas rurais. 
Ao invés disso, a educação brasileira tem características excludentes e seletivas, sendo 
que  a  educação  do  campo  não  é  diferente.  A  consequência  é  que  o  acesso  à  escola  é 
desproporcional e favorável ao branco, burguês e latifundiário, em detrimento da população 
campesina negra, pobre, assalariada e dos pequenos produtores. A prova disso é a seguinte: 
74,06%  dos  rostos  de  produtores  analfabetos  do  país  são  negros.  São  os  quilombolas,  os 
trabalhadores sem-terra, ribeirinhos, entre outras diversidades de coletivos com características 
de  vulnerabilidade  social  que  materializam  essas  gritantes  desigualdades  raciais  e 
educacionais. Para mudança desse cenário, a educação deve ser vista como um direto, pois ao 
se  fazer  um  vínculo  da  educação  com  o  direito,  vincula-se  educação  com  toda  população 
campesina (Arroyo & Fernandes, 1999). 
Essa  linha  de  pensamento  é  importante  porque  contribui  para  responder  a  seguinte 
pergunta: “Por que alfabetizar os produtores quilombolas, os sem-terra e os ribeirinhos e os 
demais coletivos pauperizados do campo?”. Eles devem ser alfabetizados porque são sujeitos 
de direitos e a educação deve ser vista como um dos grandes valores da vida, tais como saúde, 
justiça, trabalho, dentre outros que contribuem com a formação humana e a constituição de 
uma sociedade com mais equidade, independentemente da cor da pele, da orientação sexual, 
classe social, etnia ou origem geográfica. A única forma de o país alcançar a universalização