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A Amazônia apresenta suas características específicas e as águas são sua maior riqueza,
que caracteriza a diversidade, encurta os caminhos e interliga as comunidades. Nessa linha de
raciocínio, Tocantins (1982, p. 6-7) escreve que:
A água, que os economistas classificam de riqueza econômica por excelência, indispensável à
vida orgânica, assume, na Amazônia, proporções extraordinárias na Geografia Física,
imprimindo na Geografia Humana uma disciplinação social poderosa.
A geografia das águas é o caminho mais importante para os moradores ribeirinhos da
Amazônia, que compreendem a importância de cada espaço social que cultivam. Laraia (2014, p.
21) explica que “O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico
condicionam a diversidade cultural”. Portanto, a compreensão das populações que vivem
próximas aos rios da Amazônia estão condicionadas às diversidades culturais, ambientais e
territoriais. Antes da invasão europeia o território era dividido entre várias civilizações
originárias, que se mantinham ora em aliança, ora em conflito. A configuração deste espaço,
como Amazônia, foi o resultado da expansão do mundo europeu sobre outras regiões do globo,
que o incorporou ao processo de acumulação primitiva, da expansão do capitalismo e da
modernidade nascente (Silva, 2020; Silva Freitas, 2012). Ao colocar a região dentro dos lócus de
reprodução do mundo moderno, estão imbuídas formas de dominação, de articulação do ser
social, típicas do mundo ocidental. Para complementar, Silva Freitas discorre sobre a
... posse da América pelos europeus impôs aos povos americanos as condições políticas da
subalternidade do mundo civilizado. A colonização pela ocupação produtiva das terras
estabeleceu às populações indígenas as condições de desigualdade do dominador. A inserção da
Amazônia na história europeia não foge à regra. Ao trajeto do loteamento ibérico do território
corresponde ao processo de conversão dos índios em súditos de terceira ordem. De segmento
desconhecido, negado em sua alteridade, os povos indígenas também têm um projeto: aliados,
inimigos, vencidos, servos de deus, escravos particulares e servos do Estado, no percurso da
colonização. (Silva Freitas, 2012, p. 81).
A formação social amazônica, assim como a brasileira, foi fruto da chamada economia de
fronteira, baseada na formulação de que os recursos naturais são inesgotáveis e que devem ser
dominados e explorados para o progresso econômico (Becker, 2017). Tal formulação orientou as
políticas de sujeitamento das sociedades indígenas e expropriação das suas terras durante a
colonização e o Império e, por fim, foi responsável pela Operação Amazônia, que foi o exercício
de economia política da Ditadura Civil-Militar sobre a região a partir da década de 1960.
Acreditava-se que, para retirá-la da estagnação econômica, que durava algumas décadas, era
necessário incorporá-la à força ao capitalismo do século XX, por meio de grandes