Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13126
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
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2021
ISSN: 2525-4863
1
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Artes e Educação do Campo: reflexões sobre a LEDOC da
UFT/UFNT
Rosa Adelina Sampaio Oliveira
1
, Cássia Ferreira Miranda
2
, Gustavo Cunha de Araújo
3
1, 2, 3
Universidade Federal do Tocantins - UFT. Departamento de Educação do Campo. Avenida Nossa Senhora de Fátima,
1588, Centro. Tocantinópolis - TO. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: rosaadelina@uft.edu.br
RESUMO. Este artigo tem o objetivo de discutir a implantação
e vigência do curso de Licenciatura em Educação do Campo
(LEdoC), com habilitação em Artes e Música, na Universidade
Federal do Norte do Tocantins (UFNT), no campus de
Tocantinópolis. O curso se destaca por ser um dos dois cursos
existentes no Brasil voltado para a formação de educadoras e
educadores do campo para atuação específica na disciplina de
Arte no Ensino Fundamental e Médio, nas escolas do campo.
Para a reflexão desenvolvida, utiliza-se uma abordagem
qualitativa de caráter descritivo e documental, realizando uma
análise interpretativa dos dados pesquisados. Existindo desde
2014, o curso formou três turmas em uma trajetória de
construções e reconstruções, com o fito de buscar um olhar
crítico para o percurso vivenciado e se adaptar às necessidades
de reconfigurações curriculares, a fim de proporcionar uma
educação pública e de qualidade. Visando formar educadores e
educadoras para atuar com as Artes Visuais, a Música e o
Teatro, a LEdoC da UFNT-Tocantinópolis resiste buscando
efetivar a democratização do acesso à educação, ao contribuir
para a construção de uma formação de qualidade que auxilie na
melhoria da vida das populações camponesas, na construção de
um projeto de sociedade mais igualitário, solidário e na
diminuição das desigualdades sociais.
Palavras-chave: artes, formação de professores, LEdoC,
PROCAMPO.
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Arts and Rural Education: reflections on LEDOC at
UFT/UFNT
ABSTRACT. This article aims to discuss the implementation
and validity of the degree course in Rural Education, with
specialization in Arts and Music, at the Federal University of
Northern Tocantins (UFNT), in the Tocantinópolis campus. The
course stands out for being one of the two existing courses in
Brazil aimed at the formation of countryside educators to work
specifically in the discipline of Art in Elementary and Secondary
Education in rural schools. In the developed reflection, a
qualitative approach of descriptive and documental character is
used, performing an interpretative analysis of the researched
data. Existing since 2014, the course has already graduated three
classes in a trajectory of constructions and reconstructions, with
the purpose of seeking a critical look at the course and adapting
to the needs of curricular reconfigurations, in order to provide a
public and quality education. Aiming to train educators to work
with the Visual Arts, Music and Theater, the course of the
UFNT-Tocantinópolis resists seeking to democratize the access
to education, by contributing to the construction of a quality
education that helps to improve the lives of peasant populations,
in the construction of a more egalitarian and solidary society
project and in the reduction of social inequalities.
Keywords: arts, teacher education, LEdoC, PROCAMPO.
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Arte y Educación Rural: reflexiones sobre el LEDOC de la
UFT/UFNT
RESUMEN. Tiene como objetivo discutir la implementación y
la validez del curso de grado en Educación de Campo, con
especialización en Artes y Música, en la Universidad Federal do
Norte do Tocantins (UFNT), en el campus de Tocantinópolis. El
curso se destaca por ser uno de los dos cursos existentes en
Brasil destinados a la formación de educadores de campo para
trabajar específicamente en la disciplina de Arte en la Educación
Primaria y Secundaria en escuelas rurales. Para la reflexión
desarrollada, se utiliza un enfoque cualitativo de carácter
descriptivo y documental, realizando un análisis interpretativo
de los datos investigados. Existente desde 2014, el curso ya ha
graduado tres clases en una trayectoria de construcciones y
reconstrucciones, con el objetivo de buscar una mirada crítica
sobre la trayectoria vivida y adaptarse a las necesidades de las
reconfiguraciones curriculares, con el fin de proporcionar una
educación pública y de calidad. Con el objetivo de formar
educadores para trabajar con las Artes Visuales, la Música y el
Teatro, el curso de la UFNT-Tocantinópolis resiste buscando
democratizar el acceso a la educación, contribuyendo a la
construcción de una educación de calidad que ayude a mejorar
la vida de las poblaciones campesinas, en la construcción de un
proyecto de sociedad más igualitario y solidario y en la
reducción de las desigualdades sociales.
Palabras clave: artes, formación de profesores, LEdoC,
PROCAMPO.
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Introdução
O movimento de luta pela garantia
do direito à educação pública e de
qualidade no Brasil é histórico e se
desenvolve em meio a focos de tensões
diversos, em movimentos que se articulam
na disputa por distintos projetos de
sociedade. Nesse contexto, as populações
campesinas articuladas vêm construindo
uma trajetória de lutas constantes em busca
do acesso aos bens culturalmente
acumulados pela sociedade, à Reforma
Agrária, à uma vida digna no campo, à
saúde e ao saneamento, ao trabalho, ao
desenvolvimento tecnológico e à uma
educação de qualidade que reconheça e
considere no processo de ensino e de
aprendizagem a cultura e os saberes das
populações camponesas.
Segundo o Censo Escolar da
Educação Básica de 2016 (Brasil, 2017),
33,9% das escolas brasileiras estão
localizadas no campo. Dessas, 7,2%
possuem um único professor (a maioria
atuando nos primeiros anos do Ensino
Fundamental). No campo, 7,4% das
escolas não possuem energia elétrica,
12,7% não têm esgoto sanitário e 11,6%
não têm água potável. Ao contrário, na
área urbana, apenas 6 escolas não têm
energia elétrica e, pouco mais de 0,2%, não
tem água potável e esgoto sanitário. Os
dados ainda mostram que 30,1% das
escolas que ofertam os anos finais do
Ensino Fundamental se localizam no
campo, enquanto que 10,2% das escolas
que oferecem Ensino Médio se encontram
no campo.
Esses dados dialogam com o
contexto desta pesquisa. Considerando as
escolas do campo localizadas no norte do
Tocantins, local deste estudo, constatamos
em pesquisas recentes que todos os
professores que atuam na disciplina de
Arte não são formados nessa área, o que
implica em pensar na formação inicial e
continuada desse profissional que atua em
artes (Araújo, Oliveira & Almeida, 2019).
Nesse sentido, o artigo tem como
objetivo discutir o contexto de criação e
existência e resistência - do curso de
Licenciatura em Educação do Campo
(LEdoC), com habilitação em Artes e
Música, da Universidade Federal do Norte
do Tocantins
i
, campus de Tocantinópolis.
Surgindo a partir das demandas dos
movimentos camponeses organizados, o
curso intenta suprir uma lacuna de
formação superior das populações
campesinas do Norte do estado do
Tocantins, na região denominada como
Bico do Papagaio. Diante disso, a pesquisa
é importante na área, uma vez que são
escassos estudos acerca das LEdoC em
Tocantins, principalmente no que concerne
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na formação de professores para atuarem
na disciplina de Arte, na educação básica
desse estado.
A partir dessas primeiras
considerações, o artigo tem as seguintes
seções: no primeiro momento,
apresentamos uma breve contextualização
acerca da Educação do Campo no Brasil,
importante para as reflexões produzidas
neste estudo. Em seguida, socializamos os
procedimentos metodológicos, com o
objetivo de esclarecer como esta
investigação foi pensada, planejada e
desenvolvida. Posteriormente, analisamos,
na perspectiva da pesquisa interpretativa,
os dados teóricos e documentais gerados
na pesquisa, importantes para compreender
o contexto de surgimento da LEdoC da
UFT e UFNT, bem como produzir
reflexões acerca da matriz curricular do
curso de Tocantinópolis. Por fim,
apresentamos algumas conclusões a
respeito do objeto de estudo desta
investigação e indicativos para estudos
futuros e continuidade da pesquisa.
Caminhos da luta pela Educação do
Campo no Brasil
A defesa de um projeto educacional
que fosse vinculado à realidade e às
especificidades do meio rural, articulado
ao direito à terra e ao bem viver das
populações do campo, é uma luta antiga,
cuja gênese inicia-se com a colonização do
Brasil, a distribuição desigual da posse e
uso terras e a decorrente exploração da
mão-de-obra dos trabalhadores e das
trabalhadoras tanto do campo quanto da
cidade.
Por muitos anos se foi negado à
classe trabalhadora o acesso à educação e,
nesse processo, as populações do campo
são ainda mais marginalizadas na medida
em que uma escassez de escolas no
meio rural e, quando existem escolas
nessas áreas, a falta de investimento em
estrutura e em qualificação dos
trabalhadores e a desconsideração da
cultura dos sujeitos do campo, fazem com
que o ensino seja precário e muito aquém
daquele ofertado às populações urbanas.
Gestado em diversos movimentos
sociais de luta pela terra, surge no final dos
anos de 1990 o movimento nacional
intitulado Por Uma Educação do Campo.
Calcado na busca por uma escola do
campo que refletisse e se pautasse na vida
e nos saberes do campo, o Movimento
busca contribuir para o empoderamento e o
acesso dos povos do campo a todos os bens
e conhecimentos sistematizados pela
humanidade, sem que seja necessário
abdicar do vínculo identitário com a terra.
Conforme Caldart (2012) e
Fernandes e Molina (2017) destacam, o
termo Educação do Campo foi esboçado
inicialmente na I Conferência Nacional
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por uma Educação Básica do Campo,
ocorrida em Luziânia, Goiás, no ano de
1998, dentro do movimento conhecido
como Articulação Nacional por uma
Educação do Campo e concretizado no I
Encontro Nacional das Educadoras e
Educadores da Reforma Agrária (I
ENERA), na Universidade de Brasília
(UnB), em 2002. De para cá, seu
conceito vem sendo ampliado,
principalmente devido à participação dos
movimentos sociais, em especial com a
atuação do Movimento de Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST),
das Escolas Famílias Agrícolas (EFAs),
dos Centros Familiares de Formação por
Alternância (CEFAs) e de outras entidades
engajadas na luta por políticas públicas que
favoreçam a população campesina e que
respeitem e considerem a realidade do
campo, bem como seu trabalho, cultura e
educação. Em tempos atuais de resistência,
é possível dizer que “a Educação do
Campo é um paradigma educacional com
produção teórica, projetos educacionais,
políticas públicas em uma práxis de
transformação da realidade a partir da luta
contra o capitalismo”. (Fernandes &
Molina, 2017, p. 541).
Caldart (2012) salienta que as
Diretrizes Operacionais para a Educação
Básica nas escolas do campo do Brasil, de
2001, foram fundamentais para consolidar
o termo Educação do Campo e ampliar os
movimentos camponeses envolvidos na
luta por uma educação de qualidade aos e
às jovens e adultos do campo. Nessa
perspectiva, destaca que nas últimas
décadas a tentativa de se consolidar
enquanto modalidade educacional não
muito diferente da Educação de Jovens e
Adultos (EJA) e lutar por políticas
públicas que possibilitem aos povos
camponeses o direito à educação do e no
campo e o seu acesso e permanência na
escola rural, fez surgir a seguinte pergunta:
por que a Educação do Campo não está
incluída na discussão sobre a
universalização da Educação Básica?
Essa questão parece ser ainda
bastante atual, ainda mais em um contexto
social, político e educacional brasileiro de
contrarreformas marcado por cortes no
orçamento e falta de investimentos nas
áreas da saúde, educação e ciência, entre
outras, que impossibilitam que o país
avance no desenvolvimento e distribuição
de acesso e de renda. Ou seja: não é do
interesse do sistema capitalista investir na
Educação do Campo. Consequentemente, o
cenário de descaso atual afeta não apenas
boa parte da população brasileira de baixa
renda, mas também as populações
campesinas, que vivem e trabalham no
campo e têm, nesse espaço, a fonte de seu
principal sustento.
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De 2004 até hoje, as práticas de
Educação do Campo têm se movido
pelas contradições do quadro atual,
às vezes mais, às vezes menos
conflituoso, das relações imbricadas
entre campo, educação e políticas
públicas. Houve avanços e recuos na
disputa de espaço público e da
direção político-pedagógica de
práticas e programas ... o
enfrentamento das políticas
neoliberais para a educação e para a
agricultura continua como desafio de
sobrevivência. (Caldart, 2012, p.
262).
Contudo, Costa (2014) chama
atenção ao fato de que nos últimos anos,
muito devido à ampliação dos debates
acerca da Educação do Campo,
promovidos pelos movimentos sociais nas
instâncias educacionais e políticas, essa
área passou a ter uma forte presença nas
universidades brasileiras, tanto em projetos
de pesquisa quanto de extensão e, claro,
ensino, representado pelas Licenciaturas
em Educação do Campo (LEdoCs/LECs).
É a partir dessas reflexões que
entendemos que a formação adequada para
o professor ou educador do campo é aquela
que considere em seus programas e
projetos educativos temas, questões e
conteúdos referentes à terra, às
contradições entre campo, escola e cidade,
ao agronegócio, à agricultura familiar, à
reforma agrária, aos movimentos sociais,
aos diversos sujeitos e sujeitas do campo, à
cultura e à arte camponesa, suas tradições e
diversidade, enfim, que defenda um projeto
educativo para o campo (Arroyo, 2007).
Nesse cenário, Ribeiro (2013) pontua
o desenvolvimento de programas visando
democratizar o acesso a uma Educação do
Campo às populações camponesas, como o
Programa Nacional de Educação na
Reforma Agrária (PRONERA), o
Programa Nacional de Educação do
Campo (PRONACAMPO) e o Programa
de Apoio à Formação Superior em
Licenciatura em Educação do Campo
(PROCAMPO).
O PROCAMPO tem como principal
objetivo apoiar a criação de cursos
superiores em Educação do Campo, na
modalidade presencial, ofertados em
universidades públicas do país, com o
objetivo de formar professores e
professoras para atuarem nas escolas rurais
de Educação Básica, nos últimos anos do
Ensino Fundamental e Ensino Médio,
apoiando a implementação da política
nacional de Educação do Campo e o
suprimento da carência de educadores que
atuam no meio rural (Ribeiro, 2013;
Molina, 2015; Hage, Molina, Silva &
Anjos, 2018; Machado & Vendramini,
2013).
De acordo com Molina (2015),
Faleiro e Farias (2016) e Hage, Molina,
Silva e Anjos (2018), as licenciaturas em
Educação do Campo começaram a ser
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implantadas no país em 2006, por meio de
um projeto piloto iniciado em quatro
universidades Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), Universidade de
Brasília (UnB), Universidade Federal da
Bahia (UFBA) e Universidade Federal de
Sergipe (UFS) que tinham alguma
experiência em ofertar cursos de Educação
do Campo, e que atenderam a proposta
formulada pelo Ministério da Educação
(MEC), por intermédio da Secretaria de
Educação Superior (SESU), e da Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão (SECADI).
A partir dessas experiências piloto,
foram implantadas diversas Licenciaturas
em Educação do Campo, por todo o
território brasileiro, buscando atender à
necessidade de formação de professores
para as escolas do campo. Por escolas do
campo, conforme conceitua o IBGE
(Brasil, 2010) entende-se aquelas situadas
em área rural ou aquelas situadas nas
cidades, mas que atendam
predominantemente as populações do
campo.
Nesse contexto, em 2014, teve
ingresso na Universidade Federal do
Tocantins (UFT), atualmente UFNT,
campus de Tocantinópolis, a primeira
turma de graduandos de Licenciatura em
Educação do Campo no norte do
Tocantins.
Percursos metodológicos
Para nos aprofundarmos nas questões
das artes enquanto habilitação no contexto
das LEdoCs, mais especificamente a
experiência em desenvolvimento na
UFNT, campus de Tocantinópolis,
utilizamos como procedimentos
metodológicos uma abordagem qualitativa,
por ter como um dos objetivos
compreender a realidade pesquisada
(Bogdan & Biklen, 2010), neste caso, a
Licenciatura em Educação do Campo
(LEdoC), com habilitação em Artes e
Música, da Universidade supracitada. Com
essa abordagem, buscamos analisar e
descrever as ações que ocorrem nesse
contexto, compreendendo a trajetória de
constituição do curso e observar as
especificidades da habilitação em Artes e
Música em uma LEdoC.
Para complementar esse
procedimento, a pesquisa assume um
caráter descritivo e de natureza
documental, uma vez que descreve
informações coletadas dessa realidade e
analisa documentos importantes que
ajudam a responder o problema de
pesquisa (Triviños, 1987), como, por
exemplo, o Projeto Pedagógico do Curso
(PPC) da referida LEdoC, em diálogo com
a literatura científica utilizada neste estudo.
Fazer essas investigações foi importante
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para a construção das análises e das
reflexões presentes neste artigo.
Na forma de análises dos dados,
utiliza-se o método interpretativo, na
perspectiva de Erickson (1985), por
entender ser o mais adequado aos objetivos
desta pesquisa. Nesse sentido, busca-se
descrever e interpretar os significados das
ações da realidade do curso, bem como os
dados gerados na análise documental.
Por fim, para a geração dos dados
desta pesquisa, fez-se, inicialmente, uma
pesquisa de levantamento bibliográfico em
artigos, livros, teses e dissertações acerca
de autores e autoras que tratam do referido
assunto, para que fosse possível entender o
surgimento das LEdoCs no Brasil e,
especificamente, no estado do Tocantins, e
também identificar a importância delas e,
particularmente, da área de Artes e Música
(habilitação da LEdoC da
UFNT/Tocantinópolis) para a formação
discente e para a região na qual está
localizada. Após esse levantamento, os
dados gerados foram sistematizados,
categorizados e analisados à luz da matriz
teórica que fundamenta esta pesquisa, na
perspectiva da pesquisa interpretativa.
Contexto do surgimento da Licenciatura
em Educação do Campo, Artes e
Música, na UFNT (UFT), campus de
Tocantinópolis
O curso de Licenciatura em
Educação do Campo, com habilitação em
Artes e Música da Universidade Federal do
Norte do Tocantins, anteriormente UFT,
campus de Tocantinópolis, foi criado a
partir da aprovação da proposta de curso
apresentada pela Instituição ao edital do
02/2012, de 31 de agosto de 2012,
SESU/SETEC/SECADI/MEC. O edital
convocou as instituições de ensino superior
a apresentarem projetos pedagógicos para a
criação de cursos de Licenciatura em
Educação do Campo, no contexto do
Programa Nacional de Apoio à Formação
de Professores do Campo (PROCAMPO)
(Brasil, 2012).
Por meio do edital supracitado,
ocorreu a continuidade e expansão dos
cursos de Licenciaturas do Campo no
Brasil. Com essa ampliação, o estado do
Tocantins foi contemplado com dois cursos
de Licenciatura em Educação do Campo,
com habilitação em Artes e Música, na
Universidade Federal do Tocantins, nos
campus de Arraias e de Tocantinópolis. Os
referidos cursos têm como principal
objetivo formar profissionais para atuarem
na disciplina de Arte nas séries finais do
Ensino Fundamental e Ensino Médio e tem
a duração de quatro anos, sendo ofertado,
assim como os demais cursos das
Licenciaturas em Educação do Campo,
utilizando como fundamento teórico e
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metodológico a alternância pedagógica, e,
em especial, a Pedagogia da Alternância. A
alternância pedagógica nas LEdoCs
viabiliza a construção do aprendizado em
diferentes espaços-tempos formativos, o
Tempo Comunidade e o Tempo
Universidade, alternando momentos de
estudo no espaço da Universidade, com
períodos de pesquisa e intervenção nas
comunidades onde residem os educandos e
educandas.
É importante salientar que embora
tenham surgido juntos e com elementos em
comum, os cursos de Arraias e de
Tocantinópolis possuem algumas
diferenciações em sua concepção e prática
dos trabalhos. Uma delas é relacionada à
área específica de formação dos cursos, no
contexto da habilitação na área do
conhecimento Artes (Paula, 2020; Silva &
Ruas, 2016, p. 210). Atualmente, no
campus de Tocantinópolis a habilitação é
em Artes e Música, e em Arraias a
habilitação é em Artes Visuais e Música.
Segundo Oliveira (2016, p. 106), o
curso em Tocantinópolis começou a ser
implantado no segundo semestre de 2013,
recebendo a primeira turma no primeiro
semestre de 2014, a partir do ingresso de
75 discentes oriundos e oriundas de
diversas cidades da região do Bico do
Papagaio e arredores.
O Projeto Pedagógico do Curso
(PPC) do curso de Licenciatura em
Educação do Campo com habilitação em
Artes e Música foi elaborado pela primeira
vez em 2013. Desde então, o PPC vem
sendo periodicamente alterado
respondendo às necessidades de
aprimoramento do curso. Atualmente o
curso conta com 15 professores efetivos
em seu corpo docente, com formação nas
áreas de Ciências Humanas e de
Linguística, Letras e Artes.
A criação do curso de Licenciatura
em Educação do Campo com habilitação
voltada para a área de Artes ocorre
especificamente e exclusivamente no
Tocantins, nos campus de Arraias e
Tocantinópolis, visto que, não
habilitação semelhante em outras
Universidades do País. Sobre a criação do
curso na região do Bico do Papagaio, em
Tocantinópolis/TO, conforme Almeida
(2016, p. 47):
O fator relevante que contribuiu para
a materialização do curso no Campus
de Tocantinópolis foi a demanda dos
trabalhadores e trabalhadoras do
campo manifestada pelas
organizações sociais localizadas no
Bico do Papagaio (que compreende
25 municípios), especialmente os
assentamentos da reforma agrária
(364 projetos de assentamento com
24 mil famílias assentadas), com os
quais também parcerias para a
realização de projetos de pesquisa e
extensão, além de ter estudantes em
curso de graduação oriundos dessas e
de outras comunidades camponesas.
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E especialmente como síntese da
agenda criada a partir da I
Conferência Estadual de Educação
do Campo em 2013 para construir o
curso em Tocantinópolis.
O curso de Licenciatura em
Educação do Campo com habilitação em
Artes e Música, de Tocantinópolis, foi
tecido, desse modo, a partir das lutas e
mobilizações dos povos do campo, visando
atender a uma demanda de expansão da
oferta de educação básica e de uma
formação de professoras e professores com
qualificação para atuarem nas escolas do
campo (Almeida, 2016, p. 47). Esse
contexto conduz a muitas questões
essenciais de discussão. Uma delas se
refere ao caráter indissociável entre o
processo de formação das pessoas
licenciadas em Educação do Campo e a
concepção acerca de qual escola do campo
e projeto de sociedade se almeja. Nesse
sentido, Molina (2017, p. 591) nos
esclarece que:
Ao contrário da lógica da escola
capitalista, a Educação do Campo
tem-se pautado por uma matriz
formativa ampliada que comporta
diferentes dimensões do ser humano.
Nessa perspectiva, a escola deve
desenvolver com extrema
competência o intelecto dos sujeitos
que educa, mas não pode se furtar a
trabalhar igualmente a formação de
valores, o desenvolvimento político,
ético, estético e corpóreo de seus
educandos. A matriz formativa da
educação campesina parte do
princípio dela como formação
humana, recusando a matriz estreita e
limitada da escola capitalista, cuja
lógica estruturante é a produção de
mão de obra para o mercado.
Uma vez defendida uma lógica de
escola que parte para uma formação mais
integral das pessoas do campo e não de
uma educação meramente bancária, que
desconsidera a cultura e a experiência de
seus sujeitos e sujeitas, e incluído nesse
contexto o desenvolvimento estético, faz-
se necessário, desse modo, pensar na
formação dos educadores e educadoras do
campo com essa função, e por extensão,
nas Licenciaturas em Educação do Campo
com habilitação específicas em Artes.
Especificamente no contexto da
LEdoC da UFNT-Tocantinópolis, a
respeito da escolha da área de linguagens
em Artes e Música, Miranda e Cover
(2016) justificam que tal escolha ocorreu
devido ao fato de cumprir com as
demandas da área de artes na região
pesquisada, uma vez que vários estudos
comprovam a carência de professores
formados na área para atuar nas escolas de
educação básica (Araújo, Oliveira &
Almeida, 2019). De maneira semelhante,
Silva et at. (2017, p. 79) afirma que o curso
pretendia preencher a lacuna referente à
falta de docentes de artes na região, uma
vez que se tinha “... necessidade de suprir a
oferta de curso de Licenciatura em
Educação do Campo com habilitação em
todas as áreas de conhecimento para que as
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escolas do campo tenham educadores
camponeses habilitados nas diversas
áreas.”
Além da questão da necessidade de
formação profissional para as escolas do
campo, e em especial na área de artes,
Miranda e Cover (2016) ressaltam que
abordar as artes na Licenciatura em
Educação do Campo é uma forma de
produzir conhecimento e reflexões acerca
da interdisciplinaridade produzida nessa
área, assim como ser um conjunto de
linguagens que proporcionam aos
educandos e educandas representar e dar
sentido à realidade da qual fazem parte.
Nesse sentido, sendo manifestações
culturais, as artes podem, dentro da área de
conhecimento Códigos e Linguagens na
LEdoC, fortalecer e potencializar a luta
política (Miranda & Cover, 2016).
Segundo Molina (2015), o objetivo
principal das LEdoCs é aumentar as
possibilidades de atuação dos educadores e
educadoras nas escolas localizadas no
campo, para que seja possível evitar a
fragmentação do conhecimento (dado pela
disciplinarização do currículo das escolas
de educação básica) e reforçar a
interdisciplinaridade entre as áreas do
saber.
Reflexões sobre matriz curricular e
caminhos percorridos
Retomando parte do exposto até
então, cabe evidenciar, para uma discussão
e reflexão acerca do PPC do curso de
Tocantinópolis e das disciplinas mais
diretamente relacionadas ao núcleo
específico de formação, isto é, as
disciplinas vinculadas ao desenvolvimento
dos conhecimentos da área de artes, a
dimensão complementar e estrutural de que
a Licenciatura em Educação do Campo
com habilitação em Artes e Música trata da
formação de profissionais com
qualificação para lecionar nas escolas do
campo e que é fruto de um processo
histórico de lutas e de concepção da
Educação do Campo. Logo, de modo
algum pode ser dissociada a elaboração da
matriz curricular do curso da compreensão
de sociedade, de escola do campo que se
busca construir e de como deve ser
constituído o ensino de Arte na mesma.
Nesse sentido, cabe retomar a ideia de
escola nesse contexto:
A escola, no contexto do Campo, e,
mais especificamente, em uma
dinâmica de luta social e organização
coletiva pela terra, deve ser vista
como exercício da reafirmação
desses povos e de suas práticas, tendo
como base uma pedagogia que
reafirme seus símbolos e suas formas
de Arte, através da luta social, da
organização coletiva, do trabalho, da
história e da formação em
alternância, que permite a
reorganização do processo de ensino
e aprendizagem, a partir dos tempos e
dos espaços escolares (Carvalho,
Oliveira, R. A. S., Miranda, C. F., & Araújo, G. C. (2021). Artes e Educação do Campo: reflexões sobre a LEDOC da UFT/UFNT...
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Antunes-Rocha & Martins, 2017, p.
27).
A construção dos cursos de
Licenciatura em Educação do Campo
passou inicialmente pela discussão e defesa
de um ensino mais polivalente, por área,
visando, para além de outras questões, o
desafio pela superação do conhecimento
fragmentado (Molina, 2017, p. 595), e
buscando sanar parte da grande demanda
por profissionais com qualificação para
atuarem nas escolas do campo. Nesse
sentido, foram divididas as licenciaturas
em quatro grandes áreas, sendo elas: Artes,
Literatura e Linguagens; Ciências
Humanas e Sociais; Ciências da Natureza e
Matemática; e Ciências Agrárias. Dessa
forma, as LEdoCs foram concebidas
pensando na formação de profissionais que
pudessem lecionar em disciplinas distintas
de uma mesma área de conhecimento
(Molina, 2017, p. 595).
Partindo da afirmação de
legitimidade da proposta e ponderando que
o exposto acima não se refere
exclusivamente ao ensino de Arte na
escola, a compreensão de um ou uma
docente com qualificação para atuar em
mais de uma disciplina na área de artes,
nos remete diretamente ao histórico de
reflexões pedagógicas e das lutas dos
movimentos de profissionais de Arte-
Educação contra a disciplina e formação
em nível superior de Educação Artística,
cuja finalidade tratava de abranger uma
formação em mais de uma linguagem das
artes e, por extensão, a ideia de que
poderia existir um ou uma profissional
com competência para atuação em todas as
linguagens artísticas. Tal concepção de
formação superior, ademais de outras
questões, gerou uma formação frágil e uma
predominância do ensino das Artes Visuais
na escola em relação às outras linguagens
artísticas - Teatro, Dança e Música
(Barbosa, 2010).
Por outro lado, cabe salientar que,
atualmente, para além de toda a disputa
anterior que o movimento de Arte-
Educação teve que empreender para
afirmação e legitimação das artes enquanto
área de conhecimento e a afirmação de
uma formação de qualidade de seus e suas
profissionais, observa-se que o surgimento
de pós-graduações em níveis stricto sensu
e lato sensu, bem como de curso superior
de bacharelado Interdisciplinar de Artes,
pode apontar para uma abertura e retomada
de reflexão sobre a questão, com novas
possibilidades interdisciplinares. Tais
possibilidades necessitam de muitas
reflexões ainda, e foram possíveis numa
perspectiva de investigação de novos
caminhos, justamente devido ao acúmulo
do histórico de lutas do movimento de
Arte-Educação e pelas experimentações e
Oliveira, R. A. S., Miranda, C. F., & Araújo, G. C. (2021). Artes e Educação do Campo: reflexões sobre a LEDOC da UFT/UFNT...
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reflexões em sala de aula, bem como, pela
emergência conceitual e prática da Arte
Contemporânea que cada vez mais borra as
fronteiras entre as diferentes linguagens
artísticas.
Partindo para pontos mais
específicos da organização curricular da
LEdoC UFNT-Tocantinópolis, o Projeto
Político Pedagógico do curso de
Tocantinópolis estrutura suas disciplinas a
partir de três núcleos: o núcleo comum, o
núcleo específico e núcleo de atividades
complementares. Sobre a matriz curricular
do curso de Tocantinópolis, Miranda e
Cover (2016, p. 90) explicitam que:
A matriz curricular do curso está
organizada em três núcleos de
conteúdo: Núcleo comum: que
aglutina elementos de ordem geral na
formação do educador, como
desenvolver habilidades de docência,
desenvolvimento de linguagem oral e
escrita, pesquisa, compreensão da
realidade agrária do Brasil e da
região Amazônica; Núcleo
específico: que aglutina
conhecimentos referentes ao campo
das Artes Visuais e Música; e Núcleo
de atividades complementares: que
contempla atividades de extensão,
pesquisa, monitorias, estágios,
viagens de campo e participação em
eventos.
O fato de uma Licenciatura em
Educação do Campo com habilitação
exclusiva em Artes ocorrer apenas no
Tocantins e não ter previamente outras
experiências dessa natureza para se
inspirar, coloca o curso numa perspectiva
experimental e essa medida fica bem clara
quando analisamos as mudanças ocorridas
no PPC, fruto tanto das reflexões
paulatinas sobre seu desenvolvimento
quanto da entrada de mais docentes com
formações específicas nas áreas de Artes.
Nesse sentido, no processo da elaboração
dos PPCs, tanto no curso de Arraias,
quanto no de Tocantinópolis, Silva e Ruas
Junior (2016) salientam que não existia um
quadro robusto de profissionais na área de
música, por exemplo, possuindo apenas um
professor com formação em música
envolvido no processo em Tocantinópolis.
Esse fato influenciou a forma como a
matriz curricular dos PPCs foi criada e as
posteriores alterações que se fizeram
necessárias.
No curso de Tocantinópolis, é
evidente a influência nas propostas de
mudanças curriculares com a chegada de
docentes com formação em áreas
específicas de Artes. Tais propostas
geraram, inclusive, a demanda pela
modificação do PPC com a inserção de
disciplinas da área de Teatro, por exemplo.
Passando o curso a abranger, disciplinas do
núcleo específico das linguagens de Artes
Visuais, Música e Teatro. A seguir, essas e
outras questões serão mais diretamente
evidenciadas. Nesse momento, para as
discussões que se seguirão, cabe trazer as
reflexões de Molina (2017, p. 590), ao
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tratar do processo de concepção das
LEdoCs, quando afirma que:
Importa destacar aqui que essas
Licenciaturas têm uma marca
constitutiva fundamental, que é o fato
de terem sido projetadas
assumindo uma posição de classe,
rompendo tradicionais paradigmas
que afirmam a possibilidade da
neutralidade da produção do
conhecimento científico e das
políticas educacionais. As LEdoCs
são planejadas considerando-se a luta
de classes no campo brasileiro e
colocando-se como parte e ao lado do
polo do trabalho, assumindo e
defendendo a educação como um
direito e um bem público e social
(Molina, 2017, p. 590).
A seguir, investigaremos em qual
medida tal questão adentra nas
especificidades do curso de Tocantinópolis
e em seu histórico de mudanças
curriculares. Essa perspectiva estruturante,
que funda as LEdoCs, deve estar presente
em todas as esferas de concepção e prática
dos cursos, desse modo, deve estar
presente desde o processo de concepção
curricular até a metodologia e a práxis de
ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas
nos cursos.
Mergulhos em uma matriz curricular
Qual seria uma matriz curricular
adequada para uma Licenciatura em
Educação do Campo com habilitação em
Artes? Existiria uma única resposta? Essa
pergunta nos joga em labaredas de
reflexão, porque separadas a Educação do
Campo e as Artes em um universo
acadêmico (mas não só), enfrentam um
cotidiano de lutas e reafirmações para suas
existências; especialmente nesse contexto
atual, no qual os povos do campo e seus
saberes são cada vez mais atacados, bem
como, as artes, que sempre necessitam de
justificativas para suas manifestações, são
cada vez mais perseguidas e censuradas.
Pensar em um curso que convirja essas
duas áreas é colocar-se inexoravelmente
numa postura de inovação,
experimentação, de caráter político e de
classe sólidos.
Dito isso, consideramos algumas
premissas. A primeira é a de que a
construção de uma matriz curricular dessa
natureza, precisa olhar para os
enfrentamentos dos povos do campo,
enaltecendo e fortalecendo os saberes
artísticos desses sujeitos e sujeitas. Nesse
sentido, temos que:
Ao tratarmos das Práticas Artísticas
produzidas pelos sujeitos dos Campo,
o caráter político é o elemento que se
destaca com maior ênfase, pois
simboliza o enraizamento do
processo histórico de lutas pela terra
como direito na produção da vida no
Campo. Esse elemento nos coloca
diante do fato de que as Práticas
Artísticas e Culturais dos sujeitos do
Campo, não são neutras: pelo
contrário, são carregadas de
consciência crítica da necessidade de
transformação da sociedade
(Carvalho, Antunes-Rocha &
Martins, 2017, p. 27).
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É importante salientar ainda, que as
autoras supracitadas pontuam a perspectiva
de dinamicidade presente nas práticas
artísticas dos sujeitos e sujeitas do Campo
e da relação de tal dinamicidade com a
reconstrução identitária dos povos do
Campo. Compreende-se que tais práticas
artísticas se referem às práticas que são “...
apropriadas por um determinado grupo
social dos sujeitos que residem, trabalham,
produzem e têm no campo seu contexto
social, econômico e cultural.” (Carvalho,
Antunes-Rocha & Martins, 2017, p.27). As
autoras defendem ainda, nesse contexto, a
coexistência do erudito e do popular em
tais práticas. A superação e reflexão acerca
da dicotomia entre erudito e popular é uma
questão discutida com vigor no campo
artístico e bem esmiuçada por diversos
autores e autoras não das artes, como é
o caso de Peter Burke (2010).
Nesse ponto, aborda-se uma outra
premissa que parte diretamente da anterior,
a de que as práticas artísticas dos sujeitos e
sujeitas do campo, mesmo partindo dos
saberes dos povos do campo, deve estar
dialeticamente posta em diálogo com
outras culturas e saberes; e que o contato,
reflexão e apropriação de terminologias e
modos de produção de práticas artísticas
tradicionalmente vistas como eruditas é
não necessário, mas parte da
compreensão da Arte como direito dos
sujeitos e das sujeitas (Carvalho, Antunes-
Rocha & Martins, 2017).
Tal perspectiva é essencial para se
pensar a concepção da matriz curricular de
uma Licenciatura em Educação do Campo
com habilitação em Artes. Nesse sentido, é
necessário que haja nas LEdoCs uma
articulação dos saberes, conforme destaca
Menezes Neto (2011, p. 25). Ainda sobre
isso o autor complementa apresentando
que:
... os cursos de licenciatura do campo
devem incrementar o diálogo entre os
vários saberes, incentivando, sempre
com respeito, os saberes presentes
em todas as culturas, seja a
tradicional ou a técnico-científica.
Dessa forma, o conhecimento pela
experiência deve ser reconhecido,
pois a experiência é fonte de
conhecimento, assim como pode ser
motivo de crítica quando assume uma
prática que tecnicamente não avança
e que ideologicamente serve na
construção de saberes conservadores
politicamente. Mas o importante é
que exista sempre o diálogo. (Neto,
2011, p. 35).
Ao analisar os PPCs das LEdoCs
com habilitação em Artes da UFT (agora
UFNT no caso de Tocantinópolis), no que
se refere aos conhecimentos musicais
presentes, Silva e Ruas (2016), refletem
sobre a perspectiva conservatorial presente
em ambos os projetos pedagógicos,
trazendo importantes reflexões mais
diretamente relacionadas à música e a
formação do educador do campo, que
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dialogam de modo próximo com o exposto
até então: “O educador musical que atua na
educação do campo precisa ter uma
concepção que se adapte à realidade do
campo. Uma educação diferenciada que
dialogue com os saberes contextualizados”
(Silva & Ruas, 2016, p. 212). A autora e o
autor ressaltam ainda que os saberes dos
educandos e educandas do curso, suas
opiniões e conhecimentos podem oferecer
caminhos para a reflexão e ação acerca do
tipo de ensino de música a ser
desenvolvido em suas formações.
Em sua configuração atual, o PPC do
curso está em fase de transição e tem
disciplinas voltadas ao núcleo comum,
trabalhando conceitos relacionados aos
povos camponeses e à Educação do Campo
e os saberes específicos vinculados às
formações de professores, bem como ações
do núcleo de atividades complementares e
disciplinas vinculadas às especificidades
do estudo das artes. Como objetivo geral
do curso, o PPC (2016) destaca: Realizar
uma formação contextualizada na área de
Artes e Música que possibilite ao discente
de Licenciatura uma identidade na área de
formação de educadores/as politicamente
comprometida com a cultura, as lutas
sociais e com o campo brasileiro”. Para
além da docência, espera-se que a
formação condições de atuação na
gestão de espaços escolares e processos
comunitários e na atuação em espaços
escolares e não escolares.
No que tange a área de Artes, as
disciplinas que trazem os conhecimentos
das linguagens artísticas são as seguintes:
Estética e Poética Camponesa, Arte e
Educação, Metodologia do Ensino de
Artes, Teatro-Educação I e II, História do
Teatro I e II, Laboratório de Teatro I e II,
Laboratório de Artes Visuais I e II,
Fundamentos da Construção de
Conhecimentos em Música, Práxis Sonora
I, II, III e IV e Saberes e Fazeres em
Música I e II. É possível perceber a
presença de três disciplinas mais voltadas a
uma compreensão geral da área,
articulando os conhecimentos
sistematizados cientificamente acerca da
Filosofia da Arte e da Arte-Educação, com
os conhecimentos advindos das populações
camponesas e suas formas de fruir as artes.
Seis disciplinas se dedicam mais
especificamente aos estudos do Teatro,
historicizando essa linguagem e
possibilitando espaços de criação e práxis
pedagógica cênica. Duas disciplinas
voltadas às investigações teórico-práticas
das Artes Visuais. Por fim, sete disciplinas
articuladas com o universo musical, com
espaços para os estudos e as criações
musicais/sonoras.
Em relação às disciplinas mais
diretamente ligadas ao Teatro, por
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exemplo, que foram inseridas apenas na
última versão do PPC (2019), verifica-se,
através de suas ementas, que tentam dar
conta de conteúdos ligados à história do
teatro, ao processo de experimentação e
criação cênica e ao ensino do teatro. É
oportuno enfatizar que as disciplinas
(mesmo que com recortes específicos)
procuraram em suas execuções até agora,
mesclar e abordar de algum modo os três
campos de estudos acima elencados,
oportunizando uma formação teatral
prática e teórica e potencializando as
oportunidades de aprendizado. Observa-se
também que as disciplinas partem de uma
perspectiva popular, fortalecendo saberes
comunitários e regionais, como é o caso da
disciplina História do Teatro I que em sua
ementa consta Panorama histórico do
teatro mundial e latino-americano, na
perspectiva do teatro popular.” (PPC,
2019, p.64) e da disciplina História do
Teatro II que a ementa apresenta como:
História do Teatro Brasileiro. Teatro
produzido nas regiões Norte e Nordeste do
país.” (PPC, 2019, p.69). Esta perspectiva
está incluída nas reflexões iniciais que
foram trazidas acerca das premissas que
consideram-se oportunas para uma matriz
curricular dessa natureza, sinalizando que
uma convergência dos caminhos
curriculares e práticos coerentes com as
perspectivas pedagógicas, políticas e
conceituais de Educação do Campo.
As disciplinas de teatro tentam dar
conta também de apresentar possibilidades
metodológicas de criação e ensino (com
diferentes tipos de jogos e experimentações
poéticas cênicas), com um recorte, em
geral, ligado ao Teatro Político a às
práticas dos povos do campo; como, por
exemplo, o trabalho com o Teatro do
Oprimido, que com suas poéticas e
técnicas (como o Teatro Fórum, Teatro
Jornal, Teatro Imagem, Teatro Invisível,
dentre outras) são historicamente
presentes nas práticas de movimentos
sociais, como podemos perceber nas
seguinte passagem:
... o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) efetivou,
em 2001, uma parceria com o Centro
de Teatro do Oprimido (CTO) para
que ele auxiliasse os trabalhadores
em um trabalho de multiplicadores da
linguagem teatral. Sendo assim,
alguns membros do MST
participaram de uma formação com
Augusto Boal e os integrantes do
CTO para levar as técnicas
desenvolvidas para acampamentos,
assentamentos e outras atividades de
formação dos militantes. Esse
trabalho germinou a criação de
diversos grupos de teatro espalhados
pelo país. (Miranda & Franzoni,
2016, p. 203).
É importante salientar que as
disciplinas acima elencadas e analisadas,
são as disciplinas obrigatórias do currículo
do curso de Licenciatura em Educação do
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Campo, com habilitação Artes e Música,
da UFNT. No entanto, para além delas,
existem outros momentos do curso nos
quais as linguagens artísticas se fazem bem
presentes junto ao estudo da Educação do
Campo. Um desses momentos de reflexão
e experimentação artística que escapa às
disciplinas obrigatórias são as ofertas de
disciplinas optativas, que além de
oportunizarem um fluxo de novas
experiências às práticas do curso dão conta
de modo mais flexível e inovador de
relacionar o processo de pesquisa e
formações anteriores dos e das docentes do
curso com as vivências dos educandos e
educandas do campo. Nessa perspectiva,
ao longo dos anos do curso, foram
ofertadas algumas disciplinas optativas
nessa linha.
O Profº. Dr. Leon de Paula concebeu
e ofertou a disciplina optativa Construções
Cênicas de Narrativas que trata, de modo
resumido, da investigação e articulação
entre os gêneros lírico, épico e dramático a
partir também de processos de
experimentação cênica. A disciplina foi
ofertada em duas ocasiões, em 2016.2 e
2018.2. Na primeira experiência gerou,
inclusive, uma mostra de Formas
Animadas (com bonecos de luva e técnicas
de sombra) com apresentações destinadas à
estudantes de escolas públicas do
município (alguns destes posteriormente
viriam a ser estudantes do curso e tiveram
contato inicial e interesse em relação ao
mesmo a partir dessa iniciativa). A
realização no ano de 2018.2 gerou a
montagem da leitura dramática da peça Os
Fuzis da Senhora Carrar, de Bertolt
Brecht, como mostra no respectivo
semestre, que prosseguiu com
apresentações mesmo após a finalização da
disciplina, por interesse das pessoas
participantes, em 2019.1. Ressalta-se que
essa última experiência também foi
propulsora da criação do Laboratório
Experimental de Operações Cênico-
Narrativas (Leon), iniciativa protagonizada
pelo Profº. Dr. Leon de Paula, que
estabelece um marco dentro do curso em
relação à uma estruturação básica e inicial
para o desenvolvimentos de
experimentações cênicas com maior
possibilidade de investigação dos
elementos da cena e suas construções.
Atualmente, o laboratório está em processo
de migração de espaço, o que demanda
novos ajustes estruturais e aparelhagens.
Em 2017.2, a professora substituta
Ma. Marissel Marques ofertou também
uma disciplina optativa relacionada a
dança intitulada Danças Tradicionais,
experiência única dentro do curso uma vez
que este não contempla nem disciplinas
optativas e nem obrigatórias nessa
linguagem. A disciplina partiu de um
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caráter majoritariamente teórico, mas
também prático, e investigou os aspectos
históricos e estéticos das danças e ritos
presentes nas comunidades das e dos
discentes participantes, abordando também
as danças nos contextos educacionais
(Marques, 2018).
Nos anos de 2016 a 2021, o professor
Dr. Gustavo Araújo também ofertou a
disciplina optativa História em
Quadrinhos, que com natureza teórica e
prática, dava conta de aspectos históricos e
de produção de histórias em quadrinhos,
estabelecendo conexões com a Educação
do Campo e realizando processos de
criação com os e as discentes. O Profº. Dr.
Gustavo Araújo também atuou no processo
de organização e estruturação do
Laboratório de Artes Visuais do curso,
uma vez que tal laboratório estava
previsto na proposta de elaboração do
curso, mas veio a efetivar-se no
processo de mudança de sede para a
Unidade Babaçu, tempos depois da criação
da LEdoC em Tocantinópolis.
Na área de Música, o Prof. Ms. José
Jarbas Ruas ofertou em 2017.2 a disciplina
optativa Metodologia do Ensino de Cordas
dedilhadas que tinha como objetivo
propiciar recursos técnicos e reflexivos aos
e às discentes acerca de práticas
pedagógicas de instrumentos de cordas
dedilhadas. A disciplina foi fruto de
anseios trazidos pela unidade escolar
Centro de Ensino Médio Girassol de
Tempo Integral Darci Marinho, após a
execução de uma disciplina de Estágio
Supervisionado III na instituição, segundo
Ruas, Santos e Silva:
Após esta conversa, os tutores
[Maycom Cléber e Poliana Oliveira]
trouxeram a demanda para a
Universidade, em busca de
metodologias e materiais didáticos
para o Clube. Dada a relação de
orientação com o Programa de Apoio
ao Discente Ingressante (PADI)
Música, os acadêmicos convidaram o
docente coordenador do programa
para apadrinhar o Clube de Música e
ser orientador das propostas
metodológicas para o
desenvolvimento da ação. Feita a
exposição da demanda, o professor
propôs uma reunião com a direção da
escola e a elaboração de uma
disciplina que pudesse agregar outros
alunos com intuito capacitar um
grupo habilitado para trabalharem
como tutores no clube de música
(2017, p. 60).
em 2018.2, por demanda oriunda
de estudantes que estavam também no
PADI, o Prof. Ms. José Jarbas Ruas
ofertou a disciplina optativa Produção e
editoração de partituras em software
musical, que tratou de oportunizar, de
modo resumido, conhecimentos técnicos
de software musical à discentes do curso,
para que esses pudessem produzir seus
materiais e utilizá-los em suas práticas
pedagógicas.
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No mesmo semestre de 2018.2 foi
ofertada também, pela profa. Ma. Luana
Mara Pereira, a disciplina optativa
Laboratório de Teatro de Animação (LTA),
que a partir de uma introdução e visão
geral em relação às linguagens do Teatro
de Animação, escolheu, por decisão dos e
das discentes participantes um
aprofundamento nas experimentações com
o Teatro de Sombras. As apresentações da
mostra final ocorreram na UFT e na Escola
Paroquial Cristo Rei (escola pública); tal
mostra era composta por cenas de teatro de
sombras construídas dramaturgicamente e
em seus elementos por grupos de
participantes da disciplina, a partir de
pesquisa desenvolvida no Tempo
Comunidade de levantamento de lendas e
histórias mitológicas das comunidades.
em 2019.2, foi ofertada a
disciplina Teatro de Máscaras, fruto de
pesquisas e anos de vivências anteriores
das duas docentes ministrantes, a Profa.
Ma. Rosa Adelina Oliveira e a Profa. Ma.
Luana Mara Pereira; essa disciplina além
de suscitar habilidades improvisacionais
das pessoas participantes, a partir da
experimentação de diferentes técnicas do
Teatro de Máscaras, trabalhou o processo
de confecção e criação de máscaras
expressivas livres a partir das
identificações culturais e vivências dos
educandos e educandas participantes. A
disciplina também gerou uma mostra
aberta à comunidade acadêmica e às outras
pessoas interessadas, sendo apresentada
também em uma escola pública municipal.
No primeiro semestre letivo de 2021,
foram ofertadas duas disciplinas optativas
da área de Música. A primeira, História da
Música Popular Brasileira, foi ofertada
pelo professor substituto Esp. Wemerson
Marinho de Sousa - egresso do curso
LEdoC- Tocantinópolis - e abordou o
panorama da música popular nacional e
internacional, com ênfase nos movimentos
musicais brasileiros e nas manifestações
musicais da região Norte do Brasil. A
segunda, Criação Coletiva (Marchinhas),
ofertada pelo professor substituto Me.
Régis Luís de Carvalho Silva, trabalhou
com a prática musical colaborativa,
discutindo o cancioneiro popular enquanto
fomentador de diálogos entre cultura e
música e as marchinhas de carnaval como
espaço de socialização e pertencimento.
A partir da exposição anterior das
disciplinas optativas ofertadas no curso,
relacionadas mais diretamente às
linguagens artísticas, fica evidenciada a
perspectiva enunciada, de que tais
disciplinas dão conta tanto de articular os
saberes anteriores (acadêmicos e de
práticas artísticas) dos e das docentes do
curso, quanto dos saberes das e dos
discentes do curso e suas comunidades;
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uma das premissas que abordamos ao
refletir sobre a natureza da matriz
curricular do curso. Outra perspectiva que
fica evidenciada é o caráter de ligação e
vínculo que tais iniciativas conseguem
desenvolver com o município e as
comunidades das e dos discentes, bem
como o caráter estético formativo que tais
disciplinas agregam não apenas às pessoas
do curso, mas também às suas
comunidades, à comunidade acadêmica e
as pessoas que residem na cidade.
Além das disciplinas optativas
ofertadas nas diversas linguagens artísticas,
as disciplinas de Seminário Integrado de
Ensino, Pesquisa e Extensão, que ocorrem
em todos os semestres letivos, são um
exemplo de momentos nos quais as artes
estão presentes e contribuem para a
construção de um espaço de
interdisciplinaridade entre as disciplinas do
módulo e para o exercício da autogestão e
organicidade discente, a partir, geralmente,
do planejamento e desenvolvimento de
ações nesses espaços. Além dessas
disciplinas, os Estágios Curriculares
Supervisionados são um espaço do
exercício da docência em artes, nos quais
os educandos e educandas são orientados a
pensar em sua atuação nos espaços
escolares e não escolares em suas
comunidades; em um exercício intenso de
reflexão sobre a conexão e as premissas até
aqui apresentadas, como o diálogo com os
saberes dos e das discentes, sejam estes os
estagiários ou os públicos-alvos dos
estágios, partindo, desse modo, de uma
premissa de educação dialógica, reflexiva e
atuante em relação à concepção de escola
de campo que se almeja.
A distribuição disciplinar vinculada
aos estudos das artes permite observar o
alcance do curso nas três linguagens que
propõe se debruçar Artes Visuais, Teatro
e Música e a tentativa de exercer
constantemente a práxis pedagógica
buscando o exercício concomitante dos
estudos teóricos e das investigações
práticas. A constituição do curso em
alternância pedagógica, tendo como
horizonte norteador a efetivação da
Pedagogia da Alternância também é uma
potência fundamental para o estudo das
artes, na medida em que incentiva as
investigações acerca das culturas e das
manifestações artísticas das comunidades
dos educandos e educandas. Essas
investigações permitem, a partir do olhar
para as práticas das comunidades, pensar
nas diversas formas de artes, articulando as
manifestações culturais e artísticas das
comunidades com os conhecimentos
sistematizados cientificamente,
possibilitando assim a construção de novos
saberes e fazeres em Artes e em Educação
do Campo.
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A esse respeito, Carvalho (2017, pp.
45-46) destaca que as práticas artísticas
“carregam significados enraizados na
produção da vida desses sujeitos”. Nesse
sentido, analisar a arte produzida pelos
sujeitos e sujeitas camponeses é considerar
o sentido de sociabilidade com o outro,
com o mundo. Além disso, o conteúdo
artístico do indivíduo do campo geralmente
traz “a denúncia das condições de trabalho
e outras explorações presentes no campo
brasileiro”; portanto, a arte pode ser
utilizada como instrumento de luta, bem
como uma “’frente de batalha’ e formação
estética e crítica para a militância”.
Numa outra perspectiva, em relação
à Pedagogia da Alternância e ao ensino de
Artes da LEdoC da UFNT, observamos
que a alternância de tempos formativos
propulsiona, além do levantamento e
fortalecimento das culturas e
manifestações artísticas comunitárias dos
povos do campo da região, o
desenvolvimento de ações artísticas e
culturais nas comunidades do campo e em
escolas, contribuindo para o processo
formativo estético de tais espaços a partir
do protagonismo e saberes dos e das
próprias integrantes das comunidades,
licenciandos e licenciandas do curso.
Podemos, a partir de Gimonet (2007), ao
tratar da Pedagogia da Alternância, em um
contexto mais diretamente ligado às
Escolas Família Agrícola, em diálogo com
o exposto acima, evidenciar e mergulhar
nas novas concepções e experiências que
tal pedagogia nos instiga:
Conseguir êxito na Pedagogia da
Alternância supõe desfazer-se de
esquemas clássicos do ensino para
dar vida a um sistema pedagógico
novo. Novo porque derruba os muros
da escola para utilizar os saberes e os
suportes de aprendizagem da vida.
Novo porque o alternante não é mais
um aluno na escola que consome
passivamente saberes de um
programa, mas um ator
socioprofissional que constrói sua
formação. (Gimonet, 2007, p. 99).
De maneira semelhante, em um
estudo que um dos autores desta pesquisa
realizou acerca desse assunto (Araújo,
2016), evidenciou-se que pesquisar arte
nessa área é uma forma de aumentar a
produção de conhecimento em Educação
do Campo, que ainda é incipiente no
Brasil. Dessa forma, ressaltar os saberes
camponeses dos e das jovens e adultos por
meio da arte é considerar as suas realidade,
seus contextos de vida e as suas lutas pela
terra e trabalho no campo, pois não dá para
separar os conflitos e contradições
presentes na realidade camponesa da
análise materialista e dialética dessas
pessoas enquanto sujeitos e sujeitas
históricos e dotados de saberes diversos.
Sendo assim, as histórias de vida, os
saberes e as experiências das e dos
estudantes camponeses são fundamentais
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para que o educador e a educadora
proponham e desenvolvam práticas
pedagógicas e artísticas condizentes com a
realidade desses educandos e educandas,
principalmente ao atuar nas escolas
localizadas nesse contexto, lugar que,
embora apresente ainda uma imagem de
negação e exclusão da maioria desses
estudantes, pelo fato de a maioria ter que
trabalhar e sustentar a família, é o local que
possibilita ao camponês e à camponesa
continuarem seus estudos e de se
humanizarem, enquanto sujeitos e sujeitas
históricos.
A arte possibilita ao estudante jovem
e adulto do campo desenvolver um
olhar crítico a partir do contato com
diferentes manifestações artísticas,
suas bases teóricas e seus diferentes
procedimentos técnicos de produção.
Vale destacar que esse conhecimento
pode ser ampliado por meio do
acesso a museus de arte ou espaços
culturais artísticos, pessoalmente ou
por mídias, como a internet ...
(Araújo, 2016, p. 162).
Dito de outra forma, refletir sobre
essa escolarização, a partir das artes,
proporciona aos educandos e educandas do
campo encontrar motivações para
expressar suas ideias, anseios,
questionamentos, saberes e visões de
mundo, produzindo leituras significativas
das suas realidades.
Considerações finais
As Licenciaturas em Educação do
Campo (LEDOC) do estado do Tocantins
são importantes e necessitam continuar o
seu trabalho de formação de diversos
camponeses, pois, com elas, esses sujeitos
e sujeitas têm acesso ao Ensino Superior e
se formam para atuarem nas escolas
localizadas no campo, que tanto precisam
de professores formados. Além de
exercerem efetivamente o seu direito à
educação que tanto lhes foi negada ao
longo da história da educação brasileira,
“pressionam” ainda mais o poder público a
cumprir, na prática, a LDB n. 9394/96, o
Plano Nacional de Educação - PNE (2014-
2024), as Diretrizes Nacionais da
Educação do Campo e o PRONACAMPO,
ao reforçarem o compromisso político com
a população camponesa, na luta pela
Reforma Agrária e contra o fechamento
das escolas do campo.
Os resultados desta pesquisa
revelaram também que as artes estão
presentes no campo, e não apenas na
cidade. Embora seja mais predominante na
segunda, devido à diversidade e à
quantidade de manifestações artísticas, é
possível encontrar uma produção
significativa de arte produzida no meio
rural, com destaque para o artesanato e a
Música, segundo nossas experiências
enquanto professores e professoras do
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curso de Educação do Campo da UFNT de
Tocantinópolis.
Existindo desde 2014, o curso
formou três turmas em uma trajetória de
construções e reconstruções que busca um
olhar crítico para o percurso vivenciado e
se adapta às necessidades de
reconfigurações curriculares, a fim de
proporcionar uma educação pública e de
qualidade.
Visando a investigação das Artes no
contexto da Educação do Campo e
trabalhando para formar educadores e
educadoras para atuar com as linguagens
artísticas nas escolas do campo,
especialmente com as Artes Visuais, a
Música e o Teatro, a LEdoC da UFNT-
Tocantinópolis resiste buscando efetivar a
democratização do acesso à educação,
contribuindo a partir da construção de uma
formação de qualidade que auxilie na
melhoria da vida das populações
camponesas, na construção de um projeto
de sociedade mais igualitário e solidário e
na diminuição das desigualdades sociais.
A pesquisa concluiu também que as
artes têm a potência de ampliar o
conhecimento cultural e estético dos
educandos e educandas, fator fundamental
para enriquecer o aprendizado e
desenvolver a imaginação. A arte
transforma tanto o homem quanto a
natureza, pois a arte humaniza. Possibilita
às pessoas do campo fomentar críticas da
realidade à sua volta, ao levá-las a
construir sentidos e significados a partir
dessa realidade, tendo no objeto artístico a
sua representação.
Portanto, as artes na Educação do
Campo proporcionam à e aos indivíduos
reconstruir suas realidades e confrontá-las
criticamente. Ao proporcionar esse
entendimento mais crítico, as artes
produzidas pelas sujeitas e pelos sujeitos e
sujeitas do campo podem levar a socializar
com outras pessoas, a ressaltar os valores
camponeses e a luta por uma educação
com mais qualidade e enquanto direito de
acesso e permanência dos e das jovens e
adultos no campo. Com efeito, sendo
importante para a área de conhecimento e
de estudos futuros acerca do assunto
tratado neste artigo, as artes podem ser um
meio de fortalecimento da autoestima que,
geralmente, se encontra baixa devido às
mazelas que o capitalismo coloca.
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Universidade Federal do Tocantins (UFT) estão
passando por um processo de desmembramento da
UFT, para se tornarem uma nova instituição: a
Universidade Federal do Norte do Tocantins
(UFNT). Por isso, em alguns momentos,
mencionaremos UFT/UFNT, uma vez que a UFT é
a universidade responsável (tutora) em fazer essa
transição.
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 01/09/2021
Aprovado em: 18/09/2021
Publicado em: 30/09/2021
Received on September 01st, 2021
Accepted on September 18th, 2021
Published on September, 30th, 2021
Contribuições no Artigo: Os(as) autores(as) foram os
responsáveis por todas as etapas e resultados da
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Artes e Educação do Campo: reflexões sobre a LEDOC da
UFT/UFNT. Rev. Bras. Educ. Camp., 6, e13126.
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ABNT
OLIVEIRA, R. A. S.; MIRANDA, C. F.; ARAÚJO, G. C.
Artes e Educação do Campo: reflexões sobre a LEDOC da
UFT/UFNT. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 6,
e13126, 2021. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13126