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colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, proporcionará
Educação Infantil e Ensino Fundamental nas comunidades rurais.” (Brasil, 2012). Embora
essa conquista esteja assegurada, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira
(2020) demonstra que o Brasil fechou mais de 100 mil escolas em 15 anos, entre 2000 e 2015.
Desse total, 5.355 escolas no estado do Pará, sendo 4.411 no campo e 944 na cidade. E, entre
2014 e 2018, de forma cumulativa, também no Pará, foram extintas 1.701 escolas, e 2.000
foram paralisadas, conforme revelam os dados do Censo Escolar do Inep apresentados no
Fórum Paraense de Educação do Campo (Fepec) em 2019.
Diante desses dados, percebemos uma profunda contradição entre o que é proposto para
a realidade do campo e o que realmente verificamos na prática. Mobilizam-se lutas, difunde-
se a importância da Educação do Campo, e avanços são conquistados em termos legislativos.
Contudo, o número de escolas do campo fechadas continua a aumentar.
Essa prática justifica-se pela maneira como o Estado enxerga as escolas do campo, elas
são vistas na perspectiva da educação rural, que, na compreensão de Arroyo (2005, p. 47),
inclui a imagem de “... escolinha rural, professor rural … a educação rural vista como uma
pintura, uma fotografia velha, mofada, da educação urbana”, historicamente ligada a uma
educação precária, atrasada, inferiorizada. A educação na perspectiva ruralista, por muito
tempo, não possibilitou aos sujeitos camponeses o acesso a um ensino que emerge de sua
realidade, de sua cultura, de sua história. Hage (2005) pontua que essa educação
urbanocêntrica contribui para uma percepção de que tudo que advém do centro urbano é
melhor, é mais moderno, é mais avançado, e de que o campo é um lugar de atraso.
Contrapondo-se à educação rural, que tem a educação urbana como modelo a ser
seguido, surge o conceito de Educação do Campo. Para Fernandes (2004, p. 38), a Educação
do Campo “pensa o campo e sua gente, seu modo de vida, de organização do trabalho e do
espaço geográfico, de sua organização política e de suas identidades culturais, suas festas e
seus conflitos.” Partindo dessa afirmação, consideramos que esse é um reconhecimento
fundamental para os trabalhadores do campo que, sobretudo, evidencia a concepção de
educação discutida e reivindicada pelos movimentos sociais do campo para as comunidades
campesinas diferenciadas do modelo proposto pela educação rural.
De acordo com o Dicionário da Educação do Campo, a educação rural é aquela
oferecida à população agrícola, porém “na mesma modalidade da que é oferecida às
populações que residem e trabalham nas áreas urbanas” (Caldart, 2012, p. 295), sem que haja
uma preocupação de se adequar a escola rural às particularidades dos camponeses. Ainda