Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13296
Tocantinópolis/Brasil
v. 6
e13296
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2021
ISSN: 2525-4863
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Avaliação, monitoramento e acompanhamento do processo
formativo na RCT: aspectos teórico-práticos e
operacionais
Kátia Cristina Custódio Ferreira Brito1, Adaires Rodrigues de Sousa2, Roberto Francisco de Carvalho3
1, 3 Universidade Federal do Tocantins - UFT. Campus de Palmas - Programa de Pós-Graduação em Educação - Avenida NS
15, 109 Norte Plano Diretor Norte Palmas - TO. Brasil. 2 Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade
de Coimbra, Portugal.
Autor para correspondência/Author for correspondence: katiacristina@uft.edu.br
RESUMO. O artigo em pauta aborda temática referente a
avaliação, monitoramento e acompanhamento da Rede
ColaborAção Tocantins (RCT), no contexto do período
pandêmico. A presente reflexão tem o objetivo de problematizar
a concepção instrumental da educação e da avaliação por meio
de reflexão teórico-filosófica, que entende a educação como
práxis social, calcada nos princípios da gestão democrática e da
formação substantiva. O estudo que originou esse texto foi
realizado na perspectiva crítico-dialética, partindo da realidade
empírica compreendida como realidade complexa, contraditória
e mediatizada por múltiplos determinantes. O estudo
proporcionou como resultado teórico-prático a explicitação
dos fundamentos filosóficos, políticos e metodológicos da
avaliação, monitoramento e acompanhamento nas perspectivas
instrumental e substantiva, bem como possibilitou a composição
de um conjunto de critérios e procedimentos aplicáveis à
formação no âmbito da gestão da educação municipal. A
discussão contempla, além de aspectos teórico-práticos da
gestão, da avaliação, do monitoramento e do acompanhamento
da RCT, aspectos práticos operacionais do processo formativo.
Palavras-chave: educação no Tocantins, rede colaborAção
Tocantins (RCT), avaliação, monitoramento e acompanhamento
da educação municipal, aspectos teóricos e práticos.
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Evaluation monitoring and accompaniment of the training
process in RTC: theoretical-practical and operational
aspects
ABSTRACT. The article at stake approaches thematic related to
the evaluation, monitoring and accompaniment of the Rede
ColaborAção Tocantins (RCT) developed in the pandemic
period. The present reflection has objective to problematize the
instrumental conception of the education and the evaluation by
means of theoretician-philosophical reflection, which
understands the education as social práxis, based on principles
of the democratic management and the substantive formation.
The study which originated this text was carried through in the
perspective critical-dialectic, starting from the empirical reality
understood as complex reality, contradictory and mediatized by
multiples determinative. The study provided - as a theoretical-
practical result the explanation of the philosophical, political
and methodological foundations of evaluation, monitoring and
follow-up in the instrumental and substantive perspectives, as
well as this enabled the composition of a set of criteria and
procedures applicable to training in municipal education
management. The discussion includes, in addition to the
theoretical and practical aspects of management, evaluation,
monitoring and accompaniment, the practical operational
aspects of the training process.
Keywords: education in the Tocantins, rede colaborAção
Tocantins (RCT), evaluation monitoring and accompaniment of
municipal education, theoretical and practical aspects.
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Evaluación, monitoreo y acompañamiento del proceso
formativo en la RCT: aspectos teórico-prácticos y
operacionales
RESUMEN. El artículo aborda la evaluación, monitoreo y
acompañamiento de la Rede ColaborAção Tocantins (RCT)
desarrollada en el período pandémico. Tiene por objetivo
problematizar la concepción instrumental de la educación y de la
evaluación mediante reflexión teórico-filosófica, que comprende
la educación como praxis social, calcada en los principios de la
gestión democrática y de la formación sustantiva. El estudio que
origino ese texto fue realizado en la perspectiva critico-
dialéctica, partiendo de la realidad empírica comprendida como
realidad compleja, contradictoria y mediatizada por múltiplos
determinantes. El estudio ha permitido, como resultado teórico y
práctico, el esclarecimiento de los fundamentos filosóficos,
políticos y metodológicos de la evaluación, monitoreo y
seguimiento en las perspectivas instrumental y sustantiva, así
como posibilitó la composición de un conjunto de criterios y
procedimientos aplicables a la formación en el ámbito de la
gestión de la educación municipal. Además de los aspectos
teóricos-prácticos de la gestión, contempla la evaluación,
monitoreo y acompañamiento, los aspectos prácticos
operacionales del proceso formativo.
Palabras clave: educación en Tocantins, rede colaborAção
Tocantins (RCT), evaluación, monitoreo y acompañamiento de
la educación municipal, aspectos teóricos y prácticos.
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Introdução
A temática de avaliação,
monitoramento e acompanhamento da
Rede ColaborAção Tocantins (RCT) com
relação às ações desenvolvidas no período
pandêmico constitui o centro das
preocupações do presente texto.
Historicamente, a discussão sobre a
avaliação, incluindo o monitoramento e o
acompanhamento, tem priorizado a
perspectiva instrumentalizada de educação,
com a finalidade de estabelecer parâmetros
de produção e de controle nas relações de
trabalho diversas.
A discussão em pauta tem o objetivo
geral de problematizar a concepção
instrumental de educação, gestão e
avaliação por meio de reflexão teórico-
filosófica que entende a educação como
práxis social calcada nos princípios da
gestão democrática e da formação
substantiva. Nessa linha de pensamento, o
prisma que sustenta a nossa argumentação
fundamenta-se no entendimento
omnilateral de educação como prática
educativa historicamente situada na
sociedade capitalista. Nesse entendimento,
o ato de planejar, praticar e avaliar é parte
constitutiva e constituinte do processo
educativo e precisa ser compreendido na
condição de totalidade das relações sociais
contraditórias em constante movimento.
Subsumido à compreensão
anteriormente aventada, o presente estudo
de base bibliográfica e empírico-
documental foi realizado na perspectiva
crítico-dialética, partindo da realidade
empírica avaliativa, realizada no âmbito da
RCT, compreendida em sua complexidade,
contraditória e mediatizada por múltiplos
determinantes econômico-materiais,
institucionais, políticos, culturais e
ideológicos.
Após a realização da pesquisa, a
exposição lógica e histórica dos resultados
contempla, além de uma discussão sobre os
aspectos teórico-práticos da gestão, da
avaliação, do monitoramento e do
acompanhamento, também os aspectos
práticos e operacionais do processo
formativo realizado pela RCT junto às
redes e aos sistemas de ensino/educação do
Tocantins, no período pandêmico da
Covid-19.
Aspectos teórico-práticos da gestão, da
avaliação, do monitoramento e do
acompanhamento da RCT
Avaliar, monitorar e acompanhar não
são processos simples, pois envolvem
aspectos objetivos e subjetivos, desde a
construção do instrumento, seguido do
acompanhamento do processo até o
resultado atingido mediante objetivos
estabelecidos. É preciso clareza, coerência
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e compromisso dos envolvidos no processo
avaliativo para a realização de uma
avaliação satisfatória, justa e participativa.
Embora a avaliação o seja fácil,
conforme Dias Sobrinho (2003),
... ela hoje se estende aos domínios
de todas as produções sociais, das
políticas públicas, especialmente das
educacionais. Inscreve-se no terreno
das reformas, inovações, currículos,
programas e projetos e exerce um
papel de real importância na
configuração dos modelos das
instituições, organizações e sistemas.
Em outras palavras, a avaliação vem
ganhando cada vez mais densidade
política e crescentemente é utilizada
como instrumento de poder e
estratégia do governo (Dias
Sobrinho, 2003, p. 9).
A avaliação, o monitoramento e o
acompanhamento inerentes a determinado
processo educacional relacionam-se, em
grande medida, à concepção de educação,
à forma de gestão em geral e ao ideário de
regulação que adotamos. Nesse sentido,
atinente à avaliação do processo formativo
no âmbito da Rede ColaborAção Tocantins
(RCT), entendendo a educação como uma
prática social situada no contexto atual da
pandemia causada pela Covid-19 e
realizada na perspectiva da gestão
democrática, este estudo tem como
referência teórico-metodológica a tradição
interacionista de administração das
instituições sociais.
A esse respeito, destacamos que duas
tradições da administração em geral podem
ser visualizadas: a funcionalista, enraizada
nas teorias positivista e evolucionista; e a
interacionista, que procura mediar
reflexivamente as diferenças sociais numa
perspectiva de diálogo (Carvalho, 2011).
Na gestão dialógica, a mediação ocorre de
forma dialética e consiste em nova maneira
de planejar, executar e avaliar o processo
educativo, pois nela o privilegiados o
diálogo e a discussão, com ênfase nos
princípios da totalidade, contradição,
práxis e transformação do sistema
educacional.
Analisando o contexto educacional
brasileiro, Carvalho (2011, p. 84) apresenta
uma tensão entre duas concepções de
gestão/regulação dos processos educativos:
... a regulatório-regulamentatória de
natureza estratégico-empresarial,
fundamentada na tradição
funcionalista, para a qual o controle
burocrático e a busca por uma
produção eficiente de perspectiva
economicista são características
intrínsecas, e a regulatório-
emancipatória de natureza
democrático-participativa,
fundamentada na tradição
interacionista, perspectiva que
prima pela participação efetiva dos
agentes que compõem os
segmentos de determinada
instituição social.
A partir do exposto, esclarecemos
que a palavra regulação, como prefixo,
também se aplica à perspectiva
emancipatória, que não exclui a
necessidade de regulação. Dessa forma,
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entendemos que quanto mais
preponderante for a perspectiva de
regulação com enfoque regulamentatório
de natureza estratégico-empresarial em um
processo de gestão e de avaliação
educacional, mais limitada será a interação
efetiva dos sujeitos que compõem tal
prática educativa. Os processos de
regulação, em quaisquer das perspectivas
de gestão e avaliação aventadas, são
explicitados por Cristina Contera (2002, p.
132-136), que apresenta argumentos de
natureza filosófica, política e metodológica
e os caracteriza conforme o quadro
seguinte:
Quadro 1 - Gestão/avaliação de processo educacional e escolar.
PERSPECTIVAS: Estratégico-empresarial e Democrático-participativa
Gestão/Avaliação estratégico-empresarial
Gestão/Avaliação democrático-participativa
Do ponto de vista filosófico, esse modelo
se orienta por uma racionalidade instrumental em
que predomina um interesse técnico. Os juízos
objetivos de eficácia instrumental se baseiam
inteiramente na evidência concreta do grau em
que determinado curso de ação conduz às
consequências pretendidas (ou aos objetivos
pretendidos).
Do ponto de vista político, é claramente
um modelo cuja intencionalidade explícita é que
as instituições, como escolas e universidades
públicas, ‘prestem contas’ (accountability) do uso
do orçamento concedido pelo Estado ... uma nova
forma de Estado, o Estado avaliador, [que se
pauta] nos valores de competitividade, esforço
individual e produtividade própria do mercado ...
O ensino é um instrumento técnico a serviço de
objetivos políticos, definidos prioritariamente por
exigências econômicas externas, cuja
determinação escapa precisamente a quem
participa da vida cotidiana das instituições
educativas.
Do ponto de vista metodológico, o
modelo se sustenta em enfoque
predominantemente quantitativo, que se parte
de uma análise custo-benefício, de insumos
resultados e se desconhecem ou simplesmente
ignoram os processos. Enfatiza-se a busca de
indicadores de rendimento, fixação de padrões,
provas e testes com um objetivo de controle
(Contera, 2002, p. 132-134).
Do ponto de vista filosófico, critica-se a
racionalidade instrumental como sendo incapaz de
argumentar sobre a qualidade valorativa dos fins com
os quais se relaciona. Recupera-se o interesse
emancipatório concebido não exclusivamente, como
o interesse cognoscitivo prático da ciência, como o
interesse emancipador por meio da autorreflexão, se
não como um fim último, um valor e um processo
que aponta como ideal regulativo, como
possibilidade e como antecipação à associação de
indivíduos autodeterminados de forma racional e
justa.
Do ponto de vista político, diferentemente
do modelo de regulação, o modelo democrático
orienta-se para a defesa da autonomia e para a
capacidade de autogoverno das instituições de
educação ... O processo se sustenta em valores
interno e externo; interesse pela produção do
conhecimento e sua distribuição; pertinência social
do conhecimento, equidade e transparência de suas
decisões, participação e autonomia institucional e
docente.
Do ponto de vista metodológico, não se
observam exclusivamente os resultados ... importam
os insumos e os produtos, mas sobretudo a análise
dos processos. Para isso se substituem os indicadores
de rendimento pelos de qualidade e se opta pela
seleção de procedimentos e técnicas que combinam o
quantitativo com o qualitativo (Contera, 2002, p.
134-136).
Fonte: elaboração dos autores com base em Contera (2002); Carvalho (2011).
Destacamos, a partir da leitura do
Quadro 1, que a perspectiva de regulação
estratégico-empresarial se fundamenta nos
valores referentes à competitividade, ao
esforço individual e à produtividade, que
prevalecem sobre a perspectiva de
compartilhamento do poder em uma
determinada coletividade. Em contraste ou
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contradição com a perspectiva da
regulação, mas não de forma mecanicista,
a perspectiva da emancipação ou
democrática constitui-se, nesse sentido, na
concepção de educação, gestão e avaliação,
na qual a dimensão política e, portanto, a
valorização dos sujeitos em processo
educativo têm maior evidência e
importância.
Ressaltamos que as perspectivas de
regulação estratégico-empresarial e
democrático-participativa fazem parte de
uma mesma e contraditória totalidade
social, portanto, representam projetos de
educação em disputa. O esforço pela
caracterização dessas duas perspectivas de
gestão e avaliação, nesse sentido, tem uma
função didática, com a finalidade de
explicitar a perspectiva que é
tendencialmente mais propícia a uma
formação de participação efetiva,
diagnóstica e processual. Assim,
estabelecida essa breve diferenciação,
tensionada entre a perspectiva da regulação
de natureza estratégico-empresarial e a da
emancipação de natureza democrático-
participativa do processo educativo e
apontada essa última como mais propícia a
uma gestão democrático-participativa e a
uma avaliação formativa efetiva dos
sujeitos que compõem dado processo
educativo sistêmico ou escolar, podemos
caracterizar as suas consequências
formativas em geral e delinear a
perspectiva avaliativa que fundamenta
avaliação no âmbito da RCT.
Estamos nos referindo a duas
perspectivas de gestão e avaliação da
educação com encaminhamentos teórico-
práticos de cunho mercantil e
emancipatório, com implicações
formativas alinhadas às perspectivas
econômico-mercantil e político-
emancipatória (Dias Sobrinho & Ristoff,
2002), conforme espelhamento descrito no
seguinte quadro:
Quadro 2 - Implicações para o processo formativo.
Perspectiva econômico-mercantil
Perspectiva político-emancipatória
Foco na profissionalização;
Produtivismo, Imediatismo, Utilitarismo;
Conformismo com a lógica mercantil;
Formação unilateral: estreita e bárbara;
Pedagogia dos resultados quantitativos.
Foco na formação humana;
Sem foco no imediatismo e no
pragmatismo mercantil;
Construção do conhecimento;
Formação omnilateral: ampla e humana;
Formação de qualidade socialmente
referenciada.
Fonte: elaboração dos autores com base em Dias Sobrinho e Ristoff (2002); Carvalho (2011).
Como síntese antecipadora do recorte
teórico-metodológico de avaliação (Dias
Sobrinho e Ristoff, 2002) que a RCT
propõe para o processo formativo,
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afirmamos que não se pretende realizá-la:
na lógica empresarial do imediatismo, do
utilitarismo, do economicismo, do
produtivismo; e na lógica do mercado, do
conformismo dos caminhos trilhados, da
uniformidade, da avaliação somativa, do
interesse preferencialmente pelo produto,
do pensamento da qualidade entendida
como quantidade, do sonho com o impacto
na mídia e por meio do desmonte do
espaço público.
Assim, por contraposição tensionada,
o que propomos é uma avaliação: na lógica
do sistema/rede de ensino/educação e da
instituição escolar viva, capaz de ver o
presente (com seus entraves e suas
realizações) sem perder de vista o futuro,
que pode realizar o útil sem tornar-se
utilitarista, que pode ser eficiente sem cair
no eficienticismo, que pode ser produtiva
sem ser vitimada pelo produtivismo
(Chauí, 1980); na lógica do espaço
educacional (sistema/rede municipal e
escolar concreto), da autonomia, da
construção do conhecimento e dos saberes,
do respeito às diferenças, da avaliação
formativa, da valorização dos processos e
da qualidade social substantiva como meta
principal.
Evidentemente não estamos falando
da “qualidade” que expressa competência e
excelência que satisfaz os critérios da
modernização da economia e do
desenvolvimento social pautado pela
produtividade, orientada pelos critérios do
quanto a realidade educacional avaliada
“produz, em quanto tempo produz e qual o
custo do que produz” (Chauí, 1999, p. 3).
Estamos, sim, buscando a qualidade social
acerca da qual o processo avaliativo busca
responder “o que se produz, como se
produz, para que ou para quem se produz”
(Chauí, 1999, p. 3), em contraste com uma
lógica educativa que inverte a ideológica
da qualidade em quantidade.
São esses os fundamentos que
guiaram a elaboração dos instrumentos, a
produção, organização e análise dos dados
em relação ao processo avaliativo, no
âmbito da RCT, acrescidos da referência à
concepção de gestão democrático-
participativa do processo educativo,
conduzido na perspectiva da construção da
autonomia pelos sistemas/redes de
educação/ensino, incluída a priorização da
participação, também, na avaliação do
processo formativo.
Ressaltamos, por essa linha de
entendimento, que a questão da
participação merece especial atenção no
sentido de que, sem ela, será difícil a
consecução e concretização dos objetivos
educacionais no seu sentido mais
substantivo. Desse modo,
... a avaliação participativa é, então,
formativa, pois, nesse caso, é
também um processo de socialização
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e de democratização. Assim como o
“eu” se constrói sempre em relação
com o “outro”, a avaliação, como
processo relacional, tem também
duas dimensões, que não se opõem,
antes, se completam: a auto e a
heteroavaliação. A autoavaliação é
um autoquestionamento que passa
pelo outro, nos processos de
heteroavaliação, e retorna ao sujeito,
enriquecida com novas
aprendizagens, em um patamar
diferente de experiências. Dessa
forma, a autoavaliação exercida no
campo das relações interpessoais e
dialógicas, portanto, combinada com
as visões externas é um importante
processo de individuação e de
socialização, ou seja, de constituição
do sujeito humano (Dias Sobrinho,
2005, p. 29-30).
Estudiosos da educação, como Dias
Sobrinho (2005), produziram sólidos
conhecimentos acerca da relação
educação/participação com fortes
argumentos de validade da avaliação
participativa que se baseia na construção
coletiva do conhecimento por uma
comunidade constituída por sistemas
articulados de comunicação e
aprendizagem e voltada para os objetivos e
valores diversos e diversificados da
formação humana e do desenvolvimento
emancipatório da sociedade. Por essa
lógica, defendemos, nos processos
participativos, mais que uma certeza
absoluta, indiscutível, neutra, prevalecer a
referência social, relativa, contextualizada
e resultado das lutas e dos entendimentos
possíveis em cada realidade educativa.
Ainda ancorados no supracitado
autor, depreendemos que os processos que
requerem a participação dos sujeitos nas
práticas e relações sociais não consistem
em simples balanço, não se limitam a
controle, nem têm como produto uma
objetividade desencarnada do corpo social
em movimento e contradição. Em outras
palavras, não se trata de certezas
consolidadas e acabadas, mas de uma
construção inacabada e indeterminada,
socialmente desenvolvida, sendo, portanto,
amplamente participativa e plural, em
busca da compreensão dos significados e
sentidos, em cujo processo social
contraditório e conectado os sujeitos do
processo educativo se assumem como
corresponsáveis (Dias Sobrinho, 2005).
Do exposto, esperamos ter
esclarecido a concepção que a RCT tem
como fundamento para proceder à
materialização do processo formativo que
realiza, operacionalizado conforme
explicitado no próximo tópico.
Operacionalização do processo de
gestão, avaliação, monitoramento e
acompanhamento da RCT
Avaliação, monitoramento e
acompanhamento têm uma estreita relação,
mas não se confundem nos aspectos
teórico-práticos. A avaliação, em seu
sentido genérico, relaciona-se à ideia de
aprimorar, aprender e julgar.
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Depreendemos do exposto anteriormente
que as perspectivas de avaliações são
disputadas pelas forças políticas,
econômicas, científicas e sociais em busca
da formação de uma dada hegemonia.
A perspectiva hegemônica de
avaliação, na sociedade capitalista do
século XXI, continua sendo aquela que
privilegia o monitoramento como recorte
das avaliações em função do
aprimoramento gerencial dos resultados,
principalmente ajustando com rigor os
objetivos às metas planejadas.
Sem desconsiderar a importância do
monitoramento na coleta de dados, o
vínculo orgânico que a proposta da RCT
apresenta é entre avaliação, na perspectiva
democrático-participativa, e
acompanhamento das práticas sociais,
traduzidas em relações educativas, tendo
como preocupação a valorização de mais
diálogo e menos instrumentos ou meios
utilizados para tal prática. Com isso,
estamos dizendo que o mais importante são
as relações sociais que se estabelecem no
processo formativo da RCT como práxis
educativa que submete os critérios
instrumentais aos critérios substantivos da
formação.
Perspectivas, dimensões e critérios do
processo de gestão, avaliação,
monitoramento e acompanhamento da
RCT
O monitoramento, o
acompanhamento e a avaliação, no âmbito
da RCT, considera, em uma visão ampla, a
articulação das perspectivas instrumental e
substantiva no processo formativo
municipal (Sander, 1995).
Em relação à perspectiva
instrumental do processo formativo,
relacionamos as dimensões econômica e
tecno-administrativa e pedagógica. O
critério orientador da dimensão econômica
e tecno-administrativa é a eficiência
relacionada à lógica racional e utilitária, a
qual visa ao preparo técnico competente de
seus profissionais e à maximização da
captação e da utilização de seus recursos
financeiros e tecnológicos. Tem a ver,
nesse sentido, com o controle dos
resultados quantitativos, indicadores de
eficiência que conjugam a produção, em
geral, e educacional, em particular,
realizada em menor tempo, com menos
recursos e que cumpra uma meta máxima
de 100%, ou próximo disso, em relação ao
que foi planejado.
A dimensão pedagógica,
considerando o processo educativo
ampliado, atribui à gestão do processo
educativo a função de coordenar a criação
e utilização de cenários, conteúdos,
espaços, métodos e técnicas, em busca do
alcance dos fins e objetivos da educação
para cumprir, para além do papel
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econômico, principalmente o político e o
cultural. Essa dimensão está comprometida
com o alcance dos objetivos do sistema
educacional e dos processos formativos em
geral, expresso no critério de eficácia
formativa.
No tocante à perspectiva substantiva
do processo formativo, relacionamos as
dimensões política e cultural. A dimensão
política possui estreita conexão com o
contexto pedagógico, econômico e
cultural, no qual o processo formativo
ocorre. Sem desconsiderar os múltiplos
determinantes que interferem na realização
da ação pedagógica, prima pelo exercício
efetivo de sua função social, voltada ao
atendimento das necessidades e demandas
de seus agentes sociais em formação. A
efetividade é o critério fundante dessa
dimensão formativa, ou seja, ela prima por
uma efetiva participação nas tomadas de
decisão no âmbito das instituições
educativas com repercussões para a ação
dos sujeitos sociais em processo de
formação na vida social nacional e local.
Implicada na dimensão anterior e
articulada a ela, destaca-se a dimensão
cultural relacionada ao critério da
relevância que tem como pressuposto
básico a visão totalizante da realidade
historicamente construída pelo conjunto
dos homens em sociedade. Com esse
entendimento, a educação está
comprometida com as práticas sociais das
pessoas e dos grupos que participam direta
ou indiretamente do processo educacional,
objetivando estabelecer condições
materiais e imateriais que permitam a
plena realização do ser humano como
sujeito, buscando agregar sentido e
significado valorativo à formação humana,
por meio, também, dos diversos processos
educativos.
As perspectivas e dimensões
formativas aventadas, no entendimento
aqui adotado, têm o propósito de superar as
posturas individualistas e funcionalistas,
usualmente desenvolvidas nos processos
formativos em geral. Tais posturas em
contraposição com a perspectiva de uma
formação omnilateral (Gramsci, 2000)
desvinculam os diversos níveis ou
dimensões da realidade global como se
estes existissem de forma autônoma. Por
essa linha de raciocínio, a educação, em
sentido omnilateral, tem papel mediador,
no sentido de articular dialeticamente as
dimensões econômica, pedagógica, efetiva
e relevante (Carvalho, 2016). Nessa lógica,
“a eficiência é subsumida pela eficácia; a
eficácia e a eficiência são subsumidas pela
efetividade; e a efetividade, a eficácia e a
eficiência são subsumidas pela relevância”
(Sander, 1995, p. 67). Ocorre, portanto, o
resgate do valor correto das dimensões no
processo de gestão, acompanhamento e
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avaliação, dando uma unicidade formativa
em busca da desalienação da
desfragmentação e afirmação da
autonomia, propósito caro ao projeto da
RCT.
No quadro seguinte, sintetizamos as
perspectivas e dimensões formativas
discutidas anteriormente e explicitamos os
indicadores e as evidências que a RCT
utiliza como norteamento geral do
processo de gestão, acompanhamento e
avaliação do projeto formativo em
desenvolvimento junto aos municípios.
Quadro 3 - Indicadores/evidências e critérios do processo de gestão, avaliação, monitoramento e
acompanhamento da RCT.
PERSPECTIVAS
FORMATIVAS
CRITÉRIOS
INDICADORES/
EVIDÊNCIAS RCT
Instrumental
Eficiência
1) Valor de recursos financeiros investidos;
2) Número de profissionais envolvidos;
3) Número de eventos realizados;
4) Número de municípios atendidos;
5) Número de cursistas formados
6) etc.
Eficácia
1) Planejamento realizado;
2) Materiais didáticos produzidos;
3) Formações realizadas;
4) Avaliações realizadas;
5) Relatórios produzidos;
6) Objetivos alcançados quanto à aprendizagem dos
objetos propostos no projeto
7) etc.
Substantiva
Efetividade
1) Repercussão do curso na participação dos cursistas em
relação à sua prática:
a) no curso realizado pela RCT;
b) na gestão do sistema municipal;
c) na gestão das escolas;
d) na gestão do processo de ensino e aprendizagem;
e) no âmbito municipal
f) etc.
Relevância
1) Repercussão do curso na mudança dos valores dos
cursistas em relação à sua prática:
a) no curso realizado pela RCT;
b) na gestão do sistema municipal;
c) na gestão das escolas;
d) na gestão do processo de ensino e aprendizagem;
e) no âmbito municipal
f) etc.
OBSERVAÇÕES:
1) Em relação aos indicadores, verificar os principais objetivos e valores pautados: Ex.: Formação
ampliada; Educação como prática social; Direito à educação; Ensino e aprendizagem emancipadora;
Sistema articulado; Autonomia; Gestão democrática; Participação efetiva.
Fonte: elaboração dos autores com base em Sander (1995); Carvalho (2016).
Tomando como referência o quadro
anterior, que explicita, em geral, os
indicadores/evidências e critérios do
processo de gestão, avaliação,
monitoramento e acompanhamento da
RCT, detalhamos, a seguir, parâmetros
norteadores para a gestão, o
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acompanhamento e a avaliação da RCT, no
tocante a blocos, objetivos, indicadores,
medida e período.
Quadro 4 - Parâmetros norteadores para a gestão, a avaliação, o monitoramento e o acompanhamento da RCT:
blocos, objetivos, indicadores, medida e período.
OBJETIVO GERAL - Apoiar as redes e os sistemas municipais de educação/ensino do Estado do
Tocantins no enfrentamento da crise educacional derivada da pandemia da COVID-19, notadamente na
sistematização da oferta educacional no período da pandemia e no processo de retomada das atividades
educacionais.
RCT
Objetivo
Indicador
Medida
Período
Bloco I
1
Realizar, em
colaboração com órgãos
de controle externo
presentes no Tocantins,
diagnóstico das redes e
dos sistemas municipais
de educação/ensino.
Diagnóstico da Educação do
Tocantins em Tempos de
Pandemia realizado
(Diagnóstico a ser realizado
com a máxima busca de
dados da educação
municipal, de modo a
compreender os desafios
enfrentados pelos
municípios no período
pandêmico e as
contribuições possibilitadas
por meio do trabalho da
RCT). Entre outras
questões, buscar
compreender os aspectos
acerca do desenvolvimento,
em cada município, da
concepção de educação
assentada na pedagogia
histórico-crítica.
Série histórica
semestral
2
Elaborar material para a
formação de dirigentes,
técnicos e diretores
escolares.
Tipos e quantidade de
material formativo
elaborados.
A cada módulo de
formação
bimestral
Município com trabalho
efetivado com o apoio do
material produzido.
A cada módulo de
formação
Contribuições do material
produzido para a promoção
da concepção da pedagogia
histórico-crítica.
Conhecida a cada
avaliação do
módulo
3
Proporcionar para a
equipe gestora formação
voltada para o
enfrentamento da crise
educacional
Formação desenvolvida
com equipe gestora voltada
para o enfrentamento da
crise educacional.
Número de
formações
realizadas
semestral
Município com trabalho
efetivado com o apoio das
formações desenvolvidas.
Conhecimento por
meio de
acompanhamento
e avaliação
bimestral
Contribuição da formação
para a promoção da
Conhecimento por
meio de
Contínuo
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concepção da pedagogia
histórico-crítica.
acompanhamento
e avaliação
Bloco II
4
Disponibilizar rede de
apoio e suporte técnico
aos sistemas e às redes
municipais de
educação/ensino para o
enfrentamento da crise
educacional.
Rede de apoio e suporte
técnico disponibilizados aos
municípios.
Formas
desenvolvidas de
apoio aos
municípios
(WhatsApp,
email…)
Satisfação dos municípios
em relação ao apoio e ao
suporte técnico
disponibilizados
Conhecimento por
meio do
acompanhamento
e das avaliações
do módulo
Contribuição do apoio e do
suporte técnico para a
promoção da concepção da
pedagogia histórico-crítica.
Conhecimento por
meio do
acompanhamento
e das avaliações
do módulo
5
Acompanhar e avaliar as
ações propostas pelas
redes e pelos sistemas
municipais de
educação/ensino.
Verificação de cumprimento
dos objetivos formativos
dos blocos I e III.
Elaboração de
relatórios parciais
e final sobre o
resultado
formativo
semestral
6
Publicar material
científico com registro
analítico da proposta (da
RCT?)
Material científico com
elaboração do registro
analítico da proposta
elaborada.
Quantidade de
material produzido
anual
Bloco III
7
Proporcionar para os
professores e
coordenadores
pedagógicos formação
voltada para os desafios
da crise educacional.
Formação para os
professores e coordenadores
pedagógicos voltada para os
desafios existentes da crise
educacional.
Número de
formações
realizadas. Por
módulo
semestral
Município com trabalho
efetivado com o apoio das
formações desenvolvidas.
Conhecimento por
meio do
diagnóstico ou das
avaliações do
módulo
Contribuição da formação
para a promoção da
concepção da pedagogia
histórico-crítica.
Conhecimento por
meio do
diagnóstico ou das
avaliações do
módulo
8
Elaborar material para a
formação de
professores.
Material elaborado para a
formação de professores.
Quantidade de
material elaborado
Blocos I,
II e III
9
Realizar Seminário da
Superação da Crise com
a participação de
palestrantes estaduais e
nacionais, vinculados ao
campo democrático
popular/progressista;
Seminário da Superação da
Crise realizado
Evento realizado
anual
Trabalhos diversificados
(resumos/ artigos/ relatos de
experiência) e avaliação das
ações realizadas pelas redes
Trabalhos
apresentados.
Ações
desenvolvidas
Contínuo
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apresentação de
trabalhos e avaliação das
ações realizadas pelas
redes e pelos sistemas
municipais de
educação/ensino.
e pelos sistemas municipais
de educação/ensino
apresentadas no seminário.
Fonte: elaboração dos autores com base no processo formativo realizado pela RCT (2020a; 2020b; 2021).
Tomando por referência os quadros
anteriores, para concluir a proposta de
acompanhamento e de avaliação, ressalta-
se a necessidade de definição de um
instrumento padrão de sintetização dos
dados coletados no decorrer do processo de
formação da RCT, nos termos descritos
para a elaboração dos quadros de
indicadores e de parâmetros.
A visão apresentada, tanto no aspecto
estratégico-empresarial como na avaliação
democrático-participativa, expõe apenas
diretrizes delineadas na elaboração do
projeto de trabalho, que todo o
detalhamento das ações é desenvolvido
pelos blocos formativos a partir da
realidade objetiva e da operacionalização
de cada ação.
Diante disso, quanto ao Quadro de
indicadores de critérios: na perspectiva
formativa instrumental faz-se necessário
elaborar o quadro com critérios para
observação e registros de dados; por outro
lado, na perspectiva formativa
substantiva enfatiza-se a importância de
desenvolver planejamento e relatórios das
formações etapa municipal, elaborar
quadro e critérios para observação do
material recebido; formulário ou quadro
para coleta de dados das avaliações dos
cursistas em relação à formação do
encontro síncrono etapa RCT e etapa
municipal..
No que se refere ao Quadro
indicadores de parâmetros: Bloco I
Diagnóstico deve-se destacar a revisão
do questionário aplicado para possíveis
substituições e inserção de itens e
reaplicação do instrumento, bem como, o
quadro com critérios de observação do
material elaborado/planejamento, relatórios
e avaliações referentes a cada módulo de
formação; Bloco II: apoio e suporte
pesquisa de satisfação ou questionário de
avaliação sobre a percepção das equipes
municipais quanto ao apoio realizado e aos
canais utilizados; quadro com critérios de
observação e coleta de dados das
avaliações e do alcance dos objetivos
propostos. Bloco III: quadro com critérios
de observação quanto ao material
elaborado para formações, observação e
coleta de informações a partir das
avaliações dos cursistas da etapa RCT e da
etapa municipal das formações e do
seminário
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(planejamento/execução/produções e
percepção dos participantes).
A gestão, a avaliação, o
monitoramento e o acompanhamento
ocorrerão a partir da articulação entre as
duas etapas: RCT/Especialistas e
Municipal, tendo em vista que a formação
síncrona e a atividade assíncrona devem
tomar como referência o campo da ação e
visam ao apoio em tempo real aos
municípios.
Em relação à etapa/patamar
RCT/especialistas, o acompanhamento e a
avaliação ocorrerão por meio da coleta, do
acompanhamento e da análise dos
indicadores e critérios do processo de
gestão, evidenciados nos relatórios a serem
produzidos pelos coordenadores ou
formadores que compõem os blocos I e III,
em atendimento aos critérios descritos para
as perspectivas formativa instrumental e
substantiva, descritas no Quadro 3; ao
objetivo geral que justifica a existência da
RCT, assim como aos objetivos de cada
Bloco que a compõe; às ações de
diagnóstico das redes e dos sistemas de
ensino, da formação para equipes gestoras
e pedagógicas, do acompanhamento e da
avaliação dos indicadores propostos para
evidenciar o alcance dos objetivos
apresentados, por meio das ações
desenvolvidas e dos relatórios produzidos,
a partir dos instrumentos de medida
propostos para cada ação, conforme o
Quadro 4.
No tocante ao patamar/etapa
municipal, o acompanhamento e a
avaliação ocorrerão por meio da
organização e entrega de dados e relatórios
solicitados, que englobam desde o
processo de inscrição dos cursistas, a
participação, o envolvimento nas ações e
atividades propostas, até uma avaliação,
com abrangência de itens definidos pelas
equipes de formação municipal, que
comprovem a efetivação da formação,
levando em consideração a relação entre
teoria e prática, a organização, a análise e a
publicização dos resultados do processo de
acompanhamento e de avaliação da RCT,
considerando o processo formativo em
movimento.
Nesse sentido, a organização dos
dados será realizada pelos formadores que
compõem os blocos I e III, mediante
relatórios apresentados após cada etapa de
formação, com critérios estabelecidos para
o planejamento e para a operacionalização
das formações ocorridas nos momentos
síncronos e para a organização e entrega de
produtos e/ou relatórios das atividades
assíncronas definidas em cada etapa da
formação a ser realizada.
A organização, o arquivamento, a
guarda e a análise dos dados ocorrem
continuamente pelos profissionais que
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compõem o bloco II, com a finalidade de
evidenciar riscos e fragilidades, bem como
induzir à correção célere do processo,
conforme a formação nas redes e nos
sistemas de ensino forem ocorrendo,
durante as ações de planejamento,
realização de encontros síncronos e
realização de atividades assíncronas.
A análise dos dados e resultados do
processo de acompanhamento e avaliação
das ações ocorrerá no âmbito da RCT e dos
Municípios, a cada bimestre. A
publicização geral dos dados analisados e
das ações desenvolvidas ocorrerá mediante
a realização de um seminário com a
participação de palestrantes estaduais e
nacionais, vinculados ao campo
democrático popular/progressista, com a
apresentação de trabalhos pelos
representantes das redes e dos sistemas e
com a avaliação das ações realizadas.
Nesse Seminário, será apresentada
proposta da publicação de uma Coletânea
de artigos científicos e relatos de
experiência relacionados ao
desenvolvimento da proposta.
Buscando coletar e publicizar as
experiências relevantes do processo
formativo, a Comissão de Gestão se
responsabilizará pela elaboração de
instrumentos e/ou de um aplicativo, e a
RCT, em parceria com a União dos
Dirigentes Municipais de Educação
(UNDIME-TO) disponibilizará uma
plataforma digital, para que os municípios
a alimentem com as experiências
inovadoras de gestão e pedagógicas, para
que fiquem acessíveis às demais redes e
aos sistemas.
Considerações finais
A pesquisa permitiu problematizar a
concepção instrumental de educação e de
avaliação por meio de reflexão teórico-
filosófica, contrapondo-a à concepção que
entende a educação como práxis social
calcada nos princípios da gestão
democrática e da formação substantiva,
sendo, ambas, representativas de projetos
de educação em disputa.
Na arena dessa disputa, avaliação,
monitoramento e acompanhamento seguem
cursos distintos e relacionam-se, em
grande medida, à concepção de educação,
à forma de gestão em geral e ao ideário de
regulação adotado, podendo ser
caracterizados como funcionalista
enraizada nas teorias positivistas e
evolucionista e, interacionista, com
mediação reflexiva das diferenças sociais
numa perspectiva materialista e crítico-
dialética.
Da problematização, apontamos o
caráter emancipador, democrático e a
valorização dos sujeitos em processo
educativo como a perspectiva escolhida
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pela RCT como fundamento para proceder
à materialização do processo formativo que
realiza.
Tal perspectiva, a partir dos quadros
apresentados, perpassam os processos de
gestão, avaliação, monitoramento e
acompanhamento, com formações
síncronas e atividades assíncronas que
tomam como referência o campo da ação
com apoio em tempo real aos municípios,
de modo que o processo avaliativo seja
contemplado com análise dos dados e dos
resultados do processo publicizados
bimestralmente e mediante a realização de
seminários e atividades diversificadas
como: socialização de trabalhos, rodas de
conversa e debates.
Assim, a perspectiva da RCT
desenvolve-se no campo da ação das redes
e dos sistemas e, por meio do processo
formativo do qual a própria avaliação faz
parte, volta-se ao campo da ação de forma
mais elaborada e transformada, a partir de
uma qualidade socialmente referenciada.
O percurso metodológico
possibilitou realizarmos uma reflexão
teórico-filosófica acerca da avaliação, do
monitoramento e do acompanhamento
identificando perspectivas antagônicas. A
reflexão em pauta fundamentou a prática
formativa entendida como práxis
articuladora da ação-reflexão-ação tendo a
educação municipal como ponto de
partida.
Posto isto, é possível indicar que a
formação realizada pela RCT,
especialmente o monitoramento, o
acompanhamento e a avaliação,
caracteriza-se como práticas substantivas e
inovadoras - por ser emancipador,
democrático e propor valorização dos
sujeitos -, contribuindo assim para o
conhecimento da área.
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Associados.
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em : 29/11/2021
Aprovado em: 04/12/2021
Publicado em: 19/12/2021
Received on November 29th, 2021
Accepted on December 04th, 2021
Published on December, 19th, 2021
Contribuições no Artigo: Os(as) autores(as) foram
os(as) responsáveis por todas as etapas e resultados da
pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos
dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito
e; aprovação da versão final publicada.
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Conflitos de Interesse: Os(as) autores(as) declararam
não haver nenhum conflito de interesse referente a este
artigo.
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Como citar este artigo / How to cite this article
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Brito, K. C. C. F., Sousa, A. R., & Carvalho, R. F. (2021).
Avaliação, monitoramento e acompanhamento do
processo formativo na RCT: aspectos teórico-práticos e
operacionais. Rev. Bras. Educ. Camp., 6, e13296.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13296
ABNT
BRITO, K. C. C. F.; SOUSA, A. R.; CARVALHO, R. F.
Avaliação, monitoramento e acompanhamento do
processo formativo na RCT: aspectos teórico-práticos e
operacionais. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v.
6, e13296, 2021.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13296