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e de democratização. Assim como o
“eu” se constrói sempre em relação
com o “outro”, a avaliação, como
processo relacional, tem também
duas dimensões, que não se opõem,
antes, se completam: a auto e a
heteroavaliação. A autoavaliação é
um autoquestionamento que passa
pelo outro, nos processos de
heteroavaliação, e retorna ao sujeito,
enriquecida com novas
aprendizagens, em um patamar
diferente de experiências. Dessa
forma, a autoavaliação – exercida no
campo das relações interpessoais e
dialógicas, portanto, combinada com
as visões externas – é um importante
processo de individuação e de
socialização, ou seja, de constituição
do sujeito humano (Dias Sobrinho,
2005, p. 29-30).
Estudiosos da educação, como Dias
Sobrinho (2005), já produziram sólidos
conhecimentos acerca da relação
educação/participação com fortes
argumentos de validade da avaliação
participativa que se baseia na construção
coletiva do conhecimento por uma
comunidade constituída por sistemas
articulados de comunicação e
aprendizagem e voltada para os objetivos e
valores – diversos e diversificados – da
formação humana e do desenvolvimento
emancipatório da sociedade. Por essa
lógica, defendemos, nos processos
participativos, mais que uma certeza
absoluta, indiscutível, neutra, prevalecer a
referência social, relativa, contextualizada
e resultado das lutas e dos entendimentos
possíveis em cada realidade educativa.
Ainda ancorados no supracitado
autor, depreendemos que os processos que
requerem a participação dos sujeitos nas
práticas e relações sociais não consistem
em simples balanço, não se limitam a
controle, nem têm como produto uma
objetividade desencarnada do corpo social
em movimento e contradição. Em outras
palavras, não se trata de certezas
consolidadas e acabadas, mas de uma
construção inacabada e indeterminada,
socialmente desenvolvida, sendo, portanto,
amplamente participativa e plural, em
busca da compreensão dos significados e
sentidos, em cujo processo social
contraditório e conectado os sujeitos do
processo educativo se assumem como
corresponsáveis (Dias Sobrinho, 2005).
Do exposto, esperamos ter
esclarecido a concepção que a RCT tem
como fundamento para proceder à
materialização do processo formativo que
realiza, operacionalizado conforme
explicitado no próximo tópico.
Operacionalização do processo de
gestão, avaliação, monitoramento e
acompanhamento da RCT
Avaliação, monitoramento e
acompanhamento têm uma estreita relação,
mas não se confundem nos aspectos
teórico-práticos. A avaliação, em seu
sentido genérico, relaciona-se à ideia de
aprimorar, aprender e julgar.