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sua corporalidade, braços e pernas,
cabeça e mão, a fim de apropriar-se
da matéria natural numa forma útil
para a sua própria vida (1985, p.
149).
No livro Ideologia Alemã (1998, p.
21-23) Marx destaca que o primeiro
pressuposto da existência humana se refere
às condições de viver para fazer a história,
assim, para viver é preciso satisfazer às
necessidades biológicas: beber, comer,
morar, vestir-se etc. Satisfeitas essas
necessidades materiais surgem outras
necessidades, e, com esse processo de
renovação da vida humana os homens
criam outros homens que, de forma
dinâmica, geram novas relações sociais e o
aumento da população gera, portanto,
novas necessidades. Desta forma,
produzir a vida, tanto a sua própria
vida pelo trabalho, quanto a dos outros
pela procriação, nos aparece, portanto,
a partir de agora, como uma dupla
relação: por um lado como uma
relação natural, por outro lado uma
relação social – social no sentido em
que se entende com isso a ação
conjugada de vários indivíduos, sejam
quais forem suas condições, forma e
objetivos (Marx, 1998, p. 23).
Marx (1985) resgata a atividade
laboral humana como atividade orientada a
um fim, ou seja, destaca o seu caráter
prático inerente ao objeto do trabalho e
seus meios de construir a objetivação:
meios de trabalho, matéria-prima, entre
outros.
O trabalho orientado a um
determinado fim – estabelecimento de
objetivos, que explicitam valores voltados
para uma dada realização – é uma
característica estritamente humana, isto é,
identificadora do homem e diferenciadora
dos demais seres da natureza. Neste
sentido,
ao atuar, por meio desse movimento,
sobre a Natureza externa a ele e ao
modificá-la, ele modifica, ao mesmo
tempo, a sua própria natureza. Ele
desenvolve as potências nela
adormecidas e sujeita o jogo de suas
forças a seu próprio domínio ...
Pressupomos o trabalho numa forma
em que pertence exclusivamente ao
homem. Uma aranha executa as
operações semelhantes às do tecelão,
e a abelha envergonha mais de um
arquiteto humano com a construção
dos favos de sua colmeia. Mas o que
distingue, de antemão, o pior
arquiteto da melhor abelha é que ele
construiu o favo em sua cabeça, antes
de construí-lo em cera. No fim do
processo de trabalho obtém-se um
resultado que já no início deste
existiu na imaginação do trabalhador,
e, portanto, idealmente. Ele não
apenas efetua uma transformação da
forma da matéria natural; realiza, ao
mesmo tempo, na matéria natural seu
objetivo, que ele sabe que determina,
como lei, a espécie e o modo de sua
atividade e ao qual tem de subordinar
à sua vontade (Marx, 1985, p. 149-
150).
Antes de opor o trabalho abstrato,
comum a todos os sistemas produtivos, ao
trabalho especificamente capitalista, Marx
(1985, p. 153) sintetiza a discussão
afirmando que