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das ciências, dos valores da modernidade, do capitalismo, enfim, pensada para a
padronização dos modelos educacionais, o esforço da educação do campo e da formação de
professores é o de perceber que o sujeito demandado tem uma racionalidade ... Portanto
essa nova dinâmica demanda um esforço organizativo da escola e do coletivo de
professores no sentido de buscar articulações entre os conhecimentos científicos e os
conhecimentos populares tradicionais (arte, estética, religião), o que para um determinado
grupo é fundamental na forma de atribuir significados (Viero & Medeiros, 2018, p. 155-
156).
Diante da citação de Viero & Medeiros (2018), podemos dizer que a matriz curricular
do curso dialoga com o processo formativo, já que proporciona a reflexão sobre ser sujeito no
mundo e as suas relações estabelecidas no campo, sobre o modo de vida e do trabalho. Por
conseguinte o segundo eixo articulador – Escola do Campo e sua Práxis – centrou-se no
trabalho docente na escola do campo, na organização curricular, no PPP da escola, nos
processos formativos que envolvem o ensino com a pesquisa, ligando os conteúdos escolares
com os saberes dos sujeitos do campo, ou seja, uma nova práxis dos/as professores/as de
classes multisseriadas.
Os estudos eram realizados durante os Tempos Universidades, nas escolas, nas sedes
dos municípios, ou mesmo numa escola da comunidade mais próxima para os/as
professores/as. As atividades formativas deram-se com a utilização da mística relacionada ao
eixo temático formativo da aula, leitura em grupo, debates. As cadeiras estavam dispostas
sempre em círculo para romper com a ideia da hierarquia e para construir o diálogo, o que
estimulou a tomada de decisões de forma coletiva e facilitou as relações sociais entre os
próprios professores cursistas das turmas, os tutores, os interlocutores e os formadores da
UFAM.
No segundo eixo articulador (Escola do Campo e sua práxis), todas as ações são
voltadas para o processo formativo em relação à vida escolar, ou seja, à escola como espaço
educativo dos estudantes. Nesse eixo, os estudos envolveram o currículo da escola, a
construção do seu projeto político-pedagógico de forma coletiva, a necessidade de trabalhar o
ensino de forma crítica, diante da ciência moderna e das questões sociais, econômicas,
políticas e ambientais do mundo atual, buscando interferir no processo social e
compreendendo a vida no/do campo (Viero & Medeiros, 2018). As atividades foram tão
produtivas que as Secretarias de Educação passaram a se envolver mais ainda com o
acompanhamento das ações formativas.
A matriz curricular, além dos eixos, utilizou os tempos formativos da Pedagogia da
Alternância, que são o Tempo Escola e o Tempo Comunidade. No caso do curso, os tempos
foram chamados de Tempo Universidade e Tempo Comunidade. Os tempos são empregados