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Lagares (2008), analisando os
Municípios tocantinenses, destaca que “são
desafios de ordem conceitual e cultural,
político-administrativo-pedagógicos, e,
ainda, os relativos à implementação do
regime de colaboração entre as diversas
instâncias.” (p. 201):
No tocante à questão conceitual e
cultural, os municípios demonstram
insuficiência e/ou inconsistência de
conhecimento e informações em
relação a sistemas de educação, mais
especificamente quanto aos seus
elementos, e, ainda, à concepção,
natureza e papel do CME e do
próprio SMEd [Sistema Municipal de
Educação].
Na perspectiva político-
administrativo-pedagógica, ainda
persistem insuficiência de
sistematização de informações e
dados a respeito da organização e da
gestão da educação nos municípios
do Tocantins; baixa especialização
político-administrativa dos órgãos
administrativos, sobretudo em
relação a funções como
acompanhamento, supervisão,
orientação, avaliação, autorização e
credenciamento das instituições de
educação; descontinuidade político-
administrativa; compreensão
insuficiente do que pode ser realizado
pelo município, independentemente
do realizado pelos governos federal e
estadual; ausência de PMEs e de uma
gestão que atenda às demandas
cotidianas; administração de
programas, projetos e ações pontuais,
financiados pelo governo federal e/ou
pelo governo estadual, marcados pela
não-regularidade e pelo acesso
diferenciado; inexistência ou pouco
debate, reflexão, problematização,
estudo, avaliação e reformulação da
política pública educacional do
município; ausência de tratamento
equânime com a organização dos
níveis e modalidades de educação e
ensino, bem como pulverização da
formação escolar; ausência ou
reduzida autonomia dos dirigentes
municipais de educação, em especial,
na gestão financeira; tensão entre
demanda de dirigentes municipais de
educação pela participação efetiva na
gestão financeira dos recursos da
educação e resistência do executivo
e/ou de outros órgãos municipais que
lidam com as finanças, além de certo
receio em lidar com recursos
públicos; desconhecimento e/ou falta
de qualificação de dirigentes
municipais no tocante à política e
gestão da educação; insuficiência
e/ou inconsistência relativas à
natureza/conceitos,
mecanismos/instrumentos e
dimensões/espaços da gestão
democrático-participativa na
educação, com experiências ditas
participativas que não têm levado à
construção e consolidação de práticas
sociais descentralizadas,
democráticas e participativas,
sobretudo de decisão e controle
social, embora apontem para essa
direção.
Prevalece a perspectiva da
participação tutelada, e não como
mecanismo de representação e
participação política. A criação dos
CMEs vem contribuindo para o
processo de discussão da educação
municipal, contudo, ainda expõe
vulnerabilidades em relação aos
critérios adotados pelo poder
executivo para a definição de seus
membros e ao desvirtuamento de
suas funções. A definição dos
gestores das instituições de educação
é marcada por práticas clientelistas,
por meio de indicações políticas do
executivo e/ou legislativo municipal,
vigorando as preferências políticas,
justificadas pela racionalidade
instrumental. As instituições de
educação, ainda, estão sob a tutela
dos órgãos executivos, com
princípios centralizadores e
tecnocráticos na gestão. Ainda, há
ddificuldades com a mobilização
social e exclusão dos profissionais da
educação não-docentes dos planos de