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No que se refere às atividades do módulo para o Tempo-Comunidade, foi sugerida a
análise da realidade como ponto de partida para responder às questões do Plano de Estudos
com aprofundamento que contemplasse as dimensões teórica, científica, conceituais e da
realidade. No Caderno da Realidade, solicitou-se que a(o)s cursistas registrassem suas
primeiras impressões sobre o que a comunidade e/ou escola têm desenvolvido a partir da
temática debatida no módulo em questão.
No segundo encontro, tratou-se mais especificamente da inclusão, com o propósito de
identificar as estruturas sociais, políticas, econômicas e também epistêmicas que posicionam a
diferença cultural, de gênero, de geração, de “pessoas com deficiência” ou diferenças visuais,
auditivas, motoras e mentais em condições de superioridade ou inferioridade. No Tempo-
Universidade, a Colocação em Comum do Plano de Estudos apresentou a síntese das questões
aprofundadas a partir da releitura do texto, definida como Atividade de Retorno. Em formato
de “tempestade de ideias”, provocou-se cada cursista a pensar em uma palavra sobre educação
inclusiva, compartilhando-a em seguida. Esse momento culminou na produção de um texto
coletivo sobre o conceito de educação inclusiva do grupo. A partir da discussão iniciada,
sugeriu-se ampliá-la com a leitura do texto “A educação e a pergunta pelos Outros: diferença,
alteridade, diversidade e os outros ‘outros’”, de Carlos Skliar (2003), incentivando à reflexão
sobre as seguintes questões: quem sou eu? Quem são “os outros”? Quem é “o outro” em mim,
como profissional das escolas do campo? O que entendo por “a pedagogia do outro”?
Esse “outro” e seus contextos diversos, nos moldes a que se refere
Skliar (2003), esteve no alvo das discussões em todo o módulo, mas a efervescência dos
diálogos, das trocas estabelecidas nessa formação, potencializou as formulações e efetivações
de outros modelos educacionais, modelos para caminhar na contramão daquelas “mudanças”
que podem ser traduzidas “como uma reforma para nós mesmos”, para lembrar Skliar (2003,
p. 46), uma “mudança” – assim mesmo, com aspas, porque tem como âncoras
...a insistência em uma única espacialidade e em uma única temporalidade, mas com outros
nomes; a infinita transposição do outro em temporalidades e espacialidades homogêneas; a
aparente magia de alguma palavra que se instala pela enésima vez, ainda que não nos diga
nada; a pedagogia das supostas diferenças em meio a um terrorismo indiferente; chamar ao
outro para uma relação escolar sem considerar as relações do outro com outros; e a produção
de uma diversidade e uma alteridade que é pura exterioridade de nós mesmos; uma
diversidade que apenas se nota, apenas se entende, apenas se sente. Não temos, nunca,
compreendido o outro. O temos, sim, massacrado, assimilado, ignorado, excluído e incluído,
e, por isso, para negar a nossa invenção do outro, preferimos hoje afirmar que estamos frente
a frente com um novo sujeito. Mas, é preciso dizer: com um novo sujeito da mesmice.
Porque se multiplicam suas identidades a partir de unidades já conhecidas; se repetem
exageradamente os nomes já pronunciados; são autorizados, respeitados, aceitos e tolerados