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A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Constituição da República
Federativa do Brasil. (1988, p. 23).
Legalmente, as duas instituições têm o dever da educação, sendo o Estado o responsável
por garantir políticas de educação que possibilitem o acesso de todos à escola e a família deve
prover o acesso dos filhos às políticas ofertadas pelo Estado. Contudo, esse processo não deve
ser regido por uma relação de oferta e procura, mas por um exercício de cidadania, em que a
escola é o espaço onde se concretiza o direito à educação, bem como o direito da família de
participar ativamente do processo de construção do projeto de educação dos seus filhos. De
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, no Parágrafo Único do Art. 53, da Lei nº
8.069, (1990), “é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem
como participar da definição das propostas educacionais.”
A escola deve estimular a participação da família que, por sua vez, deve exercer sua
cidadania, participando de forma ativa, acompanhando o desenvolvimento dos filhos,
prestando assistência emocional, tendo ciência da proposta pedagógica, inclusive colaborando
com a discussão, elaboração e execução dessa proposta.
No tocante à participação da família, o que se percebe na maioria das escolas, sobretudo
nas áreas rurais, é um distanciamento e fragilidade nessa relação. Nem todas as famílias têm a
compreensão da importância de sua participação no processo educativo, na colaboração com a
escola, nem da função da escola na formação do sujeito cidadão.
A educação praticada nas áreas rurais do Brasil, por exemplo, nunca foi inclusiva do
ponto de vista da participação. Segundo Batista (2014), isso é resultado do desenvolvimento
agrário brasileiro, marcado pelo antagonismo de classes: de um lado, os proprietários que
construíram seu poder pela dominação capitalista da terra, representantes de um sistema
econômico cujas bases foram assentadas no modelo agroexportador, no latifúndio e na
monocultura, que negou os direitos sociais e humanos de uma massa de trabalhadores; do
outro lado, os trabalhadores escravizados, moradores, colonos e assalariados do campo,
trabalhadores sem direitos (terra, salário, alimentação, saúde e educação).
No contexto da Educação do Campo, o papel da escola é de contribuir com a formação
cidadã, formar politicamente os sujeitos do campo, fortalecer a consciência de classe dos
trabalhadores. Esse é um compromisso que a escola não pode assumir isoladamente, mas de
forma articulada com outras instituições, com a tarefa de disputar o projeto de Educação do
Campo, para que não seja um projeto hegemônico do capital, cujas experiências