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uma pedagogia da partilha. Um processo está acontecendo, o da formação por alternância em
toda a sua complexidade (Gimonet, 2007, p. 23).
A Pedagogia da Alternância é construída no cotidiano escolar e extraescolar, sendo
vivenciada pelo estudante, a sua família e a associação local. São esses distintos sujeitos que
assumem o papel de conduzir a educação num movimento contínuo e dialético,
compreendendo toda dinamicidade e complexidade do ser. Essa dinâmica conforme tem sido
analisada, fundamenta-se na vida comunitária e se nutre da corrente filosófica do
personalismo, onde os CEFFAs encontram bases que partem da pessoa, do seu eu e da sua
individualidade, conduzindo a educação de forma que se evite a massificação, acompanhando
de forma personalizada os estudantes, por meio da tutoria, meio pelo qual se estabelece
relação entre o professor tutor e o estudante.
Deste modo, aquilo que estariam semeando ou plantando, através de um enraizamento
profundo num território, teria alguma perenidade. Surge a consciência dos múltiplos serviços
que esta “nova escola” deve oferecer e dos papéis multidirecionais e interdependentes que
deve desempenhar em relação aos adolescentes rurais, às famílias, à agricultura, à ruralidade
e, de maneira mais ampla, em relação à educação e à sociedade. O discurso é amplo e possui
grandeza. É sistêmico, global, portador de uma ética, de um projeto para o homem nestes
períodos de grandes transformações, até mesmo de mutação. Está virado ao futuro para
“aclarar o futuro, não em seguir as lições do passado, mas avançando para um futuro
promissor e prometido”, pensava-se (Gimonet, 2007, p. 25).
Ao longo dos anos, a tendência da Pedagogia da Alternância, sobretudo, na França,
tomou a “teoria da complexidade” de Edgar Morin, como fundamento ao seu processo de
vivências (Begnami, 2019 p. 144).
O pensamento complexo tenta dar conta daquilo que os tipos de pensamento mutilante se
desfaz, excluindo o que eu chamo de simplificadores e por isso ele luta, não contra a
incompletude, mas contra a mutilação. Por exemplo, se tentamos pensar no fato de que
somos seres ao mesmo tempo físicos, biológicos, sociais, culturais, psíquicos e espirituais, é
evidente que a complexidade é aquilo que tenta conceber a articulação, a identidade e a
diferença de todos esses aspectos, enquanto o pensamento simplificante separa esses
diferentes aspectos, ou unifica-os por uma redução mutilante. Portanto, nesse sentido, é
evidente que a ambição da complexidade é prestar contas das articulações despedaçadas
pelos cortes entre disciplinas, entre categorias cognitivas e entre tipos de conhecimento. De
fato, a aspiração à complexidade tende para o conhecimento multidimensional. Ela não quer
dar todas as informações sobre um fenômeno estudado, mas respeitar suas diversas
dimensões ... (Morin, 2005, p. 176-177).