RBEC
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ISSN: 2525-4863
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Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13825
Esse (des)conhecido sujeito social: a produção acadêmica
sobre a juventude das EFAs
Júlio César de Almeida Pacheco1, Luiz Paulo Ribeiro2, Maria Isabel Antunes-Rocha3,
1, 2, 3 Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Departamento de Ciências Aplicadas à Educação - Faculdade de
Educação. Avenida Pres. Antônio Carlos, 6627, Pampulha. Belo Horizonte - MG. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: julio.almeidapacheco@gmail.com
RESUMO. Este artigo surgiu do interesse em investigar a
juventude das Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), uma vez que,
a sociedade brasileira experimentou nas últimas décadas a
afirmação da juventude como categoria política e destinatária de
ações sociais. Se a juventude do meio rural sentiu também os
impactos desse novo lugar político, nossa curiosidade recaiu
sobre a produção acadêmica sobre este tema. Assim, foi
realizada uma revisão sistemática de literatura empreendida na
base de dados da Plataforma Scielo, com buscas delimitadas
entre os anos de 2011 e 2021. Os dados foram tratados através
de gráficos e tabelas descritivos. O conjunto temático das
pesquisas indica a persistência de temas historicamente
recorrentes, mas também apontam para a inserção de temas que
acompanham as questões trazidas pela conquista do novo lugar
político da categoria jovem e que foram potencializadas nos
anos recentes. Contudo, a publicação da comunicação das
pesquisas à sociedade não acontece em conformidade com a
distribuição das experiências educativas das EFAs ao longo do
território brasileiro. A superação desse desafio estrutural exige a
retomada de processos sociais e políticos que vem sendo
desmontados nos últimos anos.
Palavras-chave: juventude, juventude do campo, escola família
agrícola, educação do campo.
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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This (un)known social person: academic production on
EFA youth
ABSTRACT. The context of this article is the interest in
investigating the youth of Escolas Famílias Agrícolas (EFAs),
since, in recent decades, Brazilian society has experienced the
affirmation of youth as a political category and recipient of
social actions. If rural youth also felt the impacts of this new
political place, our curiosity fell on the academic production on
the selected topic. To this end, a systematic literature review
was carried out in the Scielo Platform database, with searches
delimited between the years 2011 and 2021. The data were
treated through descriptive graphs and tables. The thematic set
of research indicates the persistence of historically recurring
themes, but also points to the insertion of themes that
accompany the issues brought about by the conquest of the new
political place of the young category and that have been
strengthened in recent years. However, the publication and,
therefore, the communication of the researches to the society
does not happen in accordance with the distribution of the
educational experiences of the EFAs throughout the Brazilian
territory. Overcoming this structural challenge requires the
resumption of social and political processes that have been
dismantled in recent years.
Keywords: youth, countryside youth, agricultural family school,
rural education.
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Este sujeto social (des)conocido: la producción académica
sobre los jóvenes de las EFA
RESUMEN. El contexto de este artículo es el interés de
investigar la juventud de las Escolas Famílias Agrícolas (EFA),
ya que, en las últimas décadas, la sociedad brasileña ha
experimentado la afirmación de la juventud como categoría
política y receptora de acciones sociales. Si la juventud rural
también sintió los impactos de este nuevo lugar político, nuestra
curiosidad recayó en la producción académica sobre el tema
seleccionado. Para ello, se realizó una revisión sistemática de la
literatura en la base de datos de la Plataforma Scielo, con
búsquedas delimitadas entre los años 2011 y 2021. Los datos
fueron tratados a través de gráficos descriptivos y tablas. El
conjunto temático de la investigación indica la persistencia de
temas históricamente recurrentes, pero también apunta a la
inserción de temas que acompañan las cuestiones suscitadas por
la conquista del nuevo lugar político de la categoría joven y que
se han fortalecido en los últimos años. Sin embargo, la
publicación y, por lo tanto, la comunicación de las
investigaciones a la sociedad no ocurre de acuerdo con la
distribución de las experiencias educativas de las EFA en todo el
territorio brasileño. Superar este desafío estructural requiere
retomar procesos sociales y políticos que se han desmantelado
en los últimos años.
Palabras clave: juventud, juventud del campo, escuela de
familia agrícola, educación de campo.
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Introdução: juventude e juventude rural
A temática juventude ganhou relevância nas pesquisas acadêmicas das últimas décadas
e se afirmou como categoria social e objeto de pesquisas científicas, como destinatária de
políticas públicas, nos debates institucionais e na mídia (Abramo, 1997). Obviamente, as
abordagens acerca da juventude tiveram diferentes perspectivas, mas vimos surgir,
especialmente a partir dos anos 2000, um espaço maior e mais plural de debates sobre jovens
em nossa sociedade (Dulci & Macedo, 2019).
Se é do século XVIII que se considera que houveram os primeiros esforços sociológicos
de estudos sobre a juventude, as perspectivas de análises eram marcadas pela necessidade de
integração dos jovens aos valores e regras sociais. Já no século XX, os estudos passam a
considerar aspectos de natureza biológica na construção da personalidade jovem que, a partir
de abordagens fenomenológicas, foram articulados à aspectos sociais objetivos (Tavares,
2012).
Na primeira metade do século XX, surgiram estudos que tratavam da juventude urbana
como a combinação de padrões comportamentais e de papeis sexuais que configuravam uma
“cultura juvenil” e definiam o grupo jovem tendo idade e geração como elementos prioritários
de análise. A juventude era colocada, portanto, em oposição à vida adulta e à cultura
hegemônica, mas mantinha uma construção homogênea da categoria porque não qualificavam
as diferentes posições que os jovens ocupavam na pirâmide social. Na segunda metade do
século XX passou-se a considerar novos elementos da dita “cultura juvenil”, tais quais o
estilo, linguagens, diversão e lazer, mas as marcas do pertencimento de classe não puderam
ser negligenciadas no contexto de uma sociedade com fortes desigualdades econômicas
(Tavares, 2012).
Se o foco dos estudos permaneceu sobre a juventude pobre e das classes trabalhadoras,
sua associação com a transgressão, com a rebeldia e com a delinquência também perdurou
como uma condição intrínseca de faixa etária que demandava a tutela e intervenção sobre os
sujeitos jovens para sua integração social. À noção da juventude como ameaça à ordem social
adulta foi somada a necessidade de medidas educativas de controle e reajustes dos
comportamentos desviantes. Quando não era tida como desviante, a juventude era
representada como apática, desinteressada e incapaz de oferecer soluções reais ao sistema
social (Abramo, 1997).
No Brasil, a partir dos anos de 1950, quando o país almejou sua modernização e
industrialização capitalista, as relações com o mundo do trabalho e com a realidade
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educacional do país impulsionaram novas dinâmicas nas identidades juvenis. Os setores das
classes médias universitárias ganharam destaque nos estudos que estiveram associados aos
movimentos estudantis de enfrentamento aos regimes autoritários da época. Esses estudos
culminaram na permanência de uma caracterização desse grupo como idealista e sonhador,
mas ineficiente e inconsequente para transformações sociais efetivas já que não sofriam as
restrições objetivas impostas pelo sistema econômico e político do qual eram críticos. Por
outro lado, a juventude das classes trabalhadoras que experimentavam, de fato, as restrições
objetivas impostas pelo sistema econômico e político foi considerada incapaz de se organizar
politicamente (Abramo, 1997).
Os anos de 1990 marcaram a ampliação das temáticas e abordagens sobre a juventude.
Houve um aumento da visibilidade juvenil nas pesquisas porque nessa mesma época ocorreu
uma atenção maior para esse grupo social nas políticas de Estado. No que pesa a interferência
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) nesse
processo que catalisou nos planos intelectuais e políticos a reconfiguração da categoria
juventude com enfoques que priorizaram questões como cidadania, violência e protagonismo
juvenil, foram redefinidos os papéis da escola, da família e do mundo do trabalho e trazidas
abordagens teórico-metodológica do contexto dos estudos culturais e das sociabilidades
promovidas pelas culturas juvenis. Entretanto, era ainda ausente um esforço para considerar
as experiências cotidianas dos sujeitos jovens, com recortes étnico-raciais, de gênero e classe,
indispensáveis, especialmente, para a juventude pobre. Nesse sentido, os principais estudos
permaneciam ainda atrelados à delinquência e medidas de sua reparação, reforçando a noção
de juventude como desviante (Tavares, 2012).
O viés da juventude como problema, como fase transitória, carente de tutela para a
coesão e integração aos padrões e comportamentos sociais perdurou até os anos iniciais do
século XXI. Desse ponto se buscou uma definição do que seria considerado juventude. Ou
seja, à medida que instituições como a UNESCO, Organização Mundial de Saúde (OMS),
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou órgãos de Estado passaram a
considerar o jovem nos planejamentos e ações políticas, a caracterização com maior precisão
de seu público foi uma necessidade. Consequentemente, também um conjunto maior de
perspectivas de análise passa a acompanhar esse processo e novos elementos foram trazidos à
pauta. Os critérios etários, físico-biológicos e de comportamentos psicológicos se fizeram
marcantes, mas também abordagens culturais, identitárias, de autorrepresentação ou que
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tratavam da condição juvenil puderam expressar a pluralidade da juventude e abrir espaço
para o tratamento mais complexo dessa categoria (Weisheimer, 2005).
É importante considerar que o Brasil não teve uma tradição política em relação à
juventude, nem no sentido de ter políticas públicas para esse grupo e nem de ter jovens como
atores sociais com participação efetiva nas instâncias de decisão e ação política. A juventude
aparecia nas pesquisas, na mídia ou na política como público-alvo, mas sob a perspectiva da
tutela ou da contenção de problemas sociais associados ao grupo (Abramo, 1997). Entretanto,
desde o início do século XXI, marcadamente com a ascensão dos governos de Lula e Dilma,
ocorreu um ganho significativo quando analisamos a inserção da juventude nas pautas
governamentais (Dulci & Macedo, 2019).
Como um marco legal e institucional importante nessa inserção política e também para
a afirmação da juventude como categoria social houve, no ano de 2005, a criação da
Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e do
Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem). Além disso, a aprovação da Emenda
Constitucional 65 em 2010 inseriu o termo jovem na Constituição. A conquista institucional,
representada pela criação de tais instâncias políticas e que se desdobraram em uma estrutura
capilarizada nos governos estaduais e municipais, bem como no conjunto de políticas públicas
voltadas para a juventude, alçou a categoria a um lugar inédito na sociedade brasileira. É claro
que ponderações críticas a esse processo são cabíveis, mas é inegável a ampliação do espaço
público da juventude.
A ampliação do espaço político da juventude trouxe consequências também no campo
das pesquisas acadêmicas já que um conjunto maior de movimentações sociais passaram a
acontecer, fruto das iniciativas políticas que o Brasil experimentou no período em questão.
Em uma primeira fase de políticas de inclusão social houveram programas como o ProJovem,
Agente Jovem, Saberes da Terra, Juventude Cidadã, ProJovem Campo, entre outros, que
envolveram mais de um milhão de jovens no Brasil. Em uma segunda fase, na qual se buscou
maior participação social da juventude ocorreram as Conferências Nacionais de Juventude e a
consolidação de um marco legal próprio com o Estatuto da Juventude em 2013. Ou seja, toda
essa movimentação repercutiu no tratamento da juventude como objeto de pesquisa e das
temáticas sobre juventude a partir dos anos 2000.
Um contraponto importante e necessário é que essa juventude permaneceu timidamente
privilegiada nas pesquisas e, de forma geral, aparece secundarizada em outras temáticas
investigativas. Por exemplo, se fala da juventude do campo quando ela atravessa uma
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pesquisa sobre sucessão rural ou sobre o ensino médio no meio rural sem que,
necessariamente, a pesquisa tenha como objeto os jovens. Por outro lado, nas últimas décadas
houve um aumento importante nas pesquisas sobre juventude do campo e, mesmo que ainda
insuficientes, não perdemos de vistas o ganho relativo que esse aumento representa.
As pesquisas sobre a juventude rural estão concentradas nos anos a partir de 2000. Se
entre 1990 e 2000 elas não representaram mais que 4 trabalhos por ano (Weisheimer, 2005), a
partir de então, houve um aumento nas pesquisas representadas, de um lado, pela
implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural e da agricultura
familiar (Martins, 2021) e, de outro, pelo maior interesse pela temática da juventude (Dulci &
Macedo, 2019) que fazem dos anos 2000 um ponto de inflexão nas pesquisas sobre a
juventude do campo.
A expressão desse aumento em números não é uma tarefa simples porque as produções
que trazem essa quantificação estão dispersas. Os recortes tanto temporais quanto temáticos
têm grande variação e impossibilitaram, para esse presente artigo, trazer uma quantificação
precisa. Mas, quando tomamos as movimentações intensificadas nas duas últimas décadas que
tratavam da juventude do campo, podemos inferir que, de fato, a juventude rural alcançou um
outro patamar como sujeito político e científico. Daí que, são exemplos dessa ampliação o I
Congresso Nacional da Juventude Rural organizado pela Pastoral da Juventude Rural (PJR) e
pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os Encontros de Juventude do
Campo e da Cidade, organizados pelo MST, Acampamentos da Juventude da Agricultura
Familiar, realizados pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Região Sul
(Fetraf Sul), o Seminário do Programa Jovem Saber, conduzido pela Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), VI Campamento Latino-Americano de Jóvenes e
o I Seminário da Juventude da Via Campesina, a Jornada Nacional do Jovem Rural, da
Jornada (Inter) Nacional da Juventude Rural, eventos que aconteceram entre os anos de 2002
e 2015.
Houveram também projetos de pesquisas como o “Juventude rural: permanência no
campo e reprodução social da agricultura familiar” realizado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) entre 2014 e 2017 ou o Estado da Arte realizado por Nilson
Weisheimer e publicado em 2005 que demonstram a amplificação dos estudos sobre a
juventude do campo. O conjunto dessas movimentações trouxe consigo também, pelo esforço
das instâncias de governos, mas, fundamentalmente, dos movimentos sociais do campo, novas
perspectivas de análises sobre o ser jovem do campo no Brasil. Em especial, e considerando
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que a migração campo-cidade foi uma questão que atravessou a realidade juvenil do campo,
surgiu o interesse pelo estudo da permanência dos jovens no campo ao invés de sua saída, o
que representa uma mudança de perspectiva importante (Martins, 2021).
Essa mudança de perspectiva dialoga com as transformações sociais, políticas, culturais
e econômicas que o Brasil experimentou nos governos de Lula e Dilma e possibilitaram o
posicionamento da juventude rural como ator político de destaque. E se até então essa
juventude era tratada como um grupo genérico que correspondia àqueles jovens que não
estavam no espaço urbano, ao vinculá-los às novas configurações socioeconômicas,
identitárias, com as particularidades regionais e com os novos espaços de participação
política, também a juventude do campo passa a ser tratada por “juventudes”, já que se baseou
no fato de que o campo é um território plural. Quer dizer, portanto, que é exigido uma
reflexão sobre dois temas caros para o campo político e para o científico que são as
juventudes e o rural (Martins, 2021).
Assumimos um recorte mais específico que é de refletir sobre a juventude das Escolas
Famílias Agrícolas, uma vez que, se tratam de sujeitos jovens e inseridos no mundo rural
brasileiro. Nesse sentido, o rural que trazemos para esse fim é, então, o da Educação do
Campo. Ao falarmos em juventude das EFAs estamos nos referindo a sujeitos que participam
das discussões de juventude e das quais trouxemos um panorama já apresentado nos
parágrafos anteriores, mas que, em relação à condição como sujeitos do campo, estão
inseridos nas movimentações promovidas pela Educação do Campo.
Para fins da discussão aqui proposta nos será suficiente dizer que a Educação do Campo
é um movimento que, desde o final dos anos de 1990 marca a sociedade brasileira e foi
historicamente protagonizada pelos movimentos sociais do campo. É a luta dos trabalhadores
do campo pelo acesso à educação, reivindicando políticas públicas, mas também disputando
diferentes lógicas de formulação e implementação dessas políticas na medida que propõe a
construção de uma política educacional combinada com a luta pela Reforma Agrária, com o
direito ao trabalho, à cultura, ao conhecimento, à soberania alimentar e ao território. Nessa
intercessão, vincula a luta pela educação com um outro projeto de desenvolvimento e de país
que tenha nos processos educacionais as marcas históricas dos sujeitos do campo e cujos
processos pedagógicos estejam pautados pela realidade experienciadas por eles. É o ponto
chave na relação da Educação do Campo com os movimentos sociais de trabalhadoras/es do
campo. Nasceu, pois, de questões práticas sob uma perspectiva de emancipação e de vínculo a
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um projeto político, social e histórico. Sendo assim, sua proposta pedagógica está inscrita na
experiência da vida de seus sujeitos e em suas relações com o todo social (Caldart, 2012).
A Educação do Campo acompanhou também os processos políticos que aconteceram no
Brasil e foi, inclusive, uma força social que afetou diretamente a construção de políticas
voltadas para o campo brasileiro e, consequentemente, para sua juventude. Estando as EFAs
relacionadas a tais debates, foram também alcançadas por esses processos. Elas formam uma
rede de escolas distribuída amplamente pelo território nacional e que mobiliza milhares de
pessoas pelo Brasil. Tendo participado desde os primeiros movimentos pela Educação do
Campo no país, as EFAs têm relevância significativa quando tratamos das questões
educacionais brasileiras, tanto pela sua organização didática e pedagógica, a exemplo da
Pedagogia da Alternância, quanto pelo número expressivo de sujeitos que mobilizam.
A Pedagogia da Alternância, como uma proposta pedagógica que pretendeu conciliar
diferentes tempos e espaços formativos constitutivos da experiência de vida rural e mediadas
por fazeres educativos sistemáticos, surgiu nos anos de 1930 na França. Desde então, tal
proposta passou por fases que levaram a sua reformulação e também à sua expansão para
outros países. Como um ponto comum, ela surge da necessidade de pensar a educação dos
jovens rurais, tendo como referência a realidade experienciada por eles e que, através de sua
formação técnica, social e humana, permita a superação das carências impostas ao mundo
rural e a possibilidade de alternativas de melhores condições de vida no campo. No Brasil,
essa proposta chega nos anos de 1960, mas, em seu percurso histórico nessas terras, ela se
aproxima dos movimentos sociais camponeses e cria outras perspectivas de formação da
juventude rural brasileira. As Escolas Famílias Agrícolas no Brasil, portanto, vem imersas na
história de expansão da Pedagogia da Alternância pelo mundo, mas se reconfiguram pela
conexão com a realidade do campo brasileiro e nela evidenciam um conjunto de disputas que
dizem sobre esse mesmo campo e suas tensões (Pacheco, 2016).
Nesse sentido é que a juventude das EFAs ganha aqui centralidade em nossa discussão.
É necessário situar a juventude das EFAs dentro das discussões realizadas sobre as juventudes
brasileiras. Então, a juventude das EFAs carrega as representações históricas de fase
transitória e instável de vida, violenta ou desinteressada. Também estão localizadas sobre as
representações do campo como espaço de ausências de direitos e oportunidades que, de fato,
se expressam nas condições objetivas experimentadas pelas famílias trabalhadoras. Mas
também a juventude das EFAs vivenciou o período de ampliação das políticas públicas e da
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participação social nos primeiros 15 anos deste século XXI quando as juventudes do campo
puderam conquistar maior presença nas agendas do Estado brasileiro.
Nesse ponto chegamos em uma lacuna teórica. Sendo a juventude das EFAs um grupo
expressivo no cenário educacional do Brasil, ao procurarmos discussões que reflitam sobre
quem é essa juventude e permitam um olhar para esses sujeitos com uma melhor
caracterização, nos deparamos com a carência de publicações acadêmicas que tratem desses
temas articuladamente. Por isso, o objetivo deste artigo é realizar um levantamento sobre as
produções acadêmicas que abordam a juventude das Escolas Famílias Agrícolas e analisar os
enfoques dados aos trabalhos encontrados sobre essa temática.
Método
O presente trabalho se constituiu em uma Revisão Sistemática de Literatura a partir de
uma busca de artigos publicados entre os anos de 2011 e 2021 sobre a juventude das Escolas
Famílias Agrícolas. Considerando que a plataforma SCIELO é uma importante base de acesso
às publicações científicas e que é também um local em que os pesquisadores recorrem para
encontrar as produções acadêmicas dos mais variados assuntos, a presença de trabalhos nela
socializado nos serve aqui como parâmetro para observar a expressividade da temática das
juventudes das EFAs nas pesquisas.
Nesse sentido, foram levantados trabalhos encontrados na Scielo a partir de buscas com
os seguintes descritores: Escola Família Agrícola, Pedagogia da Alternância, juventude do
campo, juventude rural, jovem do campo e jovem rural. A diversidade desses termos de
buscas se justifica pelo fato de que, quando realizada a busca para os termos EFA e juventude
associados, não foram obtidos resultados e, por isso, foi feita a busca por cada termo em
separado e, dentro dos resultados assim apresentados, selecionados aqueles coincidentes com
os interesses desse artigo. Ou seja, inserindo o termo “juventude das EFAs” para as buscas ou
a tentativa de pesquisa por associação entre os termos “juventude” e “EFAs” ou “juventude” e
“Escola Família Agrícola” não exibiram resultados na plataforma Scielo.
A consulta à plataforma foi realizada entre os dias 20 de abril de 2021 e o dia 29 de
abril de 2021. Dos trabalhos encontrados foram lidos os resumos e registrados os títulos dos
artigos, nomes de autores, ano das publicações, nome das revistas onde os artigos foram
publicados, número do DOI, a universidade na qual os autores estão vinculados, a cidade de
referência da revista e os temas que tratam os trabalhos.
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Os resultados das buscas foram registrados em tabelas separadas pelos termos das
buscas. Em seguida, os dados foram analisados e foram aplicados parâmetros observados nos
trabalhos para orientar a discussão e apresentação dos dados. Tais parâmetros foram o
conjunto temático dos artigos, os anos em que as publicações foram realizadas e as regiões da
federação de onde eram as revistas que publicaram os artigos. Os resultados foram discutidos
segundo as referências bibliográficas apresentados na primeira seção deste presente trabalho.
Apresentação e análise de dados
A provocação sugerida no título desse artigo de nomear a juventude das Escolas
Famílias Agrícolas como um desconhecido sujeito social se justificou pelos obstáculos
percebidos na procura por trabalhos acadêmicos que revelassem quem são os sujeitos jovens
das EFAs. Por isso, os caminhos analíticos seguiram o sentido de observar quais foram os
resultados das buscas que tratavam de temas nos quais, de alguma maneira, poderiam
atravessar os sujeitos jovens e nelas encontrarmos informações sistemáticas sobre a juventude
das EFAs.
O quadro 1 traz a lista com todos os artigos selecionados e ordenados pelo ano de
publicação, mas indicando também os títulos, a autoria, temática e os termos de busca nos
quais os artigos foram encontrados.
Quadro 01 - Artigos selecionados na plataforma Scielo.
Artigos selecionados na plataforma Scielo
n.
Título
Autoria
Tema
Termo de busca
1
Mobilización social desde el
protagonismo juvenil: experiencias de
dos organizaciones rurales argentinas
Vommaro, P.
(2011)
Organização social de
jovens rurais na argentina
Juventude rural
2
Redes Sociais e Juventude Rural:
apropriações de propostas de
Comunicação para o desenvolvimento
em redes globalizadas
Lima, N., &
Santos, M.
(2012)
Jovens do sertão do Ceará,
redes sociais e as
apropriações das propostas
da Rede de Crianças e
Adolescentes
Comunicadores de Língua
Portuguesa
Juventude rural
3
Dilema de la juventud en territorios
rurales de Colombia: ⸘campo o cuidad?
Jurado, C., &
Tobasura, I.
(2012)
Projetos de vida e
construção de identidade
juvenis por jovens rurais
Juventude do
campo,
Juventude rural
4
Projetos profissionais de jovens
universitários/as que residem no meio
rural: estudo de caso dos/as jovens do
município de Meleiros, SC
Casagrande,
D., Giovana
Ilka Jaciento
Salvaro, G., &
Estevam, D.
(2012)
Projetos profissionais de
jovens universitarios
residentes no meio rural
Juventude do
campo,
Juventude rural
5
Imagens e concepções de adolescentes
moradores de zonas rurais sobre saúde
Costa, A et al.
(2013)
Concepções de adolescentes
moradores de zonas
Jovem rural
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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rurais sobre saúde
6
Formação, sucessão e migração:
trajetórias de duas gerações de
agricultores do Alto Jequitinhonha,
Minas Gerais
Mendonça, K
et al. (2013)
Processos migratórios,
juventude e agricultura
familiar
Juventude rural
7
A Juventude Rural do Assentamento
Florestan Fernandes no Município de
Florestópolis (PR)
Fernando Luis
Martins Costa,
F. & Ralisch,
R. (2013)
Sucessão rural em um
assentamento a partir das
perspectivas de futuro
Juventude rural
8
Ruralidades atravessadas: jovens do
meio campeiro e narratias sobre o Eu e
o(s) Outro(s) nas redes sociais
Adelman, M.,
César., C., &
Pires, A.
(2015)
Gênero e identidades entre
jovens a partir de
discursividades veiculadas
em redes sociais
Juventude rural
9
A Formação de jovens do campo e o
vínculo entre conhecimento, trabalho e
educação: um estudo do Colégio
Estadual do Campo Iraci Salete Strozak
Janata, N.
(2015)
Formação de jovens do
campo do MST
Juventude do
campo,
Juventude rural
10
Ser alguém na vida: um estudo sobre
jovens do meio rural e seus projetos de
vida
Alves, M., &
Dayrell, J.
(2015)
Categorias juventude e
projetos de vida a partir de
jovens moradores da zona
rural
Juventude do
campo,
Juventude rural
11
Transnacionalismo, juventude rural e a
busca de reconhecimento
Alves, M., &
Dayrell, J.
(2015)
Migrações internacionais
marcando a condição
juvenil de jovens de um
município rural de MG
Juventude do
campo,
Juventude rural
12
Dinâmica Temporal do Assentamento e
os Projetos e os Projetos de Vida da
Juventude Rural
Leandro
Gomes Reis
Lopes, L., &
Carvalho, D.
(2015)
Projetos de vida de jovens
rurais de um assentamento
do MST
Juventude do
campo,
Juventude rural
13
Nas armadilhas do desejo: privações e
movimentos de jovens prostitutas em
zonas rurais
Nascimento,
S., & Garcia,
L. (2015)
Prostituição feminina de
jovens mulheres no interior
da Paraíba
Juventude rural
14
Relações de gênero e ruralidades nos
projetos vitais e noções de si de jovens
mulheres
Pizzinato, A.,
Hamann, C.,
Machado, R.,
& Strey, M.
(2015)
Projetos de vida e
marcadores identitários de
jovens mulheres do meio
rural no RS
Juventude rural
15
Problematizando as Transições
Juvenis na Saída do Ensino Médio
Laranjeira, D.,
Iriart, M., &
Rodrigues, M.
(2016)
Transições juvenis a
agências socializadoras a
partir de jovens do campo
Juventude rural,
Jovem rural
16
Processos de escolarização de jovens
rurais de Governador Valadares-MG:
entre sonhos e frustrações
Alves, M.,
& Dayrell, J.
(2016)
Condição juvenil e os
projetos de vida de jovens
estudantes do ensino médio,
moradores de um município
rural em MG
Juventude rural
17
Jovens mulheres do âmbito rural: gênero,
projetos de vida e território em
fotocomposições
Pizzinato, A.,
Hamann, C.,
Maracci-
Cardoso, J., &
Cezar, M.
(2016)
Gênero e território como
marcadores identitários de
jovens mulheres de zonas
rurais
Juventude rural
18
Jovens rurais e influências institucionais
para a permanência no campo: um estudo
de caso em uma cooperativa
agropecuária do Triângulo Mineiro
Boessio, A., &
Doula, S.
(2016)
Incentivo das instituições
cooperativa e família na
permanência no meio rural
de jovens filhos/as das
Juventude do
campo
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
RBEC
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10.20873/uft.rbec.e13825
2023
ISSN: 2525-4863
13
famílias associaidas
19
Migração rural-urbana, juventude
e ensino superior
Zago, N.
(2016)
Movimento migratório para
a cidade de filhos e filhas de
pequenos produtores rurais
Juventude do
campo,
Juventude rural,
Jovem do
campo, Jovem
rural
20
Políticas educacionais e juventude rural
no ensino superior
Redin, E.
(2017)
Analise de política pública
de acesso ao ensino superior
do Prouni para a juventude
rural no RS
Juventude rural
21
Estrategias de sustento entre jóvenes del
medio rural en el sur del Estado de
México
Murguía-Salas,
V.
Hernández-
Linares, C. &
Moctezuma-
Pérez, S.
(2017)
Migração e caracterização
da percepção da juventude
de um município mexicano
sobre futuro familiar e
trabalho
Juventude rural
22
Juventude assentada e a identidade
vinculada com a terra
Lopes, L., &
Carvalho, D.
(2017)
Construção de identidade
vinculada à terra por jovens
de assentamento do MST no
PI
Juventude do
campo,
Juventude rural
23
Juventudes, Educação do Campo e
Formação Técnica: um estudo de caso no
IFMT
Senra, R.,
Sato, M.,
Mello, G., &
Campos, A.
(2017)
Formação e qualificação
profissional de jovens do
campo pela política
Projovem campo: saberes e
fazeres da terra
Juventude do
campo,
Juventude rural
24
Trabalho e educação entre jovens de
15 a 29 anos residentes no campo:
desafios à ampliação da escolaridade
Santos, R.
(2017)
Inserção no mundo do
trabalho de jovens entre 15
e 29 anos de idade
residentes no campo
Juventude do
campo,
Juventude rural
25
Inclusão dos jovens do campo no ensino
superior: limites e possibilidades
Ramos, A.,
Turmena, L.,
& Nascimento,
Z. (2017)
Inclusão da juventude do
campo no Ensino Superior
pelas Licenciaturas em
Educação do Campo
Juventude do
campo
26
Pedagogia da Alternância e(m)
Etnodesenvolvimento: Realidade e
desafios
Oliveira, A.,
Parente, F., &
Domingues,
W. (2017)
Implantação da
Pedagogia da Alternância
no Curso de Licenciatura e
Bacharelado em
Etnodesenvolvimento
Pedagogia da
Alternância
27
Análise da instrumentação da ação
pública a partir da teoria do ator-rede:
tecnologia social e a educação no campo
em Rondônia
Andrade, J., &
Valadão, J.
(2017)
Pedagogia da Alternância
como instrumento de
política em educação rural
no estado de Rondônia
Pedagogia da
Alternância
28
Bases sociotécnicas de uma tecnologia
social: o transladar da Pedagogia da
Alternância em Rondônia
Valadão, J.,
Neto, J., &
Andrade, J.
(2017)
Analisar a Pedagogia da
Alternância nos dinâmicas e
atores particulares do estado
de Rondônia
Pedagogia da
Alternância
29
Juventude feminina do meio rural:
sentidos sobre educação e perspectivas
sobre futuro
Pizzinato, A et
al (2017)
Educação e perspectivas de
futura para jovem mulheres
do meio rural no RS
Juventude do
Campo,
Juventude Rural
30
A etnografia e suas contribuições para o
desenvolvimento de uma pesquisa no
Contexto de ensino da pedagogia da
Alternância
Silva, C., &
Gonçalves, A.
(2018)
Etnografia para estudo da
linguagem em uma EFA
Escola Família
Agrícola,
Pedagogia da
Alternância
31
A Pedagogia da Alternância presente nos
Projetos Político-Pedagógicos das
Escolas Famílias Agrícolas do Tocantins
Vizolli, I.,
Helena
Quirino Porto
Aires, H., &
Pedagogia da Alternância,
Projeto Político Pedagógico
e instrumentos pedagógicos
em uma EFA TO
Escola Família
Agrícola,
Pedagogia da
Alternância
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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2023
ISSN: 2525-4863
14
Barreto, M.
(2018)
32
Temáticas, geografías y debates en el
campo de la Pedagogia de la Alternancia
Miano, M., &
Corro, E.
(2018)
Produção teórica sobre
Pedagogia da Alternância na
Argentina com as diferenças
e contradições existentes
Pedagogia da
Alternância
33
Escolas do campo: um olhar sobre a
legislação e práticas implementadas no
ensino de física
Franciele
Franco Dias,
F., & Leonel,
A. (2018)
Ensino de Física em escolas
do campo
Pedagogia da
Alternância
34
Jovens e juventudes em estudos rurais do
Brasil
Troian, A., &
Breitenbach,
R. (2018)
Definição de jovens,
juventude e jovem rural
Juventude do
campo,
Juventude rural
35
A produção das identidades/diferenças
pela
Pedagogia da Alternância no ceffa de
Ji-paraná/ro
Valadão, A., &
Backes, J.
(2019)
Produção de identidades na
Pedagogia da Alternância
Pedagogia da
Alternância
36
Gênero caderno da realidade nas práticas
educativas da Pedagogia da Alternância
Silva, C.
(2019)
Análise do instrumento
pedagógico Caderno da
Realidade na Pedagogia da
Alternância
Pedagogia da
Alternância
37
Plano de formação, letramento e práticas
educativas na pedagogia da alternância
Silva, C.
(2020)
Plano de formação de uma
EFA TO
Escola Família
Agrícola,
Pedagogia da
Alternância,
Jovem do
campo, Jovem
rural
38
Alternando professoralidades no campo:
entre o passado e o presente, um estar-
sendo professor-monitor em uma escola
família agrícola
Oliveira, G., &
Freixo, A.
(2020)
Narrativas docentes em uma
EFA BA
Escola Família
Agrícola,
Pedagogia da
Alternância
39
Ensino de botânica e classificação
biológica em uma escola família
Agrícola: diálogo de saberes no campo
Silva, I., &
Freixo, A.
(2020)
Conhecimento botânico em
uma EFA BA
Escola Família
Agrícola
40
Licenciaturas em Educação do Campo
nas ciências da natureza: um olhar para
suas especificidades
Sául, T., &
Muenchen, C.
(2020)
Especificidades da
Educação do Campo em
relação à
interdisciplinaridade dos
cursos de Licenciatura em
EdoC
Pedagogia da
Alternância
41
Tempo e espaço: pontos de contato
em gêneros discursivos na Pedagogia
da Alternância
Silva, C.
(2020)
Instrumentos pedagógicos
da Pedagogia da Alternância
Pedagogia da
Alternância
42
A divisão sexual do trabalho no campo
sob
a perspectiva da juventude camponesa
Schwendler, S.
(2020)
Divisão sexual do trabalho
entre jovens de um
assentamento da reforma
agrária
Juventude do
campo,
Juventude rural
43
Pronaf Jovem: as disjunções entre o ideal
e o real
Marin, J.
(2020)
Pronaf Jovem na construção
social de uma juventude
rural sucessora na
agricultura familiar
Juventude rural,
Jovem rural
44
Formação de Técnico em Agropecuária
no Brasil e na Espanha: Projetos de vida
da juventude rural
Pereira, J., &
Souza, F.
(2020)
Articulação entre gênero,
educação técnico-
profissional em
Agropecuária e projetos de
vida de moças e rapazes
rurais
Juventude rural
45
Juventude rural e
Izquierdo, J.,
Sentidos atribuídos a
Juventude rural
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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15
vivências da sexualidade
Paulo, M., &
Santos, V.
(2020)
vivências de sexualidade
por jovens rurais
46
Letramentos de jovens do campo:
O que se revela na produção de vídeos
Machado, M.,
Carvalho, G.,
Novais, C., &
Rodrigues, A.
(2020)
Sociabilidade e circuitos
comunicativos de jovens do
campo e as práticas sociais
de uso da leitura e da escrita
Juventude rural
47
Desafios permanência do jovem no
meio rural: um estudo de casos em
Piracicaba-SP e Uberlndia-MG
Oliveira, M..,
Mendes, L., &
van Herk
Vasconcelos,
A. (2020)
Permanência ou não de
jovens em empreendimentos
da agricultura familiar
Juventude rural,
Jovem do
campo, Jovem
rural
48
Perfil e percepções de futuras educadoras
do campo a partir do ingresso em
Universidade Pública
Gisloti, L.,
Santos, D.,
Santos, C., &
Silva, S.
(2021)
Perfil de mulheres
ingressantes em um Curso
de Licenciatura em
Educação do Campo no MS
Pedagogia da
Alternância
49
Formação de educadores na interface
educação superior – educação do campo:
análise a partir da experiência na
Unioeste
Silva, A.,
Campos, J., &
Leite, V.
(2021)
Graduações em alternância
e a inserção e permanência
de setores populares no
ensino superior
Pedagogia da
Alternância
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para uma visão geral dos artigos selecionados é trazido, a seguir, os números de
resultados encontrados para cada um dos termos de buscas utilizados e, dentre eles, o número
de artigos selecionados para a amostragem. A não seleção de alguns artigos se deu porque
alguns resultados eram incoerentes com os termos quando indicavam pesquisas de outras
áreas do conhecimento e que não tinham a ver com o interesse das buscas (Quadro 2).
Quadro 02 - números de resultados encontrados por cada termo de busca.
Número de resultados encontrados por cada termo de busca
Termo de busca
Número geral de resultados
Número da artigos selecionados
Escola Família Agrícola
8
5
Pedagogia da Alternância
16
15
Juventude do campo
146
15
Juventude rural
43
30
Jovem rural
34
6
Jovem do campo
92
3
Fonte: Elaborado pelos autores.
A discrepância existente entre os resultados totais apresentados para as buscas em cada
termo e aqueles que, de fato, condizem com o interesse da pesquisa se deve à desassociação
entre os termos ligados aos sujeitos jovens com os relacionados ao universo camponês. Os
resultados para as buscas não revelam imediatamente os trabalhos sobre esse grupo já que eles
mostram artigos que estão relacionados a um ou outro termo separadamente. Se em Martins
(2020) encontramos que o grupo de jovens moradores de áreas rurais é ainda pouco analisado
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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nas pesquisas acadêmicas, as dificuldades em localizar as pesquisas existentes pode se dever a
tal fato. Uma possível demanda decorrente desse ponto, então, é a de utilização de marcadores
mais precisos que facilitem o encontro das pesquisas nas plataformas, tais quais as palavras-
chaves que possibilitem a visibilização desse tema de forma mais eficaz. Cabe justificar que a
diferença percebida entre a lista dos artigos listados no quadro 1 e o somatório dos números
de artigos selecionados na terceira coluna do quadro 2 se dá porque alguns artigos foram
contabilizados repetidos para diferentes termos de busca. Ou seja, um mesmo artigo pode
aparecer quando a pesquisa foi feita para diferentes termos, mas não foram registrados
repetidamente. Contudo, na coluna "termo de busca” do quadro 1 mostra em quais termos o
artigo aparece repetido.
Ao analisarmos separadamente cada um dos resultados obtidos para cada um dos
termos, tem-se que resultados de buscas para o termo “Escola Família Agrícola” indicaram 5
artigos encontrados, a saber: Silva e Freixo (2020), Oliveira e Freixo (2020), Silva (2020),
Vizolli, Aires e Barreto (2018) e Silva e Gonçalves (2018). Estes artigos tratavam de aspectos
pertinentes ao cotidiano das escolas como a relação entre docentes e discentes ou de aspectos
metodológicos ou das ferramentas didáticas propostas nessas escolas. As EFAs apareciam nos
demais artigos como locus de desenvolvimento das pesquisas, sendo duas EFAs da Bahia (38
e 39), duas do Tocantins (31 e 37) e um artigo que tratava da Pedagogia da Alternância de
forma mais geral (34). Nenhum artigo tinha a juventude como foco prioritário de pesquisa. A
juventude das EFAs não foi tratada nos trabalhos como objeto de investigação e, mesmo
quando atravessavam indiretamente as discussões realizadas, não era sobre os jovens que
essas pesquisas tratavam.
Já sobre as buscas para o termo “Pedagogia da Alternncia” foram exibidos 15
resultados (26, 27, 28, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 39, 41, 47 e 48), entre os quais dois deles
(31 e 37) já haviam aparecido para a busca do termo Escola Família Agrícola. Os resultados
para a busca sobre trabalho que tratavam da Pedagogia da Alternância tiveram diferentes
focos de análises. A maioria dos trabalhos abordavam temáticas discutidas a partir das
Escolas Famílias Agrícolas sob aspectos das alternâncias dos espaços educativos nessa
proposta pedagógica, questões identitárias ou das dimensões políticas e pedagógicas das
escolas. Alguns trabalhos, quatro deles mais precisamente (26, 40, 47 e 48), abordavam a
Pedagogia da Alternância no ensino superior com atenção especial para os cursos de
Licenciatura em Educação do Campo. Cabe aqui considerar que esses cursos são frutos de
políticas públicas recentes no Brasil e que também se desdobraram em objeto importante de
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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pesquisas na última década. Outros quatro trabalhos (27, 28, 32 e 41) diziam sobre a
Pedagogia da Alternância de maneira mais geral, discutindo aspectos associados aos
instrumentos pedagógicos, o mundo rural ou as origens históricas dessa concepção educativa.
De todos os trabalhos também, nenhum deles tinham a juventude como tema principal de
investigação.
Quanto s buscas foram direcionadas para o termo “Juventude do Campo”, os
resultados apontaram 146 publicações (Porque deste ponto em diante, colocou o número geral
de resultados e não o número de artigos selecionados como foi feito com os dois termos
anteriores?. Houve um salto quantitativo para o número de trabalhos encontrados quando
comparados com aqueles para os termos “Escola Família Agrícola” e “Pedagogia da
Alternncia”. Desassociar as buscas das EFAs e da Pedagogia da Alternância trouxe um
número maior de resultados e a aproximação com os termos que remetem ao contexto jovem
ou rural indica a maior robustez desses dois temas em relação aos dois primeiros. Isso pode
ser considerado mais um indício novamente de que as pesquisas sobre as EFAs precisam
encontrar mecanismos que lhes deem visibilidade nas plataformas e na comunicação dos
debates.
Como foi relatado nas partes iniciais do presente texto que as pesquisas sobre juventude
estiveram historicamente associadas à temas como delinquência, violência ou à medidas de
intervenção social e socioeducativas, nas nossas buscas esses temas também tiveram maior
destaque. Em seguida vieram pesquisas que faziam discussões teóricas e conceituais sobre
juventude. Identidade e jovens universitários estiveram também entre temas encontrados,
acompanhados por temáticas ligadas à gênero, trabalho, escolarização, políticas públicas e
participação social. Além desses, saúde, religião e sexo também foram registrados.
Entretanto, de todos os resultados, apenas 15 deles (3, 4, 9, 10, 11, 12, 18, 19, 22, 23,
24, 25, 29, 34, 42) estavam relacionados à realidade rural, mas nenhum deles se
correlacionada s EFAs. Ou seja, a busca pelo termo “juventude do campo” indicou, em sua
maioria, trabalhos relacionados apenas à juventude e aqueles que diziam sobre o território
rural, não estiveram relacionados às Escolas Família Agrícolas. Entre esses 15 trabalhos que
articulavam os dois campos do termo, as temáticas abordadas nas publicações foram também
diversas, sendo que estudos sobre processos migratórios associados à juventude do campo
tiveram destaque com três trabalhos encontrados (11, 18 e 19), além das temáticas
relacionadas à formação profissional, trabalho e projetos de vida (4, 9, 10, 12, 23 e 24), à
questões identitárias (3, 22) e de gênero (29 e 42). Foram encontrados também pesquisas que
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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tratavam sobre ensino superior ou que discorriam sobre Educação do Campo ou, ainda, que
tinham os jovens do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra como foco.
Para os resultados da busca sob o termo “Juventude rural”, foram encontradas 43
publicações. Dessas, quando conferida a pertinência do resultado com a intenção da busca,
separamos 30 trabalhos que, de fato, estavam relacionados ao tema em questão (1, 2, 3, 4, 6,
7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 29, 34, 42, 43, 44, 45, 46 e 47).
Aqueles indicados pela busca que não tratavam diretamente da juventude rural diziam
somente sobre juventude, sem ser rural, ou diziam sobre o rural, sem ser sobre a juventude.
Assim, houveram artigos sobre a juventude urbana, sobre parteiras em zona rural, sobre
políticas públicas, mas que, em alguns casos, tinham sujeitos jovens apenas de maneira
indireta. Alguns trabalhos encontrados nessa busca já haviam aparecido na busca pelo termo
“Juventude do Campo”. Entretanto, novamente a presença de trabalhos que discorriam sobre
as EFAs foi bastante restrita. Apenas um trabalho foi desenvolvido junto à essas escolas. No
artigo em questão (46) a pesquisa envolvia a EFA de Araçuaí, município mineiro localizado
no Vale do Jequitinhonha, e a temática da pesquisa foi sobre tecnologias digitais e letramento,
trazendo a juventude da EFA como grupo participante dessa pesquisa.
Dos 30 trabalhos que tratavam da juventude rural, as temáticas abordadas foram
também diversas. As que obtiveram maior destaque foram as relacionadas à formação técnica,
projetos de vida, sucessão rural e trabalho que contabilizaram 16 publicações (3, 4, 6, 7, 9, 10,
12, 14, 16, 17, 21, 23, 24, 42, 43 e 44) sendo que, em alguns casos, os artigos abordavam
apenas um desses temas separadamente e em outros casos havia uma articulação desses
temas. O tema da migração campo-cidade e permanência no campo também teve destaque
com quatro trabalhos registrados (11, 19, 21 e 47), bem como as discussões de gênero e
produção de identidades (8, 13, 14, 17, 22, 42, 44 e 45). Houveram casos também em que
essas discussões vieram atravessadas por outras temáticas como divisão sexual do trabalho,
formação ou sexualidade. Outros temas como o uso de redes sociais, organização e
protagonismo juvenil, políticas públicas, ensinos médio e superior também atravessaram
algumas pesquisas. Contudo, a maior recorrência temática em discussões que passam pelo ser
jovem e se constituir socialmente e pelos temas historicamente abordados para a juventude
rural como a migração campo-cidade ou a permanência no campo endossam o argumento
teórico de maior concentração das pesquisas nesse conjunto de temas.
Já as buscas realizadas pelo termo “Jovem do Campo” apresentaram 92 resultados.
Destes, apenas 3 abordavam diretamente a temática da juventude rural e que já havia
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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aparecido em busca de outros termos (19, 37 e 47) sendo que, apenas um deles dizia sobre
jovens das EFAs (37). Os demais trabalhos, repetindo um padrão percebido nas buscas com
outros termos, tratavam de temáticas bastante diversas que, não necessariamente, agrupavam
as duas palavras contidas no termo de busca. Ou seja, mesmo que pudessem trazer
investigações sobre juventude ou sobre o campo no Brasil, não tinham a juventude do campo
como foco prioritário. Sendo assim, os artigos em questão discorriam sobre violência,
pobreza, programas governamentais para jovens, participação social, periferias urbanas,
educação, políticas públicas, questões de gênero ou ligadas à área da saúde. Um número
considerável dos resultados, contudo, não correspondiam (correspondia) a nenhuma das duas
temáticas e, por isso, não foram analisados.
Para o termo “Jovem rural” houve também um grande número de resultados que não
correspondiam a intenção da busca e outra parte que, mesmo que tangenciando a temática, se
ligavam ao termo apenas indiretamente. Dos 34 resultados indicados na busca, apenas seis (5,
15, 19, 37, 43 e 47) tinham os jovens rurais como tema principal e, entre eles, um único dizia
sobre os jovens das EFAs (37). Apenas um deles (5) ainda não havia aparecido como
resultado para as buscar a partir dos demais termos.
O que notamos em relação ao parâmetro temático revelado nas buscas é, em primeiro
lugar, a pluralidade dos temas abordados nas publicações. Se até o início dos anos 2000 a
juventude experimentava uma condição de invisibilidade social e teórica (Weisheimer, 2005),
o seu reconhecimento como categoria política permitiu a ampliação de sua teorização social
(Dulci & Macedo, 2019). Os quase 8 milhões de jovens residentes nas áreas rurais brasileiras
envolvem um público heterogêneo cuja história social e política teve diferentes fases que
acompanharam os também diferentes contextos que a sociedade brasileira viveu (Martins,
2020). O impulso recebido a partir dos anos 2000, tanto pelo já citado processo de
reconhecimento como categoria quanto pelas políticas públicas destinadas a tal grupo, fizeram
ampliar os enfoques das pesquisas e as densidades analíticas que se aproximaram da
diversidade jovem brasileira (Castro, 2016).
A associação da juventude à transgressão e ao desinteresse foram as pautas comuns nos
estudos, bem como a pretensa necessidade de enquadramento dos sujeitos jovens aos padrões
sociais (Abramo, 1997), mas também, quando tratavam especificamente da juventude rural, o
enfoque sobre processos migratórios, de sucessão rural e aqueles ligados aos projetos
profissionais que cobravam da juventude um planejamento de vida (Castro, 2009) seguiram
sendo recorrentes. A persistência desses temas entre os artigos encontrados nas buscas
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica sobre a juventude das EFAs...
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realizadas para esse artigo revela que tais discussões ainda não estão superadas e que são
pertinentes à realidade atual.
O aparecimento de temáticas como os fatores que incidem sobre a permanência dos
jovens no campo, as questões identitárias e aquelas que dizem sobre a presença de jovens
rurais nos cursos superiores das universidades brasileiras confirmam a ampliação e a inserção
de novos temas na pauta jovem nacional (Castro, 2016). Assim, notar a pluralidade temática
dos artigos encontrados nas buscas realizadas para o presente trabalho reflete os muitos
caminhos tomados pelas pesquisas sobre juventude e a complexificação do tema que foram
favorecidos pelos novos cenários políticos nacionais. Os temas variados encontrados para os
diferentes termos de buscas aqui utilizados reafirmam, portanto, esse argumento.
Ao observamos os anos em que as publicações tratadas nesse artigo foram realizadas é
possível perceber um aumento dos trabalhos nos anos recentes. Tomando as publicações por
ano para cada um dos termos buscados separadamente, temos: na busca com o termo “Escola
Família Agrícola” tivemos três trabalhos publicados em 2020 (37, 38 e 39) e dois em 2018
(31 e 34); o termo “Pedagogia da Alternncia” teve dois trabalhos em 2021 (48 e 49), quatro
em 2020 (37, 38, 40 e 41), dois em 2019 (35 e 36), cinco em 2018 (30, 31, 32, 33 e 34) e três
em 2017 (26, 27 e 28); “Juventude do campo” teve cinco em 2017 (22, 23, 24, 25 e 29) e
quatro trabalhos publicados em 2015 (9, 10, 11 e 12); “Juventude rural” apresentou sete
trabalhos publicados em 2015 (,8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14), e em 2017 (20, 21, 22, 23, 24 e 29)
e também seis em 2020 (42, 43, 44, 45, 46 e 47); “Jovem do campo” teve dois artigos (37 e
47) publicados no ano de 2020 e um (19) em 2016; já “Jovem rural” obteve um trabalho
publicado em 2013 (5), dois em 2016 (15 e 19) e três em 2020 (37, 43 e 47). (
A observação dos dados aqui construídos e apresentados permite perceber um salto no
número de pesquisas encontradas a partir do ano de 2015, mesmo que um decréscimo entre os
anos de 2018 e 2019 também possa ser percebido. Fato curioso é que o ano de 2020
apresentou um número considerável de trabalhos publicados quando comparamos
relativamente aos anos aqui levantados na plataforma Scielo e foi o único ano que apresentou
trabalhos para todos os termos de buscas. Destaca-se também a relevância do termo
“Juventude rural” como aquele com mais trabalhos encontrados e distribuídos ao longo de
quase todos os anos levantados.
A conquista de espaços institucionais, legais, jurídicos, de espaços nas agendas
governamentais fizeram ampliar o reconhecimento da juventude na realidade social do país,
fruto de um processo que resiste a décadas na história política brasileira (Dulci., Macedo.
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2019). As referidas autoras afirmam também que durante os governos dos presidentes Lula e
Dilma houve a ampliação das políticas públicas destinadas à juventude e da movimentação
nacional em torno desse tema, por exemplo, com as Conferências Nacionais de Juventude
realizadas em 2008, 2011 e 2015. Castro (2016) reforça que a demarcação do espaço político
da juventude é sentida também no âmbito acadêmico, não necessariamente pelo aumento
absoluto do número de pesquisas feitas sobre o tema, mas também pela abertura temática,
conforme já apresentamos anteriormente.
Em se tratando da juventude das áreas rurais, houve o fortalecimento da identidade
jovem e também de seu reconhecimento enquanto sujeito que constituí a diversidade juvenil,
especialmente entre a juventude rural participante dos movimentos sociais do campo (Castro,
2016). Ao analisar os primeiros 15 anos contados desde o início dos anos 2000, Castro (2016)
mais uma vez nos escreve:
Nesse processo, tivemos uma primeira movimentação que abraçou a categoria analítica
juventude rural, extremamente útil para a organização em espaços nacionais de
representação e na disputa por políticas públicas para a organização das múltiplas
identidades abarcadas nessa categoria. Com o avanço dos processos de visibilização da
diversidade das populações do campo, das águas e das florestas – cada vez mais presentes
como identidades específicas em conselhos de participação social e em outros espaços
formais de representação –, as identidades políticas constituídas nos movimentos sociais
aparecem de forma mais clara. (Castro, 2016, p. 200).
Entretanto, essa mesma autora não deixa de registrar os limites que cerceiam a
autonomia e as possibilidades de escolhas da juventude rural que seguem privadas de direitos.
Nas palavras da autora, “as possibilidades reais de escolarização, acesso a terra e à renda,
muito valorizados como caminhos para a construção de autonomia, não estão ao alcance de
muitos, mesmo após 14 anos dos governos Lula-Dilma” (Castro, 2016. p.200).
A mesma autora, em outro artigo de sua autoria, afirma a ainda restrita produção
acadêmica sobre o tema no Brasil (Castro, 2009) e se aqui associamos a visibilidade política à
teórica, as carências ainda experienciadas pelas populações jovens na vida social são
refletidas nos estudos científicos. Mesmo com a ampliação dos estudos sobre juventudes nas
últimas décadas e mesmo que a juventude rural tenha sentido essa ampliação, quando
consideramos os obstáculos para encontrar os trabalhos que tratam da juventude das Escolas
Famílias Agrícolas eles nos indicam uma fragilidade desse grupo específico. Se tomarmos o
desmonte decorrente do golpe que depôs a presidente Dilma em 2016, a aumento percebido
no número de publicações nos últimos anos assume um papel importante de registro das
movimentações ocasionadas na sociedade brasileira nos anos em que as políticas públicas
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para o campo e para a juventude estiveram em seu funcionamento mais potente. Assim,
registrar em pesquisas acadêmicas tais processos torna-se uma ferramenta política e histórica
imprescindível e de grande importância.
Considerações finais
A construção desse artigo que veio da opção em realizar um Estado da Arte sobre a
juventude das Escolas Famílias Agrícolas se revelou desafiadora. Com o objetivo de analisar
as produções acadêmicas dos últimos 10 anos encontrados na Plataforma Scielo sobre a
temática da juventude das EFAs, esse trabalho esbarrou em obstáculos relacionados ao acesso
às produções. Primeiro porque exigiu a busca através de diferentes termos para dar conta de
alcançar os trabalhos publicados, o que pode revelar a necessidade de maiores cuidados em
relação aos marcadores optados para os trabalhos nesse campo temático. Os pesquisadores
que desenvolvem trabalhos com as EFAs e com a juventude do campo devem aprimorar os
marcadores como, por exemplo, as palavras-chave para facilitar o encontro de seus trabalhos e
dar maior visibilidade às suas pesquisas. De outra forma, seguirá sendo exigido um esforço de
buscas que demanda vasculhar de maneira minuciosa uma extensa gama de publicações para
encontrar aquelas relativas a tal tema. É nesse ponto que o objetivo inicial de analisar as
publicações sobre a juventude das EFAs foi desviado para uma análise das dificuldades em
encontrar os trabalhos sobre esse tema porque se fez necessária a utilização de uma gama de
descritores para chegar às publicações sobre o tema em questão.
Considerando a expressividade que a Pedagogia da Alternância tem na história
educacional brasileira, seja pelo grande número de escolas existentes que somam,
aproximadamente 156 escolas (Lollato, 2021), pela sua territorialização por todo o território
nacional, pelos seus mais de 50 anos de história no Brasil que alcançou, inclusive, uma
relevância até mesmo no embasamento de políticas e arranjos metodológicos no ensino
superior através dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo ou pelo grande número
de jovens estudantes envolvidos no ensino médio e superior, esse tema merece conquistar
maior destaque nas pesquisas.
As pesquisas sobre juventude, em decorrência do novo status conquistado por esse
grupo como categoria social relevante nos debates públicos brasileiros nas últimas décadas, se
tornaram mais expressivas em volume de pesquisas e ampliação temática, mas a juventude
das EFAs carece de seguir nessa mesma tendência. Os jovens das EFAs são ainda pouco
conhecidos e as questões referentes à sua realidade não estão conhecidas de maneira
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satisfatória. E se a dificuldade em encontrar os trabalhos publicados, não pela sua ausência,
mas porque não aparecem como temas principais em muitas pesquisas realizadas é uma
lacuna que precisa ser resolvida, torna-se também uma seara que deve ser explorada diante da
pluralidade temática que carrega.
Especialmente se aprofundarmos o entendimento de que as investigações científicas que
tratam dos sujeitos jovens como interlocutores prioritários nas pesquisas são um caminho
necessário de ser explorado e que tais sujeitos devem ser tratados como objetos primeiros e
centrais, existe aqui uma potência para as pesquisas acadêmicas que envolvem questões
valiosas para a sociedade, tais quais a juventude, o campo e os elementos que atravessam a
realidade educacional brasileira. Ou seja, pesquisas sobre a juventude das EFAs no Brasil
podem interagir com as questões sociais, culturais, econômicas e políticas de nossa sociedade
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Informações do Artigo / Article Information
Recebido em: 27/01/2022
Aprovado em: 03/09/2022
Publicado em: 19/07/2023
Received on January 27th, 2022
Accepted on September 03th, 2022
Published on July, 19th, 2023
Contribuições no Artigo: Os(as) autores(as) foram os(as) responsáveis por todas as etapas e resultados da pesquisa, a
saber: elaboração, análise e interpretação dos dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito e; aprovação da versão
final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for the designing, delineating, analyzing and interpreting the data,
production of the manuscript, critical revision of the content and approval of the final version published.
Conflitos de Interesse: Os(as) autores(as) declararam não haver nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
CNPq.
Funding
CNPq.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Pacheco, J. C. A., Ribeiro, L. P., & Antunes-Rocha, M. I. (2023). Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica
sobre a juventude das EFAs. Rev. Bras. Educ. Camp., 8, e13825. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13825
ABNT
PACHECO, J. C. A.; RIBEIRO, L. P.; ANTUNES-ROCHA, M. I. Esse (dês)conhecido sujeito social: a produção acadêmica
sobre a juventude das EFAs. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 8, e13825, 2023.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e13825
