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Neste texto, mostraremos a relevância dos princípios norteadores da concepção de
educação do campo desenvolvida pelos movimentos sociais, enquanto projeto de luta por uma
educação pública que reconheça as identidades, memórias e culturas dos sujeitos camponeses,
valorizando as práticas concretas de formação desses sujeitos, em defesa do projeto histórico
da classe trabalhadora. Nessa conjuntura, refletiremos sobre o papel das políticas públicas de
educação do campo, na construção do projeto histórico defendido pela classe trabalhadora,
nos movimentos sociais. Ou seja, um projeto educacional que contribua com os
trabalhadores/as do campo e seus familiares, na organização de um “movimento de
construção de alternativas abrangentes de trabalho, de vida, que rompam com a lógica de
degradação humana da sociedade capitalista e que sejam concretamente sustentáveis”
(Molina, 2006; Caldart, 2010).
Para tanto, utilizamos a pesquisa qualitativa, com ênfase na pesquisa bibliográfica e
pesquisa documental, desenvolvida predominantemente, em acervos bibliográficos,
legislações, portarias, decretos e referenciais teóricos sobre educação do campo. Seu contexto
histórico, princípios, conceitos, práticas e marcos legais, bem como, análise de materiais
específicos do Programa Escola da Terra, o projeto de curso, documentos institucionais,
relatórios, materiais de divulgação e formação.
A experiência do Programa Escola da Terra no Rio de Janeiro marca um território de
lutas em defesa da garantia do direito à educação dos diferentes sujeitos do campo,
historicamente invisíveis aos olhos do Estado: agricultores familiares, extrativistas,
pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e acampados da reforma agrária, quilombolas,
caiçaras, indígenas, entre tantos outros. Esse espaço de produção do conhecimento e
valorização da educação popular vem se construindo no diálogo estreito com os educadores e
as educadoras do campo, enaltecendo a diversidade de tais sujeitos camponeses, bem como, o
reconhecimento de seus territórios, enquanto espaços de lutas e resistências.
Com o Programa Escola da Terra foi possível dar visibilidade aos saberes e práticas
pedagógicas dos educadores do campo no Estado do Rio de Janeiro, além de sinalizar para as
atividades desenvolvidas nos espaços de formação continuada na UFRRJ, através da
pedagogia da alternância, com tempos e espaços diferenciados, representados no Tempo
Comunidade – TC e Tempo Universidade - TU. Este projeto coletivo contribuiu na formação
dos educadores com posturas interrogativas, investigativas e de reflexão crítica dos processos
sociais contemporâneos, compreendendo o campo, com suas histórias, valores, identidades,