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Discutir interdisciplinaridade, currículo e gênero na Escola da Terra me fez repensar ainda
mais a minha forma de PERCEBER os alunos. Sempre tive uma convicção comigo que o
professor é muito mais que um reprodutor de conhecimento, precisa ser sensível a turma e
principalmente perceber as particularidades de cada aluno que é único. E cada um tem o
seu tempo. O gênero tem sido muito debatido, mas preciso tomar cuidado para não somente
levantar uma bandeira para lacrar ou dizer que não tenho preconceitos. Vai muito além,
tive a sorte de cair em uma turma diversa, com experiências de vida diferentes, que me
fizeram pensar fora da caixa. O relato de uma mãe da minha turma desse curso me
emocionou muito, é o aluno, sua família, as vivências. Como muito bem foi pontuado na
formação “cada um sabe as dores e as alegrias de serem o que são” como bem ilustra o
poeta. Nossa sociedade culturalmente tem mania de rotular as situações, mas vai além, são
vidas, relações de dor e alegria que cada um traz dentro de si como bagagem e a sala de
aula é esse espaço de rever pensamentos, preconceitos muitas vezes, e tornar-se alguém que
pode se sensibilizar mais e não ficar apenas no discurso e levantando bandeira como muitas
vezes eu mesmo já o fiz. As vivências e experiências do outro me faz querer ser uma
professora mais atenta e sensível ao próximo. Sou muito grata pela oportunidade do
diálogo, aprendizagem e trocas de experiências e vivências que a escola da terra me
permitiu viver. (Participante 01)
A partir do recorte de fala e da própria experiência de formação, fica evidente que o
desenho como a Educação do Campo se estabelece, é feito com bases sensivelmente
diferentes do urbano. Quando a participante afirma Sempre tive uma convicção comigo que o
professor é muito mais que um reprodutor de conhecimento confirma como este espaço de
educação já é diferenciado e Santos et al. (2019) considera tais subjetividades do educar
campesino.
Ainda, fica perceptível que, com a dinâmica comum no campo, há uma permeabilidade
de saberes, uma maior facilidade de permuta nas práticas, vivências e experiências
educacionais. Quando descreve que O relato de uma mãe da minha turma desse curso me
emocionou muito, é o aluno, sua família, as vivências da participante nos pontua o quanto o
saber do outro contribui para o coletivo, sendo essa uma premissa do campo, bem discutido
por Arroyo e Fernandes (1999).
De outra forma a participante, demonstra ciência dos desafios que o processo educativo
exige dela e que o campo, de forma ainda mais perversa, resiste.
Nossa sociedade culturalmente tem mania de rotular as situações, mas vai além, são vidas,
relações de dor e alegria que cada um traz dentro de si como bagagem e a sala de aula é
esse espaço de rever pensamentos, preconceitos muitas vezes, e tornar-se alguém que pode
se sensibilizar mais e não ficar apenas no discurso”. (Participante 05)
Mas a pergunta que devemos nos fazer é: por que o debate de gênero chegou à escola e
por quais razões se mostra fundamental a ela no nosso tempo? Historicamente, a partir da
década de 1980 as limitações na área começaram a ser questionadas (Louro, 1999). A