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movimento”, o qual apresenta uma síntese da I Conferência Nacional Por uma Educação
Básica do Campo. Neste prefácio, assevera:
Aprendemos ou reaprendemos, na conferência, que a educação básica só se construirá nas
matrizes humanistas que vêm de um movimento social que nos remete ao campo dos
direitos, direitos de sujeitos concretos, sociais, culturais, que nos remete às grandes
finalidades de emancipação humana. As palavras mais ouvidas e lidas na conferência foram:
esperança, cidadania, justiça, liberdade, igualdade, cooperação, diversidade, terra, trabalho,
identidade, “sou índio, sou branco, sou mulher, sou negro, sou brasileiro...” A educação
básica do campo está se construindo enxertada em um movimento sociocultural de
humanização. Não será esse o maior e melhor legado dessa conferência para nossa tradição
pedagógica? (Arroyo, 1999, p. 11-12).
Conforme Santos (2013), a partir de análise dos posicionamentos de Arroyo, as
formulações mais gerais da educação do campo, enquanto movimento, originam-se no plano
da cidadania (direitos e deveres), da diversidade, da identidade, bem como do trabalho e da
luta pela terra no interior de um movimento sociocultural de humanização. Este autor conclui
que conhecimento, educação escolar e objetividade do saber não receberam a atenção devida
na gênese desse movimento, o que, segundo ele, pode ter acontecido por conta da
centralidade da pedagogia do ritual, do gesto, do corpo, da representação, da comemoração
ou lembrança da memória coletiva dos processos educativos e de aprendizagem. Que falta
faz à nossa pedagogia tecnicista, formalista, racional e fria recuperar essas matrizes
pedagógicas vividas nessa conferência, na qual os educadores, as crianças e os jovens se
manifestaram como sujeitos culturais celebrando sua memória (Arroyo, 1999, p. 10).
O que se percebe é que a proposta defendida por Arroyo, não obstante a nobreza do
objetivo que encerra, qual seja, colaborar para que os povos do campo tenham uma vida digna
e emancipada, incorre em equívoco quanto ao juízo de valor, contraposto ao defendido pela
pedagogia histórico-crítica, que faz do saber sistematizado e das propostas educativas que o
consideram central enquanto objeto de conhecimento a ser socializado para todas as pessoas,
entendendo-o de forma padronizada e homogênea e enquanto expressão unilateral dos
interesses burgueses. Santos (2013, p. 69) corrobora essa constatação, quando afirma que
posicionamentos como o exarado no fragmento acima
reduzem a ciência a uma abordagem específica da lógica formal. O texto enquadra a ciência
como um todo homogêneo, sem conflitos, sem divergências históricas tanto no plano
epistemológico quanto na luta de classes. Em relação às pedagogias que se colocam na
defesa da educação escolar, essas são enquadradas como frias, racionais, tecnicistas e
formalistas. Diante de um público que historicamente tem sido alijado de apropriar-se das
objetivações do gênero humano, em especial as objetivações mais desenvolvidas, estes
argumentos ganham força por conta de sua generalidade e impressionismo. Desse modo, a