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que compartilha saberes e práticas a partir da matriz que desqualifica o campo da agricultura
familiar como possibilidade de produção e reprodução de vida ... Este respeito ao docente
como sujeito sociocultural, isto é, filho do seu tempo e do seu espaço, é uma referência
importante em termos de condução metodológica da formação ... Neste sentido, não
podemos esperar que a Educação do Campo, como matriz de referência teórica, conceitual e
metodológica seja apreendida como uma fórmula a ser aplicada. As (Os) professoras(es)
reelaboram seus saberes, apreendem o que é possível a partir do que já sabem e do que se
permitem aprender (Relatório Final, 2017, p. 06).
No que se refere à Pesquisa da Realidade, que é o segundo instrumento do itinerário, os
professores foram motivados a investigar suas imediações com o objetivo de compreendê-las
e ancorar nelas o seu fazer pedagógico, assumindo, assim, um caráter dinâmico, inovador e
provocativo. O tema que emerge dessa etapa passa então a ocupar a centralidade da prática,
não como uma pesquisa encomendada, mas como uma construção coletiva na qual a escola,
os professores e os estudantes eram imersos na vida da comunidade compondo um novo
cenário educativo. Para o objetivo da formação era essencial que os professores se
familiarizassem com a prática de pesquisa incorporando os resultados à sua ação docente, que
assumia com isso um caráter social.
Nessa etapa, alguns professores relatavam que desconheciam a realidade que os
cercavam, que preocupados em cumprir planejamentos curriculares não se permitiam
aproximar da dinâmica de vida dos estudantes de forma concreta. De acordo com uma
professora cursista: “o professor é desafiado a adentrar a realidade da escola e dos estudantes
e assim compreender as relações e os desafios que compõem ... levantar questões e negociar a
questão a ser investigada” (Professora Cursista, 2018).
Posteriormente à pesquisa, os professores eram desafiados a sistematizar os resultados
em Planos de Ação Pedagógicas (PAPs) organizados em sequências didáticas de forma a
permitir o desenvolvimento do tema/eixo integrado aos componentes/conteúdos curriculares e
aos princípios assumidos pela formação. Dessa forma, a problemática local não é tratada de
forma pontual em dias comemorativos ou somente em projetos específicos, ela atravessa todo
o planejamento porque é incorporada àquilo que se contempla enquanto componente
curricular, constituindo uma ponte de diálogo entre as diferentes disciplinas. Este formato
contribuiu para integrar os conteúdos à temática que estava sendo abordada e às diretrizes
teóricas (Educação do Campo, formação por alternância, formação por área de
conhecimento), além de dar significado concreto ao que se estuda. (Antunes-Rocha, Justino &
Souza, 2019).
Conforme apresentado, a primeira edição do Programa (2015/2016) contou com um
número expressivo de cursistas localizados em diferentes territórios do estado, exigindo