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agricultura passa, já que coloca o campo em oposição à cidade, abordagem própria do
funcionalismo e do culturalismo.
Oliveira (2008) destaca também a tendência de adotar os conceitos de realidade e
conhecimento, tomados como realidade imediata, o concreto sensível. No intento de partir da
realidade de cada lugar (comunidade, município) há o risco de se ignorar a universalidade, ou
seja, “a realidade em geral”, os elementos que são comuns a todos, que perpassam cidade e
campo, até porque, no âmbito da divisão internacional do trabalho, cada vez mais o particular
e o geral se apresentam como um todo, dependentes.
Vendramini (2009) afirma que não se deve olhar para o campo e para a cidade e
identificar diferenças, uma vez que não há fronteiras que as dividem, pois “assim como na
cidade, as populações do campo convivem com o desemprego, a precarização, intensificação
e informalização do trabalho e a carência de políticas públicas” (p. 02).
Para Oliveira (2008), a economia brasileira, controlada pelo capital financeiro oriundo
de bancos e fundos de investimentos estrangeiros, principalmente estadunidenses e europeus,
cumpre o papel de produtor de matérias-primas agrícolas e minerais com baixo valor
agregado. Além disso, a agricultura brasileira, especificamente, mas não somente, é
desenvolvida mediante o controle estrangeiro, deste mesmo capital, nos setores mais
intensivos em trabalho e capital (genética de sementes e animais, máquinas e equipamentos,
agroquímicos etc.).
O grande capital controla o mercado e os preços, de modo que dificultam o processo de
trocas de mercadorias dos pequenos produtores, estes inseridos no contexto da expansão do
capital. A acumulação de riqueza, proveniente da expansão capitalista, produz, por outro lado,
uma condição de pobreza desenfreada, para a maioria da população, o que não é diferente na
área rural.
Portanto, mesmo com as conquistas no âmbito das políticas públicas para a Educação
do Campo, ainda há muitos problemas que precisam ser enfrentados, incluindo a oferta
educacional, pois, observa-se que a diminuição do número de matrículas na área rural ocorre,
na maioria das vezes, devido ao êxodo rural, relacionado ao processo de concentração de
terras, condicionando os pequenos agricultores a buscarem sua subsistência no meio urbano.
Desta maneira, o presente artigo traz resultados da pesquisa que objetivou analisar a
situação das Escolas do Campo do Núcleo Regional de Educação de Dois Vizinhos (NRE-
DV), a partir das transformações recentes na realidade agrária onde estas escolas estão