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intolerância” (Rossi & Giorgi, 2014, p. 43), contribuindo, assim, para a ampliação da
consciência do professor em formação.
A ampliação da consciência leva à formação de um homem que se considera membro
da coletividade camponesa, que luta constantemente para transformar o regime vigente,
expropriador, em uma sociedade onde os homens cooperem entre si, com o intuito do
nascimento de uma nova sociabilidade, marcada pelo entendimento que o indivíduo não pode
ser considerado uma “mônada”, pois “a essência humana não é uma abstração intrínseca ao
indivíduo isolado. Em sua realidade, ela é o conjunto das relações sociais”. (Marx & Engels,
2007, p. 538). A essência humana é historicamente construída pelos homens por meio das
relações estabelecidas entre si e em conjunto com a transformação da natureza para sua
manutenção.
Quando o ser humano toma consciência dessa discussão, seu entendimento por essência
humana se amplia, modificando a compreensão do mundo que lhe foi passado como o único e
mais adequado. É a busca incessante da compreensão do processo real dos indivíduos reais
que não são apreendidos apenas pela contemplação de um fato imediato, mas procurando as
suas conexões, as suas condições efetivas de vida.
Devemos começar por constatar o primeiro pressuposto de toda a existência humana e
também, portanto, de toda a história, a saber, o pressuposto de que os homens têm de estar
em condições de viver para poder ‘fazer história’. Mas, para viver, precisa-se, antes de tudo,
de comida, bebida, moradia, vestimenta e algumas coisas mais. O primeiro ato histórico é,
portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas necessidades, a produção
da própria vida material, e de fato este é um ato histórico, uma condição fundamental de toda
história, que ainda hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprido todos os dias e todas
as horas, simplesmente para manter os homens vivos. (Marx & Engels, 2007, p. 32, grifo dos
autores).
Essa compreensão é que move as discussões referentes à Cultura Corporal na
LEDUCAMPO, pois entendemos que, ao negar o acesso aos bens culturais, aos meios de
produção da vida, estamos destruindo o homem e, consequentemente, a humanidade.
Reconhecer isso é entender a especificidade da educação: ofertar condições de acesso às
novas gerações de tudo o que lhes garantirá uma vida digna.
Tal processo é viável, uma vez que a Cultura Corporal contribui para a afirmação dos
interesses do trabalhador camponês. Sua metodologia é aplicada no sentido de valorizar a
solidariedade em contraponto ao individualismo, a cooperação e não a disputa, distribuição
confrontando com apropriação e focando na liberdade de expressão dos movimentos
corporais negando a padronização corporal. (Soares, et al., 1992).