foi invadida e colonizada, tendo como base os processos de Racialização
e Racionalização. Essa lógica colonial constrói e implementa uma nova ordem de poder
configurada entre o dominante-dominado, a partir da qual, os povos superiores e produtores
das epistemologias válidas (Os europeus) e os povos inferiores, incapazes de produzir saberes
(Os não europeus) constituem a sociedade moderna/colonial.
O processo de Racialização forja-se na construção da ideia de raça como construção
mental e social. Centrado em elementos biológicos, se constrói o novo padrão mundial de
poder que institui o modelo de sujeito superior, apresentando as seguintes características:
homem, heterossexual, europeu, branco, cristão e urbano. Todos os demais sujeitos que não
atendam esses elementos são hierarquizados e classificados como sujeitos inferiores (Quijano,
2005). Nessa lógica, os povos localizados nos territórios campesinos são considerados
subalternos, por não pertencerem ao território urbano, que no viés colonial, passa a se
autodenominar como lócus do avanço, do desenvolvimento e da ascensão social. Desse modo,
“segundo a ideologia dominante, o camponês sempre foi considerado como matuto,
analfabeto, fraco, atrasado, um ‘jeca tatu’; em síntese: o que necessita ser modernizado para
ser socializado” (Silva; Rodrigues & Lima, 2013, p. 130).
O processo de Racionalização caminha nessa mesma perspectiva, objetivando
consolidar o novo padrão de poder, passando a determinar uma única epistemologia válida.
Os povos europeus passam a ser os únicos detentores e legitimadores dos conhecimentos,
inferiorizando e negando os demais povos-territórios e seus saberes. No contexto da
Racionalização, instituíram-se os territórios e sujeitos produtores de conhecimentos.
O território campesino e seus sujeitos não são considerados como referências, nem
produtores de epistemologias válidas, e quando esses chegam a ter acesso à escola, se
deparam com uma realidade que destoa da sua, por ter como matriz de referência a cultura
urbana, que na lógica colonial, configura-se enquanto superior. Nessa direção, evidenciamos
que “a cultura hegemônica trata os valores, as crenças e os saberes do campo de maneira
romântica ou de maneira depreciativa, como valores ultrapassados, como saberes tradicionais,
pré-científicos, pré-modernos” (Arroyo, 2009, p.79).
Consideramos que o Colonialismo, cunhado nos pilares da Racialização e da
Racionalização, deixa suas heranças mesmo depois que as colônias ficaram “independentes”.
A lógica moderna/colonial é ressignificada e passa a manifestar-se através da Colonialidade à
medida que continua hierarquizando, subalternizando, ditando os valores tidos como únicos/