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presentes nas falas dos docentes (N=5; 71,42%), e ao mesmo tempo demarca uma das
características da Alternância que é a fluidez de tempos e espaços formativos, contudo esses
docentes não avaliaram, em suas respostas, a divisão e o desenvolvimento dos tempos, que
seria de suma importância para a compreensão do modelo e espaços que estão desenvolvendo.
Dois docentes (28,58%) aprofundaram suas respostas, como na fala abaixo, e avaliaram
o desenvolvimento das atividades não se prendendo, apenas em deixar claro a falta de
recursos, principalmente disponibilidade de transporte para os espaços rurais, vejamos:
Observo muitas fragilidades na forma com que a alternância é trabalhada no curso.
Primeiro, porque ela é trabalhada no formato de disciplina e não numa lógica da
estruturação curricular. Esse formato dado a ela, a meu ver, descaracteriza totalmente sua
essência e fundamento. Além disso, fica atribuída a responsabilidade de acompanhar os
grupos apenas a alguns docentes - e isso faz com que não haja um envolvimento, de fato, de
todo corpo docente e sim dos/as que estão na condição de orientador/a. A segunda questão,
é o tempo da alternância. Da forma que está estruturado, o tempo comunidade tem apenas
30 dias para acontecer. É um tempo extremamente reduzido, que impossibilita o
desenvolvimento de mais atividades, de aproximação maior com a comunidade. Dentro
disso, também vivenciamos uma dificuldade hercúlea com transporte da Universidade, pois
os que temos não podem andar em estrada de terra e isso inviabiliza que sejam
desenvolvidas atividades em muitas comunidades - nesse entorno, a prefeitura tem nos
apoiado. Outra questão, é o fato de muitos/as educandos/as não serem do campo ou
possuírem alguma vinculação mais orgânica e durante o tempo comunidade não saberem
muito como construir essa aproximação. E, por fim, vivenciamos muitas evasões após o
retorno do tempo comunidade - que nos convoca a reflexão sobre os motivos que levam a
isso. Entendo que a própria lógica com a qual a alternância está estruturada pode agravar
isso, pois pra muitos/as (docentes e discentes) esse momento se torna quase que "férias" e
isso pode enfraquecer e/ou desmotivar que muitos/as retornem ao curso. (Grifos nossos).
Pelos grifos, elevamos a preocupação do respondente, quanto à organização didático-
pedagógica da Alternância e a falta de identidade e envolvimento dos professores formadores
que acabam refletindo no esmaecimento da criação e fortalecimento da identidade e
pertencimento dos professores em formação culminando na desistência de muitos estudantes.
Reiteramos a importância da Alternância, não somente aos professores em formação, mas
para os professores formadores, pois a aproximação com as comunidades construirá
significados e percepções da realidade, e ao longo do tempo cria-se empatia, sentimentos de
pertença e identidade com os povos do campo, mesmo não sendo alunos ou professores de
origem rural, como demonstrado na fala, Freire (2000, p. 21), nos elucida “a leitura crítica do
mundo é um que-fazer pedagógico-político indicotomizável do que-fazer político-pedagógico,
isto é, da ação política que envolve a organização dos grupos e das classes populares para
intervir na reinvenção da sociedade”.