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(2013) defende que sejam criados novos projetos educativos voltados para as especificidades
do meio rural, com um processo educativo em que valorizemos “... as diversidades
socioculturais, ambientais e organizativas dos camponeses, preparemos jovens para serem
protagonistas das políticas de desenvolvimento sustentável construídas de forma coletiva nas
áreas rurais” (Lima, 2013, p. 609). Este mesmo autor esclarece não ser fácil construir projetos
educacionais que deem conta de contemplar os anseios e necessidades dos diversos grupos
sociais localizados no campo, visto que um dos motivos seria o fato de “... termos no Brasil
vários mundos rurais que coexistem no seio da realidade brasileira, cada um com suas
potencialidades, especificidades e necessidades” (Lima, 2013, p. 609).
É necessário repensar os currículos escolares, “[...] tornando‐os mais democráticos e
abertos para o diálogo com os diferentes saberes produzidos para além dos contextos
escolares e acadêmicos”, pois isso possibilitaria “[...] o encontro de saberes e a ressignificação
das práticas educativas e suas finalidades” (Lima, 2013, p. 610). Com estas colocações, este
autor destaca que a valorização do saber de classe como ponto de partida para o trabalho
educativo é algo significativo na educação do campo. Segundo Veiga (1995, p. 82), “... o
currículo é um instrumento de confronto de saberes: o saber sistematizado, indispensável à
compreensão crítica da realidade, e o saber de classe, que o aluno representa e que é resultado
das formas de sobrevivência que as camadas populares criam”. Complementando esta
discussão, Saviani (2003, p. 73) argumenta que os saberes podem ser produzidos “... a partir
do velho, negando‐o e transformando‐o num processo dialético de continuidade/ruptura”.
Caldart (2002, p. 21) também discorre sobre este aspecto, ressaltando que:
O campo tem diferentes sujeitos. São pequenos agricultores, quilombolas, povos indígenas,
pescadores, camponeses, assentados, reassentados, ribeirinhos, povos da floresta, caipiras,
lavradores, roceiros, sem‐terra, agregados, caboclos, meeiros, bóia‐fria, e outros grupos
mais. Entre estes há os que estão ligados a alguma forma de organização popular, outros não;
há ainda as diferenças de gênero, de etnia, de religião, de geração; são diferentes jeitos de
produzir e de viver; diferentes modos de olhar o mundo, de conhecer a realidade e de
resolver os problemas; diferentes jeitos de fazer a própria resistência no campo; diferentes
lutas.
Toda essa diversidade não pode ser dirigida por um currículo urbanizado, logo, “...
novas alternativas estão sendo construídas pelos profissionais da educação a fim de romper
com o modelo de currículo fragmentado, descontextualizado e academicista” (Lima, 2013, p.
613). Dentre estas possibilidades, encontra-se o desenvolvimento de propostas baseadas na
Pedagogia de Projetos, que, como enfatiza Santomé (1998), corresponde a um trabalho