RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
1
Este conteúdo utiliza a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International License
Open Access. This content is licensed under a Creative Commons attribution-type BY
Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e14747
O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil
i
Daiane Loreto de Vargas1, Laila Mayara Drebes2
1 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB. Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB). Rua
Rui Barbosa, s./n. Cruz das Almas - BA. Brasil. 2 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA.
Autor para correspondência/Author for correspondence: loretodevargas@gmail.com
RESUMO. Este artigo tem como objetivo realizar uma análise
do “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil,
considerando o panorama da oferta da disciplina, as tendências
acadêmicas atuais e o perfil dos docentes, comparando dados de
levantamentos realizados em 2008, 2010 e 2022 com base no
Fórum que reúne professoras e professores de Extensão Rural. A
pesquisa é de natureza quali-quantitativa e de nível descritivo.
Os dados de 2008 e 2010, publicados em relatórios de pesquisa,
servem como comparativo para os dados coletados por meio de
um formulário eletrônico junto a 49 docentes de Extensão Rural
de um universo de 136 professores de todas as regiões do país.
Os resultados apontam evidências na disciplina como: tendência
de mudança na nomenclatura; oferta em caráter teórico e
prático; ministrada como obrigatória em cursos de Ciências
Agrárias e como optativa em alguns cursos das Ciências
Humanas e Sociais; ofertada nos semestres finais da graduação.
O perfil dos docentes que ministram a disciplina pode ser
sintetizado como: experiente (maioria com mais de 5 anos de
atuação docente), qualificado (professores doutores), atuante
para além do ensino, também na pesquisa e na extensão
universitária, articulado com uma diversidade de problemáticas
de interesse da Extensão Rural e cada vez mais integrado à pós-
graduação.
Palavras-chave: assistência técnica e extensão rural, inserção
curricular da extensão universitária, docência, formação
extensionista, Fórum Nacional de Professoras e Professores de
Extensão Rural.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
2
The “state of the art” of teaching in Rural Extension in
Brazil
ABSTRACT. This article aims to carry out an analysis of the
"state of the art" of teaching in Rural Extension in Brazil,
considering the panorama of the offer of the discipline, current
academic trends and the profile of teachers, comparing data
from surveys carried out in 2008, 2010 and 2022 based on the
Forum that brings together Rural Extension teachers. The
research is qualitative-quantitative in nature and at a descriptive
level. Data from 2008 and 2010, published in research reports,
serve as a comparison for data collected through an electronic
form with 49 Rural Extension teachers from a universe of 136
teachers from all regions of the country. The results point to
evidence in the discipline such as: trend of change in
nomenclature; theoretical and practical offer; taught as
compulsory in courses in Agricultural Sciences and as optional
in some courses in Human and Social Sciences; offered in the
final semesters of graduation. The profile of the professors who
teach the discipline can be summarized as: experienced
(majority with more than 5 years of teaching experience),
qualified (professors with a PhD), active in addition to teaching,
also in research and university extension, articulated with a
diversity of issues of interest to Rural Extension and
increasingly integrated into postgraduate.
Keywords: technical assistance and rural extension,
curricularization of university extension, teaching, extension
training, National Forum of Professors of Rural Extension.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
3
El “estado del arte” de la enseñanza en Extensión Rural en
Brasil
RESUMEN. Este artículo tiene como objetivo realizar un
análisis del "estado del arte" de la enseñanza en Extensión Rural
en Brasil, considerando el panorama de la oferta de la disciplina,
las tendencias académicas actuales y el perfil de los profesores,
comparando datos de encuestas realizadas en 2008, 2010 y 2022
a partir del Foro que reúne a los maestros de Extensión Rural.
La investigación es de carácter cualitativo-cuantitativo y de
nivel descriptivo. Los datos de 2008 y 2010, publicados en
informes de investigación, sirven como comparación de los
datos recolectados mediante un formulario electrónico con 49
maestros de Extensión Rural de un universo de 136 profesores
de todas las regiones del país. Los resultados apuntan evidencias
en la disciplina como: tendencia de cambio en la nomenclatura;
oferta teórica y práctica; impartido como obligatorio en cursos
de Ciencias Agrícolas y como optativo en algunos cursos de
Ciencias Humanas y Sociales; ofrecidos en los semestres finales
de graduación. El perfil de los maestros que imparten la
disciplina se puede resumir en: experimentados (mayoría con
más de 5 años de experiencia docente), calificados (profesores
con doctorado), activos además de la docencia, también en
investigación y extensión universitaria, articulados con una
diversidad de temas de interés para la Extensión Rural y cada
vez más integrados en los posgrados.
Palabras-clave: asistencia técnica y extensión rural,
curricularización de la extensión universitaria, docencia,
formación extensionista, Foro Nacional de Profesores de
Extensión Rural.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
4
Introdução
A disciplina de Extensão Rural é uma das disciplinas que compõem os currículos dos
cursos das Ciências Agrárias, tendo inclusive sobrevivido a mais de uma revisão curricular, as
quais provocaram importantes alterações em seus conteúdos programáticos e/ou estratégias
metodológicas (Duarte Filho, 1996).
Refletir sobre estas transformações se faz necessário, pois o serviço de Assistência
Técnica e Extensão Rural (ATER) desempenha importante papel para o fomento ao
desenvolvimento rural no Brasil, especialmente no que diz respeito ao fortalecimento da
agricultura familiar, ao acesso a políticas públicas diversas, ao incentivo à organização social
dos agricultores, à capacitação dos agricultores, ao auxílio nos processos de certificação e
comercialização de produtos, ao suporte para o manejo produtivo e para a transição rumo a
sistemas agroecológicos, apenas para citar alguns exemplos.
Contudo, a efetivação do serviço de ATER no campo brasileiro e a sua contribuição
para o desenvolvimento rural do país, perpassa pelo processo de formação profissional dos
extensionistas rurais no cerne dos cursos de Ciências Agrárias, sejam eles cursos técnicos,
tecnológicos e/ou de graduação, tanto em instituições de ensino públicas ou privadas. Dessa
maneira, a disciplina de Extensão Rural se faz presente no processo formativo de engenheiros
agrônomos, engenheiros florestais, engenheiros de pesca e zootecnistas, podendo também
participar do percurso formativo de outros profissionais de Ciências Agrárias.
No Brasil, a presença da disciplina de Extensão Rural nos currículos dos referidos
cursos esteve relacionada à participação das instituições de ensino na implantação do serviço
público de Extensão Rural. Desde a criação do serviço na década de 1940 até o presente, as
universidades procuraram fundamentar suas ações pedagógicas nas concepções e
metodologias utilizadas pelo serviço, procurando adequar a formação profissional dos
estudantes à política pública vigente (Duarte Filho, 1996).
Inicialmente, a opção do Estado brasileiro por um modelo de desenvolvimento urbano-
industrial, apoiado em uma modernização conservadora e seletiva da agricultura, foi
determinante das características de oferta da disciplina de Extensão Rural. Esperava-se que os
profissionais de Ciências Agrárias fossem capazes de responder aos desafios propostos pelos
planos nacionais de desenvolvimento da época, pautados em difusão de inovações (Duarte
Filho, 1996; Leal & Braga, 1997) Assim, no período da Revolução Verde, a disciplina de
Extensão Rural contribuiu para a formação de profissionais das Ciências Agrárias
preocupados com o aumento da produção e da produtividade do campo, com a expansão das
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
5
fronteiras agrícolas e com o uso intensivo de insumos industriais (Caporal & Costabeber,
2004).
Nesse sentido, os cursos de Ciências Agrárias foram transformados em “laboratórios
para a formação de técnicos de receitas” (Caporal & Costabeber, 2002, p.11). O ensino passou
a estimular a formação de profissionais mecanicistas, os quais eram preparados para adotar
uma “linha de pensamento linear e cartesiano” para a promoção do desenvolvimento rural
(Caporal & Costabeber, 2002, p.11). Esse cenário contribuiu para a formação de gerações de
extensionistas rurais “produtivistas”, com capacidade restrita para trabalhar com a perspectiva
da complexidade em suas intervenções nas áreas rurais (Diesel & Dias, 2010). Enfim, a
formação dos extensionistas rurais foi concebida de uma forma desarticulada das questões
ambientais, econômicas e sociais (Silva Neto, 2010).
Da crítica aos impactos negativos de tal modelo de desenvolvimento rural, foi elaborada
a crítica ao modelo de Extensão Rural até então vigente, na década de 1960 (Caporal &
Costabeber, 2002). Esse movimento teve seu auge com o processo de Repensar e Refazer da
Extensão Rural no Brasil, na década de 1980, embasado no livro “Extensão ou
Comunicação?” de Paulo Freire. A partir desse período, a Extensão Rural passou a ser
compreendida como um processo educativo informal que deveria gerar autonomia às
populações rurais (Freire, 1983; Caporal & Costabeber, 2002).
Diante disso, tanto o serviço de ATER como a própria disciplina de Extensão Rural
passaram por um processo de reconstrução identitária para tentar contribuir com a superação
das consequências advindas da Revolução Verde, pois os extensionistas rurais deveriam
tornar-se mediadores do desenvolvimento rural, e não mais difusores de pacotes tecnológicos.
Nesse sentido, temáticas como agricultura familiar, metodologias participativas e
sustentabilidade passaram a ganhar importância para o ensino em Extensão Rural (Duarte
Filho, 1996; Silva Neto, 2010; Diesel & Dias, 2010).
Para Diesel & Dias (2010, p.8), existe um consenso entre os estudiosos do tema sobre a
necessidade de superar os princípios teórico-metodológicos da difusão de inovações no
processo formativo dos profissionais da Extensão Rural. Na visão dos autores, é necessária a
construção de referenciais teórico-metodológicos capazes de embasar a complexidade dos
cenários e atores sociais plurais do rural brasileiro e para isso os extensionistas rurais
precisam apresentar “sensibilidade e capacidade profissional para ir além das questões que
dizem respeito ao âmbito da produção agropecuária” (Diesel & Dias, 2010, p. 9).
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
6
Frente ao exposto, executar e expandir o debate sobre o ensino em Extensão Rural no
Brasil e suas influências sobre a formação dos profissionais das Ciências Agrárias, possíveis
extensionistas rurais, se faz relevante. Analisar a forma como a disciplina tem sido ministrada
dentro das estruturas curriculares dos cursos possibilita identificar as perspectivas da
Extensão Rural nas diversas instituições de ensino e avaliar “se” e “como” os profissionais
formados a partir da mesma vêm contribuindo para o desenvolvimento da sociedade
contemporânea (Wizniewsky et al., 2010). Além disso, este debate também proporciona uma
reflexão mais aprofundada acerca do ensino desse componente curricular e aperfeiçoa
referenciais teóricos sobre o tema (Callou et al., 2008).
Conscientes da importância do ensino de Extensão Rural, os docentes brasileiros
articularam-se em um coletivo voluntário voltado à discussão sobre o ensino da disciplina e
debate de temáticas correlatas, intitulado de Fórum Nacional de Professoras e Professores de
Extensão Rural. Este coletivo foi responsável pela organização de dois Seminários Nacionais
de Ensino em Extensão Rural: no ano de 2008, em Itamaracá-PE; e no ano de 2010, em Santa
Maria-RS. Na oportunidade de realização de tais eventos, foram elaboradas e apresentadas
pesquisas de alcance nacional referentes ao “estado da arte do ensino em Extensão Rural”.
Partindo de tais antecedentes, o presente estudo se propõe a realizar uma análise do
estado da arte do ensino em Extensão Rural no país, atentando para o panorama de oferta da
disciplina, as tendências acadêmicas atuais e o perfil dos docentes, comparando as
informações contemporâneas com as informações dos levantamentos passados, no limite do
possível. A partir desta introdução, o estudo está organizado em uma seção metodológica, três
seções de resultados e discussão e uma seção de considerações finais.
Metodologia
Esta pesquisa é de natureza quali-quantitativa e nível descritivo. Seu objetivo é dar
continuidade à análise das principais tendências acadêmicas vinculadas ao ensino em
Extensão Rural no Brasil. As análises anteriores ocorreram por ocasião dos Seminários
Nacionais de Ensino de Extensão Rural, realizados em 2008, em Itamaracá-PE (Callou et.al.,
2008), e 2010, em Santa Maria-RS (Wizniewsky et al., 2010). É importante destacar que a
referida continuidade diz respeito ao objetivo geral de apresentar uma leitura sobre o tema,
não implicando a reprodução da metodologia nem do alcance dos levantamentos
anteriormente realizados.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
7
Esta iniciativa é vinculada ao Fórum Nacional de Professoras e Professores de Extensão
Rural, coletivo criado em 2008 com apoio do então Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), extinto em 2016. O Fórum esteve ativo desde sua criação, mas desmobilizou-se com
o fim do MDA, tendo retomado suas atividades, de forma remota, em 2020, no contexto da
pandemia de Sars-Cov-2. Um elemento possibilitador do retorno às atividades foi a criação de
um grupo em um aplicativo de mensagens (WhatsApp), que atualmente conta com 136
participantes. Este grupo representou o universo pesquisado e foi a principal via de acesso aos
sujeitos da pesquisa, isto é, os docentes da disciplina “Extensão Rural” de todas as regiões do
país, de instituições públicas e privadas, de cursos técnicos, tecnológicos e graduações.
Para coleta de dados foi utilizado um formulário eletrônico, preparado e disponibilizado
na plataforma Google Forms. Neste formulário existiam perguntas abertas e fechadas
organizadas em duas seções
ii
: uma referente à caracterização dos docentes e outra destinada a
coletar dados sobre a disciplina de Extensão Rural
iii
. O acesso ao formulário ocorreu por um
link que foi disponibilizado por e-mail e via mensagem no grupo de WhatsApp. Por se tratar
de um link que podia ser livremente compartilhado, houve respostas de professores que não
estavam inscritos neste grupo de mensagens e nem constavam na lista de e-mail do Fórum.
No total, durante o período em que ficou disponível (entre junho e julho de 2022), o
formulário recebeu 49 respostas, sendo 85,7% de docentes pertencentes ao coletivo do Fórum
e 14,3% de docentes externos (Tabela 1).
Quanto ao vínculo institucional, a maior parte dos respondentes, 91,8%, pertence aos
quadros profissionais de instituições públicas de ensino, enquanto 8,2% atuam em instituições
privadas. Deste contingente, 73,5% são do sexo masculino e 26,5% do sexo feminino (Tabela
2).
Tabela 1 - Vínculo dos participantes da pesquisa ao Fórum Nacional de Professoras e Professores de Extensão
Rural.
Vinculação
Frequência
(n)
(%)
Com vínculo ao Fórum
42
85,7
Sem vínculo ao Fórum
7
14,3
Total
49
100
Fonte: elaboração própria.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
8
Tabela 2 - Pertencimento institucional e gênero dos participantes da pesquisa.
Pertencimento
Frequência
(n)
(%)
Instituição
-
-
Pública
45
91,8
Privada
4
8,2
Gênero
-
-
Feminino
13
26,5
Masculino
36
73,5
Total
49
100
Fonte: elaboração própria.
Por ser o Fórum um coletivo de abrangência nacional e os levantamentos anteriores
sobre esta temática – o ensino de Extensão Rural – terem buscado elaborar análises neste
âmbito, é importante ponderar sobre as características da amostragem que possibilitará a
análise a ser apresentada neste artigo. A Figura 1 revela que 36,7% dos respondentes atuam
em instituições de ensino situadas na região Sul; 28,6% na região Sudeste; 18,4% na região
Nordeste; 14,3% na região Norte; e 2,0% na região Centro-Oeste. Ao observar, na mesma
Figura 1, o número de participantes nas edições anteriores do levantamento
iv
, percebemos que
ocorreu diminuição considerável de respostas na região Nordeste no levantamento atual. Os
números das regiões Norte e Centro-Oeste também apresentam diminuição de informantes,
mas proporcionalmente menor do que o ocorrido em relação ao Nordeste.
Figura 1 - Distribuição regional das amostras dos estudos de 2008, 2010 e 2022.
Fonte: elaboração própria.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
9
O grupo de docentes no WhatsApp possui atualmente 136 participantes. De acordo com
o cadastro de participantes do grupo, 33,1% atuam na Região Nordeste; 30,9% no Sul; 19,1%
na região Sudeste; 10,3% no Centro-Oeste; e 6,6% na região Norte. A Tabela 3 apresenta um
comparativo entre a composição atual do Fórum (tomando como referência o cadastro de
docentes) e os respondentes do atual levantamento, considerando a distribuição por região de
atuação dos profissionais.
Tabela 3 - Comparativo entre a composição regional do Fórum Nacional de Professoras e Professores de
Extensão Rural e a região de atuação dos participantes da pesquisa.
Região
Composição do Fórum
Participantes da Pesquisa
(n)
(%)
(n)
(%)
Nordeste
45
33,1
9
18,4
Sul
42
30,9
18
36,7
Sudeste
26
19,1
14
28,6
Centro-Oeste
14
10,3
1
2,0
Norte
9
6,6
7
14,3
Total
136
100
49
100
Fonte: elaboração própria.
Considerando estes dados, ponderamos que a amostragem que permitiu a análise
apresentada a seguir é destoante da representatividade regional que atualmente compõem o
Fórum Nacional de Professoras e Professores de Extensão Rural. Esta diferenciação é mais
visível pela subestimação da representatividade dos profissionais que atuam na região
Nordeste e no Centro-Oeste e uma superestimação daqueles que atuam no Norte. Não
podemos afirmar que há um enviesamento de dados, mas chamamos a atenção para esta
peculiaridade metodológica para a relativização dos resultados que serão apresentados e
discutidos na sequência deste artigo.
Os questionários foram analisados por meio do uso de estatística descritiva, no caso dos
dados quantitativos; e pelo método de análise de conteúdo, no caso dos dados qualitativos.
Considerando a intencionalidade comparativa do presente estudo, vale ressaltar que os
documentos produzidos sobre o estado da arte da disciplina de Extensão Rural para os
Seminários Nacionais de Ensino de Extensão Rural, em 2008 e 2010, foram utilizados como
documentos fundamentais para a discussão dos resultados aqui apresentados, sendo eles: “O
estado da arte do ensino da Extensão Rural no Brasil: relatório de pesquisa”, de Callou et.al.,
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
10
2008; e “O estado da arte do ensino em Extensão Rural no Brasil: relatório de pesquisa”, de
Wizniewsky et al., 2010.
O panorama da oferta da disciplina de Extensão Rural
Para compreender como a disciplina de Extensão Rural tem sido ofertada na atualidade,
o questionário aplicado aos docentes investigou sobre: a) os cursos em que é ofertada; b) se é
ofertada em caráter obrigatório ou optativo; c) o número de professores que atuam ao mesmo
tempo na disciplina; d) o caráter teórico e prático; e) o período em que é ofertada nos cursos;
e f) o quantitativo de vagas por semestre.
Quando questionados sobre a obrigatoriedade da disciplina, os docentes citaram que o
componente curricular é obrigatório para os seguintes cursos de graduação: Agronomia,
Engenharia de Aquicultura, Engenharia Florestal, Engenharia de Pesca, Licenciatura em
Ciências Agrícolas, Medicina Veterinária e Zootecnia. As Diretrizes Curriculares Nacionais
confirmam a obrigatoriedade da disciplina de Extensão Rural para os cursos de Agronomia,
Engenharia Florestal e Zootecnia. Na Engenharia de Pesca, denomina-se Extensão Pesqueira.
(Mec, 2006a; Mec, 2006b; Mec, 2006c; Mec, 2006d). Além disso, os docentes também
citaram a obrigatoriedade da disciplina para Tecnologia em Agroecologia, Tecnologia em
Agropecuária e no Técnico em Agropecuária.
Um ponto relevante e positivo, constatado nas respostas, é o fato do componente
Extensão Rural ser ministrado nos cursos de Tecnologia em Agropecuária e Agroecologia,
assim como nas licenciaturas. Essas informações não foram mencionadas nos estudos
anteriores, provavelmente pela criação e expansão de vários cursos de licenciaturas, como a
Educação do Campo, por exemplo, e de tecnologias na área das Ciências Agrárias, assim
como em outras áreas do conhecimento, na última década.
Sobre os cursos em que o componente Extensão Rural é ofertado de forma optativa,
para 83,2% dos docentes a resposta foi nenhuma ou não se aplica. Já os professores que
mencionaram algum curso, citaram: Gestão de Cooperativas (2,1%); Nutrição (2,1%); Serviço
Social (2,1%); Direito, Biologia, Administração, Administração Pública e Filosofia (2,1%);
Engenharia Florestal (2,1%); Cursos da Área de Humanas (2,1%). E ainda, foram registradas
as respostas: não sei informar (2,1%) e sempre é obrigatória (2,1%).
Chama a atenção o fato do componente curricular ser ofertado como optativo no curso
de Engenharia Florestal, para o qual deve ser obrigatório, segundo a orientação das Diretrizes
Curriculares Nacionais (Mec, 2006b), como citado anteriormente. Fazendo uma análise em
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
11
relação ao relatório publicado em 2010, reafirma-se o fato de que a disciplina de Extensão
Rural é ofertada de forma optativa nos cursos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, com
destaque para Economia Doméstica, Pedagogia, Geografia e Administração de Cooperativas
(Wizniewsky et al., 2010). Em relação ao relatório publicado em 2008, ele não especificou os
cursos em que o componente era ofertado como optativo.
Sobre o formato da oferta da disciplina de Extensão Rural, 84,5% dos respondentes
destacaram que é teórica e prática. Já 13,4% dos docentes ressaltaram que a disciplina possui
somente aulas teóricas e 2,1% mencionaram que é ministrada somente de forma prática. Na
pesquisa realizada em 2008, foi investigada somente a carga horária de aulas teóricas e
práticas da disciplina. Já na investigação realizada em 2010, foram identificados os
condicionantes da qualidade das aulas práticas e apenas 9% dos professores indicaram a
ausência de aulas práticas, justificando a falta ou a inadequação de transporte, a inexistência
de local e de parcerias institucionais (Wizniewsky et al., 2010).
Quando questionados sobre o número de professores que lecionam a disciplina ao
mesmo tempo, 79,6% das respostas apontaram que somente um docente é responsável pela
disciplina. Enquanto o número de dois professores foi relatado por 6,1% dos respondentes,
mesmo percentual ressaltado para o número de três (6,1%) e quatro (6,1%) professores.
Somente 2,1% das respostas apontaram para quatro docentes ministrando a disciplina
concomitantemente. Acredita-se que a presença de mais de um professor conduzindo a
disciplina possa favorecer o processo de construção de conhecimento através de diferentes
abordagens e/ou concepções teóricas sobre um mesmo conteúdo. Essa questão não foi
investigada nas pesquisas anteriores.
Sobre o semestre ou período do curso em que a disciplina de Extensão Rural é ofertada,
as respostas dos docentes foram as mais variadas. Mas, é perceptível que o componente
curricular tende a ser ofertado com maior frequência nos últimos semestres dos cursos, já que
59,2% das respostas apontaram para a oferta entre o 7º e o 10º semestre, conforme pode ser
visualizado na figura 2. Nos relatórios anteriores, a periodicidade da disciplina também foi
investigada. Wizniewsky et al. (2010) apontaram a maior recorrência entre o 7º e o 10º
semestre, já Callou et.al. (2008) ressaltaram com maior frequência o 8º (22,35%), o 1º
(17,65%) e o 7º (15,29%) semestre. Assim, as três pesquisas apontam para uma tendência de
oferta da disciplina de Extensão Rural nos semestres finais dos cursos.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
12
Figura 2 – Semestres em que disciplina de Extensão Rural é ministrada.
Fonte: elaboração própria.
Em relação à questão que mencionava a quantidade de vagas ofertadas na disciplina,
por semestre, as respostas foram de até 50 vagas (48,8%), de 51 e 100 vagas (26,6%), de 101
a 150 (14,40%) e de 151 a 200 (10,20%), como pode ser observado na figura 3. Se
considerarmos que várias instituições de ensino superior possuem mais de um curso de
graduação na área das Ciências Agrárias, o quantitativo de vagas ofertadas ainda é baixo.
Contudo, essa questão precisa ser relativizada em relação ao tamanho da instituição de ensino,
ao número de cursos existentes e mesmo em relação ao período de criação dos cursos: se a
disciplina de Extensão Rural tende a ser ofertada nos períodos finais, no caso de cursos novos,
isto é, criados recentemente, o número de vagas ofertados na disciplina será menor.
Em relação ao estudo realizado em 2008, não foi possível comparar o número de oferta
de vagas, mas chamou a atenção que a disciplina Extensão Rural, nos cursos de graduação no
Brasil, era oferecida semestralmente em 88,82% dos casos e em 11,18%, ela era oferecida
anualmente (Callou et al., 2008). O relatório publicado em 2010 não trouxe esse dado.
Figura 3 - Quantidade de vagas ofertadas na disciplina de Extensão Rural.
Fonte: elaboração própria.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
13
As tendências atuais da disciplina de Extensão Rural
Para interpretar as tendências acadêmicas do componente curricular Extensão Rural na
atualidade foram realizadas as seguintes questões: a) a nomenclatura utilizada; b) os
conteúdos ministrados; c) a carga horária; d) mudanças de carga horária; e e) outras possíveis
mudanças nos últimos anos.
Quanto à denominação da disciplina, 47,0% dos docentes destacaram que a
nomenclatura Extensão Rural está associada a outros termos, como: Comunicação;
Cooperativismo; Sociologia; Desenvolvimento; Metodologias Participativas; e Agricultura
Familiar. O nome Extensão Rural, somente, foi relatado por 38,8% dos professores. Outras
nomenclaturas, que tratam das temáticas relacionadas à disciplina de Extensão Rural, foram
citadas por 14,2% dos respondentes, tais como: Extensão Pesqueira e da Aquicultura;
Extensão Pesqueira; Extensão Florestal; Sociologia do Desenvolvimento Rural e
Desenvolvimento Rural; e Ações Integradas em Ciências Agrárias. A tabela 4 sintetiza as
informações.
Vale ressaltar que esta tendência de associação do nome Extensão Rural a outros termos
também foi constatada na pesquisa realizada em 2010. Nesta ocasião, os autores apontaram
para o acréscimo dos termos: Sociologia; Comunicação; Cooperativismo; Associativismo;
Educação; e Desenvolvimento Rural (Wizniewsky et al., 2010). Essa questão reflete a disputa
de conteúdos e a diminuição do tempo do professor para ministrar todos os temas referentes à
Extensão Rural, além do tempo para realizar aulas práticas, por exemplo, em função da
necessidade de abordar uma grande variedade de assuntos. No estudo realizado em 2008 essa
questão não foi investigada.
Tabela 4 – Nomenclatura da disciplina de Extensão Rural.
Nomenclatura
Frequência
(n)
(%)
Somente Extensão Rural
19
38,8%
Extensão Rural associada a outros termos (Comunicação, Cooperativismo;
Sociologia; Desenvolvimento; Metodologias Participativas; e Agricultura Familiar)
23
47,0%
Outras nomenclaturas (Extensão Pesqueira e da Aquicultura; Extensão Pesqueira;
Extensão Florestal; Sociologia do Desenvolvimento Rural e Desenvolvimento
Rural; e Ações Integradas em Ciências Agrárias)
7
14,2%
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
14
Total
49
100%
Fonte: elaboração própria.
Sobre a carga horária atual da disciplina, 68,4% dos professores destacaram o
quantitativo de 46 a 60 horas, enquanto 24,4%, ressaltaram de 31 a 45 horas e apenas 8,2%
mencionaram de 61 a 75 horas, conforme pode ser analisado na figura 4. Nos estudos
anteriores, a carga horária de 60 horas foi a mais citada. Contudo, os autores Callou et al.
(2008) e Wizniewsky et al. (2010) apontavam para uma tendência de redução desse
quantitativo de horas do componente curricular.
Embora os dados atuais não confirmem a redução, é preciso analisar com cuidado essa
informação, tendo em vista o atual processo de reformulação dos projetos pedagógicos de
cursos em função da inserção curricular da extensão no ensino superior, proposto pela
Resolução CES/CNE n. 7, de 18 de dezembro de 2018, que estabelece as diretrizes para a
Extensão na Educação Superior Brasileira e regulamenta o disposto na Meta 12.7 da Lei n.
13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2024 (Mec, 2018).
Para complementar a questão, os professores também foram indagados sobre possíveis
mudanças da carga horária nos últimos 10 anos. Nesse sentido, 71,6% dos docentes
responderam que não ocorreram mudanças. Já 10,1% destacaram que estão ocorrendo
mudanças na carga horária da disciplina no momento presente, em função da inserção
curricular da extensão universitária. Além disso, 8,1% dos docentes citaram que a disciplina
teve carga horária reduzida, enquanto que 6,1% indicaram que a carga horária deverá
aumentar com o processo de inserção curricular da extensão universitária. Por fim, 4,1%
afirmaram não saber, conforme pode ser observado na figura 5.
Figura 4 - Carga horária da disciplina de Extensão Rural.
Fonte: elaboração própria.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
15
É interessante analisar os dados sobre a carga horária e a nomenclatura da disciplina de
forma conjunta. Mesmo não havendo uma confirmação da tendência, anteriormente apontada
por Callou et al. (2008) e Wizniewsky et al. (2010), de redução da carga horária da disciplina,
a tabela 4 evidenciou um cenário em que a Extensão Rural vem sendo acoplada a outras
temáticas, reduzindo o tempo disponível para tratar com profundidade de temáticas
específicas de sua área de conhecimento em função da necessidade de abordar uma série de
outros conteúdos afins, os quais não possuem uma disciplina própria nos cursos.
Figura 5 - Mudanças na carga horária da disciplina Extensão Rural nos últimos 10 anos.
Fonte: elaboração própria.
Os professores também foram questionados sobre os conteúdos programáticos presentes
atualmente na disciplina. Os conteúdos conceitos, abordagens, histórico, fundamentos da
comunicação e metodologias da Extensão Rural foram citados por todos, ou seja, 100% dos
respondentes. Para além desses, também foram citados: temáticas relacionadas às questões
socioambientais e agrárias (48,8%), temáticas relacionadas ao desenvolvimento rural e as
políticas públicas (32,8%) e temáticas relacionadas à juventude, gênero, raça e diversidade
(18,4%). Tais informações podem ser observadas no quadro 1.
No relatório publicado em 2008, as temáticas mais citadas pelos docentes também
foram: histórico e conceitos de extensão (21,21%); metodologias participativas e mobilização
comunitária (20,08%); difusão de inovações, extensão do conhecimento e tecnologia (8,71%).
Além destas, também haviam sido mencionadas: planejamento e elaboração de projetos em
Extensão Rural (8,33%); realidade socioeconômica do meio rural regional, atores e relações
sociais (6,44%); e associativismo, cooperativismo e movimentos sociais (5,68%) (Callou et
al., 2008).
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
16
Em 2010, os conteúdos mais citados foram agrupados em: a) teorias com foco no
desenvolvimento, as concepções do desenvolvimento rural, agroecologia, questão agrária e
políticas públicas; b) teorias com foco em categorias sociais, com aspectos socioprodutivos,
ressaltando as abordagens do campesinato e da agricultura familiar; c) teorias com foco nos
processos de intervenção - fundamentos, com uma abordagem construtivista e dialética, da
ação comunicativa do extensionista; e d) teorias com foco nos processos de intervenção -
aplicações, com uma perspectiva mais histórica e metodológica da Extensão Rural
(Wizniewsky et al., 2010).
Realizando um comparativo com os relatórios anteriores, é perceptível a diversidade de
conteúdos abordados pelos docentes dentro do componente Extensão Rural. Ao mesmo tempo
em que existem temas consolidados, específicos e recorrentes da disciplina, como histórico,
conceitos e metodologias, fica evidente que ao longo do tempo temáticas emergentes
passaram a incorporar o componente, especialmente aquelas de cunho socioambiental,
relacionadas ao desenvolvimento rural e, mais recentemente, as questões de juventude,
diversidade, gênero e raça.
Ainda referente aos conteúdos, quando questionados sobre a Lei 12.188, de 11 de
janeiro de 2010 (Brasil, 2010), que trata da Política Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Pnater), 86,3% dos professores responderam que a Pnater é tratada como
temática específica da disciplina de Extensão Rural, enquanto 13,7% apontaram que não
trabalham a Pnater em sala de aula. Vale destacar que para Callou et al. (2008), trabalhar com
a Pnater, dentre outras questões, é romper com a abordagem da difusão de inovações
tecnológicas e implementar um paradigma da participação e da valorização das culturas
populares.
Quadro 1 - Conteúdos programáticos ministrados na disciplina de Extensão Rural.
Temáticas específicas da
disciplina de Extensão
Rural e complementares
Temáticas relacionadas às
questões socioambientais e
agrárias
Temáticas relacionadas
ao desenvolvimento
rural e as políticas
públicas
Temáticas
relacionadas à
diversidade
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
17
conceitos, abordagens,
histórico, fundamentos da
comunicação, tecnologia de
informação e comunicação
(TICs), metodologias;
pluralismo institucional de
ATER e Pnater
agroecologia; sustentabilidade;
comunidades tradicionais;
questão agrária; sistemas
agrários; convivência com o
semiárido; territorialização e
territorialidades; movimentos
sociais do campo; organização
social; associativismo;
cooperativismo; fomento
florestal e manejo florestal
comunitário.
agricultura familiar;
introdução à sociologia
rural; desenvolvimento
agrícola; elaboração e
gestão participativa de
projetos; legislação
juventude,
gênero, raça e
diversidade
Fonte: elaboração própria.
Cenário muito parecido foi apontado nas pesquisas realizadas anteriormente. Em 2008,
aproximadamente 80,0% dos docentes afirmaram que trabalhavam a Pnater em sala de aula,
“seja no que diz respeito aos seus princípios e diretrizes, seja também no que diz respeito às
orientações estratégicas e metodológicas expressas naquele documento” (Callou et al., 2008,
p. 19). Já em 2010, aproximadamente 70,0% dos professores declararam conhecer a política,
28,0% não responderam e 2,0% declararam não conhecer. Na oportunidade, também ficou
visível a vinculação da Pnater junto a um conjunto de temáticas trabalhadas na disciplina,
com destaque para políticas públicas (35,0%) e formação extensionista (23,0%) (Wizniewsky
et al., 2010).
Os docentes também foram questionados sobre quais mudanças foram verificadas na
disciplina nos últimos anos. As respostas obtidas com maior frequência ressaltaram que
ocorreram mudanças no conteúdo programático e atualização bibliográfica (42,8%) e que
aconteceram mudanças na ementa, no conteúdo programático, atualização bibliográfica e
relacionadas à inserção curricular da extensão (18,4%). Outras mudanças também foram
ressaltadas, especialmente relacionadas ao processo de inserção curricular da extensão dos
cursos superiores, como pode ser observado na tabela 5.
No relatório publicado em 2010, as principais mudanças relatadas mencionaram a
incorporação de temas emergentes na época
v
, com a finalidade de ampliar a abrangência dos
processos tratados na formação, mesmo diante de alguns casos de redução da carga horária da
disciplina (Wizniewsky et al., 2010). Na pesquisa publicada em 2008 a questão não foi
abordada.
Tabela 5 - Mudanças na disciplina de Extensão Rural nos últimos anos.
Mudanças verificadas
Frequência
(n)
(%)
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
18
Conteúdo programático e atualização bibliográfica
21
42,8%
Ementa, conteúdo programático e atualização bibliográfica para a inserção
curricular da extensão
9
18,4%
Não houve
7
14,2%,
Ementa, conteúdo programático, fusão com outra disciplina, redução da carga
horária e exclusão de conteúdos;
5
10,1%
Ementa, conteúdo programático, fusão com outra disciplina para a inserção
curricular da extensão
4
8,1%
Vão ocorrer com a inserção curricular da extensão
2
4,1%
Quando assumi a disciplina tive autonomia para organizá-la de acordo com meu
entendimento.
1
2,1%
Total
49
100%
Fonte: elaboração própria.
As mudanças em relação à carga horária, ementa e conteúdo programático da disciplina
precisam ser investigadas com maior detalhamento, tendo em vista que as instituições de
ensino superior estão em pleno processo de discussão e reformulação dos projetos
pedagógicos dos cursos para contemplar a Resolução CES/CNE no 7, de 18 de dezembro de
2018, que regulamenta a Lei no 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação –
PNE 2014-2024 (Mec, 2018). As atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10%
(dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as
quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos (Mec, 2018).
O perfil dos docentes que ministram a disciplina de Extensão Rural
Para traçar o perfil dos docentes que ministram a disciplina de Extensão Rural no Brasil,
foram realizadas as seguintes perguntas: a) qual a formação superior; b) qual o curso de
mestrado; c) qual o curso de doutorado; d) se realizou pós-doutorado; e) se conduz projetos de
pesquisa; f) quais as temáticas dos projetos de pesquisa; g) se conduz projetos de extensão
universitária; h) quais as temáticas dos projetos de extensão universitária; i) em quais cursos
atua na instituição de ensino; j) quais disciplinas ministra; k) se atua na pós-graduação; l)
quais disciplinas ministra na pós-graduação; m) qual o tempo de atuação na docência de
Extensão Rural; n) se participou dos Seminários Nacionais de Ensino de Extensão Rural; e o)
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
19
se utilizou e/ou utiliza os materiais dos Seminários Nacionais de Ensino de Extensão Rural na
prática docente.
Logo, no que diz respeito à formação dos professores que ministram a disciplina de
Extensão Rural no Brasil, foi possível perceber que há uma predominância de formação em
cursos superiores enquadrados na área de conhecimento de Ciências Agrárias (85,7% dos
professores), conforme a classificação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq). Nesse contexto, destacam-se os cursos de Engenharia Florestal,
Zootecnia, Engenharia de Pesca, Medicina Veterinária, Tecnologia em Agropecuária e,
principalmente, Agronomia: dos 49 professores pesquisados, 61,2% são engenheiros
agrônomos.
Desse modo, somente 14,3% dos professores de Extensão Rural possuem formação em
cursos superiores pertencentes a outras áreas do conhecimento, como: Ciências Sociais
Aplicadas (Comunicação; Economia Doméstica); Ciências Humanas (Educação); e Outras
(Administração Rural e Ciências Sociais). Tais dados encontram-se detalhados na tabela 6.
Tabela 6 - Áreas do conhecimento* dos cursos superiores de formação dos professores de Extensão Rural.
Áreas do Conhecimento do Curso Superior
Frequência
(n)
(%)
Ciências Agrárias
42
85,7
Ciências Sociais Aplicadas
2
4,1
Ciências Humanas
2
4,1
Outras
3
6,1
Total
49
100
* Conforme classificação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: elaboração própria.
Referente à formação em nível de pós-graduação, 100% dos professores possuem o
título de mestre e 98,0% informaram possuir o título de doutor. Em números absolutos, isso
significa que apenas um professor não possui doutorado, como demonstra a tabela 7. Em
comparação com os estudos anteriores, esses dados indicam um incremento do nível
formativo dos docentes, pois no ano de 2008 apenas 68,25% eram doutores (Callou et al.,
2008). Também vale mencionar que 26,5% dos docentes amostrados, isto é, 13 professores,
informaram ter realizado pós-doutorado.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
20
Tabela 7 - Áreas do conhecimento* da formação de pós-graduação dos professores de Extensão Rural.
Área do Conhecimento
Mestrado
Doutorado
(n)
(%)
(n)
(%)
Ciências Agrárias I
30
61,2
25
51,0
Interdisciplinar
6
12,3
7
14,3
Sociologia
4
8,2
5
10,3
Ciências Ambientais
2
4,1
2
4,1
Administração Pública e de Empresas, Ciências
Contábeis e Turismo
2
4,1
0
0
Economia
1
2,0
1
2,0
Medicina Veterinária
1
2,0
0
0
Comunicação e Informação
0
0
1
2,0
Planejamento Urbano e Regional
0
0
1
2,0
Engenharias III
0
0
1
2,0
Não Identificada
3
6,1
5
10,3
Não Cursou
0
0
1
2,0
Total
49
100
49
100
* Conforme áreas de avaliação estabelecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES).
Fonte: elaboração própria.
No que tange ao mestrado, considerando as áreas de conhecimento utilizadas na
avaliação dos programas de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), a tabela 7 evidencia que 61,2% dos docentes possuem mestrado
na área de Ciências Agrárias I. Dentro desta área destacam-se dois programas de pós-
graduação específicos em Extensão Rural: o da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
e o da Universidade Federal de Viçosa (UFV), os quais juntos titularam mais da metade dos
docentes com mestrado em Ciências Agrárias I, isto é, 16 professores, sendo 11 professores
mestres em Extensão Rural pela UFSM e 5 pela UFV.
No âmbito do mestrado, também constam formações na área Interdisciplinar (12,3%),
Sociologia (8,2%), Ciências Ambientais (4,1%), Administração Pública e de Empresas,
Ciências Contábeis e Turismo (4,1%), Economia (2,0%) e Medicina Veterinária (2,0%). Vale
mencionar que, como evidencia a tabela 7, não foi possível identificar a área de conhecimento
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
21
dos cursos de mestrado de 3 professores de Extensão Rural, possivelmente por mudança de
título ou até mesmo extinção do curso.
Já no nível de doutorado, 51,0% dos docentes são doutores titulados em cursos da área
de Ciências Agrárias I. Nesse ínterim, 11 deles são doutores em Extensão Rural, todos
titulados na UFSM. Além disso, 14,3% dos docentes são doutores na área Interdisciplinar,
10,3% em Sociologia, 4,1% em Ciências Ambientais, 2,0% em Economia, 2,0% em
Comunicação e Informação, 2,0% em Planejamento Urbano e Regional e 2,0% em
Engenharias III. Não foi possível identificar a área de conhecimento do doutorado de 5
professores, alguns por terem cursado o doutorado no exterior e outros por alteração de título
ou extinção do curso. Todos esses dados encontram-se sintetizados na tabela 7.
Embora os relatórios de 2008 e de 2010 sobre as tendências acadêmicas da disciplina de
Extensão Rural no Brasil não contemplem dados sobre a formação dos professores em nível
superior em termos de áreas do conhecimento, os dados acima apresentados permitem traçar
uma tendência formativa dos professores de Extensão Rural. Tais dados indicam que estes
tendem a iniciar a vida acadêmica em cursos superiores de Ciências Agrárias e evidenciam,
também, que embora as Ciências Agrárias ainda sejam presentes e hegemônicas na formação
de pós-graduação, ocorre uma crescente ampliação das possibilidades de áreas formativas na
passagem da graduação para o mestrado e do mestrado para o doutorado, com destaque para
as áreas Interdisciplinar, Sociologia e Ciências Ambientais, as quais dialogam estreitamente
com a Extensão Rural.
Sobre a predominância das Ciências Agrárias no percurso formativo, sem negar o
caráter multidisciplinar da Extensão Rural e a possibilidade de seu ensino por professores
oriundos de outras áreas do conhecimento, é preciso reconhecer que as Ciências Agrárias
ainda oferecem uma proximidade com a realidade das áreas rurais, por vezes não encontrada
em processos formativos superiores no âmbito de outras áreas do conhecimento.
Já sobre os projetos de pesquisa desenvolvidos, primeiramente cabe destacar que 100%
dos professores afirmaram participar de projetos de pesquisa e que 67,3% deles afirmaram
que participam de projetos de pesquisa específicos sobre a temática Extensão Rural. Os
professores também elencaram outras temáticas visadas por suas pesquisas, dentre as quais
foram recorrentes aquelas vinculadas à: agroecologia; mercados e sistemas agroalimentares; e
reforma agrária.
Comparando com os estudos anteriores, realizados em 2008 e 2010, foi possível
perceber que tais temáticas já estavam presentes no portfólio de pesquisas desenvolvidas
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
22
pelos professores de Extensão Rural. Contudo, outras temáticas antes recorrentes, como
agricultura familiar, atividades não-agrícolas, desenvolvimento local, educação do campo,
geração, gênero, gestão agrícola e políticas públicas, apareceram no levantamento
contemporâneo com menor preponderância em comparação aos levantamentos passados
(Callou et al., 2008; Wizniewsky et al., 2010).
Também vale mencionar que, embora possam estar incorporados no cerne de outras
temáticas de pesquisa apresentadas pelos professores de Extensão Rural, notou-se a ausência
de menções diretas aos temas etnias, pesca, movimentos sociais e territorialidade, que nos
levantamentos anteriores representavam importantes categorias de investigação científica.
Possivelmente, territorialidade deixou de ser citada em virtude do esvaziamento das políticas
públicas de nível federal relacionadas, como o Território da Cidadania, sendo que são poucos
os estados do Brasil que continuam assumindo essa agenda. Nesse sentido, refletimos como
as tendências das políticas públicas impactam no ensino de Extensão Rural. Referente à
pesca, o fato dela não ter sido citada pode ser explicado pela pequena presença de professores
de Extensão Rural da região Nordeste do país na amostra da pesquisa, sendo que a região,
historicamente, concentra as investigações científicas sobre Extensão Pesqueira (Callou et al.,
2008; Wizniewsky et al., 2010).
Ainda sobre os projetos de pesquisa, também foram citados alguns temas diferentes das
grandes categorias construídas nos estudos de 2008 e 2010, sendo eles: agricultura urbana,
bioculturalidade, cooperativismo, economia solidária, educação intercultural e fitotecnia. Os
temas de bioculturalidade e educação intercultural parecem dar uma nova roupagem para as
pesquisas dos professores de Extensão Rural a respeito das relações étnicas no campo, em
especial no que tange os grupos indígenas.
Além disso, 73,5% dos professores de Extensão Rural afirmaram participar de projetos
de extensão universitária. Em comparação aos levantamentos anteriores, nota-se um
incremento do percentual de professores envolvidos em projetos de extensão universitária, o
que é importante para o processo de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e
pode colaborar para o aprimoramento da qualidade de possíveis aulas práticas da disciplina de
Extensão Rural (chamando atenção para o fato que as aulas práticas integram a dimensão
ensino e não devem ser confundidas com o processo de inserção curricular da extensão
universitária). Em 2008 e 2010, apenas 49,0% e 52,0% dos docentes participavam de projetos
de extensão, respectivamente (Callou et al., 2008; Wizniewsky et al., 2010).
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
23
Nos termos utilizados pelos professores, os temas dos projetos de extensão universitária
perpassam por: agricultura familiar; agricultura urbana; agrobiodiversidade; agroecologia;
aquaponia; aquicultura familiar; armazenamento de grãos; associativismo; comercialização de
alimentos; certificação de produtos sustentáveis; ciência, tecnologia e sociedade;
comunicação rural; comunicação e saúde; cyber extensão; cooperativismo; desenvolvimento
rural; economia solidária; educação ambiental; educação agrícola; estágios de vivência rural;
assistência técnica e Extensão Rural; assessoria técnica, social e ambiental; feiras
agroecológicas; feminismo; gênero; geração; gestão social; grandes culturas; hortas
agroecológicas; identidade étnico racial; pesca artesanal; políticas públicas; residência agrária;
segurança alimentar e nutricional; sistemas agrários; sucessão rural; tecnologias sociais;
tecnologias de informação e comunicação em áreas rurais.
Observando os estudos de 2008 e de 2010, chama atenção o fato de já não terem sido
mencionados projetos de extensão universitária sobre metodologias participativas e
pluriatividade. Outra mudança foi o aumento expressivo do número de projetos de extensão
universitária referentes à temática de gênero, que nos estudos de 2008 e de 2010 era pouco
presente (Callou et al., 2008; Wizniewsky et al., 2010).
Sobre os temas atuais dos projetos de extensão universitária, cabe refletir sobre as
menções realizadas ao armazenamento de grãos e às grandes culturas, por se afastarem da
realidade comumente apresentada pelo público prioritário da Extensão Rural, que são os
agricultores familiares (Brasil, 2010). Também é necessário destacar a emergência do tema
cyber extensão (denominado com maior frequência de ATER digital) e a menção ao tema
tecnologias de informação e comunicação em áreas rurais, os quais ganharam força no cenário
da pandemia de Covid-19, a partir de março de 2020, devido à necessidade de isolamento
social.
Quando questionados sobre em quais cursos atuam, não necessariamente ministrando a
disciplina de Extensão Rural, os professores citaram 31 cursos, entre técnicos, tecnólogos e
graduações. Como mostra a nuvem de palavras da figura 6 (em que quanto maior a frequência
de citação do termo, maior o seu destaque na imagem), o curso de atuação mais frequente foi
o de Agronomia, seguido pelos cursos de Zootecnia, Engenharia Florestal e Medicina
Veterinária. No estudo sobre a disciplina de Extensão Rural realizado em 2010, tais cursos
também estiveram entre os mais citados (Wizniewsky et al., 2010). A amplitude de cursos
trabalhados pelos professores de Extensão Rural variou de 1 a 10, sendo que, em média, cada
professor trabalha em 2,8 cursos.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
24
Figura 6 - Cursos de atuação dos professores de Extensão Rural.
Fonte: elaboração própria.
Os professores também foram questionados se ministravam outras disciplinas para além
de Extensão Rural. Para 95,9% a resposta foi afirmativa, o que significa que apenas 2
professores não ministram outras disciplinas. Dessa maneira, a amplitude de disciplinas
trabalhadas variou de 0 a 9, sendo que, em média, cada professor ministra 2,8 disciplinas além
de Extensão Rural.
Essas outras disciplinas ministradas tendem a se mostrar correlatas à Extensão Rural,
podendo ser agrupadas nas seguintes grandes categorias: 1) metodologia científica e
equivalentes; 2) sociologia rural e outras sociologias (como sociologia do trabalho, sociologia
política, sociologia ambiental, sociologia geral, sociologia e ética); 3) economia rural e
correlatas (como mercados e consumo, fundamentos econômicos para a análise de sistemas de
produção, microeconomia, mercados agropecuários); 4) administração rural e correlatas (tais
como planejamento e gestão agrícola, projetos agropecuários, marketing rural, gestão de
custos); 5) desenvolvimento rural e correlatas (como desenvolvimento regional, história e
desenvolvimento da agricultura brasileira, desenvolvimento e gestão da agricultura familiar,
metodologias participativas em desenvolvimento rural); 6) políticas e legislações (tais como
Estado e políticas públicas, política e legislação florestal, legislação ambiental, política
agrícola); 7) iniciações às áreas de conhecimento (à agronomia, à engenharia de pesca, à
zootecnia, etc.); 8) cooperativismo e associativismo e disciplinas vinculadas (como
cooperação agrícola, gestão de associações e cooperativas, teoria cooperativista); 9)
agroeocologia e afins (como pesquisa-ação participante em agroecologia, cultivo
agroecológico de hortaliças, fundamentos de agroecologia, agroecologia aplicada, agricultura
orgânica, manejo de agroecossistemas); 10) estágios, trabalhos de conclusão, seminários e
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
25
afins (como vivências, projeto profissional integrador, ações integradas em ciências agrárias,
sistematização de experiências); 11) outras diversas (incluindo disciplinas de áreas técnicas).
Vale destacar que 49,0% dos professores de Extensão Rural também ministram
disciplinas em cursos de pós-graduação diversos, isto é, 24 docentes, perpassando por
especializações, mestrados e doutorados, seja como docentes permanentes ou colaboradores.
As disciplinas ministradas na pós-graduação refletem as mesmas grandes categorias
apresentadas anteriormente, nos cursos técnicos, tecnológicos e de graduação, com exceção
da categoria de iniciações às áreas de conhecimento.
A figura 7 apresenta, em números relativos, o tempo de atuação dos professores na
disciplina de Extensão Rural. Considerando que a partir de 5 anos o professor possui certa
experiência na docência, os dados demonstram que 69,4% dos professores de Extensão Rural
são professores veteranos no ensino da disciplina. Todavia, os dados também indicam um
percentual de 30,6% de professores com menos de 5 anos de experiência, ainda iniciantes na
docência de Extensão Rural, o que evidencia o decurso de um processo de renovação desse
corpo docente.
Figura 7 - Tempo de atuação dos professores na disciplina de Extensão Rural.
Fonte: elaboração própria.
Referente aos Seminários Nacionais de Ensino de Extensão Rural, 53,1% dos docentes
não participaram de nenhuma das edições realizadas. Observando os dados de tempo de
atuação dos professores na disciplina de Extensão Rural e considerando que os eventos foram
realizados há mais de dez anos, um dos motivos da participação incipiente dos professores
nos Seminários se deve ao fato de muitos deles ainda não estarem inseridos no ensino da
disciplina na época.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
26
Considerando os 23 docentes que afirmaram ter participado dos Seminários: 43,5%
participaram de ambas as edições; 47,8% participaram apenas da edição de Santa Maria/RS,
em 2010; e 8,7% participaram somente da edição de Itamaracá/PE, em 2008. Tais
informações estão sintetizadas nas tabelas 8 e 9 abaixo apresentadas.
O dado de baixa participação dos professores no Seminário realizado em Pernambuco
precisa ser relativizado em função da pequena representatividade de professores da região
Nordeste na amostra. Convém ainda destacar que enquanto 49,0% afirmaram utilizar ou ter
utilizado os materiais vinculados aos Seminários Nacionais como subsídios para suas aulas de
Extensão Rural, 51,0% afirmaram não fazer ou não ter feito isso.
Tabelas 8 e 9 - Participação dos professores nas edições dos Seminários Nacionais de Ensino de Extensão Rural.
Fonte: elaboração própria.
Considerações finais
O panorama atual da disciplina de Extensão Rural revela que ela é ofertada em caráter
teórico e prático e que, na maior parte dos cursos, a oferta da disciplina continua sendo,
prioritariamente, nos semestres finais da graduação. Entretanto, a disciplina comumente é
articulada com outras áreas disciplinares que apresentam conteúdos programáticos passíveis
de aproximação.
O componente tem sido ministrado como obrigatório para os cursos de graduação:
Agronomia, Engenharia de Aquicultura, Engenharia Florestal, Engenharia de Pesca,
Licenciatura em Ciências Agrícolas, Medicina Veterinária e Zootecnia. As Diretrizes
Curriculares Nacionais confirmam a obrigatoriedade da disciplina de Extensão Rural para os
cursos de Agronomia, Engenharia Florestal e Zootecnia. Chama a atenção o fato de a
Extensão Rural ser ministrada nos cursos de Tecnologia em Agropecuária e Agroecologia,
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
27
assim como em licenciaturas, uma vez que essas informações não foram mencionadas nos
estudos anteriores.
A disciplina tem sido ofertada também em caráter optativo em Cursos das Ciências
Sociais e Humanas, como já tinha sido apontado em pesquisas anteriores. Em relação à
quantidade de vagas ofertadas na disciplina, predomina o número de 50 vagas por semestre. O
componente tem sido ministrado, na grande maioria dos cursos, por apenas um docente.
Importante mencionar que a Pnater tem sido trabalhada pela expressiva maioria dos
professores.
Quanto às tendências atuais do componente curricular, a carga horária tem
predominância de 46 a 60 horas e não se diferencia, significativamente, do que foi
identificado nos relatórios anteriores. No entanto, existe uma tendência de mudança na
nomenclatura, também apontada em pesquisas anteriores. Tal fato pode trazer uma
diminuição dos conteúdos específicos da Extensão Rural, pois o tempo do professor em sala
de aula precisa ser dividido entre temas específicos e vários temas emergentes e correlatos,
como os exemplificados no decorrer do estudo. Mudanças relacionadas ao conteúdo
programático e atualização bibliográfica também foram citadas. Ressalta-se que as mudanças
na disciplina de Extensão Rural devem ser investigadas em maior profundidade a partir da
efetivação do processo de inserção curricular da extensão universitária, ainda em andamento.
No que se refere ao perfil dos docentes brasileiros de Extensão Rural, os dados apontam
para a elevada qualificação acadêmica de tais profissionais, em sua maioria doutores, e uma
tendência formativa em cursos superiores das Ciências Agrárias, especialmente Agronomia.
Já no que se refere à formação de pós-graduação, observa-se a realização de mestrados e
doutorados em outras áreas do conhecimento, para além das Ciências Agrárias, como
Interdisciplinar, Sociologia e Ciências Ambientais, as quais dialogam estreitamente com a
Extensão Rural.
Ainda sobre o perfil docente, o levantamento realizado permite apontar que os
professores de Extensão Rural tendem a se envolver mais com projetos de pesquisa do que
com projetos de extensão universitária, embora estes últimos tenham crescido em relação aos
levantamentos anteriores e apresentem expressividade. Além da própria Extensão Rural, os
temas de pesquisa dos docentes perpassam por problemáticas vinculadas, principalmente, à
agroecologia, mercados e sistemas agroalimentares e reforma agrária.
Já os temas dos projetos de extensão universitária apresentam elevada amplitude e
perpassam por inúmeras problemáticas interdisciplinares consideradas afins à Extensão Rural.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
28
No momento presente, chama a atenção o aumento do número de projetos de extensão
universitária sobre gênero e o aparecimento de projetos sobre cyber extensão e tecnologias de
informação e comunicação (isto é, ATER digital), impulsionados pelo cenário da pandemia de
covid-19.
Entre técnicos, tecnólogos e graduações, são inúmeros os cursos de atuação dos
professores de Extensão Rural brasileiros, todavia, a tendência de atuação é maior no curso de
Agronomia e nos cursos de Zootecnia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária, mesmo a
disciplina não sendo considerada obrigatória para este último. Além de Extensão Rural, os
docentes tendem a ministrar, em média, 2,8 outras disciplinas. O perfil dos docentes de
Extensão Rural também se mostra vinculado à pós-graduação, sendo que praticamente metade
dos respondentes da pesquisa atuam em especializações, mestrados e doutorados.
Os professores de Extensão Rural são experientes na docência da disciplina,
considerando que a maior parte possui mais de cinco anos de atuação. Tal perfil aponta para
um corpo docente de Extensão Rural experiente, qualificado, atuante para além do ensino,
também na pesquisa e na extensão universitária, articulado com uma diversidade de
problemáticas de interesse da Extensão Rural e cada vez mais integrado à pós-graduação.
Apesar deste estudo apresentar uma atualização do estado da arte do ensino em
Extensão Rural no Brasil, é importante salientar a necessidade de condução de novas
investigações sobre o tema, sejam de abrangência nacional ou com foco em regiões
determinadas, especialmente após a implementação do processo de inserção curricular da
extensão universitária nos cursos superiores. Por meio do presente levantamento foi possível
perceber que tal processo apresenta potencial de impactar sobre o ensino em Extensão Rural
em diversas dimensões.
Referências
Brasil. Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010. (2010, 12 de janeiro). Institui a Política
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma
Agrária - PNATER e o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na
Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - PRONATER, altera a Lei no 8.666, de 21 de
junho de 1993, e dá outras providências.
Callou, A. B. F., Pires, M. L. L. S., Leitão, M. R. F. A., & Santos, M. S.T. (2008). O estado
da arte do ensino da Extensão Rural no Brasil: relatório de pesquisa. Recife, PE: Gráfica
Artimpresso.
Caporal, F. R., & Costabeber, J. A. (2002). Construindo uma Nova Extensão Rural no Rio
Grande do Sul. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, 3(4), 10-15.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
29
Caporal, F. R., & Costabeber, J. A. (2004). Agroecologia e Extensão Rural: contribuições
para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília, DF:
MDA/SAF/DATER/IICA.
Diesel, V., & Dias, M. M. (2010). Fundamentos teórico-metodológicos da Extensão Rural:
quais fundamentos? In Anais do 2º Seminário Nacional de Ensino em Extensão Rural. Santa
Maria, RS. Recuperado de:
http://w3.ufsm.br/seminarioextensaorural/arqs/Fundamentos_Teorico-
metodologicos_em_extensao_rural.pdf
Duarte Filho, J. R. (1996). Historicidade da disciplina de Extensão Rural. Extensão Rural, (3),
15-22. Recuperado de https://periodicos.ufsm.br/extensaorural/article/view/6118
Freire, P. (1983). Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro, RJ: Editora Paz e Terra.
Leal, M. G. S. F., & Braga, G. M. (1997). A formação de profissionais para a Extensão Rural:
um recorte no estudo de projetos políticos para a modernização da agricultura e da educação
no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, 35(1), 119-137.
Ministério da Educação. (2006a). Resolução Nº 1, de 2 de fevereiro de 2006. Institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Engenharia Agronômica ou
Agronomia e dá outras providências. Recuperado de:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces01_06.pdf
Ministério da Educação. (2006b). Resolução Nº 3, de 2 de fevereiro de 2006. Institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Engenharia Florestal e dá
outras providências. Recuperado de: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces03_06.pdf
Ministério da Educação. (2006c). Resolução Nº 5, de 2 de fevereiro de 2006. Institui as
Diretrizes Curriculares para o curso de graduação em Engenharia de Pesca e dá outras
providências. Recuperado de: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces05_06.pdf
Ministério da Educação. (2006d). Resolução Nº 4, de 2 de fevereiro de 2006. Aprova as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Zootecnia e dá outras
providências. Recuperado de: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces04_06.pdf
Silva Neto, B. (2010). Por uma Agronomia como uma ciência da complexidade: o papel da
disciplina de Extensão Rural. In Anais do 2º Seminário Nacional de Ensino em Extensão
Rural. Santa Maria, RS. Recuperado de:
http://w3.ufsm.br/seminarioextensaorural/arqs/Texto_Benedito_Silva_Neto.pdf
Wizniewsky, J. G., Poerschke, C.S., Moraes, C.S., Vargas, D. L., Silva, D. F., Murad, G.,
Oliveira, G. N., Friedrich, G. N., Reys, M. A., Neumann, P. S., & Diesel, V. (2010). O Estado
da arte do ensino em Extensão Rural no Brasil: relatório de pesquisa. Santa Maria, RS.
i
As autoras expressam seus mais sinceros agradecimentos à mentoria da Prof.ª Dr.ª Vivien Diesel e do Prof. Dr.
Marcelo Miná Dias, essencial para a elaboração do presente artigo.
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
30
ii
Na elaboração destas perguntas, além da observação do contexto contemporâneo, também foram observados os
questionários utilizados nos levantamentos de 2008 e 2010, para possibilitar a construção de comparações
temporais. Além disso, o questionário foi acompanhado de um termo de consentimento livre e esclarecido.
iii
O instrumento de pesquisa totalizou 36 questões, as quais resultaram em uma expressiva quantidade de dados,
impossibilitando a análise de todas as informações coletadas no presente artigo, fato que acarretará o
desenvolvimento de outras publicações.
iv
A presente amostra totalizou 49 questionários respondidos. Em 2008 foram 63 e em 2010 foram 71
questionários.
v
Desenvolvimento rural sustentável, agricultura familiar, metodologia participativa, territorialidade,
empoderamento, economia solidária, pluriatividade, relações de gênero, bem como as demandas dos
movimentos sociais do campo (Wizniewsky et al., 2010).
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em: 20/08/2022
Aprovado em: 10/11/2022
Publicado em: 19/12/2022
Received on August 20th, 2022
Accepted on November 10th, 2022
Published on December, 19th, 2022
Contribuições no Artigo: Os(as) autores(as) foram os(as) responsáveis por todas as etapas e resultados da pesquisa, a
saber: elaboração, análise e interpretação dos dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito e; aprovação da versão
final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for the designing, delineating, analyzing and interpreting the data,
production of the manuscript, critical revision of the content and approval of the final version published.
Conflitos de Interesse: Os(as) autores(as) declararam não haver nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Não tem.
Funding
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil...
RBEC
Tocantinópolis/Brasil
v. 7
e14747
10.20873/uft.rbec.e14747
2022
ISSN: 2525-4863
31
No funding.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Vargas, D. L., & Drebes, L. M. (2022). O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil. Rev. Bras. Educ. Camp., 7,
e14747. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e14747
ABNT
VARGAS, D. L., & DREBES, L. M. O “estado da arte” do ensino em Extensão Rural no Brasil. Rev. Bras. Educ. Camp.,
Tocantinópolis, v. 7, e14747, 2022. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e14747
