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movimentos sociais e organizações populares, o movimento ribeirinho do Amazonas até as
instituições de educação, como a Universidade Federal do Amazonas, na busca pelo direito de
estudar e aprender nas comunidades do campo, que se encontra em construção, debate e
movimento.
Para além, a autora afirma que esta luta é importante:
Definir-se como ribeirinho, extrativista, agricultor familiar, assentado, quilombola nos
remete a uma noção de identidade que se articula às territorialidades específicas, à
diversidade do mundo do trabalho dos povos do campo e ao movimento social, que é político
e educativo ... valorizar os saberes ribeirinhos que estão enraizados nas territorialidades das
águas, das terras e das florestas, e nas experiências cotidianas de vida e de trabalho em
movimento com os saberes das florestas, com os saberes tradicionais, com os saberes da
educação popular e com os saberes da resistência coletiva (Vasconcelos, 2017, p. 249-251).
Já a inquirição de Lima (2017) visou levantar quais foram as abordagens de pesquisa
bem como as epistemologias que estão presentes em Educação do Campo, e para isso,
investigou as teses defendidas pelos programas de pós-graduação em educação que estão no
banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e
no Banco Digital Brasileiro de Teses e Dissertações (BDTD). Destaca-se o resultado
encontrado que aponta a Educação do Campo como área não contemplada pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo investigado a partir de
muitas temáticas, a exemplo dos tempos históricos e dos espaços geográficos.
No fim, o autor evidencia que:
Os conhecimentos produzidos nas investigações sobre escola, educação, formação, formação
docente, trabalho pedagógico, prática docente, pedagogia da alternância, identidade e
cultura; após análise crítica, deixou claro que a educação do campo é um campo em disputa;
envolvido em uma complexa teia de interesses políticos, sociais, econômicos, ideológicos
cuja construção segue em curso em uma tensa relação de forças; de reconhecida conquistas,
resistências, mas também de negociações, cedência (Lima, 2017, p. 145).
O trabalho de Silva (2019) aborda novamente, a questão da Licenciatura em Educação
do Campo oferecido pela UFPA no Campus Cametá, relacionando o curso às práticas
educativas populares exercidas nas organizações, associações, movimentos sociais e sindicais
na busca pela formação e transformação social dos sujeitos do campo. Os resultados dessa
caminhada são interessantes pois apontam para questão territorial que vive em conflitos e
resistências na atuação dos professores, o curso atende as demandas sociais do povo do
campo e contribuem para as práticas educativas de maneira singular.