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Harvey (2008, p. 6) aponta que, desde 1970, houve em toda parte uma receptiva
acolhida às ideias neoliberais, assim, “a desregulação, a privatização e a retirada do Estado de
muitas áreas do bem-estar social têm sido muitíssimo comuns”. O neoliberalismo suscita
muitas críticas e é apontado como responsável pelo aumento das desigualdades sociais, pela
intensificação da precariedade trabalhista, portanto, não é visto como positivo para os países
mais pobres, os quais sofrem mais intensamente as consequências desse paradigma.
De acordo com Souza e Santos (2020), a concepção neoliberal tem como cenário os
países do capitalismo central, como Inglaterra e Estados Unidos da América. Os autores
afirmam que a liberalização comercial, a privatização de setores públicos e a maximização do
mercado traz impactos na crise fiscal e no agravamento das desigualdades sociais, sobretudo
na América Latina.
O receituário neoliberal, em nível global, ameaça a estrutura social e ordem política,
além de atacar a “programática democrática e igualitária que busca tanto a igualdade política
quanto a redução das desigualdades sociais” (Souza & Santos, 2020, p.3). Consequentemente,
tudo isso se configura como prejudicial para a efetivação dos direitos sociais.
Esses autores trazem a compreensão de que no cenário imposto pelo neoliberalismo, os
aspectos voltados à saúde, à alimentação, à educação e ao trabalho, por exemplo, passam a
ser enxergados como mercadorias reguladas pelo mercado e os indivíduos que, porventura,
não tenham acesso a tais serviços, deixam de ser vistos como “problema” do Estado, passando
a haver uma mercantilização dos direitos sociais.
De acordo com Almeida (2009, p. 6), no que se refere ao neoliberalismo no Brasil, o
país adotou as diretrizes impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco
Mundial como uma tentativa de solucionar a crise do capitalismo em 1980. Nessa década, as
orientações do Consenso de Washington começaram a predominar, consistindo em um
conjunto de regras econômicas que abordavam recomendações relativas ao desenvolvimento
socioeconômico dos países da América Latina, visando à ampliação das políticas neoliberais.
Essas orientações contribuíram para o agravamento da crise no setor público, acentuaram a
concentração de renda e, consequentemente, afetaram negativamente as condições de vida da
classe trabalhadora. Além disso,
... Os governos neoliberais privatizaram empresas que foram construídas a partir de
necessidades intrínsecas da própria consolidação do desenvolvimento no Brasil e que
também serviam para proporcionar lucro ao setor privado. Assim, tais governos privatizaram
as empresas estatais, que passaram a ser dominadas pelo capital estrangeiro, acentuando-se a