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Kilpatrik (1967), discípulo de Dewey, ainda na década de 1920, foi quem deu à
pedagogia de projetos um relevante encaminhamento metodológico, que resultou na
popularização dessa proposta metodológica. Ele enfatizava que os projetos deveriam partir
dos problemas reais do cotidiano dos alunos, e as atividades escolares elaboradas em torno de
problemas reais, sem a necessidade de uma organização curricular sequenciada de conteúdos.
Com o desabrochar das pedagogias críticas, a partir da década de 1960, passou-se a
discutir mais enfaticamente a importância das metodologias que colocam os estudantes no
centro do processo educativo. Saviani (2013) afirma que, ainda hoje, este se constitui como
um grande desafio para os educadores brasileiros, uma vez que, além de constatar que as
condições concretas não correspondem à sua crença, o professor se vê pressionado pela
pedagogia oficial, que prega a racionalidade e produtividade do sistema e do seu trabalho, isto
é, a ênfase nos meios (tecnicismo). Esse autor destaca que a prevalência das pedagogias
tradicional e tecnicista ocorre devido à falta de condições de trabalho vivenciadas pelos
professores, pois, embora tenham na cabeça as ideais da escola nova, a realidade, porém, não
oferece condições para que possam desenvolver suas proposições.
No entanto, Queiroz e Moita (2007) afirmam que a prevalência de trabalhos educativos
fundamentados nas perspectivas acríticas deve-se, também, ao fato de que muitos docentes
acreditam que o professor é o único detentor do conhecimento, considerando os estudantes
como pessoas vazias que necessitam ser preenchidas com o saber oferecido pelas instituições
educativas, razão pela qual não levam em consideração os seus saberes e as suas vivências nas
comunidades.
Ao contrário desse pensamento, a metodologia de projetos contrapõe-se às perspectivas
da educação tradicional e tecnicista, incentivando o protagonismo estudantil, a investigação, a
aprendizagem significativa, integrando diferentes formas de educar em que o conhecimento
escolar é trabalhado de forma contextualizada, como orientam Hernandez e Ventura (2017).
Contudo, para desenvolvê-la, os sistemas de ensino precisam garantir condições de trabalho,
seja no âmbito da formação continuada de professores, seja através da disponibilização de
materiais didáticos e pedagógicos, orientações didático-pedagógicas para os docentes, entre
outros aspectos.
Metodologicamente, um projeto didático parte de uma problematização, situação em
que é necessário envolvimento coletivo para solucionar um problema. Para tanto, o aluno tem
que se inserir na realidade e levantar dados, registros e criar hipóteses capazes de propor a sua
solução (Nogueira, et al, 2001). Nesse contexto, é importante destacar a problematização