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Avaliação do trabalho docente durante a Pandemia: a
realidade da Educação Infantil, no interior do estado do
Tocantins
Ângela Maria Vasconcelos Santana1, Cleomar Locatelli2
1, 2 Universidade Federal do Norte do Tocantins - UFNT. Centro de Educação, Humanidades e Saúde (CEHS). Rua 06, Vila
Santa Rita. Tocantinópolis - TO. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: angelamariavasconcelos@mail.uft.edu.br
RESUMO. O presente trabalho trata da avaliação do
desempenho docente na pandemia. Resultado de uma pesquisa
com professoras que atuam na área de Educação Infantil, no
interior do estado do Tocantins. O objetivo é analisar a avaliação
do desempenho docente na Educação Infantil, considerando a
participação da família como seguimento avaliador desse
processo. A fundamentação teórica consistiu em uma revisão
bibliográfica de autores como: Gatti (2014), Duarte; Hypólito
(2020), Zatti; Minhoto (2019), dentre outros. A coleta de dados
ocorreu por meio de um questionário desenvolvido pelo grupo
de pesquisa – GIEPEES. O questionário foi dirigido ao conjunto
das professoras da educação básica, entretanto, neste artigo
foram analisadas somente as respostas das professoras de
Educação Infantil. O estudo evidencia que a avaliação do
desempenho docente na Educação Infantil, durante a pandemia,
não se caracterizou por uma ação sistemática das redes de
ensino ou escolas, mas, sim, por um olhar específico das
famílias que valorizou a linguagem adequada ao processo
educativo, o domínio de conteúdos e a interação com a família.
Palavras-chave: avaliação do desempenho docente, educação
infantil, pandemia.
Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e15593
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Evaluation of teaching work during the Pandemic: the
reality of Early Childhood Education, in the interior of the
state of Tocantins
ABSTRACT. The present work deals with the evaluation of
teaching performance in the pandemic. Result of a survey with
teachers who work in the area of Early Childhood Education, in
the interior of the state of Tocantins. The objective is to analyze
the evaluation of teaching performance in Early Childhood
Education, considering the participation of the family as an
evaluative follow-up of this process. The theoretical foundation
consisted of a bibliographic review of authors such as: Gatti
(2014), Duarte; Hypólito (2020), Zatti; Minhoto (2019), among
others. Data collection took place through a questionnaire
developed by the research group – GIEPEES. The questionnaire
was addressed to all primary education teachers, however, in
this article only the responses of early childhood education
teachers were analyzed. The study shows that the evaluation of
teacher performance in Early Childhood Education, during the
pandemic, was not characterized by a systematic action by
teaching networks or schools, but by a specific look at families
that valued the language appropriate to the educational process,
mastery of content and interaction with the family.
Keywords: teacher performance evaluation, early childhood
education, pandemic.
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Evaluación del trabajo docente durante la Pandemia: la
realidad de la Educación Infantil, en el interior del estado
de Tocantins
RESUMEN. El presente trabajo trata sobre la evaluación del
desempeño docente en la pandemia. Resultado de una encuesta
con docentes que actúan en el área de Educación Infantil, en el
interior del estado de Tocantins. El objetivo es analizar la
evaluación del desempeño docente en Educación Infantil,
considerando la participación de la familia como seguimiento
evaluativo de este proceso. La fundamentación teórica consistió
en una revisión bibliográfica de autores como: Gatti (2014),
Duarte; Hypólito (2020), Zatti; Minhoto (2019), entre otros. La
recolección de datos ocurrió a través de un cuestionario
desarrollado por el grupo de investigación – GIEPEES. El
cuestionario estaba dirigido a todos los docentes de educación
primaria, sin embargo, en este artículo solo se analizaron las
respuestas de los docentes de educación infantil. El estudio
muestra que la evaluación del desempeño docente en Educación
Infantil, durante la pandemia, no se caracterizó por una
actuación sistemática de las redes docentes o de las escuelas,
sino por una mirada específica a las familias que valoraban el
lenguaje adecuado al proceso educativo, dominio de los
contenidos e interacción con la familia.
Palabras clave: evaluación del desempeño docente, educación
infantil, pandemia.
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Introdução
O trabalho docente se constitui no ato de realização do processo educativo, sendo uma
tarefa contínua e que demanda tempo, planejamento, aprimoramento da
qualidade do ensino, relação entre a escola e a comunidade. Sem contar, que esse
processo é acompanhado de constantes avaliações, podendo partir de diferentes
observadores como: gestão escolar, alunos, família, do próprio professor ou mesmo de seus
pares. A avaliação docente apesar de ser importante para aprimorar o trabalho exercido
pelo professor é alvo de grandes tenções por se tratar de um processo que serve de
controle, monitoramento e regulação do desempenho profissional em relação ao
desempenho dos alunos, implicando também à autonomia docente.
Os processos avaliativos para aferir qualidade do trabalho docente têm se revelado um
tanto quanto controversos, no entanto, é preciso levar em consideração que os critérios
para sua realização envolvem uma série de fatores que surgem em decorrência das
continuidades no ato da docência.
Diante disso, compreendemos que a ação do trabalho docente foi fortemente
afetada pelo surgimento da pandemia do Covid-19. Este novo cenário mundial suscitou
inúmeras mudanças e uma delas foi o distanciamento social. Deste modo, para que o
vírus não se propagasse ainda mais, as autoridades governamentais, mediante as
recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), decretaram a suspensão das
aulas presencias na rede pública e privada de ensino.
Ante isso, com o isolamento social e o fechamento das escolas, as professoras
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tiveram
que desenvolver formas de oferecer ensino não presencial para os alunos, já que o ensino
presencial representava uma ameaça para propagação do vírus. As aulas remotas se
configuraram como uma das possibilidades para dar continuidade ao processo
educativo.
Assim, estes profissionais começaram a se apropriar de novas experiências
com aulas não presenciais, tendo os meios tecnológicos como seus aliados. Todavia, com este
novo espaço de atuação surgiram implicações no processo e na organização do trabalho
docente, sem contar que os processos de avaliação se diversificaram e se intensificaram,
principalmente, através das manifestações dos pais ou de outros familiares em relação ao
processo de desenvolvimento e acompanhamento pedagógico.
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Diante do exposto, este estudo tem como foco analisar o processo de avalição docente,
nesse período de isolamento social, na realidade das professoras que atuam na área de
educação infantil, em alguns municípios do estado do Tocantins, sendo estes: Tocantinópolis,
Nazaré e Gurupi.
A pergunta que norteou o trabalho foi a seguinte: como as professoras se sentiram
avaliadas, nesse período de pandemia, considerando esse novo modelo de aula remota?
Entendemos, pois, que surgiram problemas na adaptação do ensino presencial para o
ensino remoto e as dificuldades com o manuseio dos recursos digitais levaram a um
forte movimento de autocobrança e autoavaliação. Além disso, uma maior participação
da família como seguimento avaliador do trabalho docente ressaltou as condições de um
trabalho continuamente avaliado.
É importante salientar que este estudo tem origem no Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) para a Especialização em Educação Infantil, concluído em 2022, na Universidade
Federal do Norte do Tocantins (UFNT), campus de Tocantinópolis e se vincula às discussões
e reflexões decorrentes do Grupo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Estado,
Educação e Sociedade – (GIEPEES) ao desenvolver pesquisas, tendo como foco a avaliação
do trabalho docente na realidade regional e local das redes de ensino no estado do
Tocantins e seus municípios. O conjunto da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisas e também foi autorizado pelas respectivas secretárias de ensino
estadual e municipal.
Embora, em sua totalidade, a pesquisa envolva docentes de toda a educação básica, da
rede estadual de educação do Tocantins e quatro redes municípios do interior do estado:
Araguaína, Tocantinópolis, Gurupi e Nazaré do Tocantins, para o presente estudo, optamos
por analisar a realidade específica da avaliação do desempenho docente na
Educação Infantil, considerando a realidade dos munícipios de Nazaré, Tocantinópolis e
Gurupi. Essa escolha se justifica, em primeiro lugar, por contemplar redes municipais de
pequeno, médio e grande porte, respectivamente, para a realidade do estado do
Tocantins. Em segundo lugar também consideramos que nos municípios selecionados
tivemos uma amostra mais significativa dos participantes da pesquisa.
Além disso, é necessário destacar também que a coleta de dados ocorreu
por meio de um questionário, cujo período de preenchimento foi de 15 de abril a 22 de junho
de 2022, contando com professoras das três etapas da educação básica. A amostra
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obtida foi de 152 professoras, porém neste estudo destacaremos apenas as respostas
dos docentes com atuação na área de educação infantil, a envolver um total de 22
participantes.
Dessa forma, esse estudo está dividido da seguinte forma: o primeiro tópico descreverá
as condições do trabalho docente diante dos impactos da Covid-19. O segundo discutirá sobre
as ações/implicações para avaliação das professoras antes e durante o período de isolamento
social. O terceiro abordará sobre as especificidades na Educação Infantil e o processo de
avaliação do desempenho docente frente a este novo cenário. E o quarto analisará a
participação da família no processo de avaliação do trabalho docente, tendo em vista a
percepção das professoras da Educação Infantil.
Desafios para docência em tempos de pandemia
O ano de 2020 ficará marcado como um dos mais difíceis e conturbados da história da
humanidade. A pandemia causada pelo SARS-COV-2, popularmente, conhecida como
Coronavírus, levou à morte milhares de pessoas e para que tal doença não se propagasse ainda
mais foram implementadas medidas de distanciamento social que mudaram o cotidiano de
todos, já que qualquer tipo de aglomeração independente do ambiente, potencializaria a
disseminação do vírus.
Dessa maneira, as escolas públicas e privadas dentre outras instituições das quais o
trabalho envolveria atividade coletiva e presencial tiveram que suspender seu funcionamento.
Em 18 de março, quando a totalidade dos estados já havia suspendido total ou parcialmente
as atividades na educação básica, o Conselho Nacional de Educação (CNE) emite nota com
vistas a orientar os sistemas de ensino na reorganização de suas atividades face à suspensão
das aulas presenciais. Dentre as orientações, o CNE esclarece que as atividades escolares na
modalidade à distância são autorizadas, com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1996 (LDB-1996). (Duarte & Hypolito, 2020, p. 738).
Assim, os sistemas de ensino reorganizaram o calendário escolar e adotaram como
medida emergencial, para realização de aulas não presenciais, o ensino remoto. Logo,
observou-se que a oferta dessa modalidade pressupõe algumas estruturas de materiais, tais
como: acesso à internet, notebooks, computadores, outros meios e equipamentos adequados
para o funcionamento desse novo modelo de ensino.
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Sendo assim, os profissionais da educação, em especial, as professoras tiveram que
repensar sua prática, bem como buscar novas formas de mediação para serem utilizadas no
processo de ensino-aprendizagem, cada um ao seu modo, na tentativa de (re)pensar o fazer
pedagógico e dentro das suas possibilidades enfrentar os desafios em tempos de crise.
Com a urgência de adaptações, nas redes de ensino, para o atendimento educacional
nesse momento atípico, sem um devido planejamento, constatamos a fragilidade na estrutura
material e, principalmente, no acesso das TICs nas escolas públicas em todo país.
As fragilidades dos sistemas de ensino no Brasil quanto as condições de trabalho docente,
somado aos limites socioeconômicos que impedem o acesso à TIC por parte da população,
têm evidenciado os desafios que a educação básica pública enfrenta tanto em um contexto de
‘normalidade’, quanto naqueles não premeditados, nos quais é preciso uma resposta rápida
do Estado. (Duarte & Hypólito, 2020, p. 750).
Nesta perspectiva, com o isolamento social, com o trabalho remoto e o uso das
tecnologias, as desigualdades quanto ao acesso desses meios que se tornaram mais evidentes.
Restaram demostradas as fragilidades das redes de ensino afetando ainda mais as condições
de trabalho docente. Se antes da pandemia era um agravante, esse contexto evidenciou os
limites que o ensino remoto apresenta e o quanto a estrutura material nos estabelecimentos
públicos de ensino do país, são desiguais.
Nesse período de aulas remotas as professoras tiveram que se desdobrar para realizar
suas atividades de maneira que atendessem as necessidades dos seus alunos, para isso, a carga
horária destina à preparação de suas aulas exigiram um tempo maior.
... os docentes passaram a assumir maior carga de trabalho para realizar o ensino de forma
remota. Um dos possíveis fatores que contribui para o aumento da carga de trabalho é a
pouca ou insuficiente formação dos profissionais para lidar com tecnologias digitais. Os
ambientes virtuais de aprendizagem ainda não são conhecidos pela maioria dos profissionais
em exercício presencial nas escolas. (Oliveira & Junior, 2020, p. 732).
Para realização das atividades remotas o uso de tecnologias foi essencial, no entanto,
por não ser uma ferramenta comumente utilizada, na rotina de aulas presencias, as professoras
tiveram que se adequar rapidamente a uma realidade de acesso à tecnologia. Desse modo, a
falta de manejo com os meios tecnológicos tornou-se um dos grandes desafios para o trabalho
docente.
É interessante pontuar ainda, sobre o emprego das tecnologias para os docentes, o
surgimento de algumas limitações, indo desde o acesso até as dificuldades no que concerne às
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habilidades digitais, pois não é somente explorar os novos recursos tecnológicos, mas utilizar
estratégias e sua criatividade para oferecer um ensino de qualidade. No entanto, isso não
ocorre de forma abrupta, uma vez que o contato com essas tecnologias se efetivou com mais
objetividade em razão da pandemia.
A migração do ensino presencial para o remoto aconteceu tão inesperadamente que
acabou revelando um abismo das desigualdades educacionais e sociais em todo o país, ou
seja, por mais que muitos profissionais tivessem acesso aos recursos tecnológicos e
soubessem minimamente como manuseá-los, ainda assim os desafios enfrentados foram
inúmeros. Contudo, isto garantiu um bom desempenho relacionado ao desenvolvimento das
atividades pedagógicas.
Sobre a formação e o domínio para ministrar o ensino remoto, a pesquisa mostra que,
‘embora possuam recursos tecnológicos, mais da metade (53,6%) não possui preparo para
ministrar aulas não presenciais’. Observamos nos dados a denúncia dos professores sobre a
precariedade do ensino oferecido, em uma ação que desconsidera a formação como condição
para o domínio do processo e exercício profissional. (Dourado & Siqueira, 2020, p. 848).
Portanto, diante deste cenário marcado de incertezas, fragilidades e imprevisibilidades,
faz-se necessário pensar nesses desafios a partir de um amplo espaço de debate. Embora de
difícil compreensão e cercado de limites, torna-se importante analisar esse período de
isolamento social e aulas remotas como um grande momento de aprendizado, onde a ação
docente se reinventou ao ter sobre si diversos olhares, com diferentes necessidades e
expectativas.
Indicativos sobre a avaliação do desempenho docente antes e durante a pandemia -
Covid-19
A avaliação educacional ainda é motivo de grande tensão, sobretudo, por parte das
professoras e alunos, haja vista ser associada a termos pré-estabelecidos, como: classificações,
seleções, notas, diagnósticos e tantos outros elementos. Isso se dá porque os processos
avaliativos seguem uma lógica hierárquica de classificação, organizados em critérios para
medir o desempenho e construir padrões de comparação.
Os processos avaliativos, em geral, resumem-se a modelos somativos, com base em
pontuações que traduzem o alcance, ou não, de certos critérios ou metas. No mais das vezes
essa modalidade avaliativa tem caráter externo sendo realizada por especialistas. Referindo-
se à docência, a partir dos dados obtidos, pode ou não associar-se à progressão na carreira ou
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a processos de formação continuada. Muitas vezes os resultados desse tipo de avaliação são
colocados como indicadores ou sinalizadores de uma dada situação. Uma variação dentro
desses modelos é a utilização do desempenho de alunos em avaliações externas de sistema
como indicador do desempenho docente. (Gatti, 2014, p. 374).
Os processos avaliativos educacionais estão relacionados à aprendizagem, ao
desempenho profissional, às instituições e afins. Estando na centralidade das políticas
educacionais, principalmente, com a ampliação de testes padronizados com o objetivo de
aferir o desempenho dos estudantes e, consequentemente, responsabilizar as professoras pelos
resultados abaixo da média.
Destarte, destacamos que as professoras, nas últimas décadas, têm sofrido exigências
quanto a qualidade do seu trabalho, principalmente, por causa das políticas de avaliação da
educação básica, estabelecidas a partir dos anos 1990, tendo como objetivo avaliar a
qualidade do ensino nacional. No entanto, essa forma de avaliação, centrada nos resultados,
tem contribuído para a instituição de uma política de regulação e monitoramento do trabalho
docente.
Os anos de 1990 foram de intensas mudanças na América Latina, especificamente, para
o Estado brasileiro, através da implantação de um sistema de avaliação, resultando na criação
de políticas para reformulação da organização da administração pública, inclusive na
Educação. Este novo modelo se caracteriza através da avaliação de desempenho, tendo como
objetivo a obtenção de maior qualidade, eficiência e eficácia nos serviços públicos de
educação básica.
A busca pela qualidade dos serviços educacionais teve forte influência de agentes como:
O Banco Mundial (BM), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) e a Organização das Nações Unidades para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) têm difundido várias recomendações com o objetivo de modernizar e trazer
eficiência aos serviços públicos de educação básica, propondo tecnologias de gestão para
reorientar sistemas de ensino. Conceitos como produtividade, eficiência, eficácia, qualidade
e avaliação, antes dominantes no setor empresarial, passam a fazer parte do léxico presente
nas recomendações aos serviços públicos e a influenciar a gestão do trabalho dos indivíduos
que compõem esses sistemas. (Zatti & Minhoto 2019, p. 3-4).
A instituição destes processos avaliativos, ao longo das décadas, levou as escolas a uma
busca desenfreada para alcançar as metas e objetivos estipulados pelo governo, que ao serem
alcançadas permitirão maior/melhor qualidade do ensino, mas que dependendo do resultado
se tornam um forte indicador do desempenho docente em relação ao desempenho dos alunos.
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Para Gatti (2014) a avaliação da qualidade deve ser entendida da maneira como se
conceitua esse termo,
O que se entende por ensino, por finalidade da escola, seu papel local e social, por qualidade
institucional, por qualidade de ensino e de aprendizagem – o que permitiria enunciar critérios
de qualidade que sejam adequados a uma dada realidade educacional. Ou seja, critérios que
não sejam abstratos, descolados do agir educativo em dadas condições, nem reducionistas
que se exprimam somente por categorias estreitas, uma nota ou uma pontuação em uma
escala sem conotações significantes para os participantes do processo avaliativo. Sem ter
sentidos concretos para estes, as avaliações caem num vazio, não mobilizam e não geram
consequências positivas. (p. 377).
Observamos, portanto, que uma busca para atingir uma boa avaliação vem impactado na
vida profissional do professor que tem assistido a uma desvalorização do seu trabalho, pois o
que se avalia é o desenvolvimento dos estudantes e, consequentemente, relacionado à
“qualidade do trabalho docente”. Entretanto, o que não é considerado nesse processo
avaliativo e que não transparece nos resultados, são as condições de trabalho, o salário, plano
de carreira, as formas de contração, dentre outros fatores que são de extrema importância para
entender esse processo.
Sem contar que estas ações avaliativas têm induzido à competitividade e ao
individualismo entre os próprios docentes, porquanto acabam sendo controlados ou regulados
por um sistema que além de não valorizar o trabalho exercido o culpa quando os resultados
educacionais não são os esperados, promovendo a concorrência entre os pares e
desresponsabilizando o Estado pelos resultados negativos. Avalia-se como se todos as
professoras tivessem as mesmas condições de trabalho.
Percebemos que, se antes da pandemia a avaliação do desempenho docente era cercada
de controvérsias, com o surgimento da Covid-19 esse processo ficou ainda mais complexo
devido, principalmente, à nova realidade que se instaurou no contexto educacional.
O atual contexto de pandemia ocasionado pelo Novo Coronavírus (Covid- 19), aumentou
ainda mais o grau de complexidade da avaliação do desempenho da docência. Esses desafios
encontrados englobam os docentes e os gestores educacionais, uma vez que a realidade das
aulas virtuais síncronas é algo novo para a maioria, exigindo novas competências a serem
observadas conquistadas. (Constantino & Gonçalves 2020, p. 447).
Nesse aspecto, entendemos que além das inseguranças impostas com o surgimento
desse vírus, as professoras tiveram que se preocupar com uma nova realidade, com os
desafios e, consequentemente, com novos olhares para o seu trabalho. Sabemos que, com o
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surgimento da pandemia, a utilização dos recursos tecnológicos se tornou ferramenta
essencial.
... muitos professores que tinham pouco ou nenhum contato com a tecnologia precisaram
começar a planejar aulas mediadas por telas e dispositivos eletrônicos, em colaboração com
seus coordenadores pedagógicos ou de cursos, ao mesmo tempo em que descobriam sobre o
funcionamento das ferramentas tecnológicas. Logo, nesse período ímpar de impacto pela
pandemia, tanto os docentes quanto os gestores escolares têm passado forçosamente por
momentos de aprendizado tecnológico. (Constantino & Gonçalves, 2020, p. 445).
Logo, a avaliação do desempenho docente, nesse contexto adverso, deve ser
compreendida em todo o seu processo, levando em consideração que novas competências
foram exigidas para atuação no contexto escolar e que a realidade educacional de cada
instituição é diferente, bem como as condições de trabalho docente. Destacando ainda o
emprego das tecnologias na vida profissional do professor que revelou diversos limites.
Sob o aspecto técnico, algumas limitações relacionadas ao emprego das
tecnologias podem recair sobre os docentes neste período de pandemia, as limitações podem
ser classificadas como: a) Limitação de acesso: correspondente à dificuldade social e
material como exclusão social, falta de acesso voluntário à internet, inadequação de
hardware e software disponíveis, entre outros; b) Limitação cognitivo-informacional:
correspondente às dificuldades do indivíduo em nível de habilidades digitais (saber,
selecionar, processar e aplicar as informações) podendo ser por causas neurológicas ou
psicológicas, formação formal deficiente, experiências de vida pouco ricas, entre outros; c)
Limitação comportamental: correspondente às dificuldades em aplicar plenamente suas
habilidades digitais, mesmo que as possua em nível elevado, seja por bloqueio psicológico
ao uso da tecnologia da informação ou até pelo uso excessivo das mesmas. (Constantino &
Gonçalves, 2020, p. 445).
Desta maneira, se antes da pandemia já se tinha uma discussão acerca das avaliações
compreenderem o contexto educacional, na sua contextualização mais ampla, onde deveria ser
levado em consideração todos os aspectos que compõem a realidade educacional, a partir de
então isso se evidencia ainda mais, pois as condições de trabalho vividas pelo docente, o
manuseio com os meios tecnológicos, as dificuldades de materiais disponíveis e tantos outros
elementos que se revelaram desafiadores para sua prática, nesse contexto, devem ser
analisados.
A avaliação do desempenho docente não pode ser vista como forma de pressionar o
professor, mas sim de promover o desenvolvimento profissional e a valorização do
magistério. Medidas que trazem à tona as realidades educacionais e como é possível lidar com
os desafios que surgem nesse processo, uma ação que envolve a compreensão e o
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compartilhamento de ideias que buscam de fato a qualidade educacional e a valorização
profissional.
Compreendemos que, com o surgimento da pandemia, estas ações precisam ser ainda
mais discutidas, dando significado e debatendo as experiências vividas. A avaliação do
trabalho docente pode e deve assumir um lugar importante para o conjunto das reflexões
didáticas pedagógicas. Torna-se importante buscar um processo avaliativo cujo resultado final
não seja a comparação, a competição ou a responsabilização, entretanto, uma possibilidade
para traçar caminhos no enfrentamento dos desafios relacionados às diferentes realidades
educacionais.
A avaliação do desempenho docente na Educação Infantil e na realidade dos municípios
de Tocantinópolis, Nazaré e Gurupi
A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, sendo de grande
importância para o desenvolvimento integral da criança. Além disso, funciona como uma base
para as demais etapas da educação formal. É por meio desse processo educativo que os
pequenos começam a experimentar, descobrir e explorar novos laços de amizade e fora do
convívio familiar.
Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o
início e o fundamento do processo educacional. A entrada na creche ou
na pré-escola significa, na maioria das vezes, a primeira separação das
crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se incorporarem a
uma situação de socialização estruturada. (BNCC, 2018, p. 36).
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) esta etapa é o período que
compreende a educação de crianças na faixa etária de 0 a 5 anos. Sendo seus eixos
estruturantes as interações e brincadeiras. Dessa maneira, a proposta pedagógica deste
segmento prevê a realização de brincadeiras, jogos, atividades lúdicas, que além de divertir,
promovem um ensino muito mais assertivo e prazeroso, visto que a socialização e a
convivência no ambiente educacional são importantes e auxiliam no desenvolvimento infantil.
Nesse contexto, compreendemos que o surgimento da Covid-19 trouxe muitos desafios
para esta etapa da educação básica, sabendo que este seguimento tem, em sua estrutura, uma
organização pedagógica diferenciada das outras etapas. Sendo assim, os profissionais das
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instituições escolares, especialmente, as professoras, tiveram que buscar caminhos
metodológicos que possibilitassem aos pequenos a garantia dos seus direitos.
Diante disso, notamos que um dos maiores desafios para educação infantil, neste
cenário, marcado pelo distanciamento social, foi justamente o contato das professoras com as
crianças, sabendo-se que a base das ações pedagógicas, para essa etapa, são as interações que
se efetivavam no ambiente escolar.
Ressaltamos que nas instituições educativas são proporcionados momentos de vivências
e experiências com o coletivo, motivando a construção de saberes a partir desta inter-relação
com os demais.
Docentes são profissionais que realizam um tipo de trabalho baseado em interação. É uma
‘profissão de relação’. Para quem trabalha com crianças pequenas, as relações supõem maior
proximidade física entre crianças e adultos, bem como entre as próprias crianças. (Falciano
& Vieira, 2020 p. 802).
No entanto, devido a todo esse contexto, as crianças vivenciaram essas experiências em
casa e as professoras tiveram que procurar formas para que isto acontecesse de maneira
efetiva, estabelecendo o vínculo afetivo de forma virtual, seja por meio do uso das tecnologias
na elaboração de vídeos educativos de curta duração, ou mesmo no envio de atividades para
serem realizadas junto a família.
Desse modo, entendemos que os processos avaliativos que se desenvolveram, no
decorrer deste período, em relação ao desempenho profissional das professoras, atuantes na
área de educação infantil, precisam ser analisados, principalmente, porque a avaliação é uma
etapa importante e que deve ser realizada com cautela e organização, levando em
consideração as situações que fazem parte do fazer pedagógico.
Nesse caso, o questionário aplicado às professoras de Educação Infantil procurou saber
sobre a avaliação do desempenho docente, na Pandemia do Covid-19, sobremaneira, para
compreender como ocorreu este processo, no contexto em questão, se contou com uma
organização sistematizada realizada pela rede de ensino ou gestão da escola, ou então se foi
realizada de maneira informal pela escola ou mesmo se não contou com nenhum tipo de
avaliação.
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Gráfico 1 – A avaliação do trabalho docente na Educação Infantil durante a Pandemia do Covid-19.
Fonte: elaboração própria a partir da análise dos questionários aplicados às professoras de Educação Infantil, nos
municípios de Tocantinópolis, Gurupi e Nazaré do Tocantins.
Conforme exposto no gráfico verificamos que a avaliação do desempenho docente, nos
municípios pesquisados, apesar de algumas delas contarem com este processo de maneira
organizada e sistematizada boa parte das professoras não teve ou passaram por uma avaliação
institucional, seja ela realizada pela rede de ensino ou pela escola.
Como observado, no Gráfico 1, boa parte das professoras que responderam o
questionário declararam não terem passado por nenhum tipo de avaliação. Essa informação
nos chamou atenção, considerando que a organização do trabalho escolar e as ações a serem
desenvolvidas neste ambiente, pressupõem, regularmente, um trabalho avaliativo. Como
afirmado, anteriormente, a avaliação deveria acontecer, sobretudo, para um melhor
entendimento dos processos que visam a melhoria da ação docente e, consequentemente, para
ajustar as ações e lidar, da melhor maneira possível, com os percalços que se instauraram a
partir da pandemia.
Nesta perspectiva, compreendemos que a avaliação atrelada ao desempenho docente é
um importante instrumento para aprimorar e agregar valor ao trabalho do professor, e que,
portanto, carrega a ideia de contribuir para processos de mudança em direções relevantes,
quando aplicada de maneira coerente e organizada, tendo como objetivo a valorização
profissional.
Dessa forma, destaca-se que no contexto de pandemia esse processo avaliativo poderia
ter se tornado algo bastante relevante, à medida em que possibilitasse observar sobre o que
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deve ser considerado essencial no trabalho e como isto pode contribuir para melhorar o
processo educativo. Assim, a falta de uma avaliação organizada e sistematizada acaba
limitando as possibilidades de criar condições para que ações sejam debatidas, revistas e que
possam gerar maiores aprendizados.
Avaliação do trabalho docente pelas famílias durante a pandemia, segundo professoras
da EI de Tocantinópolis, Nazaré e Gurupi
A escola é um lugar de convivência, interação, ensino e aprendizagem. O ambiente
escolar favorece a construção de saberes como também proporciona a formação do indivíduo
crítico-reflexivo. Dessa forma, a educação pensada fora deste ambiente com atividades para
serem desenvolvidas em casa, longe dos colegas e professoras, era algo bem distante da
realidade.
Porém, devido as circunstâncias ocasionadas pela pandemia, a educação teve que passar
por algumas mudanças, dentre elas destacamos: o ensino remoto, que se tornou a válvula de
escape para todos os seguimentos que compõem a educação básica. Assim, as atividades
foram organizadas e enviadas às crianças durante o período de distanciamento social, para
serem desenvolvidas em casa com o auxílio dos pais.
A colaboração da família, durante esse período de aulas não presenciais, foi primordial,
porquanto se por um lado aproximou os vínculos e serviu para o conhecimento do trabalho
exercido pelo professor, por outro também ampliou o seguimento avaliador do trabalho
docente.
Pensando nisso, esta parte do artigo apresentará os dados do questionário a partir da
percepção das docentes em relação à participação dos pais nesse processo avaliativo,
principalmente, porque as famílias tiveram maior contato com as professoras durante esse
período de aulas não presenciais. Considerando isso, buscamos saber o posicionamento das
professoras em relação à avaliação do seu trabalho pelas famílias:
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Gráfico 2 – Sobre a participação das famílias na avaliação do trabalho docente.
Fonte: elaboração própria a partir da análise dos questionários aplicados às professoras de Educação Infantil nos
municípios de Tocantinópolis, Gurupi e Nazaré do Tocantins.
Conforme visto no gráfico acima, percebe-se que apesar de uma parcela das
professoras discordarem de serem avaliadas pelas famílias, constata-se que a maioria, mesmo
que de forma parcial, sentiram que o seu trabalho passou pela avaliação deste grupo. Diante
disto, atentamos que esta avaliação, ainda que de forma subjetiva, certamente levou em
consideração aspectos que muitas vezes não são contemplados nas avaliações de desempenho
docente.
Aspectos como: o afeto e a relação professor-criança durante o contato com as aulas
remotas, a linguagem clara, conversas e orientações com os pais e familiares, dentre outros
que são relevantes para pensar no processo avaliativo do desempenho docente. Diante disto,
será apresentada uma tabela com alguns critérios que as professoras consideraram positivos e
que foram relevantes para avaliação dos pais sobre o trabalho exercido por eles no ensino
remoto. É importante destacar que nessa questão as professoras poderiam marcar até duas
alternativas.
Tabela 1 – Sobre o foco de interesse das famílias na avaliação do trabalho docente.
Pergunta: No contato com as famílias durante as atividades não presenciais
quais questões pesaram mais na avaliação positiva dos pais sobre o trabalho do
professor?
Contagem das
respostas
a. A linguagem clara e adequada ao processo educativo.
6
b. O domínio dos conteúdos das aulas e atividades.
6
c. O aprendizado dos filhos demonstrado em provas, roteiros de estudos ou outras
atividades.
4
d. O afeto e a relação professor-aluno durante o contato nas aulas remotas.
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e. As conversas e orientações diretamente com os pais.
6
f. Outras questões
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Fonte: elaboração própria a partir da análise dos questionários aplicados às professoras de Educação Infantil nos
municípios de Tocantinópolis, Gurupi e Nazaré do Tocantins.
Observamos que a avaliação ocorre em processos que corroboram com o fazer
pedagógico e a realidade vivida, analisando a tabela disposta, percebemos que estes elementos
que muitas vezes são desconsiderados no processo avaliativo das professoras podem fazer
total diferença na vida profissional docente, principalmente, se esses aspectos criam condições
de mudança.
Para tanto, são necessárias ações conscientes, baseadas em uma reflexão mais objetiva sobre
a realidade experimentada, vivenciada, reflexão que impulsionará atitudes e ações
inovadoras, que se traduzam em práticas efetivas de mudança. Isso só se efetivará com um
esforço de superação de nossa condição de rotina na vida cotidiana, na busca constante de
entender com clareza as situações em que vivemos e trabalhamos, para mudarmos,
avançarmos em relação à situação atual. Um processo avaliativo voltado ao desenvolvimento
humano-profissional pode ter encaminhamento nessa direção. (Gatti, 2014, p. 378).
Esses feedbacks do processo avaliativo podem trazer perspectivas formativas/reflexivas
para traçar caminhos que objetivam a construção de mudanças para melhor qualificação
profissional, à medida que essas ações sejam para construção de uma base sólida de diálogos
e trocas de conhecimento que ofereçam elementos para o desenvolvimento profissional
docente de forma contínua.
Assim, destacamos que por se tratar de um processo delicado e que muitas vezes é
utilizado de forma equivocada, é importante evidenciar que a avaliação do desempenho
docente deve sempre buscar a valorização do profissional. “Sempre presente deve estar a
ideia de valorização profissional, por visar avanços em características da profissionalidade
docente.” (Gatti, 2014, p. 382).
Considerações finais
O distanciamento social decorrente da pandemia trouxe inúmeras mudanças que
comprometeram a vida e a rotina de crianças, jovens, adultos e famílias em uma proporção
mundial. Notamos que, na educação, estas modificações foram desafiadoras, pois
transformaram toda estrutura educacional.
A adaptação do ensino presencial para o remoto se tornou uma novidade tanto para os
profissionais da educação, como também para as famílias. Na educação infantil, essas
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modificações foram ainda mais difíceis, porque é uma etapa que tem como eixo estruturante
as interações e brincadeiras. Dessa forma, o isolamento social modificou a rotina das crianças,
impossibilitando o contato com seus pares e a socialização mediada pelas professoras.
Esse processo de intensas mudanças e adaptações refletiu no trabalho docente, onde as
professoras tiveram que se adequar e buscar estratégias com o uso das tecnologias para
orientar as crianças que estavam em casa. Esta ação não só permitiu um maior contato com as
famílias, como também serviu para que o seu trabalho fosse acompanhado e avaliado.
Nesta perspectiva, de acordo com a análise dos dados, o que se observou foi que
avaliação do desempenho docente na educação infantil, apesar de algumas professoras
responderem que passaram por uma avaliação, a maioria afirmou que não contaram com uma
avaliação organizada e sistematizada realizada pelas redes de ensino ou pela instituição
escolar. Outro ponto de destaque é que boa parte dessas profissionais sentiram que seu
trabalho teve uma observação maior por parte das famílias o que, inevitavelmente, se
constituiu como seguimento avaliador do trabalho docente.
Mesmo não sendo uma avaliação organizada e sistematizada, mas que sob caráter
subjetivo, não deixa de ser uma avaliação. E que é relevante ser considerada, principalmente,
se os aspectos avaliados forem essenciais para se pensar em melhorias no ambiente
educacional, especialmente na pandemia, onde tudo se fez novo e os caminhos percorridos
foram tão desafiadores.
Portanto, os aspectos levantados remetem-nos a pensar sobre os processos avaliativos
em relação ao desempenho docente na educação infantil, defendendo que esta ação deve
sempre buscar o desenvolvimento e a valorização profissional. Ressaltamos ainda que a
avaliação do desempenho docente envolve diversas possibilidades e olhares e que não deve
ser compreendida como uma forma de classificar ou comparar os profissionais que fazem
parte desse processo, mas sim contribuir para reflexões e processos de mudanças, visando
tomadas de decisão com delineamentos que favoreçam a qualidade educacional.
Referências
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i
Toda a referência às participantes da pesquisa será no feminino (professoras). Além de um posicionamento
político, trata-se de uma constatação na realidade em que não foi constatado nenhum participante do sexo
masculino entre aquelas que responderam ao questionário.
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em: 25/01/2023
Aprovado em: 22/03/2023
Publicado em: 30/05/2023
Received on January 25th, 2023
Accepted on March 22th, 2023
Published on May, 30th, 2023
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Contribuições no Artigo: Autor 1 - Responsável por todas as etapas e resultados da pesquisa, a saber: elaboração, análise
e interpretação dos dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito e; aprovação da versão final publicada. Autor 2 –
Orientação; revisão do conteúdo do manuscrito; aprovação da versão final publicada.
Author Contributions: Author 1 - Responsible for all stages and results of the research, namely: elaboration, analysis and
interpretation of data; writing and reviewing manuscript content and; approval of the final published version. Author 2 –
Guidance; revision of manuscript content; approval of the final published version.
Conflitos de Interesse: Os(as) autores(as) declararam não haver nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
Avaliação do artigo
Artigo avaliado por pares.
Article Peer Review
Double review.
Agência de Fomento
Não teve financiamento
Funding
No funding.
Como citar este artigo / How to cite this article
APA
Santana, A. M. V., & Locatelli, C. (2023). Avaliação do trabalho docente durante a Pandemia: a realidade da Educação
Infantil, no interior do estado do Tocantins. Rev. Bras. Educ. Camp., 8, e15593. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e15593
ABNT
SANTANA, A. M. V.; LOCATELLI, C. Avaliação do trabalho docente durante a Pandemia: a realidade da Educação Infantil, no
interior do estado do Tocantins. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 8, e15593, 2023.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e15593