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Por fim, destaca-se que os TCCs que foram identificados no referido curso focalizam
tanto a perspectiva docente, a partir da trajetória de uma professora da Educação Infantil
(Ribeiro, 2021), quanto à perspectiva discente, em relação à aprendizagem das crianças no
contato com ferramentas ou estratégias metodológicas, como os contos de fada (Lima, 2018)
e a tecnologia (Oliveira, 2018).
De mais a mais, a consideração de ambas as perspectivas nos referidos estudos também
nos parece salutar, pois denotam uma relação de complementaridade, visto que o processo
educacional é resultante não apenas da operacionalização do ensino, mas também (diríamos
principalmente) da aprendizagem. Afinal, cabe aos docentes da Educação Infantil buscar
meios para facilitar e mediar à aprendizagem das crianças, mas, de forma simultânea, também
aprender com elas (Moss, 2005).
Para tanto, tal como adverte Redin (2009, p. 118), torna-se imperioso exercer o
“desprendimento de um olhar adultocêntrico viciado”, o que, por sua vez, depende de um
tempo de prática pedagógica do educador e, não menos importante, de um exercício de
humildade e sensibilidade para reconhecer que as crianças produzem sua própria cultura,
cujos sentidos construídos se dão a partir das interações com seus pares e, por isso, podem
não ser claramente observáveis pelos adultos, visto que não estão postos à priori.
Ora, em conformidade com o que é pontuado por Kramer (2006), precisamos estar
abertos para aprender com as crianças aspectos como a criatividade, a crítica, a
espontaneidade e a brincadeira, enfim, aprender a virar as coisas do mundo pelo avesso, tal
como elas fazem na ação de brincar. Ao mesmo tempo, a autora salienta que não se pode
desconsiderar o contexto social em que elas estão inseridas e onde se desenrolam o conjunto
das suas práticas e interações.
Nesse bojo, conforme assinalado por Redin (2009), é preciso ter presente que a ação de
brincar configura-se como uma atividade compartilhada, permitindo ao sujeito conhecer e
reinventar, “reproduzir e interpretar”, gerando diferentes atribuições de sentidos e novas
formas culturais. Em virtude disso, compreende-se que seria leviano pensar a atividade lúdica
fora do contexto social e cultural da infância.
Para tanto, a autora aponta para a necessidade de uma mudança de paradigma no que diz
respeito à participação das crianças na sociedade, considerando-as como membros de um
grupo que possui um papel ativo, com notável capacidade de produzir mudanças culturais.
Afinal, nessa perspectiva, as crianças “... deixam de ser números para estatísticas e assumem