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assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado
por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social ...”. (BRASIL, 2010, p. 38).
Por fim e não menos importante trazemos o Documento Curricular do Tocantins,
documento que representa um marco legal, normativo e referencial do Estado do Tocantins,
elaborado por meio de um processo participativo, transparente e democrático com vistas a
nortear o trablho docente nas creches e escolas que atendem a etapa da Educação Infantil.
Em seu quarto capítulo, que trata da organização do trabalho pedagógico, o documento
aborda a “Linguagem na Educação Infantil: experiências com a leitura e a escrita”. As
reflexões giram em torno da complexidade desta etapa de ensino, da necessidade das
experiências vivências pelas crianças considerarem o seu mundo de fantasias, a
experimentação, a descoberta, o planejamento, a formulação de hipóteses, as brincadeiras, os
testes, a interação com os seus pares, a relação com os adultos, com a natureza, para então se
desenvolverem. Nessa perspectiva, a escrita necessita ser inserida por meio de um trabalho
pedagógico capaz de “... contemplar a essência de ser criança, de viver a infância, de garantir
vez e voz a esses sujeitos e, ainda, de refletir acerca do papel da família, da escola e da
sociedade nesse contexto” (PALMAS, 2019, p. 41).
O objetivo principal é ampliar a percepção de mundo sobre a linguagem escrita, por
meio das interações e brincadeiras com a linguagem, de modo que as crianças percebam as
marcas nos suportes que lhes são apresentados, nos suportes que observam, nos usos que a
família e a escola fazem diariamente e naturalmente, num processo de iniciação e/ou ensaio
da escrita, uma vez que o caminho até chegar a uma escrita autônoma é longo e complexo, por
isso:
... a pretensão da Educação Infantil deve ficar por conta das descobertas, como: o que se lê
está registrado por diferentes sinais em algum suporte que podem representar diferentes sons,
oportunizar diferentes emoções, que o seu próprio nome está escrito por estes sinais, e que
estes sinais se repetem nos nomes das outras crianças, entre outros, tão importantes e
carregados de sentidos para as crianças, que o processo vai além de decodificar códigos.
Nesse processo o que cabe então à Educação Infantil? A ideia não é alfabetizar na
perspectiva do Ensino Fundamental, conforme Barbosa (2017) “a Educação Infantil deve
trabalhar com práticas culturais que tenham a ver com a leitura, com a escrita, mas não é o
momento de sistematizar a alfabetização”. Ou seja, a ideia não é forçar o processo de
alfabetização das crianças com práticas pedagógicas que não respeitem as suas fases de
desenvolvimento, mas de proporcionar às crianças o contato, a interação, o encantamento, a
descoberta da leitura e da escrita, por meio de práticas pedagógicas que estimulem e
garantam o direito das crianças de interagir com a cultura letrada e dela participar, nas
diferentes situações cotidianas que envolvam o uso social e real da escrita, como por
exemplo, a leitura coletiva dos bilhetes que vão para a casa; a produção coletiva de um
convite para um evento da turma ou da escola; a leitura de cartazes enviados pelas unidades
de saúde, entre outros. (PALMAS, 2019, p. 42-43).