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Ao identificar seu nome e observar sua escrita, a criança elabora sua representação
identitária. Não é somente copiar e reproduzir letras – “desenho” da escrita, mas, reconhecer-
se e expressar-se como sujeito pensante, identificando seu lugar social e cultural no mundo. É
saber que cada um tem um nome, uma organização familiar, comunitária e escolar,
propiciando um início à alfabetização e ao letramento.
Ao entrar nos mundos das letras, as crianças apresentam uma conquista singular de
aprendizagem com a escrita e a leitura, ao mesmo tempo em que constroem a identidade e sua
representação pessoal e social do estar no mundo e para o mundo. Ao verbalizar seu nome, a
escrita, a funcionalidade dos códigos alfabéticos, é problematizada, pois a criança vê sentido
na construção da palavra escrita e sua representatividade verbal desperta interesse em
aprender, já que tem uma proximidade com ela.
Ao familiarizar-se com o próprio nome, também reconhece sua constituição familiar
(seus integrantes, cultura, saberes, pertences e locais de convivência). Seu nome é uma
identificação do sujeito e sua pertença grupal, por isso, é tão valorizada por ela, gerando uma
relação de identidade sociocultural. Nessa inserção e interação, as crianças têm, junto aos
integrantes de suas famílias, e qualquer que seja a sua constituição, seus interlocutores mais
próximos. São nessas relações, ações e vivências junto a diferentes sujeitos e aspectos que
produzem a vida cotidiana em que estão inseridas (vida organizada em grande parte por seus
pais) que as crianças vão elaborando conceitos, atitudes, valores, comportamentos,
aprendendo sobre si, a vida e o mundo que as rodeia.
Suas famílias são o primeiro agente intermediador e socializador de conhecimentos
sobre elas mesmas e o mundo. Questões em comum são identificadas nas atividades propostas
pela professora – a participação da família e das crianças na materialização das ações
docentes propostas. Destaca-se, ainda, a participação das crianças na vida cotidiana da
família, em seu processo de organização das tarefas diárias, da casa ou escolares, tal como
verificado durante as aulas online, em que crianças e familiares estabeleciam vínculos reais de
um cotidiano marcado por relações familiares muito presentes, imposto pela pandemia.
A relação com a família é uma das principais situações em que as crianças se educam, e
essa educação traz sempre uma visão de mundo, de sociedade. Corsaro (2011) nos ajuda a
pensar nesse papel socializador da família. Segundo o autor, a criança em seu
desenvolvimento passa por influências marcantes, especialmente da família como força
modeladora do sujeito, que exerce um papel fundamental em relação às crianças,