6
devem ser valorizadas e amplamente debatidas, no ato de conceber os lugares de educação da
infncia.
Outro ponto fundamental a essa discussão, é a consideração das emoções infantis. De
acordo com Le Breton (2019), na sociedade ocidental moderna, as manifestações com relação
a sentimentos e emoções é, em geral, endereçada ao descontrole e não a razão, condicionando,
inclusive, a fisiologia humana, portanto a uma ordem universal. Entretanto, no viés
antropológico, evidencia-se que sentimentos, emoções, expressões estão intimamente ligadas
a fenômenos culturais e sociais, do contexto em que a pessoa está inserida. Compreensão que
coaduna com a Teoria Bioecológica de Desenvolvimento humano:
Dentro da Teoria Bioecológica, o desenvolvimento é definido como o fenômeno de
continuidade e de mudança de características biopsicológicas dos seres humano como
indivíduos e grupos. Esse fenômeno se estende ao longo do ciclo de vida humano por meio
das sucessivas gerações e ao longo do tempo histórico, tanto passado quanto presente.
(Bronfenbrenner, 2011, p. 43).
David Le Breton, antropólogo e sociólogo atua na Universidade Estraburgo da França,
ganhou notoriedade a partir dos livros amplamente difundidos que tratam da sociologia do
corpo (Le Breton, 2017), Antropologia das emoções (Le Breton, 2019) e antropologia dos
sentidos (Le Breton, 2016). Na perspectiva desse autor as tramas da vida cotidianas são
mediadas pela corporeidade, por meio do sentir, tocar, vivenciar, o que permite significar as
coisas do mundo que a cercam, “o corpo é o vetor semântico, pelo qual a evidência da relação
com o mundo construda” (Le Breton, 2017, p. 07).
Independente do lugar ou época/tempo e as condições socioeconômicas e culturais a
criança está predisposta, inicialmente, a interiorizar e a reproduzir símbolos, gestos,
expressões do contexto em que está imersa. Ela comunica pelo corpo, ou seja, é pela
expressão corporal que se dão as primeiras manifestações da pessoa. Embora esse processo
de socialização pela via corporal seja uma constante na vida do ser humano é na adolescência,
e, sobretudo, na infância que ocorrem as constituições mais fortes.
Quanto menor a criança, maior é a implicação do corpo nas suas expressões, pois a
presença da oralidade ainda é incipiente (Merleau-Ponty, 1999). A criança ao nascer já tem
constituído um mapa ecológico, no qual em seu microssistema está a sua família, que está
envolvida por um macrossistema com valores, modo de vida, religião, cultura, ideologias e
toda uma gama de elementos que irão influenciar seu desenvolvimento. No que tange a