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De acordo com esses dados, sobre a diferença entre as proficiências médias no Saeb
em matemática no 5º ano do Ensino Fundamental por área (rural e urbana), verificamos que:
... apresenta as proficiências médias nacionais obtidas no Saeb em 2019 por localização
(rural e urbana) no 5º ano do ensino fundamental para a área de Matemática. Constata-se que
a média na região urbana (230,9) é um pouco mais elevada que a média geral do Brasil
(227,9), com uma diferença de 3,0 pontos, enquanto na região rural há uma diferença mais
significativa entre as duas médias, de 203,1 para 227,9, com uma diferença para menos de
24,8 pontos na rural. Observa-se a diferença de 27,8 pontos entre as médias urbana e rural,
sendo que esta última apresenta média inferior à média nacional (Brasil, Saeb, 2019, p. 123,
grifo nosso).
O relatório afirma que o desempenho dos alunos do campo, do 5º ano do Ensino
Fundamental, em matemática, está 27,8% mais baixo do que os alunos da cidade, com “... 7,2
pontos de diferença entre as médias da capital e do interior” (idem, 2019, p. 124). Apesar de
menor, os índices apresentam depreciação. Apesar de os dados denunciarem uma distância
quanti-qualitativa significativa no quesito do domínio formal do conhecimento matemático
entre alunos do campo e da cidade, podemos considerar que, de modo geral, a concepção de
Educação do Campo vem ocupando lugar importante na vida dos sujeitos sociais.
Esse reconhecimento se dá a partir da luta pela democratização, demonstrando uma
nova configuração que firma a ideia das pessoas como “sujeitos de direitos”, que “refletem,
reelaboram e recriam as situações cotidianas, a partir das próprias condições de existência
social em que estão inseridas” (Molina & Freitas, 2011, p. 06). É, de fato, um processo de
participação social ainda muito tímido que sofreu uma interrupção brusca no recente cenário
político, na gestão do governo federal de 2018 a 2022.
Houve um retrocesso histórico e a estagnação do diálogo com a esfera federal, o que
minou qualquer chance de continuidade das políticas públicas para os setores populares:
... a ruptura política causada pelo golpe empresarial-parlamentar em 2016, que destituiu a
presidenta Dilma Rousseff, fez emergir, como afirmam Porto-Gonçalves et al. (2018, p.
710), o “poder dominante na sociedade brasileira, que se mostra no papel protagônico da
chamada bancada ruralista no Congresso Nacional, na economia do País e sua forte presença
no financiamento da grande mídia ...”. Para afirmar o alinhamento com o mercado, os
parlamentares, a despeito da intensa mobilização da sociedade, aprovaram a Emenda
Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, que congelou por vinte anos o
investimento nas políticas sociais, incluindo a saúde e a educação (Brasil. Emenda, 2016)
(Hage et al., 2022, p. 197).