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multisseriação, no qual alunos de
diferentes séries/anos contemplam o
mesmo espaço pedagógico de
aprendizagem, assimilando conteúdos
diferentes, de acordo com o ano ao qual
estão vinculados.
Diante da realidade da Educação do
Campo, mesmo após a publicação da Lei
9394/96, Figueiredo (2009, p. 03) atesta
que
Os livros didáticos que chegavam até
estas escolas, na maioria das vezes,
eram as sobras dos que foram
distribuídos, nas escolas públicas
urbanas, sem que os professores
tivessem participado da escolha dos
mesmos. A princípio esta diversidade
de livros didáticos pode ser ponto
positivo, pois obriga o professor a
usar mais de um tipo de livro por
série, todavia, na prática, esses livros
quando utilizados não representam
mudança metodológica nem
ideológica, constituindo a mesma
práxis como se o professor estivesse
utilizando um só livro para cada série
(já que as turmas são multisseriadas).
(Figueiredo, 2009, p. 03).
Estudos de Rocha, Passos e Carvalho
(2010) apontam que
Segundo dados do INEP (2002) o
ensino na zona rural do Brasil
embora represente 50% dos
estabelecimentos de educação básica
e 15% das matrículas, seus
indicadores são horríveis: apenas
5,2% dos estabelecimentos possuem
bibliotecas, 0,5% possuem
laboratórios de ciências ou
informática, 0,4% tem acesso à
Internet, 8% possuem equipamentos
de tv/ vídeo/ parabólica, apenas 58%
possuem energia elétrica e 78%
possuem algum tipo de esgotamento
sanitário. Apenas 9% das funções
docentes de 1ª à 4ª série possuem
formação em nível superior
(enquanto na zona urbana o
percentual é 38%); na 5ª à 8ª, onde o
mínimo legal é educação superior,
este índice é de apenas 42% (nas
escolas urbanas são 79%). Já os
salários, segundo os questionários do
SAEB, são de R$ 296 para os
professores de 1ª à 4ª série (na zona
urbana R$ 619) e R$ 351 para os
professores(as) de 5ª à 8ª série (na
zona urbana R$ 870). Por fim,
constata-se que 67% dos 3,6 milhões
de alunos(as) da zona rural que
possuem acesso ao transporte escolar
são levados para escolas situadas na
zona urbana, onde, com certeza, vão
ajudar a engrossar os índices de
evasão e fracasso escolar. Cabe dizer
que 70% dos estabelecimentos de
ensino da zona rural de educação
básica possuem até 50 alunos e que
52% dos estabelecimentos de ensino
fundamental situados na zona rural
possuem uma sala de aula apenas.
Segundo censo demográfico do
IBGE (2000) a taxa de analfabetismo
da população de 15 anos ou mais do
campo é 29,8% (no urbano o
percentual cai para 10,3%) e o
número médio de anos de estudos da
população nessa mesma faixa etária é
de 3,4 anos na zona rural enquanto
no urbano esse número é de 7,0 anos.
(Rocha, Passos & Carvalho, 2010, p.
18).
Mesmo após uma década de
aprovação da Lei 9394/96, ainda é
discrepante a realidade das escolas do
campo, em detrimento as propostas e
avanços expostos para a educação urbana.
Ainda é visível a utilização político-
partidária da escola do campo como
recurso para obtenção de votos,
apadrinhamentos políticos, entre outros,